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História A Troca - A Aula


Escrita por: MrsRidgeway

Notas do Autor


Olá, lindinhos!

A Troca agora terá dias fixos para as postagens dos capítulos!
Aparecerei por aqui as terças e as sextas com capítulos fresquinhos para vocês :D

Agora vamos a história ;)

Capítulo 4 - A Aula


— Até agora eu não entendi o que eu vim fazer nessa viagem...

Perguntei visivelmente frustrada ao meu parceiro de excursão, sentado na poltrona ao lado.

— Oi? Como assim essa viagem não foi divertida pra você? – ele fingiu estar assustado e conferiu teatralmente se eu estava com febre – Hermione Granger se entediou com uma viagem acadêmica! O mundo está acabando!

Olhei para a cara de Neville sem acreditar no drama todo que ele estava fazendo.

— Você sabe muito bem que esse não é o meu grupo de projetos, Nel. –

Meu argumento era inválido porque na verdade eu tinha achado tudo muito chato mesmo.

— No entanto você levou uma semana inteirinha enchendo o meu saco do coordenador pra ele te colocar na linha de pesquisa, sob o argumento de “Uma viagem como essa pode averbar conhecimentos enormes ao meu currículo e quem sabe dar um direcionamento novo a minha linha de pensamento acadêmico”— ele falou em uma imitação bem horrorosa da minha voz.

Ok, Neville estava certo. Eu tinha realmente feito tudo isso e tal. Nem era tanta novidade para ninguém. Todo mundo sabe como eu sou. Para mim conhecimento nunca é demais.

Rolei os olhos para o meu amigo.

— Eu sei que eu disse tudo isso – contestei. – só que essa viagem não se mostrou tão produtiva assim. Apenas isso.

Neville me olhou de maneira curiosa. Ele sabia que não era apenas aquilo que havia derrubado o meu ânimo.

— Certeza que foi só isso que te desanimou? – perguntou.

     Não.

— O que mais teria sido? – arquei as sobrancelhas.

Eu não daria o braço a torcer. Neville apenas riu e balançou as mãos em negação.

— Não está mais aqui quem falou, Srta. Granger.

— Muito bem.

Neville mudou o foco da conversa e nós acabamos nos distraindo por algum tempo, até que eu e ele pegamos no sono. Acordamos quando uma das aeromoças, educadamente, pediu pra colocarmos o cinto de segurança porque o avião já iria pousar. Quinze minutos depois já estávamos no portão de desembarque.

Neville e eu rachamos um táxi já que moramos no mesmo bairro. Permaneci boa parte do caminho em silêncio, a olhar a cidade pelo vidro da janela do carro. Nunca tinha sido tão estranho voltar pra casa.

Nel quebrou o silêncio entre nós.

— Até quando você vai fingir que nada aconteceu? – perguntou.

Virei para encara-lo, mas ele não olhava para mim. Analisava as ruas pela janela da mesma forma que eu estava fazendo segundos atrás.

Eu demorei um pouco para responder.

— Nada aconteceu. – falei, por fim. – Nada que não aconteça todos dos dias na vida de alguém.

— Não estou falando da vida de ninguém, Mione. Estou falando da sua.

— Namoros acabam todos os dias, Nel. Eles nem deveriam começar, por sinal.

A minha ultima frase saiu carregada de mágoa.

— Você não deveria encarar as coisas dessa forma. – ele suspirou antes de continuar. – Nem todo mundo é igual ao Krum.

De fato, nem todo mundo era. Suspirei.

— Pra falar a verdade eu não sei o que está acontecendo comigo. – assumi. – É que eu... eu...

Não consegui terminar a frase. Só parei e fiquei lá, olhando pra o teto do carro. Neville não me pressionou. Meu amigo me puxou pra um abraço apertado e me aninhou em seu peito.

Eu fechei os olhos por um tempo. Tanta coisa passava pela minha cabeça que estava difícil administrar todas as sensações.

Nel acariciou os meus cabelos devagar.

— Não se feche para o mundo, Mi. – ele disse baixinho.– Tem muita gente aqui fora que pode te chamar mais atenção que o Krum.

Eu sorri. Acho que ninguém no mundo conseguiria ser mais carinhoso comigo do que o Neville.

Levantei a cabeça para fita-lo.

— Está se candidatando, Nel? – perguntei divertida.

Neville riu com gosto.

— Hoje não, talvez amanhã.

Tanto eu, quanto ele, sabíamos que essa possibilidade estava fora de cogitação.

