O sangue escorria pela katana da morena quando Harumi a encontrou novamente depois das duas terem se separado em uma bifurcação.
_ Parece que você encontrou pessoas por aí. - A platinada disse sorrindo.
_ Você não? - A morena respondeu com um olhar curioso.
_ Nem uma viva alma. - Harumi disse, apontando para sua própria katana, da qual estava limpa e brilhante.
_ Você deu azar.
_ Muito.
As duas continuaram seu caminho juntas, correndo pelos corredores subterrâneos do lugar para onde haviam sido mandadas para investigar.
O lugar parecia um laboratório clandestino de drogas. Havia algumas salas onde tinham vários corpos,
deformados, provavelmente por um químico ou algo no qual eles estavam trabalhando. E se essa droga saísse dali, ia causar um grande problema.
As duas garotas encontraram outro grupo de guardas em frente à uma porta. Eles nem tiveram tempo de sacar suas armas, e suas cabeças já estavam rolando pelo chão, com sangue jorrando por todo lugar. A porta só abria com a retina de uma pessoa autorizada, então elas pegaram a cabeça de um dos guardas e seguraram seus olhos diante do scanner. Bateram os punhos assim que leram “Entrada Autorizada” em um pequeno painel acima da porta.
As duas entraram e encontraram muitas drogas de diversos tipos: Pedras, pó, injetáveis e até em recipientes de perfume. Também havia mesas cheias de papel com pesquisas. E cadeiras com corpos presos à elas. Um grupo de pessoas, que pareciam ser os cientistas que estavam pesquisando sobre a droga, estava em volta de uma cadeira observando a reação da droga em um homem, que aparentava ter seus 30 anos.
Eles pareciam não ter percebido a entrada das duas garotas, então as meninas decidiram prestar atenção naquele homem. A droga foi injetada na veia do mesmo , que começou a ter convulsões e seus olhos reviraram. Uma espuma branca saiu de sua boca, e sua pele que antes era branca, levemente corada, agora estava roxa. Seus olhos ficaram avermelhados. E ele mexeu seus lábios na tentativa falha de tentar pronunciar as palavras: “Me mate.”
As garotas pularam em cima do homem, e Harumi usou sua katana para cortar a cabeça do mesmo, acreditando assim, acabar com o sofrimento dele.
As pessoas que antes estavam em volta do homem agora corriam para a saída.
Numa tentativa totalmente falha de fugir das garotas. Um homem atirou três vezes em Harumi que se protegeu usando uma cadeira de ferro que estava ali. A mesma pulou sobre o homem e atirou nele com sua pistola.
Enquanto isso a morena pegou suas armas e atirou em todos naquela sala. Deixando apenas uma mulher viva.
Harumi saiu de cima do homem, já morto, e foi até a mulher que estava grunhindo de dor, pois havia levado um tiro no pé. A platinada amarrou os braços e as pernas da mulher, e a amordaçou. Segurou na cintura da mesma e a jogou sobre seus ombros. A mesma gritava de agonia, pela dor, e também pelo fato de estar sendo levada.
_ Vou te fazer ser minha vadia. - Harumi disse em um tom de voz monótono.
_ Nossa, você deveria parar de falar essas coisas, quem escutar pensaria outra coisa. - A mais nova ria ao seu lado. O que fez a platinada sorrir.
[...]
_ Haru-Neechan! - A voz da garota de cabelos negros soava doce e suave assim como o sorvete de creme que a mesma tomava.
As duas garotas estavam tomando sorvetes, sentadas em uma calçada, em frente à sua sorveteria favorita em Hiroshima - Cidade na qual ficava a base da empresa.
_ O quê? - Harumi perguntou, ainda focada em seu sorvete de chocolate.
_ Você… Gosta do nosso trabalho? - A mais nova perguntou, um pouco hesitante.
_ Você não? - A platinada, tirou os olhos do sorvete e pôs sua atenção a garota ao seu lado.
_ Eh? Não é isso! - Ela riu. - Eu gosto sim, a sensação de ter sua katana cortando a carne de uma pessoa podre como as que caçamos me deixa… Animada, e muito satisfeita. - Ela diz sorrindo, e tomando um pouco mais de ser sorvete. - É que às vezes, quando te vejo fazendo o mesmo, ou algo assim, não vejo muito animação no seu rosto. Pelo contrário.
