História A última promessa - 13-13

Acordei com o toque de notificação do meu celular, abri os olhos relutante, mas se não fosse aquela notificação eu provavelmente não teria acordado a tempo pra aula. Sentei na beirada da cama e olhei para tela de meu celular, senti um aperto ao ver a data e me lembrar de que completará um mês sem meu amigo Kim, ele havia ido pra Coreia do Sul por questões familiares, o plano inicial era voltar depois de uma semana, mas ocorreram problemas durante a viagem e o mesmo teve que permanecer lá por mais algum tempo. Não pude deixar de sorrir quando vi que aquela notificação que havia me acordado era de Kim
- Essa criança idiota continua me acordando mesmo estando longe - falei comigo mesma antes de abrir sua mensagem
      "Princesa, esse fim de semana eu já estarei de volta, espere por mim ♡"
 Aquilo com certeza tinha me despertado, estava morrendo de saudades, e foi com esses pensamentos felizes que fiz oque tinha que fazer e segui com Kenji para escola.
Depois de falar com meus amigos e ouvir o sinal, segui com Aya para sala. Estava arrumando meus materiais quando sinto duas mãos cobrirem meus olhos, fiquei imóvel tentando imaginar quem poderia ser, todas as minhas dúvidas desaparecem quando ouço a risada irreconhecível de Kim, tirei suas mãos de meus olhos e me viro rapidamente, o mesmo abre os braços me direcionando um sorriso, sem pensar muito eu o abraço mais logo me separo
- Você não ia voltar no final de semana?
- Queria fazer uma surpresa - responde e logo o professor entra na sala juntamente com o resto dos alunos, sentei em meu lugar assim vendo a aula passar.
Com o fim das aulas eu arrumo minhas coisas apressadamente, Ren iria receber alta do hospital e eu iria até lá
- Eu vou com você - disse Kim atrás de mim, eu apenas assenti e saímos. Durante o caminho nós colocamos a conversa em dia e não demorou muito para que chegássemos ao hospital.
A medida que íamos passando pelos corredores uma sensação ruim me preenchia, comecei a andar mais rápido e puxei a maçaneta da porta com certa grosseria, mas a porta estava trancada, olhei o relógio mas ainda faltava uma hora para Ren ser liberado, encostei minha cabeça na porta mas não conseguia escutar nada, a sensação ruim só aumentava
- Acho que tem alguma coisa errada - disse me virando pra Kim
- E oque você vai fazer?
- Você vai - disse simplista e o maior entendeu o recado, suspirou antes de dizer
- Sai da frente - assim o fiz, não demorou para que ele desse um chute com toda sua força na tranca fazendo a mesma arrombar. Quando a porta se abriu a cena que eu vi eu desejei apagar da minha mente, Ren estava com os braços amarrados acima da cabeça e amordaçado com um pano grosso, suas pernas eram prensadas pelo peso de quem estava em cima dele, e quem estava em cima dele? Isso mesmo, era aquela enfermeira mal encarada que me olhava com desprezo e se atirava para Ren, ela estava "montada" nele e assim que me viu deu um sorriso de deboche, olhei para Ren e o mesmo estava com olhos arregalados e podia se ver rastros de lágrimas em seu rosto, os primeiros botões de sua camisa estavam desabotoados, ela estava pronta para o despir. Cerrei meus punhos e sem pensar duas vezes fui pra cima daquela mulher, a empurrei fazendo a mesma cair e bater com a cabeça, mas aquilo não era o suficiente para descontar minha raiva, subi em cima da mesma me sentando como se estivesse montada, ela ainda estava acordada, comecei a socar seu rosto cegamente, no começo eu estava ciente do que estava fazendo, mas depois fui perdendo o controle até chegar ao ponto em que eu só queria machucá-la, comecei a gritar antes de escutar Kim pedindo por ajuda e algumas pessoas entrarem no cômodo, sou retirada de cima dela por um homem, eu não estava muito consciente no momento então demorei a perceber que se tratava de tio Akira. Ele me levou até o corredor e se sentou comigo em um dos bancos, minha respiração estava descompassada e eu olho na direção da porta quando vejo a enfermeira sendo retirada da sala enquanto gritava como uma louca

