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História A última virgem de Tesoro - Laçando o cowboy


Escrita por: forbiddenfruit

Notas do Autor


Opa! Vamos?
Boa leitura 😘

Capítulo 11 - Laçando o cowboy


Fanfic / Fanfiction A última virgem de Tesoro - Laçando o cowboy

- Você tem de jogar o laço e amarrar esse homem bem amarrado! - A mãe de Isabella olhou de relance para a filha e em seguida voltou a atenção para o crochê que estava fazendo.

- Isso mesmo! - concordou Ana Júlia, acariciando o queixo de seu bebê.

- Convenhamos, Bells. - Bruna endireitou a filha no colo para arrotar. - Como conseguiu viver todos esses anos sem aprender as regras do jogo?

O olhar de Isabella vagueou pelas irmãs e dirigiu-se ao rosto da mãe. Ana se sentara em uma cadeira de vime. Os cabelos e os ombros eram banhados pela luz do sol que penetrava através da janela da sala.

Anaju e Bruna se mantinham ocupadas com seus filhos, porém, pelo visto, ainda dispunham de tempo para dar a Isabella o conselho que achavam que ela tanto precisava ouvir.

A casa onde cresceu pouco mudara ao longo daqueles anos todos. Apenas a mobília e o carpete foram substituídos algumas vezes. A ausência do pai ainda era muito sentida, após cinco anos de sua morte. Mas, na realidade, era o mesmo velho e confortável imóvel em estilo vitoriano. Onde vinha a cada duas semanas almoçar e ser atormentada com opiniões acerca de seu comportamento.

Durante a última meia hora, o ponto forte da discussão era seu relacionamento com Rafael Vitti. Ao que tudo indicava, a cidade inteira não parava de comentar. Não era de se espantar. Não havia muita coisa para se fazer em Tesoro, e um falatório desse tipo era motivo suficiente para um verdadeiro carnaval. Tendo se dedicado de tal maneira a fazer companhia a Rafael, como vinha fazendo nas últimas semanas, não era de se admirar que as pessoas especulassem.

- Quem disse que temos de jogar? - perguntou Isabella, de repente.

As três mulheres contiveram o riso, e ela defendeu sua posição.

- Jogos são para crianças. Homens e mulheres devem ser honestos entre si.

- Ah, falou a irmã ainda intocada... - murmurou Ana Júlia.

- A sabedoria da deusa virgem – acrescentou Bruna, desviando o olhar para brincar com a filha.

Isabella apertou os lábios e fulminou a irmã com o olhar, mas, antes que pudesse responder, outra voz a interrompeu:

- Parem com isso, meninas! - bradou Ana, e Isabella revirou o rosto para a mulher de cabelos escuros, matizados de branco. - Bella, querida, nem sempre o que é bom para uns é bom para outros.

Dando uma laçada apertada, pousou a agulha de crochê e descansou as mãos sobre o colo. Sorrindo, seguiu em frente:

- Você sempre foi muito sincera, meu bem. Não faz sentido querer mudar agora.

- Obrigada, mamãe. - E encarou as irmãs com uma sobrancelha erguida, achando que vencera aquela batalha.

- Mas, para ser muito franca com você, não é a política mais correta em se tratando de homens.

- De acordo! - exclamou Bruna.

A mãe ignorou aquele comentário.

- Não ligue, Bella querida. O que estou tentando dizer é que não será fácil, mas, se quer Rafael, deverá convencê-lo disso a sua própria maneira. - Inclinando-se para adiante, apoiou os cotovelos nos joelhos e sorriu para a filha primogênita. - Eu a conheço, meu amor. Quando você ama, ama para valer. Se isso for amor de verdade, lute por ele, ouviu? Siga sua intuição e faça o que achar melhor.

Lágrimas brotaram nos olhos de Isabella, enquanto fitava a face terna e delicada da mãe.

Era bom ter um lugar onde as pessoas a conheciam e compreendiam tão bem, decidiu.

- De fato, Bella, tudo o que você precisa fazer é se decidir, e então convencê-lo a decidir-se também. - Anaju sorria, do outro lado da sala.

Ao ouvir a irmã falar, aquilo soou mais fácil do que na verdade seria.

- Oh! - Bruna apontou para o filho – Olhem! Olhem!

O menino de apenas onze meses ficara de pé sem ajuda de ninguém. As mulheres, fascinadas, prenderam a respiração, ao ver as minúsculas mãozinhas se agarrarem no tecido da almofada do sofá. E, sob o olhar da orgulhosa família, o pequeno Julinho deu seus primeiros passinhos cambaleantes.