 

...

 

Enchi a banheira para relaxar um pouco. Eu já havia chegado em casa há algumas horas e desperdiçado – como os meus amigos costumavam falar – a parte do meu tempo desarrumando as malas.

Alguns minutos dentro da banheira e eu percebi que talvez tomar uma ducha fosse uma atitude mais inteligente. Ficar parada ali dentro sozinha só estimulou os meus pensamentos. E era exatamente aquilo que eu não queria.

Afundei minha cabeça na água por um tempo, na tentativa de dispersar minhas ideias.

     O que estava acontecendo comigo?

Eu, Hermione Granger, que sempre fui forte, estava totalmente vulnerável. Eu estava deixando um término de um namoro adolescente me abalar por inteira.

     Foram quatro anos, Hermione.

Quatro anos jogados fora. Eu vinha repetindo isso para mim mesma, todos os dias. Quatros anos que eu roubei a diversão do Viktor. Quatro anos que eu o impedi de sair para curtir e conhecer novas pessoas. Quatro anos que eu, inconscientemente, o impossibilitei de viajar com os amigos para se embebedar em uma praia qualquer.

Quatro anos que eu havia tornado a vida de dele monótona e comum para um jovem com seis litros de sangue correndo a aproximadamente 2 km/h em suas veias e uma vontade incontrolável de explorar novos territórios.

     A culpa não é sua.

Outra coisa que eu repetia repetir para mim mesma a todo o momento. Só que... Não sei. Talvez se eu tivesse saído mais com ele. Se eu tivesse sido mais divertida, quem sabe...? Ou se eu tivesse sido mais atirada ou menos certinha.

Talvez se eu tivesse me adaptado a ele, nós ainda estaríamos juntos.

     Entenda, Hermione, a culpa não é sua!

Lógico que não era minha culpa. De onde eu estava tirando essas coisas? Neville está certo. Eu não preciso me prender ao que aconteceu. Eu só preciso seguir em frente. Quem sabe não aparece alguém realmente interessante por aí e chama a minha atenção?

Quem sabe até já tivesse aparecido.

    O cara da farmácia não conta, Hermione, acorda para vida.

Fora horrível o que eu fiz para roubar o chocolate dele. Sair derrubando as pessoas por aí não era muito do meu feitio, mas eu precisava afogar as minhas mágoas e aquele chocolate era a melhor opção para fazer isso.

Além do mais, ele mereceu. Aquele homem enorme havia caído por cima de mim e ainda assim não tivera nem um pingo de sensibilidade para pelo menos perguntar se eu tinha me machucado ou não.

     Mas quem não gosta de um homem daquele tamanho todo por cima?

Despertei para realidade com o tipo de pensamento que eu estava tendo ali. Resolvi sair da água antes que as coisas ficassem piores para o meu lado.

Não era possível que eu estivesse a fantasiar com um desconhecido. Um estranho.

     Um estranho de olhos incrivelmente azuis.

Isso não me importava. O homem fora extremamente mal educado. E ainda teve a audácia de me xingar de coisas horríveis por causa de um chocolate.

Me enrolei rapidamente na toalha e voltei para o quarto. Catei uma calcinha na gaveta e vesti, ainda pensativa.

     Ele era muito bonito.

Admiti.

     Porque era. Bastante.

Me peguei a suspirar e sacodi a cabeça, a tentar despistar os pensamentos.

 

...

 

Acordei na manhã seguinte com uma mensagem do meu amigo no celular.

E aí, transgressora.

Já está em casa?

Ri enquanto apoiava as minhas costas na cabeceira da cama.

Bom dia, Harry. Eu já cheguei sim.

E não me chame de transgressora, por favor.

Harry respondeu alguns segundos depois.

Mas você é.

Onde já se viu faltar duas semanas de aula?

Não é minha culpa se adiantaram as semanas de aulas.

Por falar nisso, tem muito trabalho pra fazer?

Perguntei em vão, pois eu já sabia exatamente o que ele iria me responder.

Nada que você não consiga fazer em três dias.

Rolei os olhos e sorri. Mudei o foco da conversa quando reparei que ainda não passava das oito da manhã.

Você me mandando mensagens agora?!

Nunca vi você acordado tão cedo!

Triste a sua falta de fé em mim.

Estou ajudando o irmão da Ginny.

Ele teve uns problemas na matrícula.

   

   Irmão da Ginny?

