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História A Variável Perfeita - Livre


Escrita por: fofurete e amorete

Notas do Autor


Oláááá, cap de autoria da amorete, mas quem ta postando sou eu, fofurete, porque ela não pode. Espero que gostem, e não esqueçam de deixar o favezinho.

LINK DO TRAILER NAS NOTAS FINAIS
*infelizmente o trailer só pode ser reproduzido pelo computador. Quando o fiz não sabia deste termo do youtube, que "exclui" videos com áudios de outros artistas, então, relaxem que em breve sai outro, com o áudio completamente original

Capítulo 10 - Livre


Eu vagava pelo Labirinto sem saber qual rumo tomar. A única coisa que eu tinha certeza era o que não queria encontrar: Verdugos e clareanos. Especialmente um que eu havia beijado mais cedo naquele dia. Qualquer barulho que eu ouvia, fosse passos ou ruídos metálicos, eu desviava imediatamente para o lado contrário. Não sabia quanto tempo fiquei andando sem rumo. Seria útil ter um relógio como o dos Corredores, principalmente por não ter um sol (ou lua, por ser de noite) para observar a mudança. De qualquer jeito eu não saberia ver a inclinação e o grau da luz, ou simplesmente não lembrava como. "Simples" é um adjetivo horrível para ser usado por não lembrar de nada, mas era como eu estava me sentindo naquele momento, um branco simples vinha à minha mente quando eu tentava lembrar algo. Família? Não lembrava, ou talvez não tivesse. Outros parentes? Amigos? Colegas? Namorado? Me repreendi por pensar imediatamente em Minho.

De repente, parei. Estava no final do corredor, decidindo entre virar a esquerda ou a direita. Tudo estava silencioso, nada se movia, nada me indicava por onde deveria seguir. Talvez, em algum outro momento, eu já estivera ali, mas eu não teria certeza, dera tantas voltas e o cenário continuava o mesmo.

Comecei a entrar em pânico. O que eu esperava? Que na minha terceira vez no Labirinto eu ia achar uma saída dali? Garotos que estavam aqui há muito mais tempo que eu percorriam esses corredores todos os dias, e nada. Respirei fundo, encarando os mesmos muros, as mesmas heras e placas. Ouvindo as mesmas vozes. Vozes? Rapidamente se aproximavam, garotos é claro, mas não eram vozes que eu reconhecia. Me escondi na curva do corredor e escutei atentamente. Agora eles se afastavam, deveriam ter virado em outro corredor. Decidindo rapidamente sem ter tempo de me arrepender, mudei minha estratégia e decidi segui-los. Afinal, eu deveria admitir que eles conheciam o Labirinto melhor que eu.

Tomei o cuidado de seguir os garotos pela voz deles, sem vê-los. Estava a meio corredor de distância deles, e poderia dar meia volta assim que os escutasse voltando. Mas ainda assim, eu não entendia suas palavras. Ou eu me aproximava e entendia o que diziam, ou continuava alienada sobre o assunto. Eu já estava farta de ser alienada sobre minha própria vida, então decidi me arriscar a juntar algumas informações que seriam úteis para me tirar daquele lugar.

Olhei ao redor, pensando em como eu poderia chegar mais perto para escutar melhor, mas sem ser vista. Mas, antes de ter tempo de pensar em alguma coisa eu ouvi os Corredores refazendo o caminho de volta, então me afastei o mais rápido e silenciosamente que pude. Não podia me arriscar e continuar a seguir aqueles garotos, então fui para longe. Quando senti que estava longe o suficiente para não ser ouvida, corri. Corri e virei em qualquer, não faria diferença mesmo. Quando já não aguentava mais, quando minhas pernas e peito doíam eu parei. Desejei pela primeira vez ter levado suprimentos comigo, como faria qualquer um que planejasse passar um tempo no Labirinto.

Olhei ao redor, esperando me encontrar em apenas outro corredor. Mas eu estava enganada. Eu estava parada no meio de um penhasco. O mesmo que eu vira na segunda vez que fugi para o Labirinto, quando Minho me encontrou e me prendeu contra o muro. Balancei minha cabeça para afastar aqueles pensamentos, qualquer pensamento relacionado a Minho não seria bem-vindo. Observei o local em que me encontrava. Minha perspectiva era diferente naquele ponto. Fui até a beira, para ver o que havia lá embaixo. Nada, estava tudo escuro, e eu comecei a sentir vertigens ao pensar em quão grande deveria ser a queda.

