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História A Vadia que atrapalha seu Shipp - Pretérito imperfeito


Escrita por: Senpai_nii

Notas do Autor


Onde vivem as tecedeiras? Diga-me onde estão as malditas cegas que traçaram meu destino.
Onde vivem as malditas costureiras que cercaram meu nascimento, vida e morte de desatinos.
Onde vivem as fiadeiras? Essas criaturas cruéis que não me mostraram um guia no caminho.

Capítulo 18 - Pretérito imperfeito


Fanfic / Fanfiction A Vadia que atrapalha seu Shipp - Pretérito imperfeito


No dia seguinte ela acordou de TPM. E o stress pela cólica só piorou com os clientes reclamando no telefone sobre coisas sem lógica... Como querer garantia depois de ter arrebentado o computador na parede. 
Ela voltou para casa com uma nuvem negra sobre a cabeça. A aura dizia: - Perigo não se aproxime. 
Rafael se afastou lentamente, e saiu em silêncio. Ela se jogou na cama logo após tomar um banho e ficou em posição fetal... Morrendo lentamente de dor.
Horas depois.
Rafael chegou de bom humor: - Milady! Anjo cheguei. ^^
Milady estava no quarto deitada. 
Rafael viu a porta entreaberta e sussurrou: - Mi-lady. 
Milady se virou pra ele: - Pervertido. 
Rafael: - ... Não fique tão brava. Eu trouxe suborno, digo presentes. 
Milady estreitou os olhos: - ... Isso é chocolate?
Rafael: - Pode ter certeza que sim! Chocolates e um ursinho de pelúcia pra você abraçar ou ... bater no meu lugar, ^^' 
Milady estendeu a mão: - Joga pra cá. 
Rafael arremessou com cuidado: - ... Se precisar de alguma coisa me chama.
Milady: - ... Preciso de solidão e uma faca. 
Rafael: - Faca...? 
Milady: - Pra matar esse dinossauro que tá comendo meu útero por dentro #_#. 
Rafael: - ... Acho melhor não. Você não devia ir ao médico? 
Milady: - E você não devia ir ao cemitério??? 
Rafael ergueu as mãos como se estivesse se rendendo: - okay, ok! Saindo! 
Ao pousar a mão na maçaneta da porta do quarto Rafael parou por alguns segundos. Tinha um olhar frio quando entrou. Os olhos pousaram direto sobre o livro. Notou a parte amassada do lençol. os dedos deslizaram como se seguisse o percurso do invasor. "Meu livro foi aberto... E deixado torto. Quem abriu ficou em panico... Ainda há unhas no chão." 
Rafael entrou em um tipo de transe reflexivo. As luzes se apagaram as 22:00 h. Todos dormiram... Mas não os olhos vibrantes de Rafael. 
Milady dormia intranquila. Um pesadelo se estendia sobre ela.
"Havia uma sombra sobre seu corpo. Um grande corvo grasnava e em seu coração ele parecia anunciar que um grande desastre estava porvir. Em seu pesadelo ela despertou varias vezes. Mas o corvo ainda estava lá. Era um assustador corvo de olhos azuis que a cada "despertar" parecia estar mais e mais perto. E ela não conseguia levantar... O corpo pesado somente os olhos no relogio sobre a comoda a fizeram assustar-se: - Meia Noite! Ela gritou quase sem voz." - Então seu espírito despertou. Moveu os olhos para o lado direito lentamente e seu coração quase parou quando deu de encontro aquele par de olhos azuis com o rosto apoiado sobre a cama a encarando tão profunda  e Fixamente. 
Os labios entreabiram: - Arf...arf... Mas ela só conseguiu arfar. 
Rafael: - O que foi? Volte a dormir. Velarei por ti. 
Milady apertou os dedos nos lençóis e levantou-se num sobressalto. O encarou de volta com toda a coragem que seu espírito trêmulo e autoritário de mulher reúnia: - SAI daqui AGORA!
Rafael recuou como se voltasse a si abriu os olhos em choque: - ... M..me desculpa! 
Milady desceu da cama e acendeu a luz: - Vamos para a cozinha. 
Rafael assentiu de cabeça baixa. 
Milady: - O que estava fazendo Rafael? 
Rafael: - ... Eu não sei. 
Milady: - A verdade Rafael. 
Rafael: - Eu lembro que não conseguia dormir... Mas eu sei que dormi. E em algum momento eu estava te vendo dormir... Eu não queria te assustar achei que estava sonhando. 
