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História ABO Originals - "Eu sou cheio de feridas e continuo de pé"


Escrita por: iluvlarry

Capítulo 22 - "Eu sou cheio de feridas e continuo de pé"


"Eu só não acho saudável o quão rápido Harry está se envolvendo com esse garoto!" Anne exclamou indignada.

"Querida... Você está se preocupando atoa." Des disse com ar de desinteresse, preocupado mais com o filme em preto e branco na televisão do que em dar atenção para a esposa.

"É tudo Louis. O tempo todo esse garoto. Parece até que ele é o ar que nosso filho respira. E eles se conhecem há o quê? Duas semanas?".

"Hm... Achei que era mais tempo..." Des murmurou ainda não muito interessado no assunto. Desde que Harry anunciara que pretendia morar sozinho e tinha envolvido o tal ômega no assunto fez com que sua mãe começasse a implicar com o garoto. 

Anne estava acostumada a ser a única ômega presente na vida dos três alfas originais com quem morava, seu marido, sua primogênita e seu filho caçula. E agora vendo que Harry estava crescendo e pretendia começar a própria família e se dedicar a outra pessoa - a qual ela nem conhecia - ela se sentia triste e relutante em aceitar a nova situação. Sofria por antecipação a tal Síndrome do Ninho Vazio. Des não se importava muito. Confiava no filho para escolher uma boa pessoa para si e sabia lidar melhor com o crescimento dos filhos. 

"Você não dá a mínima! Por Deus, Des! Isso é sério!" Anne reclamou atraindo finalmente a atenção do marido, que nesse momento já tinha desistido do filme e suspirou direcionando seus olhos para o rosto bonito da mulher sentada ao seu lado.

"Qual o problema em Harry ter encontrado um ômega? Pelo menos não inventou de querer se envolver com betas!".

"O problema é que: Primeiro, não sabemos quem esse garoto é; segundo, nosso filho está tomando decisões totalmente baseadas nesse menino; terceiro, ele mal para em casa porque está com ele; quarto, e se não der certo? Ele vai desistir do cargo na empresa e querer voltar para Nova York? E que ideia maluca é essa de morar sozinho? Só falta acabar morando com ele e nem nos contar!".

Des suspirou e tentou conter um risinho. Anne era engraçada quando estava brava por bobeira, acabava falando rápido demais e fazendo seu marido rir, depois lhe dava um tapa no braço pela risada e continuava suas lamentações. Dessa vez não foi diferente ao que Anne notou o risinho que o alfa não conseguiu conter.

"Pare de rir! Eu estou falando sério!" a mulher ralhou com o homem que continuou rindo levemente.

"Anne, por favor... O garoto só está apaixonado!"

"Ele não vai dormir em casa de novo! Acredita nisso? Duas noites seguidas fora! Parece até que não tem mais casa."

"Harry não está em casa... Nem Gemma... Devíamos aproveitar isso melhor ao invés de nos preocuparmos sem motivos." Des insinuou e por um momento Anne riu, mas logo deu um tapa de leve no braço do marido e voltou à suas lamentações.

"Mas o que os pais do garoto vão pensar? Que nosso filho não tem casa e vive enfiado lá agora... Isso é tão estranho."

"Pelo que Harry falou o garoto é independente... Não acho que more com os pais." 

"Ele está tomando todas as decisões baseadas nesse garoto..." suspirou tristemente. "Des... Eu só não quero que nosso filho se machuque."

Des suspirou também sabendo que não mudaria a cabeça da esposa sobre o assunto. E realmente todo o envolvimento de Harry com o tal garoto tinha acontecido rápido demais e era normal que Anne sentisse medo de que o filho tivesse a primeira desilusão amorosa. Alfas originais não lidavam nada bem com rejeição, mágoa, raiva, ciúmes...

"Querida... Harry é um bom garoto e se esse ômega for esperto vai perceber isso de primeira. Mas não podemos evitar que nosso filho se magoe... Acontece. Não podemos afastá-los temendo o futuro. Não é assim que funciona e nosso filho já é grande o suficiente para lidar sozinho com certas coisas."

Anne negou com a cabeça tristemente e abraçou o marido.

Eles não podiam impedir o filho de se apaixonar, tentar e quem sabe até se magoar ou em contrapartida ser muito, muito, muito feliz.

