História A última promessa - 12-12

Era um domingo caloroso no Japão,  fui acordada pelos raios de sol fracos que atravessavam a fresta da janela entre as cortinas em direção aos meus olhos. Levei minhas mãos ao meu rosto na tentativa falha de formar uma sombra, fiquei nessa posição por alguns minutos até finalmente sentir minha temperatura corporal aumentar e eu perder o sono, me levantei abruptamente fazendo causar uma leve tontura, abri as janelas do meu quarto e era como se o vento forte acoitasse minha face, os tons de azul e branco do céu eram lindos, o dia estava perfeito para uma visita no hospital. Peguei no meu armário um álbum de fotos minhas e de Ren, tinha ganhado esse em uma de minhas visitas a casa de seus pais, depois de uma conversa animada com meus avós e irmão segui em direção ao hospital.
 Dessa vez sem receio de encontrar Ren, fui logo adentrando a sala, fiquei quieta assim que entrei ao perceber a presença do médico, mas logo Ren me olha e acena com um sorriso largo
- Haru - disse animado, no mesmo instante o médico se virou em minha direção e eu dou um leve curvar com a cabeça
- Imagino que você seja a namorada do paciente já que o visita todos os dias - o médico disse simplista. Eu não precisava de um espelho para saber que minhas bochechas estavam ruborizadas, vi Ren parecer se divertir com minha expressão atrás do doutor, e antes que pudesse me explicar o mesmo continua
- Ele poderá receber alta assim que ganhar um pouco de peso
- Ren, isso é ótimo! - exclamo para o maior
- Com licença - o médico diz antes de se retirar.
  Ren da tapinhas na cama que indicavam para que eu me sentasse, assim o fiz não precisando que ele me empurrasse até ela dessa vez
- o que vai me contar hoje? - ele parece curioso, retiro nosso álbum de fotos da minha bolsa, mas antes de abrir o mesmo uma enfermeira chega com a comida de Ren, ela entrega sua bandeja a mim e se retira. Ia entregar a comida a ele, mas o mesmo faz uma careta de dor e coloca uma mão sobre o ombro enquanto gira o mesmo
- aaah, eu estou tão fraco, acho que não posso fazer isso
- Você ouviu o doutor, só vai poder sair daqui quando ganhar peso
- Eu não quero sair do hospital, assim você vem me ver todos os dias - sinto que estou como um pimentão
- não fale besteiras - respondo ainda envergonhada
- Me alimente - me espantei com seu pedido inusitado, ia recusar mas ele fez bico, estava tão fofo que eu apenas cedi.
No começo eu estava com vergonha, mas fui me sentindo mais a vontade a cada colherada que eu dava em sua boca, ele sorria como uma criança o que me deixava mais confortável. Finalmente era a última colherada, quando a comida chega em sua boca sinto um flash em nossa direção juntamente com o som de um click, eu e Ren nos entreolhamos rapidamente tentando raciocinar sobre o ocorrido, até tio Akira passar pela porta com uma câmera em mãos seguido de tia Raquel atrás de si
- Me desculpem crianças, mas vocês estavam lindos - disse brincalhão
- Eu tentei impedir - Raquel tentou se defender, e todos nós rimos. Akira nos mostrou a foto e eu realmente tinha gostado dela
- Eu sou mesmo muito bonito - disse Ren parecendo convencido, me segurei para não pensar alto e soltar um "É mesmo" . Depois de um tempo conversando seus pais se despedem dizendo que tem trabalho a fazer ficando novamente sozinhos eu e Ren
- Estou entediado - diz o garoto bocejando
- Você pode andar?
- O doutor disse que não posso fazer muito esforço - assenti com a cabeça e fui até uma cadeira de rodas que estava do outro lado de sua cama, fiz sinal para que o maior se sentasse e assim o fez, peguei o álbum de fotos o colocando nas pernas de Ren e  saímos pelo corredor em direção a área de lazer destinada aos pacientes.
 Era uma área com muitas plantas e bancos, sentei em um dos bancos que era coberto pela sombra de uma árvore não tão grande, Ren se sentou ao meu lado e então comecei a mostrar as fotos para ele, enquanto ia passando as fotos e contando as histórias de que eu me lembrava ele apenas observava enquanto abria um sorriso fofo e fazia comentários de vez em quando.
Depois de terminarmos um breve silêncio se formou entre nós, tudo o que se podia ouvir eram conversas alheias e as passadas de quem andava por perto, sinto meu ombro pesar e olho para o lado, Ren estava com a cabeça apoiada no mesmo, queria passar as mãos em seus cabelos negros de que eu tanto sentia falta, mas hesitei por um momento, ele pareceu ler meus pensamentos
- Você pode tocar no meu cabelo - disse calmamente e assim eu o fiz, seus fios lisos e macios entre meus dedos deixavam uma sensação gostosa, fiquei nisso por algum tempo até começar a chorar, eu não sabia por que o estava fazendo, as lágrimas simplesmente saiam, mas não era um choro de infelicidade, pelo contrário, eu estava satisfeita por tudo ter dado certo apesar de Ren não ter suas memórias recuperadas. O maior escutou o fungar de meu nariz e desencostou a cabeça de meu ombro olhando para mim, sua expressão era tão terna... ele envolve meu rosto entre suas mãos e me fita por alguns  segundos antes de limpar minhas lágrimas com o polegar
- Porque eu me sinto culpado por não lembrar de você? - disse ainda com meu rosto em suas mãos
- Não se force a lembrar, você vai conseguir na hora certa - tentei confortar o mesmo
- Não é isso, eu sinto como se não pudesse nunca ter esquecido de você, é um sentimento que eu não consigo compreender - ele solta meu rosto e cobre seus olhos já começando a soluçar, não sabendo como reagir eu apenas o envolvo em meus braços até que ele parasse de chorar. Ele se solta de mim e olha para o céu
- Senta ali - disse apontando pra cadeira de rodas
- Que? Porque? 
- Só senta - assim o fiz, estava curiosa pra saber oque ele faria, assim que me sento sinto a cadeira se movimentar, olho pra trás assustada
- o que você tá fazendo? - ele não me responde e começa a correr me guiando, ele fazia zigue-zague por onde passava e eu estava me segurando pra não gritar como uma louca, estava prestes a protestar quando sou jogada para frente e num impacto sinto braços fortes envolverem minha cintura por trás e pressionando meu corpo contra o seu fazendo com que eu e Ren caissemos, vejo a cadeira de rodas sendo jogada para longe mas não me importo, estava preocupada com Ren que havia estatelado as costas no chão, me apoiei nos joelhos o sacudindo de leve, seus olhos estavam fechados e não davam sinais de que iam abrir tão cedo
- REN, REN, ACORDA - Eu gritava com a voz trêmula enquanto o sacudia
- Ren, por favor...- Disse fracamente enquanto socava seu peito. Abaixo a cabeça já preparada pra chorar quanto escuto um riso nasalado, olho para o garoto e ele estava ainda de olhos fechados, abriu os mesmos e deu um sorriso lindo
- Você quer que eu volte pro coma? - Se levantou e me puxou pelo braço me ajudando a levantar
- Você me assustou - o mesmo não tirou o sorriso do rosto e foi até a cadeira de rodas, se sentou e disse brincalhão
- Agora faça seu trabalho direito serva - fez um sinal apontando pra dentro do hospital
- Sim senhor - disse entre risos.