— Eu fico com a cama de casal! — dissemos ao mesmo tempo.
Semicerrei os olhos para Will. Will semicerrou os olhos para mim.
— Cai fora! — nos empurramos, para logo começarmos a correr em direção da cama.
— Não, não! Eu vou ficar com a cama de casal dessa vez! — frisou, puxando minha blusa para trás quando o ultrapassei.
Merda.
— Não importa o que você quer, eu sou a mais velha, portanto eu ficarei com a cama — fiz um vento forte surgir pela janela, forçando-o a ir para longe da cama alguns passos. Finalmente consegui alcançá-la.
— SE FODEU, HAHA! — gritei, começando a pular feliz em cima do móvel enquanto apontava o dedo para a sua cara visivelmente revoltada.
— Isso não foi justo! Você usou seus poderes! — sua face se revestiu numa carranca, e em resposta eu apenas ri, ainda pulando. Aproximou-se raivoso, puxando minhas pernas com força para baixo.
Caí deitada, ofegante e rindo.
— Ownt, não fica magoado, neném. — provoquei, recebendo seu dedo médio em resposta.
— Eu quero revanche! — cruzou os braços.
— Querer não é poder, meu caro Willian. — sorri de lado e me ajustei entre os travesseiros, colocando o braço esquerdo na minha nuca.
— Mas você roubou, é o mínimo que pode fazer. — começou a bater o pé.
— Olha só, Jéssica — geralmente o chamava assim por pirraça. —, eu não tô com paciência para o seu drama desnecessário, então vamos aceitar a realidade que é a que você perdeu. E você também roubou, então estamos quites.
— Eu roubei de uma forma mais justa! — tentou argumentar, fazendo uma careta.
— Não existe forma justa de roubar. Roubou e ponto. — levantei da cama, estalando meu pescoço.
— Então vamos novamente — insistiu. —, sem trapacear dessa vez.
Revirei os olhos.
— Vamos no par ou ímpar — cheguei perto dele. — Eu sou par. — adiantei.
— Ímpar.
Lançamos os dedos, ele um, eu cinco.
— Mas que droga! — gritou revoltado, enquanto eu ria da sua cara mais uma vez.
— Se afunde nas suas lágrimas, meu bem, que agora eu vou tomar banho. — peguei duas toalhas em cima da cama agora bagunçada, indo em direção ao banheiro. — Não se preocupe, farei um show só para deixá-lo mais feliz com a própria derrota. — disse antes de fechar a porta rapidamente, caso contrário um travesseiro seria arremessado contra minha linda face. E eu não menti sobre o show.
— MY ANACONDA DON’T — berrei debaixo do chuveiro, cantando o restante da música o mais alto possível. Saí gargalhando do banheiro; o dia estava tão lindo.
— Você é uma puta desgraçada e eu te odeio do mais profundo fundo do meu puro coração — zapeava a tevê com o controle, semi deitado sobre a cama de solteiro, olhando-me pelo canto do olho.
— Quê isso, meu anjo, vamos distribuir amor pelo mundo, principalmente agora que estamos em New Orleans — fui até minha mala, retirando minha peça de roupa, creme e afins.
Fechei a janela e a cortina, acendendo a luz do quarto. Retirei minha toalha, sem me preocupar se Will estava vendo ou não; esse daí já tá acostumado. Passei o creme de pele e vesti a roupa, que era um macacão curto, preto. Guardei tudo novamente e tirei a toalha que estava pousada sobre minha cabeça, pegando o creme de cabelo, começando a passar nas pontas, desembaraçando. Só aquilo parecia suficiente.
Estendi as toalhas num canto qualquer e fui na direção de Will, sentando entre suas pernas. Alonguei-as sobre a cama, encostando minha cabeça em seu peito.
— Vai lá pra sua cama, vai — aparentava ainda estar emburrado.
— Não, tá bom aqui — olhei o que estava passando na tevê. Supernatural.
Ouvi um bufo de sua parte, mas não veio mais reclamações. Passamos o resto da tarde assistindo, até que cochilei em algum momento.
— Ei, acorda. — senti leves tapas em meu rosto. — Isabella, tem pizza. — abri as pálpebras, piscando algumas vezes.
Sentei na cama, bocejando.
— Pizza? — minha voz saiu rouca.
— Sim. Pedi por um aplicativo enquanto você estava morta aí — foi até um canto do quarto. — Pensa rápido. — virou-se para mim de repente e só vi uma fatia de pizza vindo na minha direção. Abri a boca, recebendo o pedaço de bom grado. — Na lata! — estava impressionado.
— Eu sou foda. — respondi abafadamente, mordendo um pedaço considerável enquanto retirava o alimento da minha boca. — Cadê a coca? — indaguei após engolir, e logo vi uma latinha vermelha sendo entregue a mim. — Valeu. — abri, tomando três goles de uma vez.
