História A triste vida de Aluado, o Quarto Maroto - O Monstro.

Eu estava correndo. Correndo livre como nunca. Nunca tinha me sentido tão puro, tão bem em toda minha vida. Estava descalço, meus pés estavam gelados mas não me importava com nada disso. Eu só queria continuar correndo por aquela floresta imensa para sempre.
O ar puro, a sensação de impunidade tomou conta do meu corpo com uma rapidez que eu não posso explicar. Eu só podia correr para o mais longe que minhas pernas aguentassem, e foi mágico, foi magnífico.
Aí eu parei de correr.
Tudo começou a girar numa rapidez, que fiquei tonto por um momento. E quando olhei para o meu corpo, eu estava completamente nú. Fiquei com uma extrema vergonha, parecia que tinha uma multidão de pessoas olhando meu corpo despido e rindo. Até parece que eu podia ouvir gargalhadas ecoando pelas árvores de todos os sentidos, eu só queria correr pra longe dalí, mas não consegui. Fiquei paralisado com o par de olhos amarelos gigantes que surgia de dentro da escuridão.
Um monstro enorme de olhos amarelos veio engatinhando em minha direção.
Meu coração acelerou tanto que parecia que ia sair pela minha boca. Minha respiração ficou tão acelerada que eu sentia que iria desmaiar a qualquer segundo. Não tinha o que fazer, era meu fim, pensei.
Então o monstro ficou de pé bem na minha frente. E apontou sua garra em direção ao meu coração.
E aí, ele começou a me rasgar de fora a fora. Arrancou toda minha pele como se estivesse rasgando uma folha de pergaminho velha. Tudo ficou vermelho, eu podia ver meus pedaços caírem no chão como se fosse algum filme de terror trouxa que passava na TV. 
Abri meus olhos. Era só um pesadelo.
Mas quando tudo ficou claro, eu estava deitado na floresta completamente nú. Deus, como estava frio. Percebi que meu corpo estava bem, tirando o fato de que cada parte do meu corpo doía como se tivesse pegado fogo, mas estava tudo lá: dois braços, duas pernas, dois olhos, um nariz particularmente grande e uma boca.
O monstro que vi nessa noite era bem familiar.
O monstro, era o lobisomem que vivia dentro de mim, se apresentando oficialmente para seu novo dono.
Eu sou o monstro.