História A última pétala- O Príncipe Negro - II.Segundo encontro

--Mas que droga Alexander!—Bryan segurava a rosa com força—5 pretendentes? Onde vou achar uma garota que te mude? Você não vai aceitar nenhuma mesmo não é? – o rei pensativo falava consigo—Eu poderia pedir ajuda para alguém, mas para quem?—Ele procurava em sua mente pessoas que pudessem ajudá-lo e teve uma ideia. – LUCAS!!

De repente uma figura alta e forte entrou. Pareceria um mordomo por sua postura se não fosse pela insígnia real que levava no peito. Ele adentrou o escritório e se dirigiu ao rei.

--Pois não, Vossa Majestade?

--Vossa Majestade? Sabe que somos velhos amigos!!—O rei apertou a mão de Lucas, eles eram velhos conhecidos, e melhores amigos—Sei que tem sido o mensageiro dos cinco reinos e estou certo de que pode me ajudar a tomar uma decisão. Confio em você.

-- O que precisar Bryan, sabe que te devo uma—Bryan havia salvado a vida de Lucas anos atrás e por isso Lucas era grato ao rei de Starstone.

--O Alex piorou, tivemos uma conversa para resolver tudo, mas eu acho que não resolvemos nada. —A cena do café se repetia várias vezes na cabeça do rei aflito—Ele me propôs que reunisse 5 damas para serem suas pretendentes, se alguma delas o encantasse, Alex se concentraria nos estudos; mas se nenhuma delas conseguisse, ele deixaria o castelo e eu nunca mais poderia contatá-lo.

--Você aceitou mesmo isso Bryan? Pareceu-me bem impulsivo de sua parte...

--Eu sei que foi. Mas o que eu poderia dizer? Já me cansei de tentar discipliná-lo!! O que eu faço? Não tenho ideia de quem escolher, mas preciso tomar uma decisão ou vou perder meu irmão—Bryan estava bem preocupado.

--Certo. Alex nunca se apaixonou antes?

--Não, na verdade ele nunca ligou para isso ou ficou muito tempo longe do castelo. Seu contato com mulheres é mínimo, considerando que a maior parte das funcionárias são velhas e há muito mais homens.—A preocupação estava aumentando.

--Ok. Quando era mais novo, minha avó sempre me falou de 4 atrativos básicos em uma pessoa: beleza, inteligência, gentileza e habilidade.

--Por que sua avó te diria algo assim?

--Na época eu estava apaixonado por uma menina...

--E o que aconteceu?

--Nada. Eu era muito tímido.

--Mas o que? Hahaha -- Bryan não imaginava seu extrovertido amigo com vergonha de se declarar pra uma garota. Ele pigarreou. —Continuando, como isso pode me ajudar?

-- Você deveria achar uma garota com cada uma dessas qualidades.

--Temos 5 reinos, como eu vou achar essas quatro garotas?—Bryan lembrou-se do acordo. —Espera, são 5 pretendentes! Ai, meu Deus!

--As princesas!

--Que?

--Você poderia apresentar ao seu irmão as 4 princesas dos outros reinos. Assim não os excluiria da disputa. E acredite, se você sair em busca de uma pretendente para o Alex sem levar cem conta as princesas, isso traria problemas para Starstone. O seu reino é o mais rico, todos teriam interesse em casar suas princesas com seu irmão. Se os privasse dessa oportunidade as relações seriam afetadas.

--Tem razão. Você agendaria uma visita em cada reino essa semana para mim, velho amigo?

--Claro, meu caro. Mas e a outra pretendente? Não pensamos nisso...

--Se nenhuma das quatro conseguir, ainda teremos essa vaga. E me encarregarei de encontrar uma garota para ocupá-la.

--Entendi. Bom, está tarde; ainda tenho que escrever e enviar as cartas aos reinos. Tenha uma boa noite Bryan.

--Obrigado Lucas, de verdade. – O mensageiro fechou a porta deixando o rei sozinho com seus pensamentos. -- É isso não é? Tenho que me preparar, mas amanhã. Estou morto, foi um longo dia.

