História A vida e suas coincidencias - Kiba

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Eu tinha passado o período inteiro com a cabeça abaixada. Estava envergonhada com Sasuke na mesma sala que eu. Depois que a aula acabou, os alunos de direito foram dispensados, porém o metido tinha que ter ficado no restante das aulas! Eu não me mexia e respirava o mais baixo que eu podia para que ele não percebesse minha existência. Karin havia mudado de sala, porque havia escolhido uma grade diferente da minha e escolheu deixar algumas matérias para outros anos.

Molhei meus lábios, começando a sentir sede. Com os movimentos mais delicados que eu consegui, levantei minha cabeça e procurei minha garrafa de água em cima da mesa e ela não estava lá. Suspirei olhando para minha bolsa, e pensei se abria ou não para procurar a maldita água, quando o professor falou a frase que mais me dá tesão na vida:

-Estão dispensados.

Não esperei nem três segundos, agarrei minha bolsa e saí correndo da sala, procurando um bebedouro, onde eu pudesse tomar água longe daquele ser demoníaco. Quando finalmente encontrei o bebedouro, a água gelada em minha garganta foi a melhor coisa que podia me acontecer naquele dia.

-Você tem algum problema comigo? –Me assustei com o corpo aparecendo ao meu lado e acabei engasgando e deixando o bebedouro espirrar água em mim. Que inferno…

-Do que está falando? –Ainda tossia, tentando tirar a água do buraco errado.

-Por que me segue para todo lado? –Sasuke tinha os cabelos bagunçados, os olhos brilhavam de um modo que eu não conseguia decifrar, o que me assustava um pouco.

-Eu não estou te seguindo! –Me defendi. Hipócrita! –Eu estava te evitando, pra falar a verdade! Você quem me seguiu!

Às vezes eu me surpreendo com a minha capacidade de falar merda na hora errada. Sasuke me olhou com os olhos semicerrados e eu senti meu estômago se revirar de medo. Eu iria morrer. Minha mãe sempre disse que eu só fazia merda.

-Então faça melhor do que isso, Yuki. –Ele deu as costas e seguiu para a saída da faculdade.

-Meu nome nem começa com essa letra…-Sussurrei indignada. Como ele podia ser tão egocêntrico assim?

Bufei e decidi ir para casa, pois estava cansada já e tinha que estudar as aulas de hoje, já que não escutei quase nada do que os professores falaram. Quando eu já estava no portão, meu celular tocou. O número era lá de casa. Era ele, com certeza… Apertei o celular e desliguei a chamada.

-Quer carona? –Olhei para o lado e lá estava Gaara e Sasuke parados no muro da escola, com suas poses de bad boy. Arqueei a sobrancelha e me perguntei se iriam me deixar no meio de uma rua deserta para morrer ou se queriam sequestrar Ino. Ela tinha sorte, Gaara estava quase beijando os pés dela e ela correndo dele. O que não fazia o tipo de Ino.

-Não vai rolar, ela está me evitando. –O moreno sorriu de lado para mim. Cínico. Babaca. Idiota gostoso. Não consigo xinga-lo sem colocar que ele é muito gato mesmo. Senhor! Essa criatura é a personificação do desejo, não é possível!

-É só vocês não se falarem. –Um loiro apareceu atrás de mim, o que me fez morrer do coração e nossa história acabou ai. Obrigada por lerem, galera! Ok, mas que eu tomei um susto do caramba foi.

-Você é muito medrosa. –O moreno riu da minha cara. Franzi o nariz olhando para ele.

-Pensei que vocês estavam se evitando. –Gaara é meio babaca também. Não gostei dele.

-Cala a boca, Gaara. –O sorriso de Sasuke murchou e ele ficou sério. Gostei do Gaara.

-Gente…A gente vai ou não? Tô com fome…-Naruto fez um bico fofo, que me lembrou da Hinata. Será que ele gostava de doces como ela?

-Você gosta de doces? –Eu perguntei, mas antes que me respondesse, Sasuke já estava me puxando em direção ao carro dele e os garotos nos seguiam com um sorriso idiota no rosto. –Hey! Eu não disse que iria com vocês!

-Não enche meu saco.

-Essa coisinha minúscula? –Ri alto. Adoro infernizar ele. A cara de bravo dele é engraçada.

-Pelo amor de deus, Sakura. –Bufou revirando os olhos.

-Você sabe meu nome, então. –Murmurei, na esperança de que ele não ouvisse, mas percebi que ele ouviu, porque logo me olhou pelo canto dos olhos. Mordi o lábio inferior, com medo de que ele fizesse alguma piada, mas ele apenas me empurrou para dentro do carro no banco ao lado do motorista.

