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História A Troca - A Briga


Escrita por: MrsRidgeway

Notas do Autor


Cheeeeeguei de surpresa hoje, eeeê ^^

Estou muito animadinha com a história, então decidi largar um capítulo extra essa semana!

Espero muito que vocês gostem, porque ele está muito intenso, haha.

Agora vamos ao que interessa!

Capítulo 12 - A Briga


 

– Sim, Hermione, o Jabuticaba está contaminado.

Lupin soltou um longo suspiro. Eu e Ronald trocamos olhares assustados.

– Como assim? – Ron perguntou, sem jeito. – Tipo, contaminado mesmo? ]cheio de substâncias tóxicas e essas coisas todas aí de filme?

Remo esboçou um sorriso, visivelmente frustrado.

– Sim, Ron, cheio de tudo isso aí e um pouco mais.

Era meio óbvio o que Remo estava nos contando, mas ainda assim eu não pude deixar de ficar chocada.

– Remo, como você descobriu isso? – eu questionei ainda tentando entender toda a história. – Tipo, isso não é muito a sua área, esse tipo de análise...

– Como eu descobri é o de menos, Mione. – ele apressou-se em responder. – A questão é que a contaminação continua acontecendo debaixo dos olhos de todos nessa cidade.

    Mas tem alguma coisa incompleta nessa história...

Ron indagou novamente. Ele parecia tão confuso quanto eu.

–Se essa contaminação é tão escancarada assim, por que ninguém aqui fala disso?

– Têm algumas questões nessa história que ainda não foram resolvidas. O que eu quero de vocês, por enquanto, é outra coisa.

– O quê? – eu perguntei interessada.

– Seis meses de análises mensais. – ele respondeu.

– Oi? – Ronald perguntou, arregalando os olhos. – Como assim seis meses de análise?!

– Eu sei que vai dar um pouco de trabalho, Ron, mas eu também sei que vocês conseguem dar conta.

O tom de Lupin era de desculpa.

– Por que isso é importante em uma análise histórica? – eu questionei.

    Essa pesquisa estava muito estranha.

– E por que seis meses exatamente? – Ron completou a chuva de indagações.

Lupin coçou a cabeça e apertou os olhos. Ele percebeu que a gente não iria facilitar tanto assim as coisas.

– Gente, por favor, sem perguntas. No momento isso é tudo que eu preciso que vocês saibam.

Senti que Remo tinha se deixado vencer.

– Vocês podem fazer as análises o que eu pedi?

Ron e eu acenamos a cabeça em confirmação.

– Então ótimo – ele exclamou – Preciso do resultado da primeira amostra para daqui a três semanas, pode ser?

– Pode – eu concordei. Ron também não se opôs.

– Sendo assim, vocês estão libertados por hoje – Lupin disse, se voltando aos papeis que estavam na mesa – Vejo vocês na aula, semana que vem.

 

...

 

Sentamos em uma das mesas vazias e Greg veio nos atender sorridente como de costume.

– O de sempre? – ele perguntou.

– Sim. – Ron confirmou ao ver que eu não falaria nada.

– Vou passar a chamar vocês de casal torta de frango. – Greg comentou, divertido.

Eu ri. Não sei se foi pelo comentário engraçado dele ou se foi pelo fato dele ter nos chamado de casal.

     Eu gostei, na verdade.

O garoto se afastou com os nossos pedidos e Ron se virou na minha direção.

– Pode começar a gritar agora. – falou divertido.

– Eu não grito, Ronald.

– Vai... me diz o que você achou de toda essa conversa de contaminação.

– Uma merda! – eu exclamei – Isso que eu achei. Uma grande bosta!

Ron soltou uma gargalhada.

– Você é maravilhosa, sabia? – ele disse, me olhando.

     Por que você me diz essas coisas assim do nada?

Senti meu rosto ruborizar com o comentário dele e não consegui conter um sorriso. Ron aproximou a cadeira dele da minha e segurou a minha mão, alisando-a com o polegar.

