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História A Troca - O Chocolate


Escrita por: MrsRidgeway

Capítulo 3 - O Chocolate


— Ron! Meu Deus, Ron! – exclamou Ginny, totalmente surpresa.

Minha irmã levantou da cama em um pulo, enrolada no lençol branco.

— Você já chegou!

Ela pulou no meu pescoço e me puxou para um abraço. Por um momento eu me esqueci da cena que eu havia presenciado e a retribuí. Gina era muito mais baixa que eu, então eu a levantei no ar por alguns segundos. Minha irmã riu com gosto e me apertou mais forte. Aproveitei com gosto o momento do reencontro. Normalmente, nós dois não éramos muito adeptos a demonstrações fraternais constantes.

O folgado resolveu quebrar todo o encanto do momento e se manifestar. Ele ainda estava caído no chão.

— Alguém pode me explicar, por favor, o que está acontecendo aqui? – perguntou.

O observei apoiar as mãos na cama e tomando como impulso para levantar. A realidade me voltou à tona. Apontei o meu indicador na sua direção raivosamente.

— Você! – dei alguns passos ainda segurando a minha irmã. – O que você está fazendo aqui?!

O folgado se apertou assustado contra o encosto da cama, tateando o criado mudo até encontrar os óculos redondos.

— Ron, para com isso! – gritou Ginny. – E me coloca no chão!

Meu ouvido doeu com o grito. Eu a encarei. O mel dos seus olhos me observava com cuidado. Pelo que eu conhecia da Ginny, ela estava analisando se já deveria começar a brigar comigo ou não. Apoiei os seus pés descalços no tapete, sem contestar.

Era meio óbvio o que estava acontecendo até agora a pouco naquele quarto, contudo, eu não podia deixar de fazer meu papel de irmão mais velho revoltado com a existência de uma vida sexual na rotina da irmã caçula.

Ginny abriu um sorriso cínico.

— Quanto tempo, Ron! – ela disse, feliz. – Três anos sem ver essa sua cara feia!

— A cara feia que você estava morrendo de saudade, Ginevrinha. – pisquei, maroto.

Ginny rolou os olhos, divertida. Teatralmente, fitei o homem parado a beira da cama.

— Mas parece que você já encontrou distração por aqui. – completei.

Ele ainda esperava uma explicação. Ginny se desvencilhou do meu abraço.

— Harry, esse é o Ron, meu irmão. Eu te falei que ele estava vindo morar aqui comigo.

Arqueei as sobrancelhas. A minha irmã havia falado de mim para ele, mas não teve coragem de me avisar que eu possivelmente teria visitinhas quando eu chegasse.

Cruzei os braços.

— E ele é...? – indaguei.

— Ele é o Harry. – Ginny deu de ombros.

Ela se abaixou para pegar o vestido verde caído ao lado da cama, antes de se desenrolar da toalha.

— Só isso que você tem a me dizer, Ginny? – voltei a perguntar.

Se o folgado estava na cama dela, ele deveria ser alguma coisa a mais que um Harry apenas.

— Só isso, irmãozinho. Ele é o Harry.

Eu pude ver o tal do Harry balançando a cabeça em negação. Percebi que ele não concordou muito com a definição que a minha irmã havia dado a ele. Já vestido, o folgado andou até a mim e estendeu a mão direita.

— Me chamo Harry Potter – me saudou. – Sou o... O amigo da Gin.

Apertei a sua mão de volta. Admito que de óculos ele até parecia ser um cara gente boa.

— Foi mal pela cena. – me desculpei. – Eu não imaginava encontrar alguém diferente em casa.

— Tudo bem, eu entendo. – ele disse por fim. – Acho que é melhor eu ir agora.

Harry se despediu da Ginny com um selinho foi embora. Eu e a minha irmã ficamos sozinhos no quarto.

— Acho que você magoou o cara. – brinquei. – Ele não gostou muito de ser chamado de apenas Harry.

— Ele que quis assim. – Ginny deu de ombros, outra vez.

Ela não me daria mais explicações. Preferi não insistir no assunto, pois eu conhecia a minha irmã. Quando estivesse pronta pra falar, Ginny me procuraria.

Eu estava perdido nas minhas reflexões quando recebi um travesseiro na cara.