Estremeci ao perceber que Naruto e Gaara iriam para seus próprios carros e eu ficaria com Sasuke no carro dele. Por alguns segundos pensei seriamente em me jogar do carro e sair correndo para o lado oposto do carro, mas Sasuke entrou no carro assim que eu tinha me decidido e trancou as portas. Ele sabia o que eu pretendia? 

Esperava que ele não dissesse nada durante o percurso, mas minhas esperanças foram para o espaço quando ele disse:

-Então você faz medicina? –Seus olhos continuavam na estrada e em nenhum segundo mudaram para a minha direção. Mordi o interior da boca e assenti positivamente. –Por que?

-Não sei. –Respondi uma meia verdade. Não o conhecia o suficiente para contar algo pessoal. –Sempre quis ser delegado?

-Não vou ser delegado. –E não estendeu o assunto e eu não procurei saber mais, assim como ele não insistiu em querer saber mais de mim. –Se lembra mesmo daquela noite?

E ai estava o motivo de querer que eu fosse com ele. Também tinha minhas dúvidas de que era porque queria dar na cara de que eu gostava dele e dormiria de novo com ele. “De novo”.

-Não. –Falei a verdade de uma vez. –Não lembro de nada.

Então ficamos em silêncio. O semáforo estava fechado e parecia que nunca iria abrir de novo.

-Não transamos. –Olhei surpresa para ele. –Não fico com garotas bêbadas.

-Eu lembro da gente se beijando…-Senti minhas bochechas quentes. Por que eu falei aquilo?

-É…-Vi ele apertando o volante. Ele estava bravo? Mas suspirou e relaxou no banco. –Foi um bom beijo.

-Que? –Engasguei com a minha própria saliva. Eu estava quente, muito quente.

-Não foi o melhor da minha vida, mas foi bom. –Deu os ombros, como se fosse normal sair falando essas coisas para as pessoas.

-Também não foi o melhor da minha vida. –Mentira mais mentirosa que eu contei na minha vida! –Por que me levou para a sua casa?

E antes que eu o pressionasse para responder, o carro parou em frente ao nosso apartamento. Meu apartamento e das meninas. Não meu e dele. Porque isso seria loucura. Viver com esse rabugento.

-Obrigada pela carona, gato. –Sorri para ele e ele fez uma cara engraçada. –Você é bipolar como um gato.

-As pessoas podem achar que está me elogiando. -E lá estava o sorriso mais provocador do mundo. Me controlei para não morder o lábio e quase saí correndo do carro.

Estava quase me safando desses loucos, quando Gaara perguntou:

-Não vai nos convidar para entrar?

Me virei para olhar o ruivo de braços cruzados, Naruto sorrindo para mim e Sasuke saindo do carro. Que tipo de plano é esse?

 Eles acham que eu fui educada?Puff.

-Óbvio que não. –Falei rindo e eles me olharam surpresos. –Qual é? Achou mesmo que eu iria deixar vocês entrarem? Ino está fugindo de você por uma razão, eu estou evitando o babacão ali por uma razão e Hinata ficaria maluquinha se três desconhecidos entrassem em casa. Mas obrigada pela carona.

Sorri travessa para eles e entrei na portaria e segui para o apartamento pelas escadas, pois seria mais rápido. Entrei no nosso apartamento, 221, e o tranquei.

-Desde quando você chega com os três patetas? –Ino perguntou ainda olhando para a janela.

-Gaara queria te ver, provavelmente, e me deu carona. –Pausei um segundo. –Sasuke admitiu que não dormiu comigo. É normal eu estar um tanto decepcionada?

-Não faz sentido, porque você não lembraria de qualquer jeito. –Ino deu os ombros.

-Gente, por que o Kiba está tentando subir aqui? O porteiro ligou e disse que meu namorado estava subindo! Eu perguntei como ele era e ele disse…disse… –Hinata estava surtando. Meu corpo gelou completamente quando a campainha tocou. Ino tremia mais que Hinata e nós sabíamos que não seria nada bom se ele entrasse. A campainha tocava incessantemente.

-Ino…Chama os meninos, antes que eles vão embora…-Eu sussurrei para a loira que correu para a janela novamente. –Hinata, se esconda. No meu quarto, dentro do armário. Vai!