*

Domingo passou com Louis e Harry enrolados um no outro enquanto assistiam séries no notebook do ômega. Louis estava se sentindo em uma bolha de proteção com Harry por perto, era quase como se as lembranças pudessem ser definitivamente afastadas. E ele adorava o fato de que era sim possível ter um alfa tão perto de si de maneira não-sexual, afinal ele esteve enrolado contra o corpo do alfa a noite e a tarde toda e Harry não tentou nada. Eles ficaram apenas com os corpos colados um no outro, aproveitando o calor e o aconchego da posição, e Louis queria comparar isso com o que fazia com seus melhores amigos, deitar abraçados por preguiça de buscar uma manta extra no quarto ou colocar mais roupas de frio, mas no fundo ele sabia que mesmo se pudesse se aquecer de outra forma ele preferia ter o corpo do alfa junto ao seu.

E Styles aproveitava bem aquela bolha de carinho na qual estavam envolvidos, abraçando Louis o melhor que podia, trazendo-o mais para perto sempre que ele escorregava um pouquinho para fora de seus braços, mexendo no cabelo liso do ômega, distribuindo beijinhos de vez em quando e aproveitando ao máximo o momento de calmaria em que estavam. 

Não que sua mente estivesse calma, Harry planejava caçar um por um dos alfas que abusaram de Louis. Jamais se esqueceria do que houve, aquilo o marcou tanto quanto marcara o ômega. Afinal, para si, Louis era seu ômega, e tudo que lhe aconteceria sentia como se fosse sua responsabilidade.

O problema era que ele não sabia bem por onde começar a procurar, só tinha um nome e a memória um pouco distorcida pelas luzes do pub sobre a fisionomia de Tyler. Louis obviamente sabia de muito mais detalhes, mas não é como se Harry pudesse interroga-lo sobre isso. E tinha também Zayn, que parecia saber muito mais do que dizia. Uma pena que Harry e ele não se dêem bem e ele não aprove os métodos do alfa. 

Inclusive, o que Zayn disse - quando forçou Louis a dar mais detalhes - fez Harry refletir sobre o que pretendia fazer. A tal justiça com as próprias mãos parecia apropriada, era instintiva, e se ele visse Tyler novamente não pensaria duas vezes antes de partir para a agressão. Mas essa raiva toda não era boa. As consequências poderiam ser devastadoras. Louis poderia se assustar com a agressividade, o que era seu principal medo. E agressão física é crime - homicídio doloso também - e isso poderia lhe levar a cadeia. Sem contar que seria péssimo para o nome de sua família e para si mesmo. Louis não merece um alfa presidiário.

Metade de si torcia para que nunca mais o tal alfa aparecesse, queria que ele e Louis pudessem simplesmente apaga-lo da memória. O que era totalmente improvável. Mas outro lado seu, tomado pela raiva devido a injustiça, desejava que Tyler aparecesse novamente, apenas para que Harry pudesse consertar as coisas ao seu modo. 

A tranquilidade do sono do ômega foi perturbada por um telefonema. Niall estava preocupado, não tinha notícias de Louis desde sábado e queria ver o amigo, porém o mesmo lhe assegurou que estava tudo bem e educadamente o dispensou. Ele não queria ver Niall e chorar tudo de novo revivendo o que aconteceu. Ele só queria ter um dia de paz fingindo que tudo estava bem enquanto Harry lhe abraçava. E ignorando sua mente que insistia em lhe cutucar com as oscilações de humor, e com a afirmação de que fingir que estava bem era patético.

Louis não pediu e Harry não se ofereceu, mas ficou subentendido entre os dois que o alfa dormiria ali novamente, passando de domingo para segunda na cama do ômega. Styles poderia fazer isso todos os dias da semana apenas pela companhia, mas ainda era muito cedo para isso e ele tinha certeza que Louis só lhe permitiu ficar devido as circunstâncias.

Sem contar que dona Anne surtaria.

Os dois acabaram dormindo cedo demais e acordando tão cedo quanto, o que foi bom, considerando que Harry teria que passar em casa antes de ir à Universidade.

Enquanto tomavam chá e comiam as panquecas que Harry insistiu em preparar novamente (e desenhar rostinhos felizes) Louis disse que poderia ir sozinho depois à Uni, e Harry achou que talvez o ômega estivesse com vergonha e não quisesse ter que passar na casa do alfa.