– Pare... – eu ordenei, ainda sorrindo.

– O que foi que eu fiz? – ele perguntou, fingindo estar ofendido. – É só a verdade.

– Tá bom.

Eu rolei os olhos e ele riu. Não soltamos as mãos até Greg voltar com as fatias de torta.

– Sabe, eu acho tudo muito estranho, digo, isso do Lupin nos dar as informações pela metade. – ele falou enquanto comíamos. – Parece que ele está escondendo alguma de nós.

– Não parece, ele está.

– Só basta saber o quê.

– Se conseguirmos.

– Então é mais uma missão pra cumprir esse semestre.

Franzi a testa.

– O que você quer dizer com isso?

– Não vai me dizer que você vai ficar parada aí esperando a boa vontade dele nos dizer o que está acontecendo? – o ruivo inquiriu. – Eu esperava mais de você, Mione...

– Mas Remo é o nosso orientador. – eu argumentei. – Nós temos que esperar!

– Temos?!

Ron me olhava com as duas sobrancelhas arqueadas. Ele estava sério.

– Eu não entrei em uma pesquisa pra ficar brincando de adivinhação sobre o que eu vou pesquisar, Hermione!

– Ron, eu sei.

– Então qual o problema?

– É que eu não sei se seria correto a gente fazer isso...

Ele passou a mão nos cabelos vermelhos e soltou um longo suspiro. Suas feições se tornaram bem mais compreensivas.

– Eu entendo que você não queira desapontar o Lupin. Só que o que não é correto ele nos esconder essas informações.

– É, eu sei.

 Ron estava certo. Nós tínhamos que saber o real objetivo dessa pesquisa.

 

...

 

Sonolenta, tateei a cama sem me virar, procurando exatamente o lugar onde eu tinha colocado o celular.

– Alô? – eu disse com a voz embargada.

Era manhã do domingo.

– Oi Mi. Eu te acordei? – era a voz de Ginny.

– Nah...

– É, sei bem.

Ela riu do outro lado da linha.

– Mas o que houve?

Eu queria saber se você vai pra o jogo.

     Que jogo?

 Eu me levantei da cama aos poucos. Não estava entendo o que a Ginny estava falando.

– Os meninos não falaram com você? – a ruiva indagou, surpresa.

– Não.

– Vai ter jogo lá no ginásio da universidade hoje. Achei que alguém tivesse te avisado.

Eu estava um tantinho magoada, não podia negar. Acho que isso transpareceu na minha voz.

– Ninguém me disse nada...

– Mas agora eu tô falando, mulher! – Ginny disse animada. – Vamo, levanta daí e vai se arrumar. Tá marcado pra nove horas, dá tempo.

– Ah... Eu não sei, Gin. Eles não me chamaram e...

– E aí, nada, Mione! Você vai e pronto!

– Mas...

– Mas nada! – a ruiva me interrompeu outra vez. - O Harry vai tá lá. O Ron também. Eles vão gostar de te ver.

     O Ron também iria jogar...

Interessante.

– Tá bom, eu vou.

Fui vencida pelo argumento da minha amiga.

     Ou pela presença do Ronald.

Me despedi e encerrei a ligação.

 

...

 

Eu havia ligado para Harry e perguntado se ele poderia me dar uma carona, já que o meu condomínio era caminho da casa dele até a universidade. Nós chegamos ao ginásio e já havia bastante gente no local. Olhamos ao redor, procurando por Ron e Ginny, mas eles ainda não tinham chegado.

Nos sentamos em um dos degraus da arquibancada para esperar. Aproveitei o momento para analisar algumas pessoas.

– Eu nunca entendi como vocês conseguem trazer tanta gente a universidade no domingo, só pra assistir um jogo. – comentei.

– Isso é obra do Cedrico e do Krum, você sabe. – Harry falou. – Gente famosa está outro patamar.