Quando a criança caiu sentada no carpete acolchoado, a mãe, encantada, o tomou no colo e vibrou aquela vitória.

Isabella sentou-se no chão, assistindo às irmãs e a mãe, que felicitavam o menininho. As lágrimas voltaram a brotar-lhe nos olhos. Uma emoção intensa tomou conta de seu corpo, deixando-a sem ar.

Família. Isso era tudo o que importava. Era tudo o que mais queria na vida. E sabia muito bem o que teria de fazer para realizar seu sonho.

°♡°

A vida retomou o ritmo normal. Pelo menos, isso era o que Rafael repetia para si mesmo.

Não via Isabella fazia quase dois dias. Desde que ela ateara fogo ao corpo dele e partira, deixando-o sozinho, ardendo de desejo e paixão.

De qualquer maneira, fora melhor assim, pensou, colocando o saco de dormir cor-de-rosa de Emily na parte traseira da caminhonete. Isabella, pelo visto, percebera que um relacionamento entre os dois não teria futuro.

- Ei, chefe!

Rafael ergueu a cabeça e piscou contra a luz do sol da tarde, para ver Rick se aproximar.

- O que é?

O capataz meneou a cabeça e apontou com o dedo polegar para sua própria casa, do outro lado do pátio da fazenda.

- Voltará logo da cidade?

- Sim. Mais ou menos dentro de meia hora.

- Ótimo. Na volta, pode comprar alguns tacos para Donna?

Rafael deu risada.

- Achei que ela estivesse com desejo de tomar sorvete.

- Isso foi semana passada. - Rick exalou um longo suspiro. - Esta semana, são tacos.

- Certo. Pode deixar, eu comprarei.

- Obrigado. - O empregado já caminhava em direção ao celeiro, quando se virou. - Fico lhe devendo essa, chefe.

- Não se preocupe.

Rafael se lembrava muito bem de como era lidar com uma esposa grávida. Claro que Vicky se ressentira de toda aquela situação. Reclamara durante os longos nove meses. Odiou as transformações físicas que se processaram em seu belo corpo. Odiou o bebê. E, mais especificadamente, odiava Rafael por ter sido o responsável.

No entanto, por mais longa e miserável que aquela gestação tivesse sido, para Rafael nada mais importou a partir do minuto em que a enfermeira lhe deu a notícia do nascimento da filha. Ainda podia ver Emily... minúscula, corada, emitindo o primeiro choro. Um momento milagroso, sem sombra de dúvida. Parecia que lhe estamparam na testa a palavra “bobalhão” desde o instante em que pusera os olhos na garotinha.

Sempre quis ter três ou quatro crianças. Sorriu ao imaginar a algazarra que seria, naquele rancho. Mas, no instante seguinte, aquele sorriso desapareceu, ao relembrar que Emily seria sua primeira e única filha.

E isso era uma vergonha, admitiu, pelo menos para si mesmo. Não fizera planos de viver sozinho até o fim de seus dias. Queria uma companheira. Uma família grande. Mas nada dera certo nesse sentido para ele. E agora era tarde demais para correr atrás da felicidade. Não deixaria Emily se apegar a outra pessoa, para depois sofrer uma nova rejeição. Sua filha era sua maior prioridade. Agora era a vez de Emily. E faria tudo o que estivesse a seu alcance para fazê-la feliz.

°♡°

Isabella tinha um plano para pôr em prática.

Pediu a Anaju e Bruna que a acompanhassem ao shopping e escolheu uma lingerie tão sensual que ficou meio surpresa consigo mesma ao abrir a bolsa e pagar por ela. Com os cabelos arrumados e as unhas feitas, sentiu-se atraente, bonita e... bem... pronta para a batalha.

Os dedos tremiam, ao se maquiar no espelho retrovisor de seu carro. Desejou que seus nervos fossem feitos de aço, quando passou o delineador nos olhos. Um verdadeiro redemoinho se formou em seu estômago, como se tivesse engolido centenas de borboletas. A boca ficara tão seca que sentia dificuldade até para engolir.

Respirando devagar e de maneira profunda, encorajou-se: “Ora, vamos, Santoni. Você é capaz de fazer isso.” Levando a mão à base da garganta, sentiu as batidas frenéticas do pulso. Bem, a estratégia não teria chance de dar certo se ela desmaiasse antes de colocar a mão na massa.

Através do pára-brisa, fixou o olhar na casa da fazenda, no fim do caminho escuro e silencioso. Ainda ao longe, a luz vinda da cozinha denunciava a presença de Rafael no interior da velha residência, e seu coração começou a bater ainda mais rápido. Ele estava sozinho. Aquela era a noite da festa de aniversário da coleguinha de Emily.