Respirei fundo, quando batidas com a mão me assustaram. Ino saiu da janela e me olhou assustada, fazendo que sim com a cabeça. Meu corpo estava gelado. Sentia meu estomago ruim, estava quase vomitando quando abri a porta.

-Onde está ela? –Kiba estava com o cabelo mais curto, porém com o mesmo porte físico de quem poderia te dar uma surra a qualquer momento. Seu rosto parecia irritado. –Como ela não avisou que tinha namorado para o porteiro?!

-Você não é mais namorado dela…-Falei com calma. Mordi o lábio esperando que ele fosse embora, mas ele me olhou furioso.

-O que você sabe?! –Ele me empurrou, entrando sem minha permissão. –Vocês não sabem de nada! Eu sou o melhor pra ela! Onde ela está, caralho?!

-Ela não está aqui! –Ino gritou de volta. Ainda estava tremendo, mas segurava as mãos atrás das costas, para que ele não visse.

-É claro que ela está. –Ele bufou. –Eu estou melhor agora. Não vou mais fazer nada.

-Não parece isso. Você sabe o quanto traumatizou Hinata? Você sabe o quanto a fez mal?! –Eu estava furiosa, porém com medo. Ele era imprevisível…

-Não se faça de santa! –Ele apontou para mim, chegando mais perto, muito perto do meu rosto. Meu nariz ardia como se eu fosse chorar, minha garganta estava seca e eu estava a ponto de desmoronar. –Eu sei o que acontecia na sua casa.

-Você não sabe de nada! –Ino gritou tentando afasta-lo de perto de mim, o empurrando, porém ele não se mexia.

-A pequena Sakura se divertia, não é mesmo? –Sorriu agarrando meu pescoço. Não conseguia respirar direito ou engolir. Senti minhas lágrimas caindo e seu sorriso apenas aumentava. –O que? Não sabia que eu sabia? Tenho até vídeos.

Meus lábios tremiam sem eu permitir. Seus olhos pareciam se divertir com o meu sofrimento. Enquanto Ino tentava o tirar do meu pescoço, Hinata apareceu na sala e eu arregalei os olhos. Não não…

-Solta ela. –Hinata chorava. Acho que todas chorávamos.

Assim que ele ouviu a voz da pequena Hyuuga, ele me soltou e eu fui ao chão. Tossia, mas agarrei seu pé. Não iria deixa-lo chegar perto dela, mas ele apenas virou e com a outra perna, me chutou. Senti meu corpo desmoronar no chão. Tentei alcança-lo, mas Ino foi mais rápido e se jogou em cima dele, que a deu um tapa tão forte que a fez ir para trás e cair.

-Não! Não as machuque! Você disse que tinha mudado! –Hinata era boa demais, acreditava que ele iria mudar, mas Kiba tinha um problema sério demais para mudar sozinho.

-Eu te amo, Hinata. Por que não vê isso?!-Vi ele agarrar o pulso dela e Ino tentar impedi-lo, mas foi jogada para o chão novamente.

-Socorro! Alguém! –Eu tentei gritar, mas minha voz tinha sumido. Meu coração se apertou mais ainda ao ver que Kiba forçava Hinata para um beijo. Olhei para o guarda-chuva que estava ao lado da porta e o agarrei. Me levantei com dificuldade, mas o mais rápido que consegui para chegar até ele e bater em suas costas. O resultado foi eu levando um soco no rosto e caindo de volta no chão.

-Por favor…chega…-Hinata soluçava, enquanto ele ainda segurava seus pulsos que já estavam machucados. –Me deixa em paz!

-O que você disse?! –Sua mão estava pronta para bater mais uma vez nela e eu me amaldiçoava por isso tudo. Onde estava meu celular? Amaldiçoei Sasuke.

-Que porra é essa?! –Ouvi a voz de Sasuke, mas minha visão já estava turva, estava pronta para desmaiar.

-Solta ela! –Ouvi passos. Muitos passos. Minha cabeça girava ou o mundo girava? Eu já não sabia. Sentia minha barriga doendo, assim como minha bochecha direita. Ainda não conseguia respirar direito, mas a única coisa que eu desejava era ter mudado para outra cidade.

-Quem são vocês?! Isso não é da conta de nenhum de… -Por algum motivo, Kiba foi interrompido e eu torcia para que alguém tivesse socado aqueles dentes brancos e ridículos que formavam o sorriso mais psicopata que eu já havia visto.

-Alguém para o Sasuke! –Ouvi Ino gritar com dificuldade.

-Sasuke…-Sussurrei, querendo saber o que estava acontecendo, mas perdi a consciência no segundo seguinte.