"Sabe que não precisa entrar, né? Eu vou ser rápido. Já tomei banho aqui, só preciso de outra roupa e minhas apostilas. Entro e saio em dez minutos, você espera no carro."

Louis mordeu o lábio inferior e olhou das panquecas com rostinhos sorridentes para o cozinheiro sorridente e convincente em frente à si. E bem... Ele não queria ir andando sozinho e Harry estava oferecendo uma carona. Resolveu aceitar. 

"Tudo bem então... Só... Hm, não queria parecer que estou te usando como motorista." Riu de leve ao mesmo tempo em que o alfa franziu o cenho.

"Não está. A gente vai para o mesmo lugar, afinal..." juntou sua mão com a do ômega. O alfa odiava quando o outro falava assim, como se lhe devesse favores, desculpas ou agradecimentos.

"Sua casa é muito longe? Porque, bem, eu ainda preciso terminar de comer e de me arrumar. E eu estou tão perdido que não lembro nem qual o professor do primeiro período." Começou a falar mais agitado, fitando suas próprias mãos e então a caneca cheia de chá e o prato com a panqueca feliz.

Aquela panqueca era adorável. Assim como quem a fez, Louis admitiu para si mesmo.

"Uh, bem, sem pressa." Riu do jeito afobado do ômega, e pensou duas vezes antes de comentar que esse fim de semana também tinha lhe deixado perdido, no pior sentido possível. "Dá para chegar a tempo, se você comer logo!" Levou um pedaço da sua própria panqueca à boca de Louis, que apenas a abriu timidamente e corou logo em seguida.

Adorável.

*

"Hey, hey, mocinho! Não adianta correr, eu já te vi!" Anne quase gritou ao que seguia Harry pelo corredor. Seu filho tinha entrado quietamente em casa, trocado de roupa e pegado toda suas coisas, estava caminhando para a saída, tudo isso numa velocidade impressionante, já que não queria deixar Louis tanto tempo o esperando sozinho no carro.

"Mãe!" Harry exclamou ao que virou em seus calcanhares e alcançou o rosto da mulher que o seguia, lhe beijando docemente. "Bom dia! Tchau!" Tentou virar novamente e seguir seu rumo, mas Anne o segurou.

"Para que tanta pressa?" Cerrou seus olhos em desconfiança. "Nem falou comigo direito, nem pude responder o bom dia".

"Eu não quero me atrasar, mãe. E Louis está me esperando no carro..." disse checando as horas no relógio analógico pendurado na parede, e acabou rindo de leve ao lembrar-se que Louis tinha dificuldades com esse tipo de relógio. 

"Como é?" Anne o tirou dos devaneios ao questionar com a voz mais aguçada que o normal. "O ômega está aqui e você nem vai me apresentar!? Eu te ensinei melhor que isso, Harry Edward!"

"Mãe, não iria dar tempo e..." teve sua fala cortada ao que sua mãe simplesmente ignorou e seguiu em direção à porta... Que daria em direção ao carro estacionado logo à frente. "Mãe! Não!" Impediu que Anne abrisse a porta.

"Saia da frente, Harry! Se você não me apresenta, eu faço isso sozinha!" 

"Mãe, não! Sério..." disse com um tom de voz mais sério e respirando duramente. Anne cortou sua pose e desistiu temporariamente de fazer uma cena com o possível futuro genro, o que para ela seria muito divertido, mas naquele momento não parecia nada divertido para o filho, que ela esperava sinceramente que risse também da mãe tentando envergonha-lo.

"O que houve, querido?" Acariciou o rosto do filho que fechou os olhos com o contato. Harry respirou fundo e pensou bem no que iria dizer.

Ele não tinha certeza ainda se conversaria com alguém a respeito de tudo que vem acontecendo, e não tinha certeza se sua mãe era a pessoa ideal. 

"Só não é o melhor momento, mãe." Forçou um sorriso com a desculpa vaga. "Prometo que assim que der eu apresento Louis à vocês. Mas agora não."

Anne observou o filho como se pudesse desvendar todos os mistérios escondidos naquele olhar, mas ela não conseguia. Sabia que algo sério estava acontecendo, e que Harry estava tenso, mas não fazia ideia do motivo. Apesar de que era óbvio a culpa do tal ômega nisso tudo.