— Ai! – reclamei.

— Por que você não me avisou que estava chegando hoje, Ronald?!

Apesar de parecer brava, existia um lampejo divertido nos seus olhos castanhos.

— Eu te esperava apenas na semana que vem!

— Eu queria fazer uma surpresa. E deu certo.

Outro travesseiro voou na minha direção. Desse eu consegui desviar, rindo.

     Ok, foi uma situação engraçada, admito.

Ginny sorriu de volta e me pegou pela mão. Fomos para a sala e nos sentamos no sofá. Eu queria contar muitas coisas a ela. Minha irmã era a única que sabia do real motivo do meu retorno.

Conversamos distraídos, por algumas horas. Já era noite quando Ginny se levantou para beber água.

— E então, animado com as aulas na segunda? – perguntou da cozinha

— Porra, nem fale nisso! – respondi rabugento – Você não sabe da burocracia que foi hoje pra eu efetuar essa matrícula. Quase que eu fico a deriva.

— Não seja exagerado, Ronald. O que aconteceu?

Expliquei todo o processo desgastante que foi encarar a jararaca da Narcisa. Falei também como eu tinha sido salvo pela Luna, meu anjo da guarda.

 Ginny riu da minha desgraça. Como sempre, por sinal.

— A Lu é um amor, não é? – ela perguntou, divertida.

Meneei a cabeça, em concordância.

— Eu não sei nem como agradecê-la.

— Não precisa. Ela é muito gente boa para te cobrar algum retorno. – minha irmã comentou distraída.

Seus olhos se fixaram no vidro da janela da cozinha por alguns segundos.

— O que você acha de sairmos para jantar?

Era uma boa ideia. Seria uma primeira oportunidade de conhecer mais a cidade, fora que eu também estava morrendo de fome.

— É uma boa pedida. – respondi.

A minha irmã sorriu animada quando eu aceitei o convite.

 

...

 

Uma hora depois a minha irmã saiu do quarto. Estava muito bonita. Era incrível ter que admitir que ela havia crescido.

— Me preparei à altura para a sua volta, Roniquinho – brincou.

De fato, ela havia se preparado. Quase me arrependi de não ter ido me arrumar também. Ginny me arrastou pra fora de casa e quando eu vi, já estávamos dentro do carro dela.

Conversamos brevemente enquanto ela dirigia. Ginny me mostrou alguns locais importantes pelo caminho. Aos poucos, comecei a me habituar com a cidade. Era um lugar simples, mas, ainda sim, era uma cidade bonita. Principalmente à noite, com todas aquelas luzes acesas.

Ginny fez uma ultima curva e seguiu direto. Um quarteirão depois, estacionamos em até um pub animado. Fui arrastado mais uma vez, agora para dentro do estabelecimento. O local estava cheio e muito agitado. Ao fundo, um grupo de mais ou menos nove pessoas gritava, comemorando alguma coisa.

A minha irmã atravessou o hall me puxando pela mão. Paramos perto de um barman alto e de cabelos enrolados. O homem se apoiava no balcão enquanto conversava com uma dupla de clientes.

Ao ver a mulher ao meu lado, o barman sorriu. Ele pediu licença aos outros e caminhou até nós de braços abertos.

— Ei, linda! – falou bem disposto – Não esperava te ver por aqui hoje!

Os dois se cumprimentaram com um abraço apertado.

— Eu vim trazer o meu irmão, o Ron. – Ginny afagou levemente o meu braço. – Ele acabou de chegar da Inglaterra.

O Barman sorriu, dessa vez pra mim. Ele estendeu o braço musculoso me saudou com um aperto de mão.

— Dino Thomas. – se apresentou.

— Ronald Weasley. – respondi educadamente.

— Veio para ficar ou é só uma visita?

— Vim pra ficar. Se a Ginny não me colocar pra fora, claro – brinquei.

Eles riram. Nós conversamos por alguns minutos até que o Dino pediu licença. Haviam outros clientes que precisavam ser atendidos. Antes disso, o homem fez sinal para uma das colegas. Ela se aproximou e nos guiou até uma mesa reservada.

Quando a mulher se afastou, minha irmã me encarou.

