Lauren POV
Escutei um barulho de tiro vindo do quintal da – ex – casa da Camila e corri pra porta de entrada, arrombando a mesma. Olhei pra varanda e vi Dinah encolhida no banco perto da piscina. Subi as escadas na procura da Ally, e a encontrei no quarto dela, abaixada na quina do lado da cama. Ela gesticulou pra que eu saísse e fiz isso. Desci correndo de novo, voltei pro meu carro e revirei o porta luvas, pegando minha Glock 9mm. Dei a volta na casa e entrei pelos fundos, batendo de cara com uma Dinah ferida no ombro, sozinha.
— O que houve?
— Lauren!
— Shhh, Shhh.
— Ele tá aqui.
— Ele atirou em você?
— Sim...
— Cadê ele?
— Disse que ouviu um barulho e entrou.
— Certo. Foi eu. Arrombei a porta da frente. — disse olhando pela janela.
— Lauren, você veio sozinha?
— Sim. Eu... Olha, eu vou entrar.
— Não! Você não pode entrar sozinha.
— Eu posso e eu vou.
— Se alguma coisa...
— Se acontecer algo, diga a Camila...
— Não faz isso, Lauren! — ela gritou e eu tapei a boca dela.
— Cala a boca! Sou eu quem ele quer.
— Você não pode fazer isso. — ela disse.
— Eu já to indo. Dinah, diga a ela que eu a amo mais que tudo. — abri a porta da varanda — E giganta, eu amo você também.
Entrei na casa com a arma na altura do queixo, segurando firme com as duas mãos, mas quando estava prestes a subir as escadas, escutei um barulho de pneu. Corri pra porta de entrada a tempo de ver Shawn dirigindo um carro preto e Ally no banco de trás. Merda. Ajoelhei e dei dois tiros nos pneus, na tentativa de fazê-lo parar, mas não adiantou. Voltei pra onde Dinah estava correndo, colocando a arma na cintura e ajoelhei mais uma vez na frente da minha amiga.
— Ele levou a Ally. Sabe pra onde ele poderia ir? — eu disse olhando em volta — Vamos, levanta, eu tenho que te levar pro hospital. — coloquei ela apoiada no meu ombro e caminhei até meu carro.
— Lauren, como assim ele levou a Ally? — perguntou com a cabeça apoiada no porta luvas.
— Eu não sei.
— Como não sabe?! Você me disse isso! — ela gritou colocando a mão no ombro.
— Não coloca a mão!
— Mas tá doendo...
— Certo, mas não coloque a mão sem nada.
— Quer que eu coloque como então, Jauregui? — ela gritou quando estacionei de qualquer jeito em frente ao hospital — Já chegamos? Você é rápida, hein. — Dinah saiu do carro e se apoiou em mim.
Deixei Dinah sendo atendida e voltei pro meu apartamento afim de usar todos os meus recursos pra encontrar Ally. Mandei Camila sair de perto e passei tudo pros meus homens. Alguns minutos depois, entrei no meu quarto e encontrei Camila um pouco bebada na minha cama. Parei séria perto dela e respirei fundo. Fui até minha estante de livros perto da varanda, abri a portinha de baixo e peguei uma garrafa de vodka, tirando a tampinha e virando ela toda na minha boca.
— Está tentando se matar? Se sim, vai conseguir. — ouvi a voz da Camila.
Camila POV
— Não seria uma má ideia, mas não, não estou tentando me matar.
— Você pode me contar?
— Te contar o que? Não tenho nada pra contar. — Lauren disse se virando pra mim.
— Claro que você tem, Lauren. O que houve?
— Não houve nada.
— Lauren, todos os seus homens estavam aqui.
— Eles ainda estão. Estão resolvendo algo.
— Algo... E o que seria?
— É confidencial. — ela disse olhando a janela.
— Ah, é? Virou FBI?
— Não, mas eu não posso falar.