Harumi hesitou um pouco em responder aquilo, ela queria usar as palavras certas, para não deixar a morena confusa. Ela jogou sua cabeça para trás olhando para o seu azul.
_ Eu gosto sim, mas… Eu já não me agrado tanto quanto antes. - Ela disse com a voz neutra, pôde perceber os olhos perplexos da garota nela. Então completou. - Não entenda errado. Eu ainda gosto sim, muito. Mas… - Suspirou. - Eu fiz tanto que se tornou algo cotidiano, e… Agora, é mais entediante.
Um silêncio pairou entre as duas.
_ Entendi. - A morena disse abaixando sua cabeça e voltando a tomar seu sorvete. - Você acha que eu vou acabar me sentindo assim também? Quer dizer, perder essa animação.
_ Não. Você é diferente.
_ Ah, sim. Que bom.
A platinada soltou outro suspiro pesado, e hesitou um pouco em dizer as próximas palavras, pois sabia que não agradariam nem um pouco a mais nova. Ela abaixou sua cabeça e voltou a tomar seu sorvete antes que derretesse.
_ Sora.
_ Sim? - A morena levantou o olhar para a mais velha, assim que ouviu a mesma pronunciar seu nome.
_ Você já fez seus 13 anos.
_ Eh… Sim… Eu sei. - A mais nova disse, com um sorriso brincalhão em seu rosto. Fazendo a platinada hesitar mais uma vez.
_ Você agora vai começar a trabalhar sozinha, sabe disso não é? - Harumi disse, tirando os olhos de seu sorvete e voltando a olhar Sora. A mesma, já não estava mais com o sorriso no rosto.
_ Não. Eu vou pedir pra continuar com as missões em dupla com você, eles vão deixar. - Ela disse, colocando um sorriso meigo em seu rosto novamente. - E além disso eu quero passar mais tempo com v_
_ Mas eu não quero. - A voz da platinada soou como uma canção de morte para a mais nova. - Você precisa saber se cuidar sozinha ficar sempre comigo não vai ser de grande ajuda.
_ Mas eu não quero isso! - A voz alterada de Sora fez Harumi se arrepender um pouco do que havia dito. - Eu quero ficar com você, e além do mais, eu sei me cuidar muito bem! Eu sou muito boa! - A morena argumentava instintivamente
_ Eu sei. Mas você pode melhorar. - A mais velha disse, voltando a olhar o céu, desta vez, nuvens negras apareciam mais longe no horizonte. Ia chover.
_ Mas Haru-Neechan! - A garota dizia, com sua voz já aguda. - Eu…
_ Sora, eu vou começar missões solo amanhã. - Aquilo foi como uma facada nas costas da mais nova. - Você deveria fazer o mesmo.
_ Você pediu por isso… Mesmo sabendo que fazendo isso te mudariam de base… Fez isso mesmo sabendo que ficaria longe de mim, e que talvez nós não nos veríamos por muito tempo…?! - A mais nova sussurrava as palavras, de cabeça baixa.
_ Sim eu fiz. - A platinada disse sem rodeios. - Você vai ver, vai ser bom.
A morena sentiu uma gota tocar seu rosto quente. Uma chuva leve começou. Seu sorvete já havia sido derretido à muito tempo. Então só havia uma coisa com a qual se preocupar naquele momento.
_ Mas… Você é minha irmã… - Uma lágrima desceu dos olhos da menina. - Minha única família…
A platinada se levantou e se pôs de frente a Sora, que estava de cabeça baixa. Ela colocou suas duas mãos sobre os ombros da mais nova, e a fez olhar em seus olhos.
_ Exatamente por isso, eu sei o que é melhor para você. - A mais velha disse, e se virou para ir embora.
A menina permaneceu sentada na calçada gélida. A chuva apertou e Sora se via em um momento de completo vazio. Sem a irmã do seu lado do jeito que esteve todos esses anos, a morena não sabia o que fazer.
A chuva já havia molhado toda a sua roupa, e Harumi já estava quase no local da base.
Naquele momento ela agradeceu fortemente a chuva, por estar encobrindo as lágrimas que pela primeira vez corriam em seu rosto.
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