História A Ultima Descendente - Capitulo 42

POV Rose

Faltava uma semana para as aulas acabarem e eu nunca torci tanto para que isso acontecesse, pois em todo lugar que eu ia ele estava lá. Eu queria fugir, por que só o fato de olhar pra ele me fazia querer desistir e ir correndo para seus braços.

Era de noite e eu andava pela escola. Procurando algo para me distrair, quando ouvi barulhos um barulho atrás do outro e alguém gemendo de dor. Comecei a andar devagar, mas os barulhos já haviam cessado, e no lugar dele veio o barulho de gente correndo. Depois só havia o barulho de gemidos. Segui o som e bem perto da escada da torre menor havia uma pessoa jogada no chão com a mão na barriga, havia pequena poça de sangue no chão perto de sua cabeça. Quando me aproximei mais um pouco quase não reconheci a pessoa, mas aquele perfume era inconfundível. Scorpius.

-Scorpius! – Eu disse me ajoelhando ao seu lado.

-Rose! Rose! Rose! – Ele disse tentando se levantar, mas falhando por causa da dor.

-Estou aqui... Calma! Estou aqui. – Eu disse seu rosto estava inteiramente inchado. Todo vermelho. Seu nariz estava em um ângulo estranho e em seus lábios havia sangue. Sangue saia de seu nariz também. Olhei para a poça de sague perto de sua boca. Havia dois dentes ali. – Scorpius quem fez isso com você?

-Rose, Rose, Rose... – Só isso que ele falava, entre gemidos. – Você está aqui... Você... Você está aqui.

-Estou meu amor... Escute-me Scorpius. Eu vou chamar ajuda. – Eu disse e ele se desesperou.

-Não! Ai, não! Não! Não me deixe aqui sozinho! Rose, por favor, não me deixe aqui sozinho. – Ele disse e eu comecei a chorar.

-Eu preciso chamar ajuda. – Eu disse de novo.

-Não, não, não, não. – Ele disse. Eu não poderia ir pedir ajuda e deixa-lo ali.

-Expecto Patronum. – Uma faísca branca saiu da minha varinha, mas nenhum beija-flor saiu da minha varinha. Eu não conseguia me concentrar em uma lembrança feliz.

 Tentei novamente. Nada. Tentei diversas vezes e nada. Então uma lembrança passou pela minha cabeça. Foi o dia em que Scorpius me pediu em namoro. Estávamos perto do lago. E estava frio e as plantas estavam se descongelando. Havia um arbusto perto de nós onde tudo estava congelado ainda, mas havia uma única flor crescendo dali. Era uma flor lilás minha cor preferida, mas eu achava que Scorpius não sabia disso, até ele arrancar a flor e me entrega-la dizendo que aquela flor era perfeita para o que tínhamos naquele momento. O arbusto congelado representava os sentimentos dele e a flor me representava, representava o amor que eu estava fazendo brotar em seu coração. Aquilo pareceu ser tão sincero, e as vezes penso se realmente foi, mas pretendo preservar essa memória, pois ela foi a mais tocante que já aconteceu comigo.

-Expecto Pratronum. – Eu disse e um patrono forte e brilhante apareceu. – Madame Pomfrey, venha até a torre menor, há um aluno ferido aqui.

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No dia seguinte eu fiquei na ala hospitalar ao lado de Scorpius toda hora que eu tinha livre, ele não acordava. Madame Pomfrey disse que demoraria para acordar, e que era pra eu parar de perder meu tempo vindo aqui, já que ele não estava acordado. Mesmo assim não deixei de ir. Até o dia que ele acordou. Bem no penúltimo dia em Hogwarts, uma linda manhã de sábado. Eu estava dormindo em cima do criado mudo ao lado de sua cama. Quem me acordou foi Madame Pomfrey.

-Humpf, menina boba. Veio aqui todos aqueles dias para o caso do garoto acordar e quando ele acorda você nem percebe. – Eu olhei para cima e vi Scorpius me olhando sorrindo. Madame Pomfrey foi para sua sala, ainda resmungando.

-Quanto tempo faz que você está acordado? – Eu perguntei me espreguiçando.

-Mais ou menos uma hora e meia. – Ele disse e eu o olhei horrorizada.

-Todo esse tempo? E por que você não me acordou? – Eu perguntei indignada. Ele me olhou por um tempo depois deu de ombros.

-Você sabia que você fica ainda mais linda quando dorme? – Ele disse me olhando. Eu coloquei o cabelo atrás da orelha enquanto eu tinha a consciência de que estava corando fortemente.

