A luz se acende
o corpo ensanguentado some de minha frente como um flash de luz negra, cegando-me. Sinto como se tivesse duas mãos deslizando sobre meus pés, até chegar sobre minha canela, elas me puxaram pra baixo fazendo com que eu atravessasse o chão como um truque de mágica, quando fechei meu olho, perdi minha respiração, eu me via sob um oceano imenso e sem fim, um escuro no qual eu só conseguia enxergar um pequeno ponto no céu. Eu diria que é o sol, me guiando a liberdade. Mas meu oxigênio começava a acabar e eu não aguentei, respirei... Senti toda aquela água entrando em meu corpo e tomando conta de meus pulmões, eu não conseguia mais respirar, eu comecei a afundar até a pressão da água começar a esmagar meus ossos, eu comecei a vomitar sangue.
Eu acordo com o som do meu celular
Eu passo a mão sobre minha boca para averiguar se não havia qualquer vestígio de sangue
não havia nenhuma gota de sangue sequer... Eu fui desligar o meu alarme que estava a tocar em meu celular. Havia uma mensagem, o identificador marcava "1767". O que não fazia sentido algum a minha pessoa.
[CHAT: ON]
1767: Era isso que eu passava, dia após dia, esse mesmo sofrimento, o envenenamento constante de um igual, você se sente traído? vai sentir
Eu: Não estou entendendo... Quem é você? O que faz aqui? Você me atormenta?
1767: Eu te salvo, ele atormenta. Ele queria tudo pra ele, mas ele não conseguiu.
Eu: Ele quem? Por que não conseguiu? O que ele queria?
1767: Ele queria tudo, sem exceção. Me—
[CHAT:OFF]
As mensagens somem do meu celular é tudo que sobra é o seguinte numeramento
80 114 111 99 117 114 101 32 112 111 114 32 109 101 117 32 100 105 97 114 105 111 - ASCII
Aquilo não fazia sentido algum pra mim, aquilo não tinha lógica, nem sequência, era somente um amontoado de números. Mas havia "ASCII" no final. Eu fui até meu computador, o plano de fundo estava diferente, era o rosto de um brinquedo, de olhos pretos, ele estava no canto de meu quarto escuro... Mas, eu não tenho um boneco...
eu escuto uma risadinha fora de meu quarto, uma risada infantil, porém não tão infantil. Minhas pernas tremeram e eu gerei, olhei rapidamente a porta e vi de relance um adolescente me encarando.
O Adolescente fecha a porta
me direciono até a porta, assustado e com medo de abrir, eu giro a maçaneta em sentido horário e abro a porta, aquele barulho esganiçado de uma porta velha antiga abrindo. Por um momento, lembrei que a casa tinha cerca de 250 anos... Desde 1767 ela está aqui...
Abro a porta e o adolescente pula em direção a minha garganta e desaparece como uma fumaça, sinto uma falta de ar enquanto caio no chão
Eu olho pra trás e a tela do meu computador voltou ao normal, eu ando cambaleando até a cadeira e me sento, o máximo que posso fazer momentaneamente e procurar pistas...
Pesquiso por ASCII e aparece uma tabela com os números. Cada número representando uma letra, eu anoto cada letra. Pego meu celular que estava em meu bolso e vejo os números. Estava escrito "Procure por meu diário". Eu não tinha ideia de onde o diário poderia estar, me ajude, eu sussurrei.
meu celular vibrou
[CHAT: ON]
1767: "hp xpd sduhgh hvfrqglgd, qr ilqdo gr fruuhgru gr vhjxqgr dqgdu, halvwh xp txdgur frp xp exudfr, hqwuh oá h exvtxh d plp" — Júlio César 3, A cifra
em primeira mão pensei que se tratava de mais um código ASCII, mas me enganei profundamente, afinal, ASCII funciona em números e não em letras... Eu já não sabia mais ao que recorrer. Eu não havia mais opções, a não ser pesquisar por "Júlio César 3, A cifra" em primeira mão, apareceram somente músicas... Eu escutei cada uma... E não vi resposta
Ao descer a página um pouco mais, eu vi a seguinte linha de texto escrita "Cifra de César - Wikipedia" com o subtítulo "O código de César...." eu entrei na página e anotei novamente código por código e olhei meu celular, formava a seguinte mensagem
"Em uma parede escondida, no final do corredor no segundo andar, existe um quadro com um buraco, entre lá e busque a mim"
Subi as escadas, o adolescente me esperava, no topo da escada, me encarando com uma faca.
as luzes piscam e ele some
Eu subo as escadas calmamente, com minhas pernas ainda cambaleando, sinto meu coração bombeando o sangue para minhas veias e o silêncio da casa consumindo ocupando o vazio da minha mente, sinto uma mão fria sob minhas costas me empurrando como se quisesse que eu andasse mais rápido.
Eu cheguei na copa da escadaria, e fui em direção ao quadro do final do corredor... Eu nunca havia visto aquele quadro alí... Era de uma dama, com vestes vermelhas com, o seu cabelo era enrolado nas pontas e liso em sua parte superior... Uma Dama Vermelha
Eu puxo o quadro e o posiciono no chão, uma lágrima sai do quadro, uma lágrima negra como o vazio dos meus pensamentos... Quanto tempo eu não dou uma boa risada, eu me pergunto...
As luzes da casa apagam repentinamente e sinto um clima frio no ar
Eu olho para a parede vazia onde havia sido posicionado o quadro.
Havia um buraco na parede e dentro do mesmo havia um diário de capa dura, o diário era rosa e havia um cadeado, que estava podre com o passar do tempo, eu não tinha problemas em quebrar o cadeado com a mão. Quando eu abro o diário, me surpreendo com um vazio...
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