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História A última virgem de Tesoro - Negócios


Escrita por: forbiddenfruit

Capítulo 4 - Negócios


Fanfic / Fanfiction A última virgem de Tesoro - Negócios

Rafael retesou o corpo na cadeira. Agora que tinha ciência do que Isabella pretendia, seria mais cauteloso do que o habitual. Não havia a mínima chance de se envolver com uma virgem ávida por descobrir o sexo. E além desse detalhe... Bem, não estava interessado em nenhum relacionamento.
- De que tipo de ajuda estamos falando, afinal? - perguntou, olhando-a nos olhos.
  Apesar de aqueles olhos azuis parecerem brilhantes e tentadores, ainda era mais seguro do que fitar o corpo esguio e cheio de curvas.
   Isabella jogou a cabeça para trás e riu alto.
- Calma! Relaxe, Vitti. - Erguendo a xícara, tomou mais um gole de café. - Está parecendo um condenado à forca, vendado e implorando pelo último desejo.
- Não... É impressão sua. - Já fora bem melhor em esconder suas emoções.
- Está bem. - Isabella meneou a cabeça.
Rafael se recusou a notar quantas nuances diferentes de loiro os cabelos dela possuíam. Além do mais, ela estava falando. De novo.
- Não quero que você mesmo me ajude a resolver essa questão.
- Ah, assim é melhor... - redarguiu, certo de que fora insultado.
   Isabella se levantou, caminhou até a biscoiteira e encheu um prato com os biscoitos que assara na véspera. Levando-os à mesa, colocou-os na frente dele. Em seguida, pegou um e sentou-se outra vez.
   Rafael olhou para o prato. Cobertura de chocolate, manteiga de amendoim, açúcar e canela. Se estivesse procurando uma esposa... O que não era o caso... Mesmo assim ainda evitaria Isabella. Casar-se com uma moça assim decerto o faria engordar uns dez quilos.
- Todos na cidade sabem que não está interessado em mulheres.
  Rafael lhe dirigiu um olhar curioso.
- Como assim?
  Isabella não conseguiu conter o riso.
- Sinto muito. Não me interprete mal. Apenas quis dizer que não está interessado em compromissos. Desde que Vicky partiu, você olha para todos como se tivesse um letreiro de “Mantenha Distância” tatuado no meio da testa.
   Respirando fundo, Rafael tentou se controlar para não esmigalhar o biscoito que segurava. Não tinha a menor disposição para falar sobre sua ex-esposa. Não com qualquer um. E, pelo visto, Isabella percebeu uma certa tensão no ar, pois ela corou.
- Por favor, Rafael, me perdoe!
- Tudo bem.
- Dá pra perceber. Olhe, eu não pretendia mencionar o nome de...
Ele estendeu os braços para relaxar e sentiu os músculos descontraírem. Uma expressão ambígua assomou-lhe ao rosto.
- Já lhe disse que está tudo bem, Isabella. Vicky é coisa do passado.
  Rafael fora o primeiro a admitir que, desde que Vicky partira, não vinha se comportando como um ser social. Preferia o cotidiano na fazenda. Lá, apenas precisava ligar com os animais, a colheita e o preço das laranjas. E, claro, com Emily.
   Sentiu uma pontada de tristeza ao se lembrar da filha. Já estava com cinco anos de idade, e fora a única coisa boa que restada do seu casamento.
   Sabia muito bem que a ex-mulher se sentia entediada com o casamento, com a vida no rancho... com ele. Só não conseguia compreender era como uma mãe abandonava o lar sem sequer olhar para trás.
    Mas, afinal, Vicky sempre tivera horror à maternidade. Tanto que quando partiu abdicou à custódia de Emily. Ora, fora melhor assim. Um dia, no entanto, teria de explicar à menina o porquê de sua mãe tê-la abandonado.
Porém, até lá, os dois formavam uma equipe, e protegeria aquela criança com todo seu amor. E se isso significasse manter-se afastado de mulheres até que Emily completasse dezoito anos, não seria um preço tão alto a pagar. Não queria ninguém entrando e saindo da vida de Emily. Iria proporcionar a sua menina estabilidade e segurança. E se isso fizesse dele um ermitão, aceitaria, resignado. Todavia, o fato de não estar procurando relacionamentos não significava que estivesse morto.