Engolindo várias vezes seguidas, tentou firmar a respiração. Guiou o automóvel através da pequena estrada de terra, seguindo o rastro da luminosidade que os faróis projetavam.

O som familiar do cascalho sob os pneus parecia, de alguma maneira... dar-lhe as boas-vindas. Quando alcançou o pátio, estacionou o veículo, apanhou a bolsa e saltou, fechando a porta atrás de si.

Espreitou de viés a casinha de Rick e Donna, e ficou satisfeita ao avistar várias lâmpadas acesas e o bruxuleio da televisão ligada. Daquela parte, não haveria interrupções. Agora, tudo o que precisava fazer era controlar os nervos para levar a cabo seu plano.

A porta da cozinha se abriu, e um feixe de luz amarela projetou-se na escuridão, delineando a silhueta máscula de Rafael, parado à soleira. Ele parecia enorme... Alto, ombros largos e... bem, era tudo o que ela queria.

- Isabella? - disse ele.

E, apesar do tom de voz baixo, podia ser ouvido com clareza na quietude daquele lugar, tão longe de Tesoro, que Isabella aprendera a apreciar.

- Surpresa!

Rafael saiu para o varanda, e a luminosidade recaiu sobre ele. Com os traços ainda meio sombreados, parecia misterioso e intocável. Uma parte de Isabella lutava por dizer: “Esqueça essa loucura toda e volte para casa”. Porém já tinha ido longe demais para desistir e deixar tudo para trás. Além do mais, aquela vozinha minúscula e covarde no fundo de sua mente era fácil de ignorar.

- Não esperava vê-la por aqui outra vez. - Rafael cruzou os braços.

Isabella contornou o carro e caminhou com cuidado sobre o cascalho, sentindo os saltos dos sapatos bambearem. A brisa fresca da noite penetrou-lhe pela bainha do casaco de linho, e um calafrio percorreu-lhe a espinha. Contudo, estava quase certa de que era apenas o ar fresco que lhe provocara aquele formigamento.

- Precisamos conversar – disse, com muita suavidade, subindo os degraus e se postando ao lado dele.

Os dez centímetros dos saltos dos calçados a deixaram alta o suficiente para fitá-lo olhos nos olhos. Isabella notou que, apesar da falta de acolhimento, havia um flash de... algo nos olhos castanhos que a encorajou a prosseguir.

Respirando fundo, caminhou alguns metros em direção à cozinha. No interior, sobre a mesa, havia uma pequena sacola plástica. O cheiro de tempero mexicano impregnava o ambiente, e Isabella sorriu, olhando ao redor. Tudo ali era caseiro e familiar. O lugar ideal para sua primeira tentativa de sedução.

- Se veio até aqui para falar sobre aquela noite... - começou ele.

- Não. - Isabella jogou a bolsa em cima da mesa e se virou para encará-lo. - Estou aqui para falar sobre esta noite.

Rafael se mantinha distante. Não precisava de mais complicações. Vê-la ali outra vez já era o suficiente para despertar todo o desejo que passara os dois últimos dias tentando reprimir.

Os cabelos loiros, um pouco cacheados, caíam ao redor das faces de Isabella, emprestando-lhe um ar selvagem. Os olhos azuis pareciam enevoados e mais perigosos do que nunca. Os sapatos muito altos sustentavam-lhe as pernas esguias e aparentavam ser os mesmos que lhe ficaram tão bem na festa de casamento. E até mesmo o casaco de linho  parecia sensual, cingido ao redor da cintura fina.

Um casaco? As noites de primavera estavam frescas, mas não frias o bastante para justificar o uso de um agasalho como aquele. Não a esse ponto, disse a si mesmo. Bem, mas a questão principal no momento era tirá-la dali o mais rápido possível.

Sem dizer nada, Isabella deslizou as mãos até a cintura e em poucos segundos desatou o cinto que apertava o casaco. Os olhos de Rafael assistiram a seus movimentos, aturdidos. Ao que tudo indicava, ela planejava ficar ali por algum tempo.

- O que está fazendo, Isabella?

- Estabelecendo a primeira fase de nossa conversinha.

- Fase? - indagou, atônito, e, antes que pudesse entender o que ela quis dizer com aquilo, Isabella encolheu os ombros e deixou o casaco escorregar até o piso.

Rafael teve a impressão de que seu coração parou por alguns segundos.



Notas Finais


Mais uma vez: perdão pela demora! Eu tive um problema no celular esse mês então foi meio complicado.
Beijinhos na ponta do nariz 😘


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