Nós rimos do comentário dele e acabei recordando de alguns momentos, em anos anteriores.

– Acho que no ensino médio o Viktor tinha até fã clube.

Harry soltou uma risada alta antes de falar.

– Você não se incomodava?

– Um pouco, no início. – eu admiti. – Mas depois larguei de mão.

– Por quê?

– Quando a gente começou a namorar ele já estava terminando o terceiro ano, prestes a sair do colégio. Achei que em breve todo aquele holofote iria acabar.

– Que estranho... – Harry observou. – Enquanto vocês ainda namoravam, Krum geralmente falava de uma forma que parecia que ele tinha passado quase todo ensino médio com você...

– É que ele meio que me procurou por algum tempo, antes da gente começar a namorar de fato.

– Quanto tempo?

Harry parecia estar bem interessado no meu passado com Viktor.

     Chega de perguntas, por favor!

– Um ano, mais ou menos... – minha resposta saiu quase como um sussurro.

– Um ano, Hermione?!

Os olhos verdes de Harry estavam arregalados.

–Você deixou o cara esperando por um ano?!

– Ei, cala a boca, Harry! – eu coloquei a mão no rosto dele, tentando fazer ele se calar. – E eu não fiz ninguém esperar.

– Um ano é muito tempo!

– Ele que quis!

– Você não gostava dele?

A pergunta fez alguma chavinha virar dentro de mim.

– Não era bem isso... – tentei me justificar.

– Então o que era?

     Boa pergunta.

– Eu só não me sentia segura com ele, eu acho. Sei lá, só não era da mesma forma que...

Eu parei no meio da frase, tomando consciência da besteira que eu iria falar. Para minha infelicidade Harry percebeu também.

– Não era da mesma forma que o quê? – ele questionou, me olhando curioso.

     Que eu acho que sinto com o Ron.

– Que nada, Harry. – desviei a resposta. – Não era da mesma forma que deveria ser quando se gosta de alguém.

Harry continuou me olhando com as mesmas feições de menino curioso.

– O que levou vocês a namorarem depois?

– O quê?

– É, você e o Krum. – ele disse. – O que levou vocês a namorarem depois, então?

Dei de ombros e fui direta.

– Eu achei que deveria dar uma chance depois de tanto tempo de insistência. Acabei me apaixonando por ele depois.

Harry balançou a cabeça, pensativo.

– E hoje, Mione, você veio pelo Viktor?

Meu amigo me encarava, sério.

– Não, Harry. – falei, sincera. – Eu nem me lembrei que ele poderia estar aqui hoje.

– Então por que você veio?

Antes que eu pudesse respondê-lo os meus olhos se fixaram na figura ao longe. Ron caminhava na nossa direção, com Ginny logo atrás dele. Assim que me viu, o ruivo abriu um sorriso amplo para mim. Eu, besta, não consegui fazer nada além de retribuir.

Harry olhou para trás buscando entender a súbita razão da minha felicidade.

– É, acho que já sei o porquê – me disse, rindo de canto.

 

...

 

Os meninos haviam acabado de descer para separar os times. Ficamos apenas eu e Ginny na arquibancada. A ruiva se arrastou pelo banco de concreto na minha direção.

– Oi, amiga.

Ginny me abraçou afetuosamente e eu a retribuí.

– Ei, eu também quero abraços. – alguém disse ao fundo.

Olhamos pra trás e demos de cara com Luna, em pé, nos observando. Ginny puxou Luna para um abraço forçando-a a se abaixar. Eu não pretendia abraçar Luna, mas, a loira não pareceu ligar muito. Luna me arrastou para um aperto quase que sufocante, o que era estranho para o tamanho dela. Eu acabei retribuindo, o abraço parecia tão verdadeira que era praticamente impossível negar aquela demonstração de carinho.

Assim que nos soltamos, Ginny fez uma careta.

