História Vida Dupla - Sério Isso?

Acordei na segunda de manhã, com um mau humor por sinal, afinal, pra que despertadores existem no mundo mesmo?! Eu juro que ainda não sei o significado disso.

  Me levantei depois de ser acordada pelo mesmo e fui ao banheiro para tomar um banho, parei em frente ao espelho e fiquei observando meu rosto pálido sob a luz branca. Liguei a torneira e deixei-a para que enchesse a banheira, e fui para o quarto colocar minhas roupas no jeito. Quando voltei desliguei e torneira e submergir na água quente da banheira. Meu celular tocou assim que voltei a superfície.

Ligação On

  _ O que você quer? - Eu perguntei demonstrando impaciência.

  _ Haruzinha você é tão insensível! - A voz do outro lado fazia pirraça.

  _ O meu nome é Harumi. Me chame assim, Tatsuki. - Eu digo revirando meus olhos. - Diz logo o que você quer. Pra que devo o prazer dessa sua tão desejada ligação? - Digo suspirando.

  _ Sínica que só ela. - Tatsuki disse rindo. - Okay, liguei pra te falar sobre o James.

  _ O estúpido que eu peguei ontem? E aí já levaram ele pra base? Quando eu posso ir para lá pra poder-

  _ Calma, eles o levaram sim, mas parece que os brinquedinhos que você usaria para ‘brincar’ com ele estão… Como posso dizer… Quebrados.

   _ O quê?! - Eu perguntei impaciente. Eu devo ser sincera, adorava ver o semblante que demonstrava sofrimento estampado na face de pessoas como James. Por isso sempre adorei a sala de torturas. Ou simplesmente, O local, como muitos costumam chamar. E, os brinquedinhos que Tatsuki se referia, eram meus. Eu os fiz, ou arranjei. Por que eu provavelmente sou a única que leva a tortura a sério. Fiquei indignada. - … Tatsuki… Quem quebrou meus brinquedinhos…? - Perguntei impaciente, sem ouvir uma resposta do outro lado da linha.

  _ Parece que foram quebrados por terem sido usados com muita… Força bruta… Como por exemplo seu taco de beisebol que se partiu devido a força… O pobre coitado do torturado morreu. - Pude ouvir seus risos vindos do outro lado. - Já era de se esperar. Uma pena que não conseguiriam arrancar nenhuma informação do caa antes.

   _ Não mude de assunto seu bastardo… Quem os quebrou Tatsuki?... - Eu perguntei com raiva.

Tu…

Ligação Off

  Depois de um som de ‘click’ eu pude ouvir o agudo barulho que significava o final da ligação. Covarde como sempre desligando na minha cara. Ele sabe que quero matar a pessoa e ele junto. Pensei.

  Duas horas depois eu já me encontrava em frente a minha sala de aula, praticamente exausta depois de ter encontrado com Shelee na entrada do colégio, e ter dialogado tanto com a mesma sobre entrar para Clube de Basquete, que ela queria muito que eu fizesse. E no final acabei cedendo mesmo. Uma estudante normal precisa de um clube afinal. Fui até minha mesa e me sentei calmamente, Maiyu veio em minha direção imediatamente.

  _ Você aceitou mesmo Haru-Chan? - Maiyu perguntava com seus olhos brilhando de alegria. A mais baixa se encontrava sentada ao contrário, em uma cadeira na frente da minha mesa. - Eu vi você jogando com as meninas no sábado, apesar de visto pouco, vi como você é muito boa!

  _ Espera, Haru joga basquete? - Rin perguntava puxando uma cadeira para se sentar de lado para a minha mesa, apoiando os braços na mesma. - Aliás, espera aí, vocês saíram no sábado e me deixaram de lado?! - A garota pergunta indignada.

  _ Não. Eu fui ao mercado comprar mantimentos e encontrei a Maiyu. - Eu disse calmamente enquanto levava uma bala à boca, de olho no meu livro novo sobre culinária. Sim, eu gosto de cozinhar, uma curiosidade sobre mim, aliás.