— Ah, eu me esqueci de te avisar, mas mamãe ligou ontem. Ela vem te ver no próximo final de semana. – avisou. – Parece que papai conseguiu colocar tudo em ordem na empresa.

— Ah, ótimo! – comentei entusiasmado. – Claro que Molly Weasley não iria deixar de vir aqui conferir o que aconteceu comigo.

Ginny sorriu.

— Pense pelo lado positivo. Ela deve estar com saudades.

— É, eu sei. Eu também estou.

— E pelo menos papai vai poder se dar uma folga. Talvez os gêmeos venham também.

Assento com a cabeça, mudo. Enquanto escolhíamos os nossos pratos, recordei os momentos que somente Molly Weasley pode me proporcionar. Apesar do excesso de proteção, mamãe era incrível. Eu tinha muito o que agradecer a ela.

Dez minutos depois Ginny e eu entramos em um consenso e escolhemos  uma foi lasanha de camarão como prato principal. Quando o garçom se afastou com o pedido, voltamos a conversar, distraídos.

Até que fomos atraídos por uma voz estridente.

— Ginevra Weasley, sua bandida!

Eu olhei assustado para a figura a minha frente. Ginny soltou uma gargalhada. Ela se  levantou e abraçou a dona da voz.

— Cale a boca, Angelina! – minha irmã exclamou. – Você não aguenta nem dar mais um passo, sua bêbada.

Angelina levantou o copo em direção ao teto, em saudação. Nós rimos. A mulher apoiou se apoiou nos ombros de Ginny para não cair. Ela era bem mais alta que a minha irmã.

Reparei que mesmo bêbada, Angelina era graciosa. A pele escura parecia aveludada sob a luz baixa do Pub. Ela tinha a aparência de uma supermodelo. Os seus olhos escuros de se encontraram com os meus, a notar pela primeira vez a minha presença.

Angelina sorriu pra mim.

— Amiga... – ela sussurrou pra Ginny. – O que é isso, hein?

Melhor, ela achou que estava sussurrando. Eu conseguia escutar tudo que ela falava.

— Onde você consegue achar esses homens maravilhosos pra você? – indagou.

Meu rosto esquentou e eu fingi estar distraído com a bebida a minha frente. Ginny riu e convidou Angelina para se sentar conosco.

— Esse, Angelina... – Ginny falou alto o suficiente para eu parar de fingir que não estava escutando. – É o Ron.

— O seu irmão de Londres?

— Sim.

— Que genética maravilhosa! – lançou Angelina, me olhando intensamente – Seus pais estão de parabéns, Ron.

Soltei uma gargalhada. Algumas pessoas da mesa mais ao chamaram Angelina de volta. Ela se despediu de Ginny com um abraço apertado e saiu cambaleante, não antes de piscar o olho para mim e sorrir. Observei discretamente a mulher se afastar. Alguns instantes depois Angelina não estava mais sob as minhas vistas.

Um carrinho de metal parou em frente a nossa mesa. O garçom depositou os nossos pratos e se afastou.

— Pelo que eu percebi você é muito popular... – comentei, cortando o meu pedaço de lasanha. – Em uma tarde conheci três amigos seus em lugares diferentes. Embora eu ache que o episódio com o Potter não conte, né?

Ginny me encarou. Seus lábios em uma linha fina, numa clara expressão de desgosto com a última parte do meu comentário.

— Eu tenho alguns amigos sim, Ronald. – respondeu. – E por falar no Harry, ele é seu colega de curso.

— Sério? – a notícia me surpreendera.

— Seríssimo, Roniquinho.

Quando nós saímos do pub já passavam das dez horas da noite. Ginny se lembrou de que precisaria passar no supermercado antes de voltarmos para casa. Seguimos até um 24 horas que ficava não muito longe do bar.

Quando minha irmã estacionou, me lembrei de algo importante.

— Eu vou passar na farmácia. – avisei. – Acabei de me lembrar que eu não tenho nenhum material de higiene pessoal.

— Vai lá. Quem sair primeiro espera o outro.

Ginny seguiu para dentro do supermercado e eu me dirigi a farmácia que ficava ao lado. Entrei no estabelecimento e reparei que o lugar praticamente vazio. Somente o atendente do caixa, uma mulher de longos cabelos surpreendentemente cacheados e eu ocupávamos aquele espaço.