Aquela noite Bryan descansou e não descansou. Quando acordou no dia seguinte parecia psicologicamente exausto, porém um rei não tem permissão para se deixar levar por uma coisa dessas. Um novo dia estava começando, e seu plano também.

Do outro lado do castelo, no dormitório, Helena se levantava. Estava agitada como todas as manhãs; vestiu seu vestido de jardineira e correu pelo pátio com suas sapatilhas beges até a sala dos fundos da cozinha, onde os funcionários faziam as refeições. Helena era adorada por todos eles, sendo a mais nova, era como filha para uns e neta para outros. Era considerada a jovem mais esperta do reino, afinal com apenas 15 anos ganhou um estágio no castelo, uma verdadeira prodígio. O seu jeito agradava a todos.

Helena se sentou ao lado de Jolie, a anciã dos funcionários. Jolie a amava muito e a tratava como uma verdadeira princesa, reservando os melhores doces e bebidas para sua garotinha. Era a anciã quem fazia as roupas de Helena, e não havia nada que não combinasse com o sorriso que ela levava nos lábios.

Depois de comer Helena foi rapidamente para a estufa, encontrar seu instrutor Thomas. Ele já a aguardava quando chegou.

--Está atrasada Helena!—Thomas não estava tão bravo assim.

--Sinto muito, senhor. Perdi a hora hoje.—Helena não queria o instrutor bravo.

--Não em problema, é que você nunca se atrasa. Tenho certeza que não vai se repetir. – Às vezes Thomas se sentia culpado por ser duro com ela, mas ele acreditava no potencial da garota. —Hoje estudaremos as orquídeas e permitirei que troque as flores dos quartos reais.

--Mesmo?—Helena estava muito feliz com aquela notícia. Morar dentro do castelo só era permitido para os funcionários mais importantes, e apesar de só cuidar do jardim, ela estava recebendo aulas para se tornar uma herbalista real, que era seu sonho.—Obrigada, não vou te desapontar.

--Claro que não—Thomas sorriu para Helena. Ele tinha um carinho muito grande por ela. – Então vamos ao trabalho.

Voltando ao castelo, Alexander acordava e se dirigia à sala de café. A mesa estava pronta, ele comeu rapidamente e se retirou para a sala de aula. Hoje haveria política.

--Que ótimo. Eu preferiria discutir se o ovo ou a galinha veio primeiro, do que ter aula com o Robert.

Perdido nos pensamentos Alex entrou na sala e se sentou na cadeira de frente para a lousa. Não demorou muito seu professor apareceu e começou a escrever algo. De repente parou e se virou para seu único aluno ali.

-- Alexander?

-- Sim, professor?

-- Que tipo de governo há em Starstone?

-- Ditadura?—Alexander realmente gostava de irritar seus professores, ele sempre sabia a resposta correta, mas errava de propósito.

--Por um acaso você vê seu irmão torturando os opositores, senhor Alexander?

--Como o senhor garante que ele não tortura?—Sorriso sarcástico.—E esta aula, pode ser tida como tortura?

-- Não brinque comigo! Essa aula é séria! Como pretende governar Starstone com sabedoria? Você costumava ser dedicado.

--Certamente, mas nunca disse que gostava da sua matéria.

--Não é questão de gostar. É questão de necessitar desses conhecimentos.

--Para mim é sempre assim. Alexander você TEM que fazer isso. Alexander você TEM que fazer aquilo.

--Pare por aí suas lamentações. Nossa prova foi reagendada para a próxima semana. Espero que esteja preparado.

--Estou sempre preparado professor.

Depois da discussão costumeira a aula correu silenciosa. No final, Alexander saiu da sala e foi à biblioteca. Tudo que queria era ler um livro de ação e achou um interessante: Atrevido Robin Hood e Seu Bando Fora da Lei.

--Robin Hood? Por que não? – Alex começou a ler e quando se deu conta já era noite, aquele livro era muito bom mesmo. —Melhor voltar pro quarto.