  _ Mantimentos. - Rin disse fazendo a versão mais irônica da minha voz, fazendo com que Maiyu caísse na risada. - Do jeito que você fala parece até que é uma daquelas sobreviventes de naufrágios ou apocalipsis zombies. - Rin disse estreitando os olho e rindo mais.

  _ Me acostumei devido aos filmes sobre essas coisas. - Falei no tom mais calmo possível. Menti. Devido à estudar lições básicas de sobrevivência caso venha a acontecer o pior e eu esteja em um lugar isolado, usavam muito essa palavra e simplesmente pegou.

  Comecei a ouvir comentários sobre algo ou alguém, alguns muito explícitos também. As meninas da turma se encontravam nas janelas olhando para baixo, provavelmente para a entrada. Sem saber do que se tratava deixei de ver o livro e olhei para Maiyu e Rin esperando uma resposta. As mesmas me olharam confusas.

  _ Você não sabe de quem elas estão falando? - Maiyu disse, aparentando estar surpresa. Fiz que não com a cabeça.

  _ Você é realmente desantenada. - Rin disse dando uma pequena risada. - Elas estão falando de Sugahara. Shoutaro Sugahara. Aparentemente o garoto mais bonito, gentil e maneiro dessa escola! - Rin disse pousando sua cabeça na palma da mão, dando de ombros.

  Sugahara… Shoutaro Sugahara… Eu já ouvi esse nome…

  _ Ele está vindo pra cá! Haja naturalmente! - Meninas falavam baixo enquanto se dirigiram à porta. Bem natural mesmo. - Bom dia senpai!

  _ Bom dia meninas! Vocês estão deslumbrantes hoje! - A voz da tal pessoa fazia com que as garotas se derretessem, e os sons estranhos que elas faziam era ensurdecedor. - Eu posso entrar? Vim falar com uma amiga! - Aquela voz… Eu… Conheço… Ai não… Não pode ser… O Tal Shoutaro Sugahara é…

  AQUELE SHOUTAROU!? EU SABIA QUE CONHECIA ELE DE ALGUM LUGAR!. Pensei assim que vi o mesmo passando pela porta.

  _ Maldição… - Murmurei, para mim mesma.

  _ Disse alguma coisa Haru-Chan? - Maiyu perguntou com a voz um pouco elevada, ouvindo vagamente o que eu havia dito.

  _ Rumi-Chan! - Aquela voz enfadonha pronunciou aquela palavra com a qual havia me batizado. E eu não pude deixar de apertar os punhos com raiva. Todos na sala olharam para mim surpresos, incluindo Rin e Maiyu. - Boa Dia!

  _ Meu nome é Harumi, já lhe falei isso. - Eu disse focando em meu livro. - Me chame assim. - Pude ouvir vários murmúrios pela sala, mas não me importei.

  _ Ora Rumi-Chan, não seja tão fria comigo, eu tenho sentimentos. - Ele disse fazendo bico, e eu me estressei parando de prestar atenção no livro e focando toda ela em Shoutaro.

  _ Shoutaro. O que você quer? - Eu perguntei fechando o livro e encarando ele nos olhos friamente.

   _ Credo. Só vim perguntar como foi seu fim de semana! Eaí? Foi à algum lugar especial?! Correu algum perigo?! - Ele olhava pra mim com um sorriso sacana, e eu entendi o que ele queria dizer com essas perguntas. Mas eu não queria saber de uma pessoa inútil como ele colocando meu disfarce em risco assim. Instintivamente peguei no braço de Shoutaro com força e o arrastei pela sala a fora adentrando vários corredores, todos que passavam por nós me olhavam aterrorizados, provavelmente pela minha feição de raiva. O levei para o terraço e o soltei com força quase o fazendo cair. Ele me olha,  sua expressão mostrava que estava achando graça daquilo tudo. Fui até ele depressa e retirei minha faca da liga em baixo da minha saia e posicionando-a em cima de seu  pescoço.