Sentei-me na borda daquele penhasco, balançando os pés e sem ter a mínima ideia do que fazer a seguir. Não pensei que estava bem a vista, que qualquer garoto poderia chegar e me encontrar ali.

Olhei para o abismo abaixo de mim, pensando que eu talvez não fosse tão diferente dele. Todos temos abismos dentro de nós: profundos e escuros, cheios de surpresas. Eu não reconhecia a imensidão do meu e temia fazê-lo. Tinha medo de me perder na escuridão e não achar a luz de volta. Esse abismo não estava aqui, no meu coração e alma, quando cheguei. Ele nasceu com o tempo, e quanto mais angustiada eu me sentia, maior ele ficava. Eu estava me afogando em mim mesma, presa a uma areia movediça que não me dava a chance de voltar ao topo. A culpa sequer era minha. Eu não pedi para estar aqui, não sabia que lugar era esse, nem quem eram esses garotos.

Me perguntava por que tudo dera errado, porque eu não consegui sobreviver a isto. Todos esses pensamentos me fizeram soluçar, sufocando um grito. Por mais que eu tentasse acreditar que todos se sentiram assim quando vieram, que todos sentiram medo, angústia e um grande abismo crescendo, eu não conseguia. Uma idiota: era isso que eu era. Idiota por pensar assim e por não se adaptar a um simples lugar. Idiota por sentir medo demais e por me entregar. O quão patética eu era? Me aproveitei do carinho por Minho para me sentir protegida.

Respirei fundo, balançando a cabeça. Chega a um ponto em que simplesmente desistimos, porque ninguém é capaz de resistir demais. Em algum momento a corda arrebenta, o copo vaza e a paciência se esgota. Eu sabia de cor a série de fatores que me levou a desistir. Não, não no sentido de querer a morte, mas sim no de fugir, ir embora, correr para longe. Queria parar para pensar em tudo o que aconteceu, queria me lembrar de rostos, lugares e amores. Eu não queria estar confinada, à mercê de pessoas que eu não conhecia, e que não fizeram nada para impedir que me machucassem. Não queria amar de mentira, gostar por gostar, me entregar por proteção. Eu era injusta.

Com as lágrimas ameaçando cair e o coração doendo, levantei. Olhei em volta, para os muros e para o abismo. Tudo naquele lugar fazia com que eu me sentisse sufocada, essa sensação nunca iria passar enquanto eu continuasse ali. Tomada por uma raiva repentina, gritei e chutei um conjunto de pedras perto de mim. Caíram todas no abismo, desaparecendo na escuridão sem fim. A mesma escuridão de envolvia meu coração. Mas então eu notei que duas delas simplesmente sumiram, engolidas por alguma coisa. Um buraco. Mas no meio de um abismo?

Peguei uma pedra que estava no chão ao meu lado, sem desviar os olhos do lugar que tinha o buraco. O que poderia ser aquilo? Mirei e joguei a pedra nele. Ao invés dela ir sumindo de vista, o que aconteceu foi que sumiu completamente, como se tivesse sido engolida. Levantei com pressa, afobada. Peguei outra pedra e joguei, sendo o mais silenciosa que consegui, eu pude ouviu essa pedra atingir alguma coisa, apenas alguns segundos depois de sumir no buraco. Agitada, eu soube imediatamente o que fazer, como se uma luz acendesse na minha mente. Pulei.

Por um momento pensei que havia feito a maior estupidez da minha vida, mesmo não lembrando do resto dela. Mas a queda foi curta e eu aterrissei de joelhos em um chão cheio de pedras. Era uma boa quantia, e eu só havia jogado duas delas. Será que alguém, um corredor, também sabia da existência do buraco? Se sabia, eu descobri o que fazer antes dele. Me levantei e encarei o novo ambiente. Era uma sala escura e fria. Tentei me guiar pelas paredes, mas assim que encostei em uma delas, algo gosmento grudou na minha mão. Limpei-a em minhas roupas, imaginando que não queria descobrir o que era aquilo.

Avancei mais um pouco, lenta e com cuidado, os braços estendidos à minha frente para não bater em nada. Eu conseguia enxergar meus dedos, mas graças a uma luz esverdeada que eu acabara de notar. Avancei até lá sem mudar o ritmo, não querendo me machucar na escuridão. Depois de muito tempo e esforço para não pisar em falso, cheguei à fonte da luz. Era uma tela e um teclado. Eu deveria digitar alguma coisa para sair dali, mas o que? Tentei digitar CRUEL mas nada aconteceu. As tentativas Labirinto, Clareira e Verdugo foram falhas, elas apenas desapareciam da tela.