"Hm... Tudo bem. Sem oi então." Suspirou. "Bem, dê bom dia ao seu namoradinho e cuide-se!" Puxou a cabeça do alfa para baixo, assim podendo beijar lhe a testa. "E por favor, lembre-se que você tem uma casa e um quarto, e durma aqui hoje."

Harry riu e imitou o beijo na testa da mãe. "Ok, bom dia para você também."

E então Harry finalmente saiu de casa, torcendo para não ter demorado muito. E ele de fato não demorou, porém Louis achou aqueles poucos minutos agonizantes.

Ele estava surpreso com o quão linda era a residência dos Styles, localizada no melhor e mais nobre bairro de Londres. Sabia que o alfa tinha dinheiro e usava roupas caras, mas não sabia o quão rico ele realmente era. Ou melhor, o quão milionário.

Sentir-se inferior foi inevitável.

Seu apartamento era um cúbiculo comparado aquela mini-mansão, que não era tão mini assim, mas também não era das maiores do bairro.

Entendeu porque obviamente seu apartamento era repugnante para Harry. Ele estava acostumado a todo aquele luxo, e Louis nunca conseguiria tanto dinheiro para ter uma casa assim. E não iria mentir, mesmo que não fosse consumista, ele queria sim morar em um lugar melhor. Não precisava ser tão grande, luxuoso e bem localizado como o imóvel dos Styles, mas se fosse algo melhor decorado já ajudava. E se ele tivesse uma televisão com uma tela maior que a do notebook que ele usa todas as vezes em que assiste algo.

Era um sonho do qual ele ainda duvidava se seria capaz de realizar. Por enquanto conseguir pagar o aluguel e comprar comida já é um puta dum avanço. Uma verdadeira vitória para quem começou a vida com nada.

Suas lamentações e comparações teve um fim ao que Harry finalmente voltou ao carro, com outra roupa bonita e obviamente cara. Se desculpou pela demora e largou suas coisas no banco traseiro, logo colocado o cinto de segurança e dando partida no veículo.

Louis tomou a iniciativa de ligar o rádio, e os dois foram cantando uma música bonitinha e animada do The Front Bottoms. E pelo menos naquele momento tudo estava bem, enquanto os dois cantavam juntos e sorriam.

*

Depois que chegaram e andaram de mãos dadas até a entrada da Universidade tiveram que se separar, afinal teriam aulas diferentes em blocos diferentes. Houve um pequeno beijo de despedida, que acabou se transformando em alguns outros beijos ao que Louis entrelaçou seus dedos nos cabelos cacheados do alfa. E não houve timidez, já que ainda era cedo e haviam poucas pessoas no ambiente. E bem, eles meio que esqueciam do mundo ao redor quando suas línguas se entrelaçavam e mantinham seus olhos fechados. A concentração ia toda para o que estavam fazendo, e ambos foram relutantes ao se separarem. 

Louis ainda era um pouco tímido com a coisa toda que estava acontecendo entre eles, e ficou vermelho após terminar o beijo e se lembrar de que estava em público, e com certeza as pessoas viram toda essa demonstração de afeto. Mas o rubor não era apenas pelo fato de que desconhecidos o assistiram, e sim pela ação em si. Cada vez mais ele se envolvia com Harry, e ainda era difícil assimilar que era realmente ele ali, Louis, beijando um alfa original.

Balançou a cabeça como para de livrar dos pensamentos incômodos e deu mais um beijo em Harry, dessa vez sem língua e para realmente se despedirem e irem cada um para sua aula.

"Te vejo mais tarde..." falou quase em sussurro pela proximidade das bocas.

"Mal posso esperar" Harry respondeu com a voz rouca e parecia de propósito, o tom usado, era o tipo de tom que te fazia arrepiar, principalmente quando se estava tão perto. E Styles fez como se fosse beijá-lo novamente, mas apenas bicou seus lábios e se afastou. 

Um pouco decepcionante. Mas eles estavam no corredor e realmente precisava sair de perto um do outro e irem para suas respectivas classes.

