História A última promessa - 7-7

Já conseguia ouvir a buzina do caminhão muito perto, e apenas dou mais um passo em direção ao meio da rua, o caminhoneiro não freou, deu inúmeras buzinadas seguidas, foi quando eu senti a minha hora chegar. Sinto uma mão em meu pulso quando sou puxada com força e vou de encontro a seu peito, caímos na calçada, eu ainda estava de olhos fechados amaldiçoando mentalmente a pessoa que acabará de me impedir
- Já pode abrir os olhos - escutei uma voz masculina dizer, abro os olhos vagarosamente, e me deparo com um par de olhos castanhos asiáticos me fitando, observo aquela pessoa por um momento e POXA, ele era extremamente lindo, tinha cabelos de um tom castanho bem diferente, sua franja caia sobre seus olhos meio abertos, tinha uma boca rosada e um pouco carnuda, era de fato um homem muito bonito e aparentava ter a mesma idade que eu.
- Talvez se você tirar uma foto dure mais  - ele disse com um sorriso de lado meio sarcástico, foi quando eu acordei de meus pensamentos e percebi a situação constrangedora em que estávamos, eu estava com o corpo no meio de suas pernas virada para ele, enquanto ele estava em baixo de mim apoiado nos cotovelos, nossos rostos estavam muito próximos, eu não conseguia dizer nada, estava numa mistura de constrangimento e ainda me recuperando do choque
-  A gente pode deixar pra fazer isso mais tarde, tem muita gente olhando agora - ele disse com um sorriso malicioso, foi quando eu me levantei rapidamente, peguei minha mochila do chão e ajeitei minha saia, ele se levantou calmamente logo em seguida e ficou me observando, estava levemente corada, abaixei a cabeça e planejei sair sem dizer nada, ia começar a caminhar e escuto ele dizer
- não vai ao menos me agradecer?
- obrigada - disse cinicamente com a falsidade estampada em meu rosto
- agradeça direito - ele me disse e ficou em silêncio por uns 5 segundos enquanto parecia pensar
- me pague um café - disse olhando pro céu
- olha aqui, eu não pedi pra você me impedir, agora se me der licença eu...
- SSSH - diz colocando o indicador sobre a minha boca
- apenas seja uma boa garota e me pague um café - Eu bufei, quem ele pensava que era? Mas vendo a situação era de se perceber que ele não ia desistir, então apenas cedi e resolvi pagar o café, fomos até a cafeteria mais próxima em silêncio, ele não parava de me olhar, já estava incomodada com aquilo. Quando chegamos o garoto foi até o balcão e fez o pedido, logo em seguida sentamos em  uma mesa no fundo da cafeteria, não estava muito movimentada. Ele sentou de frente pra mim e começou a me fazer perguntas
- Porque você ia fazer aquilo?
- Porque eu deveria falar pra um desconhecido?
- Porque esse desconhecido acabou de salvar a sua vida, anda logo e não poupe os detalhes - bufei e o olhei com uma expressão meio psicopata,  quem era aquele cara afinal?
- Meu nome é Kim, tenho 15 anos e moro em Tokyo, não sou mais um desconhecido, pode contar agora - soltei uma leve risada de deboche, já tinha chegado até aquele ponto mesmo, não ia matar eu contar o motivo da minha dor. Contei tudo oque tinha acontecido pra ele, e ele apenas me fitava com uma das mãos no queixo, e o olhar fixo em mim, quando finalmente termino ele suspira e começa a dizer
- olha, se você realmente gosta desse cara deve ter esperança e ficar sempre ajudando ele, e se ele acordasse assim que você se matasse? - ele faz uma breve pausa
- Eu sei do que você precisa - o olho meio confusa
- precisa de alguém, eu vou ser esse alguém - ele toma meu celular de minhas mãos e anota um número
- esse é o meu número, comece a me tratar como seu melhor amigo agora, afinal eu salvei sua vida não é? - ele diz se levantando e vai até mim, segura meu rosto com uma das mãos em meu queixo e o levanta
- até mais - ele diz e vai embora. Quem esse idiota pensava que era? Eu não conseguia reagir, fico alguns minutos sentada pensando no que eu tinha feito, e realmente o que o tal de Kim disse fazia sentido, estava começando a ficar arrependida de meu ato, decidi que não ia contar isso nem pra Kenji, finalmente me levanto e vou pra casa.
Chego em casa e vou direto pro meu quarto, já estava tarde, estava quase dormindo quando sinto meu celular vibrar, quem poderia ser naquela hora? Pego meu aparelho e vejo " Kim ♡" mas que garoto ousado, além de salvar o número dele sem minha permissão ele acrescenta um coração, ignoro a chamada e vou dormir.