– Será que dá tempo d’eu ir no banheiro? – perguntou. – Eu quero fazer xixi. Ron me apressou na hora de sair de casa.

– Acho que dá. – Luna respondeu.

– Eles ainda devem estar naquele ritual de separar os times. – completei. – Vai rápido que dá tempo.

Ginny se levantou e saiu correndo em direção ao vestiário feminino. Eu e Luna rimos enquanto a sombra de cabelos vermelhos sumia no meio da multidão.

– Você não precisa se incomodar com a minha presença, Hermione.

Luna falou sem olhar para mim.

– Eu não me incomodo com a sua presença, Lu. – menti.

Na verdade, eu tinha passado a me incomodar com a presença de Luna depois que eu soube que ela e Ron tinham se tornado muito próximos desde a chegada do ruivo. Algo inexplicável em mim queria ver Luna o mais distante possível.

– Você se incomoda sim, mas não é necessário. – a loira insistiu. – Ron e eu somos apenas grandes amigos.

– Ainda que vocês não fossem só amigos... isso... isso seria uma questão só entre vocês dois, não?

– Não.  – Luna respondeu com um sorrisinho e não me disse mais nada.

     O que ela queria dizer com isso?

 

...

 

O jogo acabou com a vitória do time de Viktor. 2x1. Ron havia feito uma defesa belíssima de pênalti, que pareceu valer por todo jogo, ainda que eles não tivessem ganhado.

Quando Luna se afastou para procurar um amigo na multidão que se retirava, Ginny e eu descemos em direção aos vestiários masculinos. A quadra já estava quase que completamente vazia.

Harry conversava com Viktor, um pouco mais a diante. Ginny correu até ele e o abraçou, praticamente ignorando a presença do outro homem no lugar.

– Comemorei muito o seu gol lá de cima. – a ruiva falou, orgulhosa. – Você escutou?

– Só dava para ouvir você, Gin. – Harry respondeu sorrindo.

– Tomara mesmo.

Ginny observava Viktor com cara de poucos amigos. Harry a puxou pela mão. Percebi que a minha amiga estava relutando para me deixar sozinha com o meu ex-namorado.

– Vem Gin... vamos lá trás. – Harry insistiu.

– Vamos ficar com a Mione e esperar o Ron. – a ruiva rebateu e Harry me encarou.

– Você nos manda mensagem avisando quando o seu irmão sair e aí vamos todos almoçar juntos, pode ser?

Concordei com a cabeça. Assim que Harry e Ginny subiram a escada, Viktor, até então mesclado com a parede de tão calado que estava, se manifestou.

– Oi, Mione.

– Oi...

Eu não estava muito a vontade. Viktor chegou mais perto de mim.

– Tudo bem?

– Ahan.

Dei um passo para trás. Viktor percebeu a minha reação e não avançou mais.

– Mione, eu queria falar com você sob... – ele começou a falar, mas eu o interrompi apontando para dentro do vestiário.

– Acho que o Cedrico já está vindo aí! – eu indiquei quando vi a silhueta. – É melhor vocês irem senão vão se atrasar para as comemorações pós os jogos de sempre...

– É...

Viktor me analisou por um breve segundo.

– Você não vai subir? – perguntou, enfim.

– Não .

Ele não precisava saber detalhes do porquê da minha espera na porta do vestiário. Francamente, eu não estava preparada para conversar com Viktor sobre nada, muito menos sobre o que eu estava sentindo, visto que nem eu sabia mesmo o que era.

Cedrico finalmente saiu do banheiro. Ao me ver, o homem sorriu gentilmente e me deu um beijo na testa.

– Quanto tempo eu não te vejo, Mi! – falou, animado.

– É, eu sei. É que minha rotina anda muito apertada. – eu respondi amavelmente, quase me lamentando.

– Como sempre, né Mione. – ele virou-se para Viktor. – Você vai subir agora?!

Viktor me olhou mais uma vez.

– Vou... –respondeu sem olhar para Cedrico. – Até breve, Hermione.