Sorriam um para o outro e deram as costas, finalmente indo cada um para onde deveria. Harry tinha em seu rosto um sorriso largo, porque apesar dos problemas do passado do ômega, as coisas entre eles como casal estavam melhorando, e pelo menos uma alegria ele podia ter. Louis tinha um sorriso pequeno no rosto pelo mesmo motivo, mas ele mesmo não sabia. Ele estava naquela onda de ignorar pensar muito sobre as coisas, então só sentia. E Harry o fazia sentir coisas positivas.

Styles foi direto para sua classe pensando ainda em Louis, nos beijos, nos outros alfas que ele queria matar e com a mente perdida nisso foi quase um choque quando enxergou Liam e se lembrou do que o amigo aprontou com Niall.

A troca de olhares entre ambos alfas foi feroz. E era realmente uma merda que eles tivessem um trabalho em equipe para fazer enquanto se odiavam assim. Harry quase bateu em Liam no pub e Liam quase comprou a briga, mesmo que soubesse que perderia. Era realmente muita raiva envolvida para chegar à tanto.

Portanto, para evitar confusão, Harry se sentou bem longe de Liam. Resolveria a questão do trabalho em grupo depois... Quando já estivesse apto à olhar Liam sem querer socar seu rosto.

Depois de alguns minutos outras pessoas foram chegando na classe. Joshua percebeu de imediato a tensão que ainda havia entre Liam e Harry, e estava até receoso pela possibilidade de fazerem alguma atividade em grupo justo hoje. Lexie chegou alguns minutos depois, e a jovem parecia triste.

Harry na hora lembrou-se do que aconteceu com ela e a chamou para se sentar ao seu lado. Ela sorriu timidamente e se sentou ao lado do alfa, totalmente envergonhada por tudo que tinha acontecido. Ela estava com vergonha por estar interessada em alguém já comprometido, mas em sua defesa Harry não exibia aliança, então poderia sim ser solteiro. E a vergonha maior era por ele ter sido uma das pessoas a presenciar seu estado no final da noite... Uma parte de si achava que a culpa do que aconteceu era dela. Beber além do que aguentava foi estúpido e quando ela percebeu estava chorando sozinha em um canto, logo então tendo mãos asquerosas sobre si e palavras sussurradas de "não precisa chorar, a gente vai se divertir, princesa". 

Ter ido chorando procurar as amigas para ir para casa e ainda ter que ouvir Megan e Amanda discutindo também foi péssimo. Principalmente por que as meninas brigaram por causa dela. Megan disse algumas coisas horríveis que só fizeram Lexie se sentir pior, e Amanda brigou com a namorada justificando que não importava o quão bêbada Lexie estivesse, a culpa não era dela. 

De qualquer forma, Lexie preferiu manter a situação traumática para si mesma. Não contou ao seus pais o que houve com medo de ser repreendida e proibida de sair. E agora carregava o nojo que sentiu e a apreensão de ser julgada pelo que aconteceu.

Por isso era ela estava com vergonha de falar com o alfa. Harry havia lhe visto bêbada e com certeza soube o que aquele alfa nojento fez com ela. E por Harry ser alguém por quem ela nutre interesse isso só piorava. Sentia medo que o alfa pensasse que ela era só uma garota bêbada estúpida.

Mas Harry não era assim e nunca pensaria isso. Na verdade, ele podia ver no olhar da morena o mesmo olhar que Louis tinha ao falar sobre Tyler... E aquilo quebrava seu coração. Era simplesmente desumano que alguém passasse por aquilo.

"Você está bem?" Harry perguntou genuinamente preocupado e Lexie se sentiu um pouco melhor por sentir isso.

"Estou... Hm, ainda um pouco envergonhada..." respondeu baixinho. "Mas estou bem, sim. Obrigada pela preocupação."

"Não há pelo que se envergonhar, Lexie. Eu sinto muito pelo que aconteceu." Harry pegou carinhosamente em sua mão, tentando mostrar apoio. "E desculpe também por ter saído daquele jeito. Eu nem sei como as coisas ficaram depois. Você falou com os funcionários do pub? Prestou queixa?" Harry não podia evitar as perguntas, ele precisava do máximo de informações possíveis para achar Tyler. Se o pub tivesse uma queixa então o nome do cara poderia ter sido marcado, tudo que ele precisava era de um nome completo para começar a caça-lo.