— Mas é esfomeada — revirou os olhos.
— Eu sei, e nem reclama; você deve ter um metabolismo rápido porque você come mais que um boi e continua com essa barriga sem volume, seu imundo. — respondi cheia de humor e voltei a comer, ouvindo-o rir. — Aliás, vamos para a cama de casal, tem mais espaço.
Fomos para ela, ficando semi deitados, sendo eu do lado direito e Will do esquerdo, as duas caixas de pizza no meio da cama e mais três latas de coca na mesinha ao meu lado.
— Cara, por que estamos assistindo essa merda? — questionou.
— Porque temos que descobrir quem é o pai, oras. — expliquei o óbvio do programa que estava passando.
— Mas não é visível que a mãe sabe quem é o pai? — apontou a mulher na televisão.
— Sei lá, o importante é que nós e os dois possíveis pais não sabem. — respondi, terminando minha segunda fatia. — Então, amanhã vamos visitar alguns pontos turísticos? — empilhei as caixas de pizza uma em cima da outra, as erguendo brevemente para me cobrir com o lençol.
Com um sinal de mão, desliguei o interruptor de luz do quarto. Esse é o lado bom de ser bruxa.
— Valeu, já estava incomodando. — referiu-se sobre a luz que foi apagada. — Vamos sim, que tal já fazermos uma lista do lugar que visitaremos? — sugeriu e eu assenti rapidamente.
— Pera, que eu vou pegar o notebook — fui engatinhando na cama até chegar no final. Abaixei-me o suficiente para abrir a mala no chão, procurando.
Peguei, ao achar, e já trouxe o carregador junto.
Enquanto Will ligava o notebook, eu conectava o carregador na tomada que descobri mais abaixo da mesinha, bem ao meu lado.
— Toma. — colocou o objeto em meu colo.
Digitei a senha para desbloquear e entrei no navegador.
— Já vai pegando o celular, querida. — fui pesquisando os pontos turísticos de New Orleans.
— Tá aqui. — respondeu. O olhei por meio segundo até voltar minha atenção para a tela.
— Então escreve aí: French Quarter e daí passamos pela Jackson Square, o que é uma boa porque tem muitos restaurantes por perto, então...
— Caramba, Isabella, você só pensa em comer. — me interrompeu com aquele comentário ridículo.
— Ah, vai tomar no meio desse seu cu, Will. — mostrei-lhe o dedo do meio, internamente me divertido. — Vamos, escreve logo isso aí. — mandei.
— Já anotei, porra — respondeu grosseiro, terminando de digitar no celular.
— Olha a boca — adverti, segurando o riso quando vi a cara dele me encarando descrente. Tipo: “Sério que você tá falando isso?” — Me dê uma caixa de pizza. — voltei-me à tela.
— Qual a dificuldade de você pegar? — me empurrou a caixa que estava em seu colo, a outra estava no chão para mais tarde. Aceitei de bom grado, colocando em cima do teclado do notebook mesmo. Peguei mais uma fatia, comendo tranquilamente o alimento enquanto lia sobre os lugares.
— Fala aí o resto — disse curto, parecendo estressado comigo. Puxou a caixa de pizza do meu colo, enfiando um pedaço na boca.
— Washington Artillery Park, Moonwalk, Canal Street e por último Barbon Street.
— É Bourbon Street, ser.
— Quem liga, se eu quiser chamo de Kristen Street — retruquei com indiferença, alcançando minha coca de latinha na mesinha, tomando o conteúdo.
Suspirou, roubando a lata dos meus dedos, a virando inteirinha sobre seus lábios.
— Quem te permitiu tomar tudo, seu demônio? — semicerrei os olhos.
— Ninguém, para de fogo. — se debruçou em cima de mim, pegando outra coca na mesinha. Se ajeitou de volta e abriu, estendendo para mim. — Vê só? Simples. — revirei os olhos, tomando o objeto de sua mão.
Desliguei o notebook e deixei ele guardar tudo na mala.
— Porra, acredita que só agora que o apresentador vai finalmente abrir o envelope do DNA? — disse desacreditada ao prestar atenção na tevê. Peguei mais uma pizza, comendo sem tirar os olhos do programa.
— Acredito — se jogou do meu lado, embrulhando-se.
Entrelacei minhas pernas com as dele e encostei minha cabeça em seu peito.
— Para de mexer no meu cabelo, caralho — tirei sua mão das minhas mechas, irritada.
— Nem queria mexer nesse lixo mesmo — provocou, e como resposta dei uma cotovelada intensa em sua barriga.
O ouvi urrar de dor ao mesmo tempo que acariciava o local. Voltei a assistir, mas já estava no comercial. Filho da mãe, e ainda me fez perder a reação dos pais na hora de saber quem era o verdadeiro.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.