Eu estava olhando o meio sorriso dela de perfil quando a garçonete chegou.
– Com licença, aqui está o cappuccino com açúcar e o achocolatado. – disse a bela mulher colocando nossos copos na mesa.
– Obrigada. – agradeci e me virei pra Camila – Você tem certeza que não quer mais nada? Um biscoito ou sei lá?
– Não, não quero, o achocolatado já está ótimo. – ela sorriu olhando novamente pra rua.
– Você não costuma fazer isso?
– Isso o que? – ela me olhou perdida.
– Sair... Com... Não sei.
– Não muito, e você?
– Nunca. – sorri brevemente.
Ela deu um gole no achocolatado e virou para rua. Eu percebi que talvez ela não quisesse estar ali, talvez ela tivesse só aceitado por educação e na real, nem eu sabia porque eu havia convidado, não entendia porque essa menina me encantava tanto, eu não me sinto assim em relação à mulheres...
– Olha, senhorita Cabello, talvez ter vindo aqui tenha sido uma péssima ideia. Levante-se, pegue suas coisas e o achocolatado e me espere na porta enquanto eu pago a conta, vou te levar pra casa. – me levantei sem esperar por sua resposta.
A garçonete foi super simpática comigo e no fundo eu sabia que ela estava me dando mole, mas eu só queria sair logo dali e ela fazendo aquilo me deixava cada vez mais estressada. Quando caminhei até a saída da cafeteria, Camila estava com uma cara de quem não tinha entendido nada.
– Senhora Jauregui, eu não entendo o que eu fiz... – não deixei que ela terminasse.
– Você não fez nada, senhorita Cabello.
Atravessei a rua, onde o carro estava estacionado, a deixando pra trás, para que ela não tentasse argumentar novamente. Caminhei até a porta do carona e abri para ela, mas ela não entrou, parou na porta e me encarou.
– Sinceramente Lauren, qual é a sua?
– Como é? – sorri com deboche olhando pro nada.
– Você vai mesmo me largar assim? sem explicações?
– Sinto muito, senhorita Cabello. Por favor, entre no carro.
Ela me olhou como se eu estivesse fazendo a pior coisa do mundo e entrou no carro. Eu sentei e logo liguei o rádio, que tocava Marron Five.
– Essa música me lembra você.
– Como? – gargalhei – Por quê?
– Não sei, só lembra. – e então ela se calou de vez.
Seguimos para casa dela com músicas e mais músicas melancólicas, enquanto ela olhava pela janela e eu sempre a observava pelo canto do olho. Chegamos em Manhattan, no condomínio dela. Ela se apresentou para o porteiro, que logo liberou o portão para nossa entrada. Estacionei o carro em frente à casa dela, desci do carro para abrir a porta pra ela, mas ela logo saiu também. Caminhei até ela mas meu celular tocou.
– Alô?
– Lauren? preciso de você, agora.
– Shaun?
– Sim.
– Ok, já vou. – desliguei e me virei pra Camila.
– Lauren, porque você fez isso? – ela me perguntou.
– Isso o que?
– Você não me quer?
– Eu nunca quis uma mulher, eu não quero, eu não posso querer. – eu disse mais pra mim do que pra ela.
– Ah. – ela me olhou, meio que decepcionada.
– Mas a gente pode, não sei, se ver talvez, caso você queira ou não sei, – disse, quase sem saber o que dizer, e peguei meu cartão no bolso, dando pra ela – meu número está aí, você pode me ligar ou me mandar uma mensagem no WhatsApp quando quiser, tudo bem? – perguntei.
– Okay, senhora jauregui. – ela disse com certo desdém.
– Tenha uma boa noite.
– Obrigada. – ela se virou e subiu as escadas pra casa.
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