– Até...

Foi o máximo que eu consegui dizer.

 

...

 

– Ei, Ron!

O ruivo demorou um pouco para sair do vestiário. Deveria ter sido um dos últimos a entrar. O esperei sentada em um dos primeiros degraus da arquibancada, enquanto mexia no meu celular. Levantei-me para cumprimenta-lo.

– Parabéns, você foi ótimo. – falei com sinceridade.

Ele me agradeceu, mas se lamentou por não ter ganhado. Voltei a me sentar e ele me acompanhou.

– Onde estão todos?

– A Luna foi falar com alguém lá na frente e o Harry e a Ginny estão lá nos fundos do ginásio já tem um tempinho.

– Eles não poderiam esperar até chegar em casa para se pegar? – Ron questionou, falsamente revoltado. – Eu estou com fome.

Ri antes de observar ao nosso redor. Nós estávamos sozinhos. Pude reparar também que Ron tinha feito a mesma observação que eu.

     Tá quente né, Hermione?

Muito. Eu me ajeitei no lugar onde eu estava sentada. Ron começou a brincar com o meu cabelo, do jeito que ele já estava acostumado a fazer. Aquela mecha só caia na hora errada.

     Ou certa?

Não sei.

– Sabe... – o ruivo sugeriu, já muito mais perto. – Já que tá todo mundo ocupado, a gente bem que poderia se entreter um pouquinho também, não acha?

     Ron, não faz isso...

Tentei passar firmeza quando o encarei.

– Ron... melhor não...

O ruivo chegou ainda mais perto e toda a minha postura firme, que já não era muita, começou a desmoronar.  Ron alisou a minha pele desde minha têmpora até o meu pescoço.

– Qual o problema?

Ouvir a voz grave dele, ali tão perto, deixou meu corpo arrepiado.

– Você tá perto demais...

Eu ensaiei mais algumas palavras, mas elas não saíram. O meu controle já não era mais meu. Ao invés de me afastar, eu inclinei a cabeça para o lado e fechei os meus olhos. Ele se aproveitou do meu pescoço livre e levou sua boca até lá, onde distribuiu alguns beijos sem pressa.

 A língua de Ronald passava lentamente pela minha pele. Aquilo provocava reações estranhas dentro de mim.

– Você quer que eu me afaste?

O ruivo subiu os lábios devagar até a minha orelha. Pude sentir uma mordida de leve no meio do caminho.

     Não, eu quero que você me pegue e me leve pra outro lugar...

Isso que eu quero.

     Socorro, essa não sou eu!

– Até quando a gente vai ficar nessa brincadeirinha, Mione?

A pergunta de Ron veio com um leve toque dos lábios dele nos meus. Suas mãos deslizavam do meu joelho até a parte interna da minha coxa, quase que por baixo da minha saia. Aquele estimulo me deixava excitada e era difícil ter essa noção sobre o meu próprio corpo.

     Definitivamente, eu estou adorando ser provocada.

Abri os olhos e não pude conter um sorriso. Acho que aquela era a hora de devolver a provocação. Parei uma das minhas mãos na nuca do ruivo e grudei os meus dedos nos seus cabelos vermelhos, segurando-os levemente pela raiz.

– Ao invés de ficar me perguntando, Weasley, você já poderia ter terminado de vez com ela, não acha.

Aquela não era eu. Hermione Granger.

     Ou era?

Não sei.

     Mas eu estou bem disposta a descobrir.

Ron sorriu malicioso e mordeu o lábio inferior.

     Como eu adoro quando ele faz isso...

Antes que ele terminasse com o distanciamento das nossas bocas, a voz de Luna ecoou ao fundo.

– Gente, acode aqui por favor!

     Não! Agora não!

– Mil desculpas por interromper vocês dois, mas, eu acho que alguém precisa parar a briga do Harry e da Ginny lá nos fundos.