Bati na minha própria testa. A ruiva havia comentado que um dos seus irmãos estava a se transferir para a cidade. Eu só não imaginava que fosse tão rápido assim.

Antes que eu respondesse Harry me mandou outra mensagem.

Eu tenho que ir agora...

Nós nos vemos depois do almoço?

Respondi com uma confirmação e me despedi.

O tempo praticamente voou. As onze eu já havia tomado banho e já estava devidamente vestida. Nada muito elaborado. Apenas escovei meus cabelos para facilitar o processo de arrumação. Durante a semana eu preferia manter eles lisos por uma questão de praticidade.

De acordo com a minha grade curricular eu teria três aulas na segunda-feira. Duas à tarde e uma à noite. Não teria muito tempo para nada, muito menos para cuidar da minha aparência.

Quando eu cheguei à universidade ainda não era nem meio-dia. Fui em direção lanchonete e me sentei em uma das mesas disponíveis.

Pouco tempo depois Greg veio me atender, sorridente como sempre.

— Mione! Que bom te ver por aqui! – ele exclamou. – Não te vi essas semanas. Já estava ficando preocupado!

Sorri para o atendente.

— Estava viajando. – respondi. – Projeto daqui mesmo, sabe como é.

— Sei sim... Mas e aí, vai de que hoje? Tem aquela torta maravilhosa de frango que você adora.

Antes que eu pudesse responder, duas mãos me agarram por trás, em um abraço sufocante. Uma grande quantidade de cabelos lisos e vermelhos caiu por cima do meu rosto. Não consegui controlar o meu riso.

Virei o rosto pra trás e dei de cara com uma Ginny Weasley sorridente.

— Amiga, estava com saudade!

Ginny deu beijinhos na minha bochecha.

— Como foi a viagem? – perguntou.

— Bem chata – respondi.

A ruiva me soltou e olhou como se eu tivesse dito algum palavrão.

— Você tá bem? – ela me encarou falsamente perplexa.

— Eu te disse que ela não estava em sã consciência, Ginny. Você que não acreditou.

Uma terceira voz interrompeu a nossa conversa. Me virei melhor e vi Neville vindo em nossa direção, com Luna detrás de si.

Os três sentaram-se à mesa. Eu confirmei o meu pedido para o Greg, que até então esperava pacientemente a minha decisão enquanto assistia a cena. Os outros fizeram o mesmo.

Nós jogamos um monte de conversa fora, boa parte sobre a viagem. Neville fez questão de enfatizar cada momento que eu me senti entediada e fez todos rir com suas imitações.

Quando eu olhei no relógio já era quase a hora da aula. Perguntei se por acaso eles sabiam onde o Harry estava.

— Ele está com o Ron. – Ginny respondeu rapidamente – Eles estão aqui desde mais cedo.

— Tem muito tempo que seu irmão chegou à cidade? – perguntei um pouco interessada.

Embora a Ginny já houvesse falado sobre esse irmão, o Ronald, eu nunca tinha tido nenhum contato com ele. Dos irmãos dela eu já conhecia os gêmeos, Fred e Jorge, porque havia passado o natal uma vez, no apartamento dos pais deles.

No entanto, fora Luna que me respondera.

— O Ronald chegou dois dias antes de começar as aulas, completamente perdido.

Luna nos contou toda a história, o que nos causou bastante riso. Achei meio estúpido alguém se esquecer de tirar as cópias dos documentos de matrícula, mas não julguei muito a situação. Deu o horário da aula e nós nos despedimos, indo cada um para o seu canto.

Eu cheguei à sala, mas apenas algumas pessoas já estavam lá. Procurei rapidamente pelo Harry, mas não o encontrei.

Resolvi mandar uma mensagem.

Harry, cadê você?

Ele respondeu alguns minutos depois.

Ainda na diretoria...

Não acabou até agora a enrolação.

Você não vem pra aula?

 

Perguntei e ele me respondeu com uma negativa. Olhei a resposta na tela sem acreditar que ele não viria assistir a aula comigo.

     Quem esse Ron pensa que é para levar o amigo dos outros assim?

Ficamos de nos encontrar na próxima aula. Assim que eu desliguei a tela do celular o professor entrou na sala. Ele me olhou como se não esperasse a minha presença ali.

— Boa tarde, Srta. Granger. Estou surpreso. A senhorita não aparece há duas semanas. – atiçou.

Qualquer outro professor teria me deixado envergonhada com esse comentário. Porém, se tratava de Remo Lupin. Eu não podia deixar de responder com outra provocação.

