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História A última virgem de Tesoro - Hamacek


Escrita por: forbiddenfruit

Notas do Autor


Nós tarda, maa falhar nunca falha.

Capítulo 8 - Hamacek


Fanfic / Fanfiction A última virgem de Tesoro - Hamacek

Rafael estava certo de que seu coração falhara algumas batidas. Imagens povoaram-lhe rápido o cérebro. Sentiu dificuldade até para respirar. Teve a impressão de que Dulce percebera. Ela apertou o lábio inferior com força, e todos os nervos do corpo másculo reagiram à sensualidade que emanou daquele gesto.
     Com a expressão carregada de austeridade e desconfiança, Rafael se recusou a morder a isca. Em vez disso, perguntou num tom um pouco mais ríspido do que pretendia:
- O que está fazendo aqui?
O débil sorriso de Isabella desapareceu.
- Você está falando aqui existencial ou literalmente?
- Literalmente.
- Vim ao rancho por causa de nosso trato.
“Droga de trato! Fora o mesmo que fazer acordo com o diabo!”

 Rafael não teve mais um minuto de paz desde que aceitara se meter naquilo.
- Sabe, as coisas não estão indo muito bem.
- Porque você coloca defeito em todos os candidatos que sugiro.
        Ela estava certa. Já tinha notado isso, mas esperava que a loira não tivesse. Não era que não quisesse ajudá-la a encontrar um homem... ou talvez não quisesse mesmo. Não tinha mais certeza de nada. Tudo o que sabia era que, sempre que Isabella sugeria um dos cidadãos locais, apontava uma razão para descartá-lo.

Muito velho. 

Muito jovem. 

Muito gordo. 

Muito pobre. 

Bebe demais. 

 Aquilo era ridículo. A maioria daqueles homens foram seus amigos durante anos. E jamais tivera problema algum com nenhum deles. Até chegar o momento de apresentá-los a Isabella.
   Por algum motivo, não gostava da idéia de vê-la com... “Vamos, seu tolo, admita: com qualquer um!” O que representava um entrave e tanto. Não ia se meter em encrenca de novo por causa de seus hormônios.
   Quando vira Vicky pela primeira vez, seu corpo entrou em estado de alerta, e tudo que conseguia pensar era em possuir aquela moça. E depois, a relação fracassara. De modo algum deixaria que tal estupidez se repetisse.
   Então, por que não procurava um bom rapaz para apresentar a garota dos olhos azuis e a tirava de uma vez por todas da cabeça? De seus sonhos?
  Afastando-se da cerca, deu dois passos à frente, como se aquela distância entre ambos fizesse toda a diferença. Em seguida, voltou-se para fitá-la.
- Você tem razão.
- Tenho?
- Sim.
- Não imagina como uma mulher adora ouvir um homem dizer isso. -ela suspirou e se abanou teatralmente- Mas poderia esclarecer sobre o que exatamente estou certa?
- Sobre eu estar rejeitando todas as suas sugestões.
- Ah! Então, concorda em me apresentar a Tony Diaz?
Os olhos castanhos contemplaram os dela, com firmeza.