A mulher estava de costas pra mim. Ela mexia freneticamente nos produtos da prateleira, impaciente. Suas mãos muito pequenas para o tamanho do casaco que usava, tateava algo no fundo da estante. Franzi a testa antes de seguir até área de produtos masculinos.

Escolhi rapidamente uma espuma para barbear da marca que eu mais gostava, uma escova de dente e alguns barbeadores descartáveis. Antes de voltar para o caixa parei na pequena sessão de doces, ao lado da dona cacheada, e procurei algum conhecido ao meu paladar. Encontrei em um dos cantos da prateleira inferior uma última barra de chocolate. A peguei, distraído.

Pus o chocolate displicentemente na cesta e levantei para ir a caminho do caixa, porém antes parei para conferir se precisava de mais alguma coisa daquele lugar. Antes que minha ação se completasse a mulher se esbarrou em mim, com força.

Nós dois caímos no chão.

— Caralho! – berrei, furioso. – Você por acaso está cega?!

A resposta dela não foi mais educada que a minha.

— Não é da sua conta, idiota! – vociferou.

Não tive tempo de responder, pois ela se ergueu rapidamente e partiu em direção ao caixa. Quando eu me levantei, a mulher já seguia em direção à saída.

Antes de atravessar a porta, ela virou-se pra mim.

— E preste mais atenção por onde anda, estranho! – gritou.

Eu consegui analisar os seus olhos, castanhos e intensos, da mesma cor dos seus cabelos. Porém, rápida, ela virou o rosto e saiu.

Respirei fundo e andei até o caixa, contrariado. Quis proferir inúmeros xingamentos contra a mulher, todos em alto e bom tom. O homem me olhava assustado, sem entender porra nenhuma do que havia acontecido.

 Passei os produtos de higiene primeiro e logo em seguida percebi que o chocolate não se encontrava mais na cesta.

     Aquela filha da puta tinha roubado o meu doce!

Não era possível. Larguei os produtos no balcão – e o funcionário revoltado – e corri atrás da maldita. Fui em vão, ela já havia sumido.

Voltei para farmácia xingando o dobro daquilo que já havia xingado mentalmente antes. Paguei os produtos e saí puto da vida. A Ginny já me esperava dentro do carro, impaciente.

Entrei no automóvel com cara de poucos amigos e a minha irmã percebeu.

— O que houve? – perguntou sem entender o motivo das minhas feições. – Que demora toda foi essa? Achei que você estava comprando a farmácia inteira!

— Uma filha da puta! Isso que houve!

Praticamente gritei em resposta. Ginny se assustou.

— Ela me derrubou na farmácia, roubou o meu chocolate e sumiu! – reclamei, revoltado.

Ginny explodiu em uma gargalhada.

 

...

 

— Aqui está, irmãozinho – a minha irmã disse, com os braços levantados. – Este será o seu dormitório oficial.

O quarto ficava no final do corredor e era exatamente do mesmo tamanho do quarto dela. Eu olhei ao redor me acostumando com o novo ambiente. Ginny me explicou onde estavam às toalhas e os lençóis limpos e se despediu, me dando um beijo de boa noite. Na manhã seguinte ela precisaria dar uma passadinha rápida no laboratório onde estagiava, para resolver umas questões e já estava bem tarde.

Eu permaneci um tempinho sentado na cama. O cansaço se apossou de mim de repente, havia quase um dia inteiro que eu não dormia direito. Desisti da ideia de desarrumar minha mala naquele momento e resolvi tomar um banho antes de dormir. Vinte minutos depois saí do banho revigorado e peguei no sono quase que instantaneamente.

Acordei com o sol no meu rosto na manha seguinte. Após um bocejo, tateei meu celular no criado mudo para verificar as horas. Eram onze da manhã. Obviamente a Ginny não estaria mais em casa a essa hora. Enrolei mais alguns minutos na cama, enquanto mexia no celular, com preguiça de levantar.

 A fome me venceu e eu pus os meus pés no chão. Alcancei a toalha que eu havia jogado a toa e a enrolei na cintura antes de sair do quarto.  Na cozinha, encontrei um bilhete preso sob um imã de geladeira.