— Jamais eu te pouparia do meu notável comparecimento por muito tempo, professor.

Remo soltou uma gargalhada. Ele assentiu com a cabeça e pôs-se a arrumar enquanto arrumava as coisas na mesa. Os outros alunos nos olhavam sem entender o motivo de tanta intimidade. Mal sabiam eles que Lupin era o meu orientador de pesquisa e também um grande amigo.

A aula se sucedeu sem nenhuma gracinha a mais da nossa parte. Fiz inúmeras anotações, tão empolgada que me esqueci da maior parte dos problemas da minha mente. Cair de cabeça nos estudos realmente me tirava do foco e isso no momento era uma coisa muita boa.

A aula terminou e eu permaneci conversando com Remo por um tempo até que Harry me mandou outra mensagem. Ele já estava a caminho do laboratório, para a próxima aula. Eu me despedi do Lupin rapidamente e corri para não me atrasar.

Tomei o corredor principal, alheia a tudo ao meu redor. Subi metade da escada em direção aos laboratórios até que uma mão forte me segurou pelo braço.

— Aonde você vai com tanta pressa assim?

O dono da mão sorria.

— Ah, Viktor... – falei – Oi, como vai?

Minha voz acabou soando um pouco desanimada. Ele percebeu.

— Vou bem. – respondeu. – Aconteceu alguma coisa? – ele me perguntou, interessado.

     Aconteceu que você me deu um pé na bunda.

— Não, eu só estou com um pouco de pressa. – eu disse, fingida – A aula já vai começar.

— Ah... – Viktor sorriu novamente. – E aí, foi boa a viagem?

Antes que eu pudesse responder uma voz feminina o chamou.

— Vi, vamos logo. Eu não quero me atrasar! – a mulher o puxou pelas pontas dos dedos. – O Cedrico já está nos esperando.

Minha respiração quase parou quando eu vi a cena. Viktor se desvencilhou rapidamente da mão da mulher e olhou pra mim, em um pedido silencioso de desculpas. Eu não podia fraquejar na frente dele.

Como se eu não tivesse visto nada acontecer, sorri amarelo em sua direção.

— Bom, eu tenho que ir agora. – falei, indiferente. – Nos vemos depois.

— Tudo bem, Mione. Boa aula.

Subi o resto da escada bem mais rápido do que eu planejava. Por um momento ainda pude ver Viktor parado no mesmo degrau, a me observar avançar pelos degraus. Me senti uma idiota por passar duas semanas me lamentando. Enquanto eu me lastimava a toa, Viktor já estava a aproveitar a vida de solteiro.

Por um momento perdi totalmente a vontade de assistir a aula. Eu só queria voltar para casa e me esconder banheiro até ninguém mais se lembrar da minha existência.

Entrei no laboratório e todos já estavam arrumados por bancada. Aproveitei enquanto o professor ainda organizava os materiais na maleta de substâncias e encostei minha bolsa na cadeira ao lado de Harry. Percebi que uma mochila que já descansava ali.

Ignorei.

— Boa tarde.

Não esperei uma resposta. Tirei rapidamente o jaleco da bolsa e o vesti, sem muita paciência.

— Você por acaso está vindo de uma guerra, Hermione? – Harry perguntou ao analisar minhas feições.

Ele prendeu o riso e eu o encarei levemente irritada.

— Quase... – respondi. – Encontrei com o Viktor na escada.

Harry fez uma careta.

— E aí? – indagou, a espera de mais detalhes.

— E aí nada.

Retirei a minha bolsa e a mochila preta da cadeira. Eu precisava de um lugar para me sentar.

— Trocou de mochila, Harry? – questionei, ao ver que ele não movera nem um musculo para me ajudar. – Essas coisas aqui são suas?

— São minhas. – disse uma voz grave bem atrás de mim.

Minha pele se arrepiou instantemente. Eu reconhecia aquela voz. Virei meu corpo pra trás e bati de frente com um peito largo e de músculos destacados. Olhei pra cima e alguém me encarava.

      Era o homem da farmácia.

Ele balançou a cabeça em negação.

— Tsc, tsc, tsc. Além de ladra de chocolate você também rouba cadeiras. – sussurrou. – Estou ficando surpreso com as suas habilidades, Granger.

Congelei. 


Notas Finais


Então, meus amores. O que vocês acharam do capítulo?
Deixem aqui embaixo os lindos comentários de vocês.


Beijos :*


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