De tarde, Helena estudou sobre as orquídeas e como as da espécie Dendrobium eram utilizadas com recursos medicinais. Mais tarde, Thomas entregou a ela uma cesta com várias flores, o instrutor explicou ainda onde cada flor deveria ser colocada e deixou sua estudante andar pelo castelo para completar a tarefa.

Helena não teve dificuldades para trocar as flores, aquele trabalho lhe agradava muito. Então quando se deu conta faltava apenas uma flor, que deveria ser colocada no quarto de Alexander. Aquilo causou um frio em sua barriga. Apesar de o príncipe ter dito que ele a perdoava, Helena estava nervosa; então respirou fundo e se acalmou. Tinha terminado o seu trabalho e estava saindo quando Alexander entrou.

--Helena?—Alex se surpreendeu com a presença da garota no seu quarto—O que faz aqui?

--Estava trocando as flores de seu quarto, Vossa Alteza, meu instrutor passou essa tarefa para que eu me acostumasse com o ambiente do castelo. Agora sou eu quem trocará as flores todos os dias. – Helena estava nervosa e não sabia bem o porquê. Medo, ansiedade?—O senhor nunca notou que as flores estavam perfeitamente saudáveis todos os dias? Digo, já tinham um encarregado dessa tarefa antes de mim...

--Nunca prestei atenção nisso, eu dispenso os detalhes. Afinal, não fazem tanta diferença não é mesmo?—Realmente Alexander nunca notou que as flores eram trocadas, pensando bem, havia flores ali?

--Desculpe-me, Vossa Alteza, mas são os detalhes que fazem o mundo especial. Não teria graça se prestássemos atenção apenas nas coisas superficiais. A beleza está nos detalhes na verdade. Gosto de viver minha vida como se tudo fosse um milagre, assim não deixo os mínimos detalhes escaparem.

--Acho que nunca ouvi tanto a palavra “detalhe” em um único período—Nesse momento Alex notou com o cabelo de Helena estava solto, quando se conheceram ele estava com uma trança e com o Príncipe Negro, mas agora estava diferente e de certa forma atraente, principalmente a maneira como o vento batia nele e a luz refletia nos olhos da garota. —Você deve ter razão... – O príncipe não queria dizer aquilo em voz alta, mas foi natural.

--Robin Hood!!!—A jardineira soltou um gritinho espontâneo.

--Pois não?—O príncipe saiu de seus devaneios e ficou confuso com  a reação da garota ao ver o livro que ele levava consigo.

--Ah, desculpe-me, Vossa Alteza—Helena percebeu que o entusiasmo havia tomado conta dela. – Eu adoro as histórias de Robin Hood. O modo como ele sempre ajuda as pessoas é incrível. Não é egoísta, e isso é o que me admira nele.

--É incrível mesmo. — Invejo a liberdade dele—Alex pensou –– Você lê muitas histórias dele?

--Sim, meu ursinho se chama Robin por cau... –Helena se deu conta do quanto parecia uma criança—Isso foi muito infantil não é?—Disse enquanto entortava um pouco a cabeça e ficava vermelha de vergonha.

-- Hahahaha! Um pouco, mas foi fofo. —De repente Alexander corou e virou o rosto, coçando a nuca; primeiro porque fazia um bom tempo que não ria de verdade na frente de alguém, e segundo porque havia dito a uma garota que ela era fofa. O que estava acontecendo?—É... Bem... Tenho que descansar agora.

-- Claro, Vossa Alteza. – Helena disse e depois se retirou do quarto. —Ele me chamou de fofa mesmo?—Pensou—Para de viajar garota! Ele é o príncipe e você é só a jardineira. — E continuou andando até o dormitório.

--Que droga foi aquela? – Alex ainda não acreditava no que tinha dito — Devo estar cansado, vou tentar dormir essa noite ou se não vou continuar espalhando asneiras. Fofo... – A imagem de Helena quando Alex entrou no quarto veio a sua mente, mas ele a espantou – Ninguém me fará mudar de ideia, ninguém!