- VAGABUNDA - Eu a xinguei em português, a mesma me olha com um ar furioso e tenta vir até mim, mas é impedida pelo segurança que a arrastava para fora, finalmente ela some de minha vista. Minha respiração volta ao normal e um médico vem até mim
- Eu quero que você me conte oque aconteceu - não hesitei em responder
- Ela ia abusar dele - fui curta e grossa
- Isso é oque as câmeras de segurança irão dizer - ele responde e se retira voltando para dentro da sala, logo volta com tia Raquel, vem até tio Akira e o pede para vir com ele, assim o faz, dando tapinhas em meus ombros e se levanta, logo vi Kim saindo da sala e vindo até mim, o maior se senta ao meu lado
- O rosto dela ficou uma maravilha - disse dando um sorriso de lado
- Teria ficado muito melhor se você não tivesse atrapalhado - bufei. Ele passa a mão na minha cabeça e disse calmo
- Isso poderia ter dado problema pra você, ainda mais que as câmera estavam desligadas - o olho perplexa
- como você tem tanta certeza disso?
- Você acha mesmo que ela ia cometer um ato sem pensar em tudo antes? - foi dito e feito, o mesmo médico de antes aparece seguidos de Raquel e Akira e se dirige até mim
- Não mostra nada nas câmeras, você estará encrencada a menos que prove ao contrário
- Isso não vai ser problema senhor - Kim disse se levantando
- Eu fotografei a cena - ele pega o celular do bolso e mostra para o médico,  naquele momento eu suspirei aliviada enquanto pensava "ah, Jon Kim seja louvado, salvador da pátria". O doutor pega o celular das mãos de Kim e mostra a imagem para o casal, Tia Raquel coloca as mãos sobre a boca e parece se assustar
- Você poderia vir comigo? - O médico pergunta a Kim e ele confirma com um gesto da cabeça, o mesmo me olha e da uma piscadela antes de sair. Raquel vem até mim e me abraça
- Obrigada Haru, eu não sei o que poderia ter acontecido se não fosse por você - Akira também vem até mim e me abre um sorriso largo
- Você fez muito bem - disse e logo pisca para mim
- Mas quem era aquela criança que estava com você? - Raquel pergunta em um tom de gratidão por ele ter registrado o que aconteceu
- É um amigo - respondi vagamente
- Me apresente a ele - Akira pediu e eu  assenti
- Está tudo bem com Ren?
- Graças a você, vá vê-lo agora - Raquel diz e assim o faço.
Vou até ele e o vejo sentado na cama, imóvel e com uma expressão de choque e medo. Pigarreei e o mesmo me olha, ele se levanta e vai até mim
- Haru, tá tudo bem com você? - ele parece preocupado
- Eu que deveria perguntar isso, oque aquela mulher fez com você? - ele me dá um abraço inesperado e suspira parecendo aliviado
- Graças a você ela não conseguiu fazer nada
- Isso quer dizer que eu atrapalhei vocês? - disse brincando enquanto o olhava, ele encosta minha cabeça em seu peito me apertando
- Obrigado. - Disse simplesmente e eu não falo mais nada, aquele simples "obrigado" tinha me passado milhões de sentimentos, a única coisa que faço é retribuir o abraço.
  Ele me solta, me olha e da um sorriso leve
- Quem era aquele seu amigo? - ele pergunta e Kim passa pela porta vindo até mim, ele bagunça meus cabelos antes de suspirar parecendo aliviado
- Parece que você está livre de problemas - sorriu quadrado
- Esse é o Kim - Sorrio para Ren e o mesmo olha para Kim e acena
- Obrigada por ajudar - Ren fala amigável para Kim
- Se eu não tivesse vindo era capaz dela cometer um homicídio - Kim responde se referindo a mim
- Foi merecido - falo orgulhosa e todos riem.
 Estávamos os três conversando, Kim estava desenrolando a conversa com Ren muito bem, era incrível como ele tinha uma boa socialização. Quando o médico entra na sala acompanhado de Raquel e Akira, paramos o que estávamos fazendo e os olhamos
- Já está liberado do hospital, mas deve vir frequentemente para fazer exames - houve uma breve pausa
- Sinto muito pelo incidente com a enfermeira, nós já resolvemos isso - ao dizer isso o doutor sai do cômodo
- Haru, você poderia ir pra casa com a gente? Tenho um favor pra pedir - pediu Raquel, eu estava pensando quando Kim interrompe meus pensamentos 

- Haru eu já vou, combinei de encontrar com Kenji aqui perto - disse  bagunçando meus cabelos, eu apenas assenti e ele saiu sem despedidas
- Eu gostei dele - Ren indagou simplista
- ele parece ser uma boa pessoa - Akira completou.
Saímos do hospital e fomos de carro até a casa de Ren, enquanto ele se limpava eu, Raquel e Akira ficamos jogando conversa fora na mesa da cozinha até Ren aparecer na mesma e se sentar ao meu lado, ele exalava um cheiro gostoso, seus cabelos estavam molhados e jogados para trás sem pentear enquanto alguns fios caiam sobre o olho. Me forcei a fechar a boca quando sua mãe começa a falar
- Haru, como você sabe Ren ficou 4 anos em coma - ela deu uma pausa rápida como se fosse difícil o assunto
- e nesse meio tempo ele perdeu aula, mas é inadmissível que meu filho com 15 anos entre pra 5° série - ela pareceu exaltada fazendo eu soltar uma leve risada
- Existe um vestibular para que ele possa ir direto pro ensino médio, mas... - ela não disse mais nada parecendo esquecer oque ia dizer
- precisam de ajuda com as matérias?- indaguei
- É mais que isso - respondeu
- Você é muito reconhecida por suas notas, nós queremos que você seja sua professora particular
- PROFESSORA PARTICULAR?