Tentei lembrar de qualquer coisa que os Clareanos haviam dito, algo fora do normal e que poderia ser a dica para sair do Labirinto. E consegui, eu lembrei das seis palavras descobertas pelo padrão do Labirinto mapeado pelos Corredores. Apressei-me a digitar FLUTUA, PEGA, SANGRA, MORTE e RÍGIDO. Mas quando me preparei para digitar aperta, as outras palavras sumiram. Me desesperei, elas não haviam desaparecido até eu digitar RÍGIDO, então talvez houvesse uma ordem e eu só tivesse trocado as duas últimas. Tentei novamente, mas as palavras não apareciam na tela. APERTA era a que faltava. Talvez fosse uma ação, e eu deveria apertar ENTER para algo acontecer. Tentei,  e não houve resultados.

Eu não sabia mais o que fazer, e de repente comecei a me sentir exposta, de pé iluminada pela luz verde, podendo ser vista por qualquer coisa que estivesse na escuridão ao meu redor. Não é o escuro que dá medo, mas sim o que está nele, o que não é possível enxergar ou prever o que vai encontrar. Tentei me acalmar pensando que se algo fosse me atacar, teria acontecido há muito tempo, ou talvez a coisa queria brincar comigo, me deixar aterrorizada. Talvez fossem as próprias pessoas que criaram o Labirinto querendo brincar comigo, como deviam estar brincando com as pessoas que ainda estavam lá, e eu não iria cair nessa.

Mas se nada mais iria acontecer, estava fácil demais sair do Labirinto, então talvez a única coisa que impedisse um grande grupo sair de lá fossem os Verdugos. Eu fizera bem em ser discreta e tentar sozinha. Mas então olhei para o teclado, e percebi que não estava fácil demais. Se não fossem aquelas palavras, o que mais seria? Eu achava que estava certa, que finalmente estava lembrando das coisas, a começar por como sair dali, mas errei.

– O que eu faço?

Minha voz saiu esganiçada. Consequência das horas sem falar e nem tomar água. A raiva começou a me envolver, e eu gritei o máximo que eu conseguia:

– O que mais vocês querem que eu faça? O que estão esperando de mim?

Para que entendessem toda a raiva que eu estava sentindo, que eu não aguentava mais, que queria sair dali ou morrer, eu comecei a chutar a parede próxima ao monitor. Chutei enlouquecida, mal sentindo a dor que aquilo me causava. Continuei chutando mesmo quando me cansei, até que ouvi um som diferente, oco. Chutei mais uma vez para saber exatamente de onde o som vinha, e comecei a tatear a parede naquele lugar, sem me importar com o que grudava na minha mão. Meus dedos sentiram então uma fechadura. Eu encontrara uma porta. Era minha última esperança de sair daquele lugar.

O que se abriu foi uma portinha que dava acesso a uma escada que sumia na escuridão. Recuei, nervosa, mas sabia que era a minha única saída. Subi, me apoiando na parede. A cada passo era como se o corredor se apertasse ainda mais, o meu fôlego sumia e a contagem dos degraus se perdia. Cansada, parei. Olhei para baixo, vendo apenas um brilho esverdeado ao longe. Tão longe. Eu estava conseguindo sair, não era hora de parar agora. Voltei a subir a escada, degrau por degrau, correndo.

Não acreditei quando cheguei ao topo. A sensação de conquista era reconfortante, apesar da dor que o percurso causou nas minhas pernas. A escada terminara, dando lugar a um corredor iluminado, feito de paredes cinzas. Voltei a andar, passando por tubos que acompanhavam o corredor.

Pensei em Minho, que certamente nunca vira este lugar antes. Imaginei como seria se ele estivesse aqui, o que diria, se seguraria a minha mão. Meu rosto esquentou. Por que eu ainda insistia em pensar nisso? Não sabia nem se nos veríamos novamente. Minho estava proibido de reinar nos meus pensamentos.

Andei pelo o que pareceram horas no corredor cinza até ver uma porta. A primeira e única em quilômetros. Acelerei o passo, passando a correr. Não pude acreditar no que vi.

Bem acima da porta, com letras coloridas e brilhantes, estava escrito SAÍDA.


Notas Finais




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