Milady: - Você é sonambulo?
Rafael: - Não que eu saiba. Quer dizer as vezes minha tia me bat... Quero dizer eu não sei! 
Milady: - Sua tia batia em você?
Rafael: - Eu não disse isso. 
Milady respirou fundo e fechou os olhos: - Eu entrei no seu quarto.
Rafael ficou estático, o coração disparou: - Eu sei.Foi sem querer não foi?
Milady: - Não. Eu entrei porque eu quis. 
Rafael: abaixou os olhos: - Pelo amor de Deus minta pra mim agora: Por quê fez isso?
Milady: -Não. Eu não vou mentir. - Na retina estava a imagem vívida do menino na foto. Aquela criança assustada e sem alma era o Rafael... ela fechou os olhos como se quisesse deixar de ver a imagem. Querendo a todo custo evitar de vê-lo. De sentir tanto.
 - E abriu os olhos cheios d'água com o queixo trêmulo desandou a falar: - Eu fiz Porque eu não consigo evitar de pensar sobre você. Eu durmo e acordo pensando em você.
Eu quero saber absolutamente tudo sobre você. Eu quero saber o que gosta de comer, o que não gosta; o que gosta de vestir, e como você amarra os cadarços.
Quem te ensinou a fazer a barba? Quem segurou sua mão pela primeira vez? Quem te deu o primeiro beijo? Ela era bonita?
As pessoas que você amou te amaram de volta? Foi doloroso? Eu quero saber os apelidos vergonhosos que sua mãe te chamava quando você era criança. Eu quero saber que horas sai e que horas volta. 
Eu quero saber se já jantou e se está dormindo bem. Eu quero saber se foi bem no trabalho e se alguém te machucou hoje ou mesmo antes de nos conhecermos eu quero saber quem foi.
 Porque eu quero poder te defender até dos seus próprios fantasmas. Por que eu durmo e acordo pensando em você. Eu quero cuidar de você. Mas não sei como pedir que me conte tudo que preciso saber. Por isso invadi sua vida. Seu quarto. Seu presente seu passado e seu futuro. E eu não posso me desculpar por isso.
 Porque não teria sentido... Eu não posso me desculpar por algo que vou continuar fazendo. Porquê talvez... Talvez eu te ame Rafael. E minha forma de confirmar é te entendendo de pouco em pouco. 
Terá que lidar com isso ou terá que me mandar embora.  - Milady ergueu o rosto olhando pro teto, para os lados fazendo tudo que podia para segurar as lágrimas, mas elas escorreram: - A única coisa da qual quero me desculpar é porque eu não estava lá pra te salvar. 
Rafael: - O que ... O que foi que você achou?! Está com pena agora?! EU NÃO PRECISO DISSO! 
Ela estendeu os dedos trêmulos e segurou as mãos dele, aproximando-as de seu rosto: - Quando machucaram suas mãos e o seu coração. Eu não estava lá para te curar. E Quando te pediram pra ir embora eu não estive lá para abraçá-lo... Quando você se sentiu sozinho e quando ficou doente eu não pude estar lá para aliviar sua febre. E quando teve medo eu não pude te acender uma vela. E quando esqueceu como perdoar eu não pude tocar sua alma e te lembrar que poderia fazer diferente do que fez. Eu... Não estou com pena Rafael... Eu estou com o coração partido de tristeza. Me sinto tão impotente.  
Rafael puxou a mão se afastando: - PÁRA COM ISSO! EU TO COM RAIVA! EU TÔ BRAVO! EU TÔ FURIOSO! NÃO SEJA AMÁVEL! NÃO FALE DESSE JEITO! EU TO GRITANDO COM VOCÊ! NÃO ME ACALME! GRITE TAMBÉM! 
Rafael arfava. Os olhos iam ficando vermelhos: ... - PÁRA! Por favor Milady... Pare de chorar por mim. Eu não consigo suportar. Não chore. A culpa foi toda minha... Eu sou um desgraçado então por favor apenas não chore por alguém como eu.
Os olhos marejados e com cílios úmidos. O nariz vermelho como um Pierrot: - Não pode me impedir de querer amar você, pode? Mas é livre pra me mandar embora.
Rafael abriu os olhos e a fitou fixamente os pulmões já começavam a degladiar-se contra o ritmo desesperado do coração. Os pés foram recuando até a parede mais próxima onde ele se recostou apoiou a mão e foi caminhando... Lentamente: - Eu ... Preciso ir no banheiro. A conversa fica pra depois.