- Não. Ele é muito velho para você, já disse. Por Deus, Santoni! Está procurando um companheiro, não um pai.
- Está bem. Então o que sugere? - Ela deu de ombros, o que fez o decore arredondado da camiseta deslizar um pouco para o lado, revelando-lhe parte do colo.
  O olhar de Rafael demorou-se na pele sedosa, e ele desejou saber se era tão macia quanto aparentava. Enterrando os dedos nas palmas das mãos, sufocou o súbito impulso de tocá-la. Vasculhou o cérebro em busca de alguma figura do sexo masculino que ainda não fora rejeitada. Quando estava quase desistindo, um nome lhe ocorreu:
- Guilherme – disse, aliviado. - Guilherme Hamacek.
Dulce franziu a testa, pensativa.
- O deputado?
- Porque não? - Rafael tentou convencer a si mesmo de que era uma boa sugestão- Guilherme é novo na cidade. Não deve conhecer muitas pessoas ainda.
    Isabella o observou por minutos.
 Perdido no magnetismo daquelas íris azuis, era difícil colocar o raciocínio em ordem. Entretanto, o homem se lembrou de que Isabella não era para ele. Lembrou-se de que as duas últimas semanas não significaram nada.
 Ela apenas queria que a ajudasse a encontrar outra pessoa. O fato de ter se acostumado à presença dela em sua casa não tinha significado algum. O fato de ter se tornado a melhor amida de Emily... bem, isso o preocupava. Cedo ou tarde, a mulher deixaria de vir, e então sua filha iria sentir sua falta. Mas, para o bem da filha e de sua sanidade mental, quanto mais cedo isso acontecesse, melhor.
- Sabe que você está certo? - Isabella afirmou, após alguns instantes de silêncio. - Guilherme é novo por aqui. Não pode haver ninguém melhor para eu jogar meu charme.
   Ela se afastou da cerca com uma expressão indecifrável. Tudo o que Rafael pôde ver foram os olhos muito azuis. Olhos que de repente pareciam enormes, inocentes e... desapontados?
- Isabella... - Rafael tentou falar, mas foi interrompido, o que agradeceu aos céus, pois não sabia o que estava prestes a falar.
- Bella! - gritou Emily ao mesmo tempo que o pai.
O som da voz infantil vinha do interior da casa, e um segundo depois a menina surgiu próximo ao cercado.
- O que foi, querida?
- Terminei meu desenho. Venha ver. Fiz para você.
- Mal posso esperar para vê-lo. - Isabella ergueu a criança no colo. Com um gesto carinhoso, alisou-lhe os esvoaçantes cabelinhos loiros. Então, sem olhar para trás, fez uma ligeira saudação. - Até mais tarde, Vitti. Nossa, como essa menina é pesada!
  Ele deu um passo atrás delas e se deteve. Ficou olhando as duas seguindo avante, e por alguns segundos sentiu-se sobrando. Nos últimos quinze dias, Isabella e Emily haviam se tornado companheiras inseparáveis. E tudo o que tinha a fazer era se manter longe daquele elo de afeto que as envolvia.
  Antes que pudesse esquecer suas árduas lições, virou-se e seguiu sozinho para o frio e escuro celeiro. 