  _ Sabe Shoutaro, eu disse que te manteria vivo por um simples motivo chamado ordem dos superiores, ordem essa que pede para não fazer mal algum aos estudantes. Porém, tem outra ordem que diz para ‘acalmar’ qualquer um que tente interferir ou pôr em risco toda a missão. Ou seja, neste momento, você está nessa segunda categoria. - Eu disse olhando em seus olhos mostrando a maior frieza possível. Ele não demonstrou medo algum. Apertei um pouco mais a faca em seu pescoço fazendo a mesma fazer um pequeno corte, do qual saiu um pouco de sangue. - Você está entendendo o que quero dizer?

  _ Você não vai fazer nada comigo. - Ele disse calmamente. - Você prometeu ser minha amiga não é?

  _ Pff… Eu não tenho amigos. - Eu suspiro pesadamente, e em seguida retiro a faca do seu pescoço. Eu caminhei devagar até a grade de segurança do terraço. - … Você… É mesmo um idiota… - Disse devagar enquanto sentia o vento bater em meus cabelos. Ouvi os passos de Shoutaro e em seguida sua mão em meu ombro.

  _ É… Eu sou mesmo! - Ele disse dando uma pequena risada. - Eu sei que você não tem amigos Rumi-Ch… ARF! - Dei um soco em seu estômago. - Eu… Sei que você não… Tem amigos Harumi-Chan. - Ele disse com um pouco de dificuldade devido a dor. Olhei para ele de soslaio com um olhar frio, não queria que me chamasse assim mas era melhor do que “Rumi-Chan”.

  _ Eu menti.

  _ Eh? - Shoutaro fez não entender.

  _ Eu… Tenho amigas, não deveria, mas, Maiyu e Rin… Eu gosto delas. - Ele olhou para mim com um olhar carinhoso, que me deu nojo.

  _ Que bom! Então eu tenho chances! - Ele disse alegre.

  _ Que chances seu maluco?! - Eu digo com uma gota na cabeça.

  _ Ora, de ser considerado seu amigo!

  Antes que eu pudesse responder algo bem rude, o sinal tocou e nós fomos para a aula, novamente com olhares em cima de nós.

  A aula de língua estrangeira foi como sempre. Um saco, assim como a de matemática, já que como sempre, eu já sabia sobre tudo.

  Na aula de Ciências, nossa professora pediu um trabalho, que poderia ser feito em dupla ou em trio. E, Maiyu e Rin, logo se ofereceram para fazer comigo. Concordei subitamente antes que elas continuassem a falar nos meus ouvidos. Combinamos de ir na casa da Maiyu hoje a tarde, pra tentar adiantar uma parte do trabalho, que seria bem trabalhoso.

  Na hora do intervalo, graças a Deus não encontrei com Shoutaro, mas os comentários que ouvi das pessoas, tive uma grande raiva de qualquer jeito. Não. Nós não estamos namorando. Eu quero matar ele. É diferentes, suas vadias.

  As aulas acabaram a tarde, e eu me dirigi rapidamente até o ginásio para ir ao encontro das meninas do clube de basquete, eu realmente não queria fazer aquilo, mas não podia fazer nada quanto à isso, já que estou tentando ser o mais normal possível. Shelee já me esperava, assim que cheguei ela me fez treinar com as outras meninas, um treinamento intenso, pra elas, para mim não era mais do que o normal, meus treinamentos de resistência eram piores. Mas isso não fez com que eu deixasse de suar, porque, eu soei muito. Ela mostrou estratégias de jogos e também jogadas boas. Também teve treinamento individual e coisas do tipo. O treino acabou e eu fui ao vestiário tomar uma ducha e rapidamente corri para a frente da escola onde Maiyu e Rin estavam me esperando para irem fazer o tal trabalho.

  Mas o mais longe que eu cheguei foi ao lado do campo de futebol. Parei subitamente de correr. Me alonguei disfarçadamente e comecei a andar novamente, desta vez, mais devagar.

  Eu não estava sozinha.

  Eu estava sendo observada.

  Eu podia sentir isso. Que diferente dos olhares que recebi hoje, era um olhar com uma verdadeira intenção assassina. Será possível que já me descobriram aqui…