Milady: - Você está bem? 
Rafael: - Não importa. Vá dormir. 
Tão logo chegou no banheiro ele se trancou. Pegou a bombinha de asma no armário. A usou; E enfim pode respirar melhor. Mas a visão já estava turva. Os olhos pesaram e em longas e longas piscadas ele ouvia bem ao longe as batidas na porta do banheiro: 
-- TOC TOC! TOC! - Abra a porta! 
A voz ecoava e mudava o tom de preocupação para zombaria: - Toc toc! Abram a porta porquinhos. Senão eu vou assoprar e ... Queimar toda sua casa.
Shiiish... - Tudo bem mãe... Ela vai embora. Eles não vão entrar. O menino de 9 anos tentava inutilmente acalmar a mãe que balançava os ombros e a cabeça: - Temos que abrir... Ela vai queimar a casa de novo... Igual a mamãe... Igual a mamãe. Nós vamos queimar. - Ela tinha olhos fixos os braços e a maior parte do corpo enfaixados. os cabelos nunca ficavam arrumados embora ele se esforçasse. ela agarrou-lhe os cabelos com ambas as mãos: - TUDO VAI QUEIMAR! ABRE A PORTA! ABRE A PORTA! 
Olivier: - Não mãe! PÁRA! NÃO VOU ABRIR! 
Ela chorava tremendo caía de joelhos: - Tem que abrir... Se não abrir ela vai nos assar para o jantar...Igual a mamãe. ABRE A PORTA! 
O menino ajudou-a a sentar-se de volta na banheira vazia e puxou as cortinas: - Eu vou abrir mãe. Mas me promete que vai ficar quieta. Por favor! 
Ela balançava a cabeça continuamente: - Eu vou! Abre antes que ela queime tudo! 
Ele destrancava a porta do banheiro e não erguia a cabeça diante da luxuosa e bonita figura feminina diante dele. Com as unhas longas e mãos finas de quem jamais lavou uma louça na vida. Os belos cabelos platinados muito bem cuidados. E aquele maldito robe de seda que ela nunca tirava.
Elisa: - Olhe pra mim Olivier. 
Ele ergueu o rosto devagar, cheio de hematomas no pescoço e nos braços. Os olhos não diziam nada além de um terror profundo. Ela arrumou-lhe os cabelos: - Ora vamos. Isso é jeito de olhar pra sua querida titia? Assim as pessoas vão pensar que te maltrato.
Olivier: - Desculpe.
Elisa: - Desculpas? Desculpas não justificam porque trancou a porta. Já disse que detesto quando não posso controlar tudo nesta casa. Para quê trancou? Estava batendo na sua mãe? 
Oliver: - Não senhora. 
Elisa: - Não?! Então está sugerindo que sou eu, ou o meu marido quem bate nela? 
Olivier: - Meu tio nunca faria isso. 
Elisa: - Hmm tem razão ele é idiota. Essa louca fez da minha vida um inferno. Era a preferida da mamãe. Era a queridinha. A certinha. Estudiosa, caridosa e docente. Mas graças à você agora não é mais. Você meu querido sobrinho estragou tudo. E me deu essa vida maravilhosa. Se ela não tivesse sido estuprada, e muito católica ela não teria ficado louca.  Quando estava gravida ouvia passos, via seu pai em todos os lugares acordava gritando. E insistia em prosseguir com a gravidez. Sendo tão fraca e tão teimosa. O noivo desistiu dela. Ser parecida com a irmanzinha louca tem seus pontos positivos. 
Olivier tremia. Os cabelos cobriam o rosto e as lagrimas pingavam no chão: - Eu não tenho culpa... Eu não pedi pra nascer!
Elisa: - Não tem culpa?! Você é filho de um estupro. É um lixo. Algo como você não devia nem ser considerado humano. Ela devia ter te abortado. Seu projetinho de estuprador. 
 