A loira parecia um pouco nervosa. Eu e Ron nos levantamos rapidamente e seguimos Luna até o local da briga.

 

...

 

– Gin, o que aconteceu? – Luna perguntou quando entregou o copo com água a amiga.

Estávamos no apartamento de Ginny. Ron me pedira para que eu levasse a irmã para casa, enquanto ele tentaria acalmar Harry. A briga tinha sido feia. Devido a uma força quase sobrenatural, eu consegui dirigir da universidade até o prédio da ruiva.

Ginny aceitou a bebida, pegando com a mão trêmula no vidro. Ela não respondeu, apenas bebeu a água lentamente, olhando para o fundo do copo.

– Ginny, você pode, por favor, nos dizer o que aconteceu? – eu pedi, autoritária. – Porque vocês estavam gritando feito dois desesperados na frente de todo mundo e eu nunca imaginaria você fazendo esse tipo de coisa. Muito menos o Harry.

Uma lágrima caiu do seu olho amarelado.

 – O de sempre... o Harry.

O que de sempre o que, Gin? – Luna questionou. – A gente não sabe o que é. Porque vocês nunca falam nada...

– Ele disse que me quer na vida dele. – outra lágrima escorreu pelo rosto da ruiva. – Mas não é capaz de abrir mão de outras coisas por isso...

– Outras coisas? – agora eu que a indagava.

– Essa vida dele aí, Mione. – Ginny apontou aleatoriamente para o ar. – Esses problemas na vida dele que nem eu sei direito sobre o que é.

Luna sentou-se ao lado de Ginny.

– Mas ele te querer na vida dele não seria bom? –perguntou.

– Seria... seria ótimo.

Ela soluçou fortemente. Cada vez mais o choro tomava conta do rosto sardento da nossa amiga. Ginny tentou limpar as lágrimas insistentes.

– Então experimente apoiá-lo. Aceite se jogar sem saber onde você vai cair. – Luna falava com tranquilidade. – Você e Harry se amam. Às vezes só isso é o necessário.

– E como eu vou apoiá-lo?

– Não pergunte, Gin, só sinta.

Eu concordei com Luna. E eu nem sabia o porquê.

– Só sinta. E se o que você sentir for bom, significa que você está indo pelo caminho certo. – falei.

Ginny me olhou e esboçou um sorriso. Luna e eu a abraçamos, assim como mais cedo. Ginny se permitiu chorar mais um pouco. Ficamos ali com ela até que a ruiva se sentisse um pouco melhor.

Passamos quase a tarde inteira com Ginny.  Ao anoitecer, quando Ginny pegou no sono, eu decidi ir para casa. Luna foi me levar até porta.

– Você vai ficar aqui com ela mesmo? – perguntei a loira. Eu ainda estava preocupada.

– Vou sim. – ela me tranquilizou. – Vou ficar até o Ronald chegar.

– Ok. Qualquer coisa me ligue e eu venho correndo.

– Pode ir tranquila.

– Tchau, Lu. – eu sorri e me despedi.

Andei alguns metros até o elevador, mas, antes que eu entrasse na cabine, Luna chamou meu nome.

– Hermione!

Girei o meu corpo em sua direção e segurei a porta do elevador.

 – Escute mais os seus próprios conselhos. – disse a loira. – Eles também servem para você.

Luna piscou um dos grandes olhos azuis e entrou novamente no apartamento.  

 

...

 

Cochilei dentro da banheira. Eu me sentia infinitamente cansada. Acordei com o toque da campainha e me questionei sobre quem estaria me fazendo uma visita àquela hora, sem avisar.

– Um instante! – eu gritei ainda de dentro do meu quarto enquanto me vestia rapidamente.

A campainha continuou tocando insistentemente. Desci as escadas e quase a correr hall cheguei no hall de entrada. Quando eu abri a porta não pude deixar de fazer cara de espanto. Viktor estava parado em frente à porta.

– Oi, Hermione.

