História A última carta - A última carta

Manchester, Inglaterra

27/07/1943

Querida Josie,

Provavelmente esta será nossa última comunicação antes de meu último suspiro, e eu sinto muito.

Saí de nossa casa naquele dia nublado com apenas dois pensamentos: Meu objetivo principal era defender meu país e voltar logo. Este segundo, tu me fizeste prometer, jurar. Seus lindos olhos castanhos estavam repletos de lágrimas e a culpa disso era completamente minha. Não consegui lhes dizer o que poderia dar errado mesmo você tendo uma noção, ou até pensar em dizer um “talvez” para uma pessoa tão importante para mim.

Eu não aguento te ver chorar.

Oh, meu amor, eu realmente queria poder cumprir. Sinto-me um homem fraco agora, um soldado que não poderá voltar para sua mulher após a Segunda Grande Guerra. Tudo isso me faz sentir-me ainda pior que estou.

Acredito que pense que estou assim por que fui atingido num conflito, lutando pela minha pátria. Mas, na verdade, fora muito pior que levar tiros: eu adquiri uma doença que me matará em algumas horas – e eu não sei o que é. Até segurar essa caneta está se tornando complicado, escrever agora se tornou uma tarefa dolorosa.

Por favor, peço que não chore, meu anjo. Conheço-te tão bem ao ponto de saber que parou de ler por um tempo e olhou para o colar que lhe presenteei em seu aniversário de quinze anos. Fazem seis anos, porém, ainda lembro que fora naquele mesmo dia que eu disse que te amava pela primeira vez.

A cada minuto que passa sei que estou próximo do fim. Admito, choro esse momento. Minhas forças se tornam mais escassas à cada segundo. Tanto choro que algumas letras estão ficando borradas, me desculpe.

Minha intenção não é te fazer ficar triste, Josie. Agora, não posso apagar o parágrafo anterior. Não tenho forças para riscar.

Sinto que devo-lhes desculpa.

Perdoe-me, não vou poder cumprir minha palavra. Perdoe-me, Josephine, para que eu descanse em paz. A última carta que lhe mando antes que receba a da notícia de minha morte.

De seu soldado favorito, Ethan.