                         ♡

A padaria estava movimentada. Os dois empregados de meio período circulavam pelo salão, anotando os pedidos. Lá fora, a luz do sol iluminava a Main Street como um refletor. Nas calçadas, alguns pedestres caminhavam apressados, e outros paravam para conversar com amigos queridos.
    Mas para Isabella não havia tempo para conversas. E ela agradecia por isso. Mantendo-se ocupada, não pensaria na noite anterior. “Estúpida!”, censurou-se, fatiando outro rocambole de limão. Por puro instinto, fazia cortes rápidos e bem-feitos, enquanto sua mente era tomada pelas lembranças.
“Está me fazendo de bobo?”
“Não ainda. Gostaria que estivesse?”
Deus, como fui idiota!
Onde estava com a cabeça quando tentou flertar com Rafael Vitti? Jamais poderia sequer sonhar em nutrir qualquer tipo de sentimento em relação a Rafael. Aquele homem era apenas um meio que encontrara para atingir seus objetivos.
   Deixando a faca de lado por um segundo, recordou a reação dele. Se fosse cega, ainda assim perceberia o “Vá embora” estampado em seus olhos. E o que ela fizera? Continuou lá!
   Resmungando baixinho, terminou de fatias o rocambole, pousou a faca e procurou uma espátula. Continuando a criticar-se, colocou os rocamboles em uma travessa forrada com papel-manteiga.
- Terry! - Isabella chamou. - Aqui estão os rocamboles.
- Ótimo! Os fregueses estão ficando impacientes.
- Oh! - Victória exclamou, entrando na cozinha. - Então, é melhor eu pegar uma fatia antes que esse bando de famintos as devore todas.
- Olá, meu anjo! Onde está o bebê?
- Lá fora com Donna Dixon. Ela queria ver a menina, e eu queria ver você. - Victória moveu-se em direção ao outro canto, encostando-se na pia. - Jeff me falou que tem um encontro esta noite com o novo deputado...
   Ela polvilhou as mãos com farinha e mergulhou-as na massa que repousava em uma tigela. Trabalhar a massa sempre lhe acalmava os nervos, e naquele dia precisava relaxar mais do que o habitual.
   Guilherme Hamacek. O sujeito que Rafael jogara para cima dela como um osso lançado a um cão de guarda, a fim de distrair o animal o suficiente para poder escapar. Muito romântico...
- Nossa! As notícias se espalham depressa.
- Poderia ter sabido bem antes. - Victória mordeu um pedaço do rocambole. - Pensei que minha melhor amiga fosse me contar quando tivesse um encontro amoroso. Mas não... Tive que ser informada por meu marido.
- Jeff é um linguarudo.
- Sim, eu sei. Essa é uma das razões por que o amo. Não consegue manter um segredo, assim, fico sabendo de tudo. - Dizendo isso, contornou o ambiente, pegou a garrafa térmica e serviu-se de café. - Exceto, é claro, o porquê de essa melhor amiga não ter me contado.
    Isabella estremeceu. Era verdade. Deixara muitas coisas de lado nas duas últimas semanas. Seu negócio, os amigos, a família. Tudo para ficar do lado de um cabeça-dura que, era evidente, não estava interessado nela.
- Eu pretendia ligar, mas tenho andado muito ocupada e...
- Sei. E essa ocupação toda tem a ver com o rancho de Rafael Vitti.
- Ah, já sabe disso também...
   Na realidade, era impossível manter algum segredo em Tesoro. Todos sabiam da vida uns dos outros, e se deleitavam espalhando os acontecimentos. E, considerando o tempo que passara na fazenda de Rafael, era de espantar que sua mãe ainda não tivesse mandado imprimir convites de casamento.

- Diga-me, o que está acontecendo por lá? Você não tem... nada com Rafael Vitti?
- Não. - O tom da voz dela soou insípido e muito desgostoso para ser interpretado como uma mentira. - Ainda estou na lista das virgens com mais vinte anos de idade.
- Isso é frustrante.
- Está desapontada?
Victória sorriu.
- Ora, sou uma mulher casada há alguns anos. Tenho de viver minhas fantasias secretas através de alguém.
- Não vai encontrar muito estímulo comigo, meu bem.
- O que está acontecendo, Bells? Existe algo que está escondendo de mim?
  Isabella suspirou. Virou, torceu e puxou a massa, cravando os dedos com força. Não queria admitir, nem mesmo para Victória, que estava interessada em um homem que era um beco sem saída. Não queria admitir nem para si mesma, a bem da verdade.
- Sim.
    Antes que pudesse seguir avante e revelar logo tudo, um murmúrio agudo veio do salão. Sacudindo a cabeça, Isabella sorriu.
- Acho que é Tracy.
- É. Melhor eu ir ver Donna Dixon. Preciso pegar o bebê e levá-lo para casa de minha sogra esta manhã. - Victória caminhou em direção à saída, porém, antes de ir, olhou a amiga por sobre o ombro. - Mas ainda quero saber o que está acontecendo com você. E também sobre o encontro de hoje à noite. Ligue-me, está bem?
Isabella assentiu.
- Pode deixar, vou lhe contar tudo. Tão logo consiga compreender o que está acontecendo comigo.