— Aconteceu algo com a minha melhor amiga! — eu gritei pulando na cama e sacudindo o ombro dela — Me fala agora o que houve! Ou eu vou embora.
— Senhora Jauregui? — Austin e uma mulher mal encarada entraram no quarto.
— Sim? Vamos sair daqui. — ela atravessou o cômodo e eu a acompanhei — Você fica! — ela gritou apontando pra mim.
Me sentei na cama e comecei a chorar tanto que não enxergava mais nada depois de um tempo, por conta das lágrimas. Com as mangas do casaco, limpei o rosto e me levantei, a procura do meu celular. Quando achei, disquei o número da Dinah, que chamou infinitas vezes, até que:
— Alô? Mila? Tudo bem? — minha amiga falou do outro lado da linha mas eu comecei a chorar mais — Ei, chancho, o que houve? Tá chorando porque? Não chore.
— Eu... Dinah, eu... — chorei mais ainda.
— Calma, Mila. Respira.
— O que houve com você? Você ligou pra Lauren e ela saiu daqui preocupada, às pressas. — solucei e passei a barra da manga na bochecha.
— Ela não te falou nada? Não aconteceu nada. — eu sei que ela tava mentindo.
— Você está mentindo, Dinah, eu te conheço. — suspirei.
— Eu... Olha, Mila, se a Lauren não te falou, é porque é o melhor.
— Lauren não sabe o que é melhor pra mim! — explodi.
— É claro que eu sei. — ouvi a voz dela atrás de mim e me virei.
— Daqui a pouco eu falo contigo, Dinah. — a ouvi concordando e desliguei.
Lauren estava com o celular na mão, e uma cara triste e cansada. Austin apareceu atrás dela, ansioso. O que estava acontecendo aqui. Ela veio perto de mim e jogou o celular na cama, me fazendo olhar pra ele. Estava aberto num site de viagens, tinha uma passagem de avião pra Los Angeles no meu nome, e paga. Arregalei os olhos e me virei pra Lauren que já colocava algumas roupas minhas dentro de uma mala.
— O que está acontecendo, Lauren?! Você está louca! — eu gritei.
— Você vai.
— Não, eu não vou! O que?! Por que eu sairia daqui?!
— Porque você não está segura.
— Que?!
— Olha só, Camila. — ela largou as minhas roupas no chão e se aproximou com brutalidade, me fazendo recuar.
— O que foi, Lauren? Vai me bater? Ou vai me explicar o que houve?! — perguntei.
— Eu não acredito que você acha que eu levantaria a mão pra você.
— Eu... Eu... Me desculpa.
— Esqueça. Austin vai com você. Vocês embarcam daqui 3 horas.
Ela fechou a mala e saiu do quarto devastada, me fazendo chorar mais ainda. Austin pegou as duas malas, a que eu tinha trazido da minha casa mais cedo e a que Lauren acabara de arrumar. Fiquei sozinha novamente, perdida em lágrimas. O que estava acontecendo? Ela não ia me contar? Troquei de roupa rapidamente, colocando um vestido estilo japonês, preto com uns detalhes dourados, e por fim, um salto médio preto. Prendi meu cabelo num coque bem feito e sai do quarto, me sentando na sala, onde tinha vários seguranças. Um dos caras se sentou ao meu lado.
— Olá senhorita, me chamo Tom Hardy. — ele checou o relógio de pulso e voltou a olhar pra mim.
— Assumo que saiba meu nome.
— Sim, senhorita Cabello.
— Ótimo. Então, o que deseja?
— Desejo lhe contar o motivo pelo qual a senhora Jauregui vai te mandar pra Los Angeles.
— Ah, finalmente alguém vai me contar isso. — olhei pra Lauren parada no hall de entrada nos encarando triste e confusa — Antes de me contar, pode me dizer porque ela mesma não vem fazer isso?
— Porque ela não quer lhe decepcionar, senhorita. — ele ajeitou a arma na cintura.