 

Bom Dia! Deixei seu café da manhã pronto no micro-ondas, Roniquinho, mas não se acostume.

Chego às 13h.

Beijos!

Ginny.

 

Sorri, antes de retirar o prato generoso de torradas com ovos mexidos do micro-ondas. Com a outra não abri a geladeira, procurando alguma bebida. Encontrei uma jarra de limonada. A coloquei em cima da mesa e me pus a comer o meu café da manhã.

Alguns minutos depois eu já estava completamente satisfeito. Levei a louça até a pia, para lava-la mais tarde, e segui para a sala. Eu me sentei no sofá e liguei a televisão. Não havia uma programação que me interessasse então deixei rolar um episódio repetido de série policial que eu costumava assistir na minha antiga casa.

Eu já estava na metade do episódio quando eu cochilei no sofá. Acordei um tempo depois com uma plateia me analisando dormir. A Angelina era a líder da torcida.

Ela pôs uma mão em cada bochecha, como uma criança comportada. Só que não.

— Acordou, neném? – perguntou, com um sorriso malicioso.

As outras duas pessoas que estavam com ela riram.

— Bom dia, eu acho...– esfreguei os meus olhos. – Que horas são?

— Duas da tarde. – respondeu a mulher sentada ao lado da Angelina – Nós chegamos aqui agora pouco.

— Onde está Ginny? – perguntei, ainda deitado no sofá.

— Ela foi tomar banho. – falou o homem interessado, sentado na poltrona a minha frente. – Infelizmente antes ela ordenou que gente não devorasse você.

Os três olharam diretamente para o meu colo, na direção da toalha. Durante o meu sono, eu havia me desenrolado o suficiente para apenas restar um pedaço de pano jogado somente por cima da virilha.

O sangue me subiu de uma forma que parecia que eu ia pegar fogo. Eu me levantei rapidamente, me enrolando outra vez com a toalha. Pedi licença e corri para o meu quarto.

     Eu vou matar a Ginny!

Foi o que pensei, enquanto partia direto para o banheiro. Ela não deveria ter me deixado passar uma vergonha daquele tamanho. Voltei à sala vinte minutos depois. Completamente vestido.

Ginny já havia terminado o seu banho.

— Boa tarde, dorminhoco!  – minha irmã me cumprimentou com o sorriso.

Melhor explicando, ela estava rindo da minha cara.

— Boa tarde – fingi um tom seco.

Ginny ignorou e me puxou para o lado dela.

— Deixa eu te apresentar... – comunicou animada. – Esse é o Miguel.

Ela apontou para o homem da poltrona.

— Essa é a Katie...

A mulher acenou sorridente.

— Os dois meus colegas de estágio. – explicou. – Ah, e essa é Angel, mas você já a conhece.

Angelina me encarou e passou a língua pelos lábios. Eu ri. Aquela mulher era doida. Miguel e Katie riram junto.

Ginny apenas balançou a cabeça, divertida.

— Nós vamos sair para almoçar. Você quer vir junto? – a minha irmã me convidou.

Era uma proposta maravilhosa, mas, eu ainda tinha uma mala para desarrumar. E para falar a verdade, eu ainda estava um pouco cansado por causa da viagem e do dia conturbado que eu tivera ontem.

Neguei com a cabeça.

— Acho que vou ficar em casa. – falei. – Ainda tô meio morto. – expliquei. – E amanhã já começam as aulas, preciso descansar.

— Nem me lembre sobre as aulas. – falou Miguel, lamurioso. – A nossa universidade também adiantou as aulas em três semanas por causa da semana tecnológica.

Franzi a testa, sem entender.

— Semana tecnológica?

Kate assentiu com a cabeça.

—Daqui a quatro meses a cidade vai sediar um grande congresso entre as universidades do país e algumas de fora, filiadas. – ela colocou uma mecha do cabelo loiro atrás da orelha. – Nosso trabalho tem praticamente dobrado porque a empresa que estagiamos também vai ter um espaço para apresentação no evento.

— E nem estamos ganhando mais por isso. – lamentou Ginny.

— Acorda linda, somos estagiárias!

Angelina deu um tapinha de leve na testa de Ginny.