-Scorpius... – Eu comecei, mas ele me cortou.

-Sim eu sei... Só foi um elogio Rose. – Ele disse voltando seu olhar para a janela. O silencio nos atingiu como uma bomba.

-Você se lembra quem fez isso com você? – Eu perguntei pra quebrar o clima ruim.

-Sim, me lembro... Até porque eles são a ultima coisa que me lembro. – Ele disse com a voz amargurada. – Foram Kurt e seus capangas idiotas.

-E por que eles te bateram? Você sabe o motivo? – Eu perguntei.

-Você. – Ele disse me olhando, depois desviando o olhar para a janela novamente. – Me chamaram de traidor do sangue e falaram que eu estou traindo a minha casa. O engraçado é que eu tinha acabado de sair do quarto de Salazar.

-Sinto muito. – Eu disse. Ele me olhou dando um meio sorriso, depois voltando o olhar para a janela.

-Está repleto de flores. – Ele disse depois de um longo silencio o qual ele só olhava para a janela.

-O quê? – Eu perguntei confusa. Ele olhou pra mim sorrindo abobado.

-Lembra daquele arbusto congelado? – Ele perguntou. Claro que lembro, foi por causa daquela lembrança que você está aqui. Eu pensei.

-Sim. – Respondi engolindo seco.

-Ele está repleto de flores. Quase não dá pra ver as folhas. – Ele disse apontando para ao longe na janela. Eu me inclinei sobre Scorpius olhei para onde ele apontava, e ele estava certo. O arbusto estava cheio de flores lilases. Ele continuou agora sussurrando bem perto do meu ouvido. – Aquele arbusto ainda me representa sabia?

Quando eu o olhei percebi que ele não tinha mais escoriações, seu rosto havia desinchado, ele perdeu as olheiras e pareceu voltar ao peso normal, em seu sorriso já havia os dois dentes que ele tinha perdido, o brilho que eu sempre via em seus olhos, estes voltaram um pouco, mas não totalmente. Ele parecia bem.

-Madame Pomfrey fez um bom trabalho com você. Queria que ela me desse o mesmo remédio. – Eu disse me afastando dele novamente.

-É... Eu realmente me sinto melhor. – Ele disse, mas ele parecia desapontado.

-Eu vou chamar o pessoal pra vir te visitar. – Eu ia saindo, mas ele me segurou pelo pulso. Olhei esperando que ele falasse alguma coisa, mas ele não disse nada. – O que foi?

-E-eu... Eu ia te pedir pra ficar mais um pouco antes de chamar o pessoal, mas acho que você não vai aceitar. É que eu ainda... Eu só não estou preparado pra desistir de você. – Ele disse soltando meu pulso e voltando a olhar pela janela. – Pode ir chamar o pessoal.

Fiquei paralisada, me decidindo o que faria. Ficaria ou saía. Meu coração se apertava em meu peito, meu corpo inteiro se arrepiava. Tudo em mim dizia pra eu ficar. Meu cérebro, meu corpo e meu coração diziam pra eu ficar. Eu também não estava preparada pra desistir dele. E só agora eu havia percebido. Acho que por causa do tempo que eu demorei ali parada, Scorpius voltou seu olhar pra mim. Eu sorri para ele, o achando o maior babaca que eu já havia conhecido na minha vida. Voltei até ele ainda sorrindo, ele me olhava confuso. Peguei sua mão e dei um beijo em sua testa.

-Prometo que vou voltar. – Eu disse passando a mão em seu cabelo. Ele me olhava em confusão, ele parecia sem palavras. – Você sabia que você fica ainda mais lindo quando está confuso? – Ele pareceu não entender nada. Eu depositei um pequeno beijo em seus lábios entreabertos. Ele pareceu surpreso depois sorriu. Um sorriso como a de uma criança que recebe um brinquedo que tanto queria.

-Você... – Ele começou, mas eu o cortei.

-Vou buscar o pessoal menino arbusto. – Eu disse beijando seu rosto antes de sair. Acho que o melhor para nós dois não é voltarmos o que éramos antes, o melhor para nós dois é começarmos de novo. Começar do zero. E eu ia ajudar dessa vez. Por que eu amo esse menino desde que éramos crianças levadas comendo terra no jardim da minha casa, eu amo ele desde o dia em que nos beijamos pela primeira vez dentro do lago em frente a minha casa quando tínhamos oito anos, e continuei amando ele quando entrou na Sonserina, quando me ignorou e me humilhou por anos. E amo ele por me amar também.