– Oi... Viktor. – eu respondi ainda sem entender o motivo da visita. – Você não me avisou que viria...

– Precisava? – ele olhou por cima da minha cabeça. – Você está com alguém aí?

Não gostei muito do tom que Viktor usou para fazer aquelas perguntas. Ainda assim ignorei tamanha falta de educação.

– Não estou. Vem, entra.

Abri espaço para ele passar e Viktor atravessou o batente da porta. Andamos juntos até a sala.

– Quer beber alguma coisa? – perguntei educadamente.

– Não, eu estou bem assim.

Sentei-me no sofá, acreditando que o homem faria o mesmo, mas Viktor não imitou a minha ação. Ele continuou em pé, apoiado no aparador. Seus olhos escuros me escrutinavam.

– Então... – eu comecei a falar. – Aconteceu alguma coisa?

– Aconteceu. Com você, Hermione. – Viktor foi direto. – Que merda foi aquilo hoje de manhã?

Estreitei os olhos.

– Eu não estou te entendendo. O que exatamente você quer que eu te responda?

Viktor soltou um riso nervoso e apoiou-se no encosto do sofá a sua frente.

– Primeiro você me larga para atrás do Weasley no outro dia. Depois, você me trata da forma que você me tratou hoje. – ele cuspia as palavras. Pelo o que eu conhecia de Viktor, ele deveria estar se controlando para não gritar. – Tudo isso pra ficar na porta do banheiro esperando o Weasley sair. Eu não estou te reconhecendo, Hermione.

O encarei, incisiva. Não deixaria que ninguém falasse assim comigo dentro da minha própria casa.

– Você esperava o que, Viktor? – o indaguei. – Você esperava que eu ficasse correndo atrás de você enquanto você desfila com quem você bem quer por todos os cantos da faculdade?

Eu ainda não havia esquecido o episódio com a mulher na escada do pavilhão. A forma como Viktor me olhou naquele dia foi quase um pedido de desculpas. Para mim ficou bem claro que o que acontecia entre os dois era mais do que uma simples amizade.

Vi Viktor voltar a apertar as costas do meu sofá com força. Eu me levantei irritada.  Agora ele iria escutar tudo o que preso na minha garganta.

– Foi você que terminou comigo, Viktor!

Meu dedo estava apontado para ele.

– Você terminou porque queria curtir a vida por aí sem que ninguém te atrapalhasse! – continuei praticamente aos gritos. – Agora você acha que pode chegar na minha casa, me dizer um monte de coisa e cobrar satisfações pela minha postura?! Você não tem esse direito!

– E você acha correto ficar correndo atrás daquele Ronald feito uma vagabunda toda vez que você o vê, Hermione?! – Viktor gritou de volta, furioso.

 A raiva e tristeza subiram de mãos dadas pelas minhas veias no momento que eu escutei o que Viktor tinha dito. Sem me controlar, eu andei até ele estava e o empurrei o mais forte que eu pude. Ele não esperava a minha ação e acabou se desequilibrando, o que o fez tombar na parede logo atrás.

Não satisfeita eu continuei o empurrando com força, como se fosse possível fazê-lo atravessar a parede e sumir da minha frente. Lágrimas caiam copiosamente dos meus olhos.

–E se eu estiver agindo mesmo, o que você tem a ver com isso?!

Tudo que eu via na minha frente era o borrão de um homem subitamente assustado com a minha reação, e, que tentava me segurar. Inicialmente sem muito sucesso.

– Eu posso fazer o que eu quiser da minha vida, quando eu quiser e com quem eu quiser!

Viktor finalmente conteve minhas mãos, o que impediu o que eu continuasse os assaltos contra ele.

– Hermione, para!

– Me solta!

Gritei novamente enfurecida. As lágrimas continuaram a escorrer rapidamente pelas minhas bochechas. – Não toque em mim!

Viktor me puxou em sua direção. Nossos rostos ficaram muito próximos.