- Hum, hum... Se é coisa do passado, porque a simples menção do nome dela o perturba tanto? -Isabella o encarou por alguns instantes.
  Rafael pôde sentir os minutos se escoando. Uma parte dele imaginava porque jamais reparara na quantidade de matizes de azul que havia naquelas íris. “Concentre-se Vitti!”
- Não gosto de relembrar o que passou.
- Emily por si só já é uma grande lembrança.
- É diferente. Emily é... Emily.
Isabella assentiu.
- Ela é um amor de garota.
Rafael relaxou um pouco.
- Concordo.
   Alguns minutos se passaram, e eles permaneceram ali, olhando um para o outro. A escuridão noturna se refletia nos vidros da janela. A cozinha aquecida, confortável... A casa em silêncio... Existia uma atmosfera de... intimidade no ar.
- De qualquer maneira... - disse Isabella, um pouco mais alto do que o necessário, forçando o termo “intimidade” para o fundo da consciência. - …voltando ao assunto, a questão é que não está procurando uma esposa, então você está a salvo.
Ele esboçou um meio sorriso.
- Isso é tudo o que um homem deseja ouvir.
- Pelo menos pode ficar mais descansado sabendo que não está no páreo.
- Mas todos os outros homens da cidade estão?
- Não é bem assim. Não se trata apenas de perder minha virgindade, e sim de achar meu príncipe encantado.
- Em Tesoro?
Ela franziu o cenho.
- Na realidade, Rafael, as opções são um pouco limitadas, mas estou certa de que conseguirei. Conheço o pessoal daqui. Em outras cidades, não conheço ninguém. Depois, não sou do tipo que entra em um bar e aborda um estranho. - Suspirou. - Alem do mais, minha mãe tem lido os classificados sentimentais e assegurou-me de que há muitos rapazes interessantes em Monterrey, que fica aqui pertinho.
- Classificados sentimentais? Você?!
A surpresa dele a envaideceu.
- Obrigada, mas mamãe está mais desesperada para arranjar um namorado para mim do que eu mesma. Tem loucura para ganhar mais netos.
- Mas você tem irmãs.
- É... mas Ana Júlia e Bruna já fizeram a parte delas. - Desgostosa, recostou-se melhor, cruzou os braços e apoiou um dos pés sobre outra cadeira próxima. - Confesso que essa coisa de virgindade fugiu de meu controle. Isso se tornou um fardo, em vez de uma virtude.
- Poderia manter sua virgindade em segredo, Isabella.
- Já pensei nisso, mas não daria certo. Creio que os homens têm radar para detectar as inexperientes.
- Têm razão.
- Bem, já que está em dívida comigo por atrapalhar meu plano...
- Grande plano...
- ...e, levando em conta o fato de estar fora do páreo, acho que seria justo que me arrumasse o homem ideal.
- Agora virei casamenteiro?
- Digamos, um caçador.
- Receio que isso seja contra as normas de um representante do sexo masculino.
  Isabella tornou a sorrir, e um forte calor se apossou dele.
- Não contarei a ninguém se você não contar, Rafael.
- Confie em mim. Não sairei por aí espalhando a novidade.
- Excelente! Então, cá entre nós, seremos capazes de encontrar alguém.
   Rafael não tinha idéia de como se envolvera naquilo. Tudo o que fez foi dar a ela uma mão para sair de uma situação ruim. E agora estava metido em uma confusão que fazia a pequena cena de Isabella com Diego Herrera parecer um piquenique.
- Então, negócio fechado? -Isabella estendeu-lhe a não para selar o acordo.
   Rafael ainda quis fazer uma última tentativa de se livrar daquilo tudo. Mas, quando fitou aqueles lindos olhos outra vez, percebeu que era uma causa perdida. Agarrou a mão dela, ignorou o modo como todos os nervos pareciam vibrar e murmurou:
- Negócio fechado.
Teve a impressão de que lamentaria sua atitude durante muito e muito tempo...



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