— Não me informaram nada ontem. – comentei, pensativo. – Na verdade eu nem mesmo sei em qual semestre eles vão me encaixar.

— Eu já disse que vou pedir pra o Harry te ajudar, Ron. – Ginny passou a mão pelo meu ombro. – Relaxa, vai dar tudo certo.

— Ele já conheceu o Harry? – Miguel inquiriu, curioso.

Olhei para a Ginny e sorri.

— Ah... já conheci sim.

Mina irmã corou. Angelina, Katie e Miguel olharam pra cena interessados. Ginny mudou de assunto rapidamente.

— É melhor a gente ir então, não é mesmo? Antes que a comida acabe. – ela me encarou. – Por falar em comida, tem alguns congelados na geladeira, se você quiser.

Comida congelada não era muito o meu forte.

— Você comprou algum ingrediente para cozinhar? – perguntei, esperançoso.

— Comprei sim. Inclusive, fique a vontade. A cozinha é sua. Vou adorar encontrar o jantar pronto.

Rolei os olhos. Ginny me deu um beijo rápido na bochecha e arrastou os amigos para a sala. Quando eles se despediram de mim e deixaram o a apartamento, eu dei uma avaliada na geladeira, analisando os ingredientes que eu tinha a minha disposição. Fiz uma nota mental das possibilidades de prato que poderiam ser feitos com o que estava no refrigerador e voltei pra o quarto.

As duas horas que se seguiram foram concentradas na arrumação do guarda-roupa, que deu mais trabalho do que eu imaginei. Às quatro da tarde eu me joguei de costas na cama, exausto e faminto. Voltei para a cozinha.

Escolhi preparar uma massa, seria mais rápido. Peguei um pacote de macarrão no armário e abri a geladeira novamente e tirei de lá os ingredientes para o molho. Antes fechar o refrigerador, percebi que havia a metade de uma barra de chocolate aberta, depositada no canto.

 O chocolate era do mesmo sabor da que eu tinha escolhido na farmácia. Subitamente eu me peguei pensando no que se sucedeu na noite anterior.

      Melhor, em quem foi responsável pelo que aconteceu.

Eu fui roubado por uma louca dentro de um moletom. Juro que eu nunca havia ansiado tanto por um chocolate como quando ela levou o meu.

Por falar em chocolate, era essa a cor dos cabelos dela. E dos olhos também.

      Acorda Ronald!

Eu fechei a porta da geladeira e depositei as coisas em cima da pia. Tamborilei os dedos sobre o mármore frio, pensativo.

Eu queria aquele chocolate.

     Qual dos dois, Ronald?

O da geladeira, claro. Abri novamente o refrigerador e peguei a barra de chocolate. O papel fino fez um pouco de barulho. Quebrei um pedaço generoso antes de guardar o resto. Quando eu saboreei o doce buscando alguma satisfação, percebi que, definitivamente, não era aquele chocolate que eu queria.

Engoli o chocolate rapidamente e voltei a minha atenção aos legumes em cima da pia.

     Você ainda não está saciado, Ronald?

Não, mas eu tinha que esquecer aquilo.

Tentei me focar outra vez no meu jantar, sem sucesso. Do que adiantava eu buscar me concentrar no macarrão se eu queria comer outra coisa?

     Minha fome era por açúcar.

 Apoiei meus cotovelos no balcão e sacodi a cabeça freneticamente. Eu precisava dispersar tais pensamentos, contudo, a minha mente só voltava para parte que dizia “levaram seu chocolate, Ron”.

Eu queria o chocolate que a maldita levou. E tanto fazia se era o dos olhos ou o dos cabelos.

     Não idiota. Você quer o da sacola.

Sorri. Para ser sincero eu não ligava se os outros chocolates do meu pensamento viessem juntos com a dona inteira. 


Notas Finais


Então, meus amores. O que vocês acharam do capítulo?
Deixem aqui embaixo os lindos comentários de vocês.

Esse capítulo faz ligação com A Escolha! Então:
==> Se vocês querem saber como foi o dia do Harry assim que ele saiu do apartamento da Ginny é só dar uma olhadinha lá n'A Escolha, no capítulo 06 - "O Jantar".

~~ https://www.spiritfanfiction.com/historia/a-escolha-6710455 ~~

Beijos ♥


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