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História A Última Lágrima - Não estão sozinhos


Escrita por: Fernandes428

Capítulo 7 - Não estão sozinhos


Senhor!!! - Gritou um lobo de pelagem azul ciano para mim.

- Fale Losty, conseguimos enviar a mensagem para os subúrbios do Rio? - Perguntei um pouco preocupado.

- Senhor Kayziel.... Eles disseram que o 14° regimento deles está quase sendo cercado pelos alemães, eles só tem um ponto de recuo a oeste. - Disse Losty  focado no rádio tentando pegar alguma frequência.

 - Quais serão as ordens para eles senhor? -

Fernandes esbarrava com força na porta, ele estava arfando e suando enquanto tentava falar algo, mas não conseguia. 

- Fernandes? Qual o motivo da correria?- Falei.

- M-Minas Gerais - Ele recuperou um pouco de fôlego e voltou a falar. - O meu regimento conquistou todo o sul de Minas Gerais, os alemães destruíram toda linha no sul antes de tomarmos. Eles estão preocupados com um contra-ataque alemão, Kayziel, precisamos enviar soldados para lá ou eles vão ser exterminados com um ataque alemão, eles só tem um terço do regimento ainda ativo. 

Pensei por alguns segundos e me virei para Losty:

- Ordene para eles segurarem o máximo que puderem, se eles forem cercados, é para nos contatar imediatamente. - Logo em seguida me virei para Fernandes:

- Quanto tempo você demorou para chegar até aqui?

- 2 dias - Retrucou Fernandes quase no mesmo instante.

- Sei que você deve estar exausto, mas volte o mais rápido que puder para lá. Fale para metade do regimento se dividir - Respondi ainda pensativo.

- Você está louco?! Kayziel, você não me ouviu quando disse que só sobrou um terço do regimento deles?! - Disse Fernandes com um tom de voz um pouco alto.

- Fernandes... Temos apenas a metade do 9° regimento, nós vamos atacar a última cidade do oeste paulista, nosso último ataque foi efetivo mas não conseguimos tomar a cidade, os alemães começaram a reforça-las, se demoramos mais alguns dias não vamos pega-la, preciso de todo o apoio possível para pegar a cidade. Se a pegarmos, poderemos tomar os blindados deles e ajudar o sul de Minas Gerais.

Fernandes suspirou e pensou um pouco.

- Você sabe que se você falhar vamos perder dois regimentos né? - Falou Fernandes com um olhar preocupado.

- Sei... Mas temos que aproveitar enquanto eles acham que podem nos deter facilmente. Se por acaso eles começarem a gastar todas as forças deles em nós,  estamos perdidos. - Respondi olhando atentamente para ele.

Fernandes olhou para Losty por alguns segundos e voltou o seu olhar para mim:

- Boa sorte Kayziel, vou ver como vou separar metade do meu regimento. Mas quando for atacar a cidade, mande alguém para nos avisar 1 dia antes, se recuperamos a linha, lhe contato na mesma hora. - Fernandes já ia saindo da sala enquanto falava isto.

- Boa sorte, Fer. - Disse olhando ele sair.

- Vou precisar. - Logo em seguida saiu da sala.

Losty se levantou, pegou um mapa de toda a região sudeste brasileira e colocou na mesa ao lado de mim.

- Senhor, quando libertarmos toda São Paulo, qual regimento vai ajudar primeiro? - Disse Losty olhando para mim.

- Você sabe qual a situação e localização atualizada de todos os nossos regimentos?  - Respondi para Losty.

- Sei, sim senhor - Com um lápis que havia no canto da mesa ele começou a fazer círculos aonde estava os rebeldes.

- A situação é um pouco grave. O 1°, 3°  e 4° regimentos estão defendendo a fronteira com o Paraná. O 7° e 8° regimentos estão se reagrupando e se abastecendo ao leste daqui. E os outros dois regimentos você já teve a informação da situação quase que agora. - Falou Losty, ainda olhando para o mapa.

- E o 2° regimento? Eles não deveriam estar dando apoio para o 14°? - Disse para Losty. 

Ele olhou estranhamente para mim e respondeu:

- Mas senhor... O 14° foi aniquilado tentando tomar a capital mês passado, eu falei para o senhor, esqueceu? -

Olhei um pouco assustado e me auto-repugnando. Depois de alguns segundos olhando para Losty, o respondi:

- Desculpas... Eu apenas... - Fiquei confuso em meio às minhas palavras e não sabia mais o que falar.

- Senhor, tudo bem, você quase nem dormiu esses últimos dias, acho até melhor você dormir um pouco, assim estará melhor para planejar amanhã. - Falou Losty com a pata em meu ombro.

O agradeci e fui para meu quarto naquela apertada casa que usamos como base temporária. Havia pegado em um sono profundo, quando comecei a ouvir uma voz familiar ao fundo, dizendo "Não caia, por favor", e cada vez mais ia se aproximando, até parecer estar ao meu lado, quando dei quase um salto da cama com tal sonho ou pesadelo, não sei dizer.

- Kayziel? - Falou Adler, que estava se apoiando com o ombro na porta do quarto.

- O-Oque? - Disse um pouco sem ar.

- Qual foi o pesadelo? - Respondeu Adler, se aproximando de mim.

