História A última promessa - 2-2

Cheguei em casa minutos depois, estava subindo as escadas pro meu quarto quando sou chamada pela minha mãe
- Haru, a gente precisa conversar - droga, eu não consegui responder lembrando de todas as coisas que eu tinha feito na vida
- Haru? - minha mãe diz afastando meus pensamentos
- Conversar oque? - digo já com medo do que ela possa supostamente ter descoberto
- Eu conversei com seu irmão e... acho que já tá na hora de você voltar pro Japão
- QUE - essa foi a única palavra que conseguiu sair da minha boca, dentro de mim havia uma mistura de emoções, estava feliz por voltar ao meu país e por poder ver novamente meu irmão, mas estava triste por ter que ficar longe dos meus amigos do Brasil
- Você vai morar na casa dos seus avós junto com seu irmão, eu e seu pai já decidimos, a passagem e o passaporte já estão prontos, você viaja em uma semana
- UMA SEMANA? - Minha mãe parece se divertir com a minha reação
- É tempo suficiente pra você arrumar as malas e se despedir dos seus amigos, desculpa por ter que ser assim, mas você sabe que nossa tradição tem que ser mantida em respeito aos seus avós
- Está tudo bem mamãe, eu adorei ter que voltar pra Tóquio, já estava com saudades - disse dando um beijo em seu rosto
- Fico feliz que tenha gostado - ela disse forçando um sorriso
- Agora se me permite princesa, vou dormir um pouco - disse retomando a subir as escadas pro meu quarto
- cuidado com o bicho papão - escuto minha mãe dizer entre gargalhadas da ponta da escada. Finalmente meu quarto, abro a porta com um certo desespero, largo minha mochila em qualquer canto do quarto e me jogo em cima da cama, fiquei pensando por alguns minutos como seria voltar pra Tóquio, até finalmente adormecer.
Acordei no outro dia com uma disposição incrível, tinha acordado no horário certo dessa vez, depois de fazer minhas tarefas fui logo me aprontando pra escola, eu iria falar aos meus amigos oque estava acontecendo, ficava pensando qual seria a reação deles, será que sentiriam minha falta?
Assim que cheguei na escola avistei o pessoal no lugar de sempre, dessa vez cumprimentei todos com o beijo no rosto, o que fez eles se assustarem um pouco
- Espero que tenham trazido os guarda chuvas - disse Bruno com cara de espanto
- Já pode falar oque aconteceu dona Haru, você tá muito diferente hoje - isa, me conhecia melhor do que eu mesma, esbanjei um sorriso no rosto
- Na sala eu conto - com o toque do sinal de início das aulas eu fiz um pedido aos meus amigos
- Ei,  vocês podem subir comigo hoje? Tenho algo pra falar pra vocês
- não tô gostando nada disso - disse isa com tom de reprovação
- Qual é japa, para de suspense - indagou Bruno
- Só dessa vez - disse fazendo bico
- Tá - todos falaram em uníssono me fazendo sorrir. Ao chegar na sala de aula vimos que o professor se atrasou, ótimo, assim daria pra contar pra eles
- Anda mulher, oque você queria falar? - isa parece apressada
- Então... em uma semana eu vou pro Japão pra terminar o ensino médio e... bem, não sei se vou voltar - confessei um pouco triste, todos ficaram em silêncio por alguns segundos até Bruno quebrá-lo com seu jeito escandaloso
- VOCÊ VAI PRA ONDE? E PORQUE NOS AVISOU SÓ AGORA?
- Calma, eu também não sabia, minha mãe só me avisou ontem - me defendi. Enquanto falava com Bruno e com meus outros colegas percebi que isa ainda não tinha falado nada
- isa, tá tudo bem?
- como tá tudo bem? Você acha que tá tudo bem? Minha melhor amiga vai embora e você acha que tá tudo bem?... - ela não parava de falar, até que eu dou um abraço a calando
- Eu vou sentir muito sua falta - minha voz estava rouca, então antes que eu começasse a chorar Bruno grita
- ABRAÇO COLETIVO - dou risada com sua atitude enquanto estava espremida no meio de muitos braços
- saiba que essa semana inteira nós não vamos te deixar em paz, vamos entupir seu celular com fotos nossas - isa parece determinada, eu apenas sorrio em resposta.
Ao final do dia todos na escola já sabiam sobre minha viagem, inclusive Felipe.
Estava descendo as escadas pra ir ao banheiro quando me deparo com o motivo de eu ter que usar minha grosseria todos os dias
- Então quer dizer que você vai embora - Felipe fala de um jeito diferente, ele parecia não querer me perturbar
- As notícias se espalham rápido não? - fiz uma pergunta retórica
- Parece que eu não consegui mesmo ter você - ele fala com um leve sorriso no rosto enquanto olha pro chão, ele percebe que eu vou me afastando, não queria tocar nesse assunto novamente
- Espera - ele fala enquanto estende a mão pra mim na intenção de que eu a apertasse
- nunca foi a minha intenção tornar a sua vida um inferno, eu queria tanto você que acabei me descontrolando e não quis aceitar, você pode me desculpar? - olhei em seus olhos, eles pareciam tão verdadeiros, não via nenhuma maldade nele naquele momento, logo aperto sua mão em sinal de que eu aceitava as desculpas
- Desculpa pelos chingamentos - falo com um ar de brincadeira
- acontece - ele responde em meio a risos
- Agora se me der licença, vou voltar pra minha sala, não quero ser pego cabulando  - Felipe diz subindo as escadas e acenando pra mim, eu volto pro meu caminho.
Nos dias seguintes da minha última semana no Brasil meus amigos me obrigaram a tirar milhares de fotos com todos, rimos juntos relembrando tudo o que já tínhamos passado juntos, nesse tempo eu me familiarizei mais com Felipe e descobri que ele era diferente daquilo que eu tinha pensado, era realmente inteligente e muito gentil.
Finalmente o dia da minha viagem, estava no aeroporto acompanhada de minha mãe, meu pai junto com Bruno e isa. Quando estava próximo de dar o horário do meu vôo eu abraço minha família e amigos
- Não se esqueça de mandar mensagem todos os dias - isa fala com a cabeça baixa
- boa viagem japa, e vê se não morre sem a gente por perto! - Bruno fala sarcástico, não pude deixar de dar uma risada, mas logo as lágrimas vieram
- vamos tirar uma última foto - pedi ao meu pai que batesse a foto, fiquei feliz com o resultado, foi anunciado no aeroporto que os passageiros do meu vôo deveriam estar em direção ao avião, ele partiria em 10 minutos, dei um abraço bem apertado em minha mãe e meu pai, me despedi de todos acenando com as mãos e logo me virei em direção ao avião correndo para que não pudessem ver minhas lágrimas. Quando finalmente entrei no avião sentei em minha poltrona e coloquei o cinto. Dormi praticamente a viagem inteira, só acordando pra comer e ir no banheiro. Acordei com o anúncio de que tínhamos chegado, estava exausta, sai do avião e fui em direção ao ponto de encontro dentro do aeroporto que minha mãe disse pra mim me encontrar com meus avós, só que quando eu fui chegando no lugar vi uma silhueta muito familiar, não eram meus avós que estavam me esperando, assim que o vi fui logo correndo para os seus braços chorando, aquele rosto que não importa quantos anos se passem, eu sempre iria reconhecer, depois de tanto tempo finalmente eu estava indo em direção ao seu abraço.