— Por que você precisa disso? E por que ela me decepcionaria?
— Preciso disso porque sou chefe de segurança da senhora Jauregui. E ela lhe decepcionaria porque... Bom... Você vai saber.
Ele me contou tudo o que tinha acontecido e eu não era capaz de acreditar que Shawn tinha feito aquilo. Atacar Dinah e Ally? Por que? Depois de dizer que ia se afastar?! Tom disse que Austin e uma tal de Michelle Rodriguez iriam comigo no avião e ficariam comigo no hotel em Los Angeles, mas que ele chegaria lá no dia seguinte, já que precisava ficar hoje pra organizar toda a operação atrás do Shawn.
— Por que Los Angeles? Por que não me mandar pra Miami? Eu poderia ficar na casa dos meus pais. — eu disse me levantando — Não seria menos complicado?
— Exatamente por isso não podemos te mandar pra lá, entende? — ele me olhava ainda sentado — Ele sabe que seus pais moram lá.
— Então eles podem estar em perigo? Não! Eles não! — eu gritei indo em direção a Lauren — Pelo amor de Deus, Lauren, meus pais!
— Calma, eu vou mandar alguns homens pra Miami. — ela virou a cara pro lado — Acho que você já deveria ir. Eu vou chamar o Austin. — virou as costas e saiu, me deixando ver uma arma dentro de sua calça.
Parei de frente pra Tom e fiquei encarando ele, que agora já estava de pé, e parecia duas vezes maior do que eu. Alguns segundos depois, Austin apareceu sozinho no hall de entrada, fazendo um aceno de cabeça pro Tom, que repetiu o ato e saiu, voltando com uma mulher extremamente linda. Ela vestia uma camisa branca, uma jaqueta preta por cima, uma calça social cor de terra e um tênis preto. Ela tinha traços bonitos e não muito comuns. Olhava séria pra mim, até que Tom abriu a boca.
— Senhorita Cabello, essa é Michelle Rodriguez. — ela se aproximou de mim e esticou a mão, que eu peguei na hora.
— Prazer, senhorita Cabello.
— Prazer, senhora Rodriguez.
— Vocês vão agora, certo Austin? Foi isso que Lauren mandou? — Tom perguntou pro motorista da mulher.
— Sim, foi isso.
— Tudo bem. Boa viagem, senhorita Cabello.
— Ahn, obrigada. Mas, cadê a Lauren? Ela não vai se despedir de mim? Cadê ela?! — perguntei já começando a chorar de novo — Austin, cadê a Lauren? Eu não posso ir sem me despedir dela! — entrei em desespero quando ninguém me respondeu — Pelo amor de Deus! Eu vou ter que ir atrás dela?! Eu não saio dessa casa enquanto Lauren não aparecer! — eu gritei.
Então vi, Lauren estava com uma cara assustada parada perto do elevador. Corri pra ela chorando mais do que nunca e ela me envolveu em seus braços com força. Me separei dela quando escutei uma fungada no meu ouvido e ela chorava também. Lauren estava com a arma na mão direita e quando eu ia perguntar o porque disso, a porta do elevador se abriu. Ela me separou dela, e deu um passo pro lado, deixando Austin entrar no cubículo de metal com as minhas malas.
— Lauren, amor...
— Vai, Camila. Por favor, só vai. Eu não... — ela virou o rosto e passou a mão que segurava a arma nele — Eu preciso deixar você ir, e se eu ficar perto de você, eu não vou. — ela saiu.
— Lauren!
— Camila.
— Vai comigo, por favor, eu te imploro.
— Eu não posso. Me desculpa.
Ela nem olhou pra trás, só continuou andando até sumir do meu campo de visão. Michelle se pôs ao meu lado e me guiou pra dentro do elevador. Eu estava perdida. Indo pro outro lado do país, fugida e praticamente largada pela mulher que eu amo. O que seria de mim agora?
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