– Mione, me desculpa! – disse quase em súplica. – Me perdoa, eu.. eu não queria te ofender, eu juro. Eu não queria ter dito aquilo.

– Mas você disse! – tentei me desvencilhar do aperto. – E se disse é porque realmente acredita nisso!

Ele segurou o meu rosto com as duas mãos.

– Eu não acredito! – Viktor enxugou parte das minhas lágrimas. – Por favor, me perdoe. Eu sou um idiota, Mione.

– Você é!

Viktor permaneceu segurando o meu rosto quando percebeu que eu havia amolecido um pouco.

– Eu sinto sua falta, Mione. Sinto falta da menina doce que eu conheci há uns anos atrás. Você não era assim porque era mais reservada. Isso que eu quis dizer – ele acariciou minha bochecha. – Eu sinto falta da gente. Sinto falta de te observar estudar, nos jardins do colégio, e você rindo pra mim... Você ainda se lembra disso, Mione?

Eu balancei a cabeça em concordância. Viktor encostou o seu rosto no meu.

– O que aconteceu? – ele me perguntou – Por que tudo mudou?

Fiquei sem resposta. Viktor não esperou. Ele colou os seus lábios nos meus. O beijo de início foi singelo, porém, aos poucos, a sua intensidade cresceu. Eu segui o fluxo. Viktor me puxou mais para perto pela cintura. Pus minhas mãos ao redor da sua nuca.

O beijo aumentou de proporção e Viktor trocou de lugar comigo. Seu corpo sobre o meu, apertando-me contra a parede. Seus lábios beijaram o meu pescoço. Não sei porquê, mas eu senti aquele toque estranho. Era... diferente...

Diferente do que eu havia sentido mais cedo.

     Com Ron.

Não impedi que Viktor descesse ainda mais, agora em direção a abertura da minha blusa. Ele beijava o meu corpo de forma ansiosa, contudo, eu simplesmente não conseguia reproduzir aquele desejo de volta. Meus pensamentos se concentraram em outro momento.

Afastei Viktor de leve quando ele voltou a beijar a minha boca.

– Não...

– Por quê não? – ele tentou continuar o beijo, mas eu virei o rosto para o lado.

– Porque a gente cresceu. – eu respondi. – Eu não sou a mais a menininha que gostava de ser protegida por você.

– Mione... eu já te pedi perdão pelo que eu disse... – ele se aproximou mais uma vez. – Eu não queria te magoar.

– Eu quero ficar sozinha.

Pedi afastando-o novamente. As narinas de Viktor se abriram em pulsação e ele deixou escapar um longo suspiro de frustração.

– Tem certeza de que você quer ficar sozinha, Hermione?

– Tenho.

Ele se deu por vencido. Não voltou a me encarar, só andou até o hall, apressado. Eu não o acompanhei até a saída. Quando Viktor foi embora fez questão de bater a porta com força.

Permaneci por um bom tempo no mesmo lugar, de olhos fechados. Pensei no quão irônico foi vê-lo partir da minha casa dessa vez, bem diferente do modo que ele me disse adeus no dia do nosso término.

Não sei quanto tempo passou até eu tomar coragem e subir para o meu quarto novamente. Eu me joguei na cama e encarei o teto. Refleti sobre a última pergunta que Viktor me fizera antes de ir embora. Percebi o tamanho da mentira que fora a minha resposta.

Eu queria companhia sim, mas, de outra pessoa. 

 


Notas Finais


Então, meus amores. O que vocês acharam do capítulo?
Deixem aqui embaixo os lindos comentários de vocês!

Pra quem quiser acompanhar o outro lado da história, esse capítulo faz ligação com outro lá d'A Escolha. Então:
==> Se vocês desejam saber como foi a conversa do Harry com o Ron, depois da briga, é só dar uma lida no capítulo 12 - "O Café".
~~ https://fanfiction.com.br/historia/711508/A_Escolha/ ~~

Mil beijos!


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