Acordo no outro dia exausta, faço minha higiene matinal, me visto e desço as escadas, encontro apenas Kenji na cozinha, depois de comermos fomos em direção a escola praticamente um socando o outro o caminho inteiro. Quando chego na escola vou falar com meus amigos, só que chego beijando o rosto deles, eles ficaram assustados e eu pedi desculpas, estava com tantas saudades de meus amigos que tinha me desligado por um momento, o sinal toca e fomos em direção a sala. Entro e sento em meu lugar, então o professor começa a falar
- temos um novo aluno transferido - nesse momento a porta se abre e alguém entra na sala, e... DROGA era Kim
- se apresente por favor
- Olá, meu nome é Jon Kim e eu vim da Coréia do Sul, espero nos darmos bem - ele termina a frase e eu reviro os olhos, quando ele me vê ele acena e eu apenas desvio o olhar
- Vocês são amigos?  - o professor pergunta pra mim, e antes que eu pudesse terminar de falar ele interrompe
- Ótimo! Então você pode se sentar na mesa vazia atrás de Haru - era só oque faltava, Kim vem em minha direção e logo se senta atrás de mim, sinto ele se aproximando de meu ouvido e dizer
- então seu nome é Haru - ele estava tão perto de meu ouvido que me fez arrepiar... oque eu estava pensando?
- não te interessa o meu nome
- Você deveria ser mais amigável, eu salvei você não?
- Vai jogar isso na minha cara toda vez que me ver? E eu não quero que você mencione isso na frente de ninguém
- UHUM - Escutei o professor pigarreando e fiquei em silêncio, o resto da aula foi insuportável Kim não parava de me cutucar e de mexer em meu cabelo, já estava sem paciência com aquilo tudo, quando o professor menciona um trabalho em dupla
- Formem as duplas, a escolha é livre, mas Haru? Faça com Kim, ele ainda não tem amigos além de você - não deu tempo de retrucar, ele sai da sala e bate o sinal do intervalo, eu apoiei meus cotovelos na mesa e puxei meus cabelos, porque aquilo estava acontecendo comigo? Sinto meu braço sendo cutucado e olho pro lado, era Kim
- oque você quer?
- GROSSA, eu não entendo o motivo de você me odiar tanto
- vejamos, você é folgado, se intromete nos assuntos alheios, é folgado, eu já disse que você é folgado?
- Eu já entendi, mas vou te mostrar que sou uma boa pessoa - revirei os olhos
- claro
- Você pode me mostrar a escola?
- Eu não sou nenhuma inspetora
- por favor - ele disse fazendo bico, droga, porque tão lindo? Suspirei
- tudo bem - ele deu um sorriso parecendo feliz, então fomos andando pela escola, enquanto ia mostrando os locais pra ele ele tinha uma expressão impressionada e apenas dizia coisas como "UAU" eu ria de suas reações, estava divertido ficar ao lado dele. Bateu o sinal do fim do intervalo e fomos caminhando de volta pra sala
- quando vamos fazer o trabalho? - ele pergunta, oque achei estranho, ele não tinha cara de que se interessava por estudos
- sábado às 13:00
- hum - ele diz e continua caminhando, entramos pra sala e passaram - se as aulas, Kim tinha parado de me cutucar oque eu achei bom. Bate o sinal pra ir embora e Kim fala comigo
- onde fica sua casa?
- não muito longe daqui - respondo vagamente
- isso não foi muito claro - ele da uma risada
- vamos sair juntos
- tudo bem. - saímos da escola e vejo Kenji me esperando no portão, vou correndo até ele e apresento Kim
- é melhor tomar cuidado com a minha irmã... - Kim pareceu se assustar
- Eu não...
- afinal,  ela é uma ogra,  tem uma mão de pedreiro que eu garanto doer muito - Kenji o interrompe fazendo cara chorosa, Kim começa a gargalhar exageradamente
- EI, EU AINDA ESTOU AQUI - Ri junto e fomos pra casa, Kim morava no mesmo caminho que nós, enquanto andávamos conversávamos bastante, ele pareceu se familiarizar bem com o Kenji, eu comecei o achar mais interessante Descobri várias coisas legais sobre ele, inclusive que era apaixonado por vídeo game assim como eu
- vamos apostar um dia, ganho de você fácil - Eu disse e ele pareceu aceitar o desafio
- quando quiser - ele sorri de lado, Kim havia chegado em sua casa, ficava na esquina de minha rua, ele havia se mudado fazia pouco tempo
- até amanhã - disse e acenei, amanhã era sábado mas iríamos fazer o trabalho
- Gostei dele - disse Kenji e continuamos nosso caminho.
Acordei no outro dia com o toque do celular, era Kim, atendi rápido
- alô?
- Vai me deixar esperando?
- como assim, nosso trabalho é só 13:00
- VOCÊ JÁ VIU QUE HORAS SÃO HARU? - olho pra tela do celular e, AÍ MEU DEUS, já eram 13:45, droga
- EE-EU JÁ ESTOU INDO - disse sem jeito, será que ele estava me esperando desde as 13? Vesti um moletom preto largo e um shorts, escovei os dentes e amarrei o cabelo em um coque sem nem pentear, desci as escadas e vi que não tinha ninguém em casa, abri a porta e vi Kim com os braços cruzados
- Eu vou ter que começar a te acordar todo final de semana? - fiz uma careta e me desculpei, ele entrou e eu fechei a porta
- Você vai ter que compensar minha espera - ele fez uma cara maliciosa e começou a se aproximar