Tudo parecia pesado para Ten quando terminou de pronunciar as últimas palavras. Suas mãos estavam frias e ele as esfregava com força uma na outra antes de começar a sentir uma tremedeira interna. Isso era esperado, claro. Mas ele sabia que se lembraria desse momento para sempre, que no futuro seria capaz de recordar e sorrir mesmo que para o nada.
Ele se preparou para ouvir a resposta, resistindo à urgência de abrir a boca mais uma vez.
— Ten, você é incrível. A sua amizade é muito especial para mim. De verdade. E não quero perder o que temos — disse o outro, se inclinando e tocando de leve o antebraço dele. — Não vamos complicar as coisas, está bem? Vamos deixar tudo como está e aproveitar a sua festa.
Filme errado, pensou imediatamente. Não era isso que ele devia ouvir. Era a festa de aniversário dele, onde fez questão de convidar todos os seus amigos para comemorar sua entrada na universidade. E havia acabado de se confessar para seu melhor amigo de uma vida inteira com direito até mesmo a um longo discurso. Esta cena estava errada. Tinham toda uma vida de romance pela frente. Depois do leve toque no antebraço, os dois se beijariam e voltariam para dentro da casa de mãos dadas. Deveria ouvir como resposta “Eu também”.
Não estava no roteiro e em nenhuma outra versão do script que Ten imaginara para esta noite que seu melhor amigo e primeira paixão desde o fundamental desse um daqueles sorrisos pelos quais ele tinha se apaixonado e depois fosse embora.
Mas foi exatamente isso que ele fez.
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