- A-Acho que foi da minha família - Disse recuperando aos poucos meu oxigênio.

- Você se lembra como foi o final deles? - Falou Adler, sentando-se na cadeira em frente a cama, enquanto acendia um cigarro.

- Lembro muito bem... - Falei enquanto olhava para o chão, lembrando daquela repulsiva cena que rodava em minha mente, como se fosse um filme de terror, como se vivesse aquilo todo santo dia:

"- Me diga a verdade, seu verme." - Me lembro muito bem do rosto daquele pastor alemão com uma marca de corte no pescoço, enquanto falava aquilo e logo em seguida me dava um soco no rosto e outros dois cachorros alemães seguravam meus braços para não me mexer.

"- E-Eu juro, n-não ajudava financeiramente o país na guerra" - Respondia com medo e desespero, olhando minha mulher ao fundo da sala, agachada e chorando, abraçada com minha filha, tapando os olhos dela para não ver a minha cena.

- "Vamos fazer você contar da pior forma" - Logo em seguida ele me deu um chute em meu rosto, fazendo eu apagar e acordar de noite. Ele ordenou para que os outros soldados que seguravam meu braço e se colocou em posição de combate.

"- Se você não apagar, sua família não sofrerá as consequências, somente você. Mas caso você caia e apague, vou te fazer acordar e ver aquelas duas vadias morrerem -".

Em seguida, fiquei em posição de combate mas estava um pouco trêmulo e desesperado. Em questão de segundos ele me deu um soco certeiro no rosto, sem ao menos me preparar para me defender, quase caí com tal soco, enxuguei o sangue que escorria pelo meu nariz e logo em seguida voltei para a posição de combate. Ele fazia gestos para eu avançar e atacá-lo, mas apenas o esperei avançar primeiro. Depois de alguns segundos ele avançou rapidamente e tentou dar outro soco em meu rosto, mas a centímetros de seu punho chegar em meu rosto, segurei seu braço e dei uma forte joelhada em seu estômago, os dois soldados olharam surpresos e logo em seguida avançaram sobre mim, enquanto o soldado que havia dado uma joelhada se contorcia no chão . Os dois seguraram meus braços novamente e os pressionaram com força, enquanto o soldado que havia acertado se levantava:

"- Você realmente é bom." - Falou o cachorro alemão que tinha a cicatriz no pescoço, enquanto se levantava. "- Mas deveria ser bom para aguentar três -", Disse ele enquanto dava um soco em minhas costelas.

Ele olhava para mim enquanto eu gemia de dor, ele esperou apenas poucos segundos para dar uma joelhada no mesmo lugar que havia me dado um soco. Ele olhava com ódio e dava risada ao me ver gemer, ele mal tinha dado 5 segundos de sua joelhada e dava mais outra joelhada, desta vez mais forte, fazendo uma de minhas costelas se quebrarem.

"- Tragam ele para ver as consequências. -" Disse aquele desgraçado enquanto se aproximava de minha mulher e minha filha que chorava cada vez mais.

"- P-P-Por f-favor, n-não o m-mate-" Falou minha mulher, totalmente trêmula e chorando desesperadamente.

"- Ele não vai morrer, vai ver o show que ele próprio fez -" Logo em seguida ele pegou minha filha pelo braço e puxou seu rosto em minha direção. Eu apenas não estava acreditando que estava vendo o rosto da minha filha chorar desesperadamente enquanto se debatia, tentando se soltar.

"- N-NÃO!!! E-ELA NÃO POR FAVOR -" Gritou minha mulher.

"- P-Pare, por favor, e-eu conto tudo, s-só não faça nada com elas -", falei para os soldados, com pouco fôlego, junto com a boca escorrendo sangue.

"- Você fez o seu próprio show -", disse aquele maldito cachorro.

Logo em seguida, tirou seu revólver do coldre e apontou para a testa da minha filha.

"- Diz tchau para o papai -" Ele deu um pequeno sorriso sádico enquanto minha filha tentava se soltar e chorava cada vez mais.

"- NÃÃÃO!!! -", gritei com toda as minhas forças. Mas foi apenas questão de milésimos de segundos para que ele apertasse aquele gatilho e todo o sangue da minha filha caísse em meu rosto. Naquele exato segundo fiquei imóvel, tentando raciocinar o que havia acontecido. Minha mulher correu rapidamente até minha filha e a abraçou com toda força, enquanto suas lágrimas desciam por aquele corpo frio e ensanguentado.

"- Agora, vez dela... -". Ele se aproximou de minha mulher, a puxou pelos cabelos e a jogou no chão, em seguida apontou o revólver para o peito dela. Ela estava chorando amedrontadamente, pedindo para ele não atirar, enquanto gaguejava.

"- 1... 2... 3 -". Ele atirou duas vezes no peito de minha mulher, fazendo os gritos cessarem e todo seu corpo ficar encharcado pelo sangue.

"- V-Você... -". Comecei a lacrimejar.

"- Você fez este show, adorei participar dele -", disse o soldado.

Logo em seguida recebi um chute em meu rosto, me fazendo apagar. Acordei horas depois. Eu me arrastei até o corpo das duas e chorei em meio delas. Jurei dali então vingá-las e a todos que já sofreram o mesmo.



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