Olivier avançou sobre ela encravou a mordida e começou a gritar: - EU SOU FILHO DA MINHA MÃE! NÃO SOU ISSO! NÃO FUI EU QUE MACHUQUEI ELA! FOI VOCÊ! VOCÊ QUEIMOU A CASA COM A GENTE DENTRO E DISSE QUE FOI ELA! ELA ERA NORMAL! 
Elisa ficou furiosa. o empurrou contra a parede e o puxou pelos cabelos. 
Dentro da banheira Elvira tampava os ouvidos: Shhhh! shhh! 
Oliver se debatia e lutava: - ME SOLTA! MÃAAE! MÃE ME AJUDA! 
E do nada Elisa foi puxada pelos cabelos: - SOLTA! É MEU! É MEU BEBÊ! É MEU ! FOI DEUS QUE ME DEU! NÃO É SEU! 
Elisa grunhiu: - AAAAAH! SUA LOUCA MEU SOLTA! - E ao conseguir se virar a empurrou contra a banheira. A porcelana quebrou havia muito sangue. 
Só se ouvia ao longe o som dos saltos de Elisa. A voz de Jorge seu tio gritando ao telefone pela ambulancia. O som das sirenes e o menino dizia: - Mãe... acorda! Por favor! Você prometeu... Que a gente ainda ia pra casa. Você disse que tinha um lugar pequeno onde nós dois poderíamos ficar em paz. Que tinha uma janela e um a porta amarela. E que estaríamos seguros. Mamãe... Mamãe acorda! Eu vou por um band-aid e vai sarar! Igual aquela vez na casa da vovó quando eu caí de bicicleta! 
Vai sarar. Então acorda. Eu divido minha bombinha com você! 
Os adultos passaram o atropelando. A levando correndo com a maca. Ele correu atrás da ambulancia inutilmente. 
Só se lembrava de ter ido várias vezes em vários hospitais que achava perto de casa. Sempre perguntava por ela. Um dia o tio o encontrou.
 E levou de volta. as unhas já voltavam a querer crescer. Estava mais magro do que ja era. Sujo e fedendo. Estava perdido na rua. Só os cachorros chegavam perto. E só foi achado porque teve uma crise de asma e uma senhorinha de idade que tinha sido enfermeira há muito tempo o levou para um posto de saúde.
Quando abriu os olhos Milady já estava encolhida sobre seu peito agarrada a camisa resmungando: "Por favor... Por favor acorda" Ela já havia chorado tanto estava sem voz e tinha febre. 
Ele pousou a mão sobre seu cabelo e disse: - Eu não entendo... Nenhuma de vocês duas.


Notas Finais


"Eu te amo.
Mas eu não queria ter nascido dessa maneira.
Eu te amo.
Mas eu não queria ter sido tão pequeno. Eu queria ter sido grande desde o começo para te proteger. Mas eu continuo pequeno.
Eu te amo.
Mas eu ainda não sei se entendo o que é amor.
Em plenos silêncios ainda assim, grito que te amo. Porque você não pode mais me ouvir.
Eu imploro que me perdoe por existir em sua vida... Mas você deu tudo que tinha e muito além de si.
Ainda não entendo como puderam me amar. Logo eu... Que não deveria estar aqui."

See you. I' Can't see you.


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