                                   ♡ 

   Rafael perambulou pela casa escura, tentando não pensar sobre o que Isabella estaria fazendo e com quem. Emily adormecera, e a residência mergulhou na quietude.
    O silêncio era tanto que o estava deixando louco. Não havia nenhuma distração que o impedisse de se lembrar sem cessar da mulher errada. Àquela hora, ela deveria estar com o deputado.
    Parou em frente às largas janelas da sala. Fitou a escuridão. Além de seu reflexo no vidro, avistou as imagens que sua imaginação insistia em criar. Sem o mínimo esforço, visualizou Isabella naquele minivestido preto que usara no casamento de Bianca Vedovato. Aquele que se colava a cada curva sensual como uma segunda pele, capaz de fazer um homem cometer qualquer loucura para despi-lo. Pôde ver com clareza o deputado sentado à mesa de jantar sorrindo... Acariciando-lhe a mão com um toque prolongado... Viu como Isabella sorria para alguém que não era ele, e a dor que o invadiu chegou quase a ser física.
Virgem...
Isabella era um cordeiro sendo lançado aos lobos.
E se o deputado se comportasse como Diego Herrera, naquela festa? O que aconteceria se Isabella dissesse “não” e o sujeito não a escutasse? Se precisasse de sua ajuda e ele não estivesse lá para ajudá-la?
- Tenho de dar um jeito nisso. - E caminhou em direção à mesa de telefone ao lado do sofá.
    Discou e esperou a conexão da chamada. Nesse momento, notou um pequeno vaso de rosas e correu o dedo ao longo de uma frágil pétala.
Flores.
   Nas duas semanas últimas, notara algumas mudanças na casa da fazenda. Isabslla trouxera flores frescas e as espalhou em vasos, jarros e até em copos de vidro. Comprara almofadas de cetim para o velho sofá de couro da sala. Pendurara cortinas de renda e vários quadros nas paredes. Enfeitara os cabelos de Emily com fitas coloridas e sempre fazia o jantar para os três. O toque dela estava em todos os lugares. O ambiente encontrava-se impregnado de sua presença, até mesmo quando não estava ali.

    A mão forte apertou o fone, quando alguém atendeu do outro lado da linha e disse:
- Alô?
- Rick, sou eu, Rafael. Você pode tomar conta de Emily durante algumas horas? Preciso ir à cidade. 



  Guilherme Hamacek era um rapaz agradável e culto. Sendo assim, porque não lhe despertava emoções?, Isabella desejou saber. Porque o sangue não lhe corria mais rápido nas veias? Porque não sentia o coração bater acelerado?
   Sentada do outro lado da mesa, escutava-o falar, sem prestar muita atenção, sobre o programa de treinamento da academia do xerife. Acenava com a cabeça e, vez ou outra, lançava-lhe um sorriso encorajador, mas a realidade é que não estava nem um pouco interessada naquele assunto. Certo, talvez não desejasse se casar com Guilherme. Mas um pouco de excitação não era pedir muito, era?
   Para ser franca, queria ir para casa, vestir seu pijama predileto e assistir a um filme antigo. Ou melhor ainda, ir para a casa de Rafael, tirar o pijama e...
Pôs fim àquelas divagações perigosas.
- Quando Jeff me ofereceu esse emprego em Tesoro, decidi aceitar... - Guilherme se reclinou no assento e cruzou os braços. - ...porque acho que o segredo para o bom cumprimento da lei é...
    Deixando a mente vagar outra vez, Isabella desejou saber o que Rafael estaria fazendo naquele exato momento. Sentiria sua falta? Desejaria saber como ia indo seu encontro com o deputado?


  Uma hora mais tarde, Rafael se achava sentando no banco da caminhonete, diante da residência de Isabella. Fixando o olhar na janela principal, avistou dois vultos através do tecido das cortinas. Imagens desfocadas, mas boas o suficiente para perceber que Isabella convidara Rafael para entrar.
    Seus dedos apertaram o volante de novo. Deveria ter ficado na fazenda. Não tinha nada a fazer ali. Isabella não significava nada para ele. Caso contrário, não a teria feito sair com o deputado. Portanto, não poderia culpar mais ninguém a não ser a si mesmo.
- Mas quem está falando em culpa, aqui?
Ligou o motor e deslizou o veículo no asfalto, pegando a estrada em direção ao rancho.

    Sozinho. 



Notas Finais


Gostaram? Me contem o que estão achando suas loucas. Ah! Pra quem (louca feito eu) dá uma shippada em Léo Regis e Letícia Bezerra, inclusive queriam muito deem uma olhada no meu perfil e conheçam Encontro de Almas (https://spiritfanfics.com/historia/encontro-de-almas-6712846)
Beijinhos na ponta do nariz


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