"E-eu... Não!" A morena respondeu um pouco atordoada e se sentindo realmente mal por nem ter pensado em falar algo aos funcionários. "E-eu queria ir embora rápido. E eu fui, achei as meninas e fiz com que me levassem embora... Eu não falei com mais ninguém." A verdade é que mesmo na hora de ir embora ela ainda estava um pouco bêbada e desnorteada, não pensou muito, só seguiu Niall e Zayn até encontrar suas amigas e pedir chorando para ser levada para casa. "Eu devia ter feito algo..." murmurou baixinho mais para si mesma.

"Não... Tudo bem. Eu entendo. Também acabei saindo correndo e nem resolvi as coisas." Rebateu um pouco decepcionado, lá se foi sua chance de ter um nome. 

Lexie estava realmente triste e com raiva de si mesma. Harry também. Aquela tinha sido uma situação em que não fazemos nada direito, somos tão tomados pela emoção que não pensamos corretamente. E foi algo tão ruim e marcante que eles passariam dias ou talvez até o resto da vida pensando em tudo que deveriam ter feito diferente.

Infelizmente, o que está feito, está feito.

"Harry?" Lexie chamou aleatoriamente no meio da aula, o professor já tinha falado bastante e tinha passado alguns exercícios sobre balanço patrimonial. O alfa estava tão concentrado no exercício que por um momento achou que a morena fosse falar algo relacionado à matéria.

"Hum?" Voltou sua atenção para a morena rapidamente, ainda anotando alguns números para não perder a linha de raciocínio.

"Será que você pode me levar até seu amigo, quer dizer, namorado... Na hora do intervalo?" Sussurrou. "Eu quero agradecer pelo que ele fez por mim." Completou ainda baixinho.

Harry sorriu realmente grande ao que a morena de referiu à Louis como seu namorado. 

Ele apenas balançou a cabeça em afirmação e continuou seu trabalho.

*

Louis estava matando aula. Ele não aguentava mais tanto tempo sem fumar, então estava em uma área mais afastada onde ninguém brigaria por ele estar fumando, bem, ninguém menos Niall.

O loiro acompanhou o amigo, até porque ele quase morreu de preocupação no final de semana, Niall tinha descoberto que Zayn e Louis haviam brigado, e o loiro era o que está mais por fora de toda a situação.

"Você podia me dizer o que está acontecendo, né? Já faz quase quarenta minutos que você está quietinho fumando... Eu pensei que você tivesse parado e agora já deve ter fumado uns cinco direto, eu perdi a conta." o loiro reclamou ao que finalmente interrompeu o silêncio que tinha sido estabelecido desde que o irlandês seguiu Louis até o jardim.

"Niall, por favor." Tomlinson nem o olhou, apenas continuou tragando seu cigarro que já estava no final. Ele também não sabia quantos já tinha fumado até agora. Passar o final de semana com Harry significava um final de semana de abstinência e foi só Styles estar longe o suficiente para que Louis voltasse ao vício. A nicotina parecia acalmá-lo. 

"Perguntei ao Zee sobre você, ele estava estranho..." Continuou a puxar assunto mesmo sabendo que Louis não queria falar nada. Niall se sentia excluído. Zayn sabia de mais coisas e ele ficava no escuro.

Louis só estava cansado de repetir a história o tempo todo. Cada vez que falava sobre parecia que revivia. Ele só queria esquecer e parar de chorar sobre.

"A gente brigou." Respondeu simples e direto, na esperança de que Niall aceitasse isso e não fizesse mais perguntas.

Grande erro.

"Como assim?" Questionou alarmado, os olhos azuis mais abertos do que o normal. Louis apenas suspirou.

"Ele me forçou a falar algo que eu não queria. Eu fiquei chateado e o mandei embora." Resumiu cansadamente, observando o olhar do outro ômega que parecia prestes a questionar mais coisas. "Não quero repetir isso com você, Niall. Por favor..."

O loiro ficou alguns minutos em silêncio. Triste porque Louis não queria conversar, mas ele queria conversar. Tinha tantas coisas mal esclarecidas e ele era curioso! Sem contar o sentimento de ser jogado para segundo plano por não ter total confiança do amigo para ouvir toda a história de sua própria boca.

"Desculpe se eu me preocupo com você e estou no escuro!" Horan disse após reunir toda a coragem e petulância possível, coisa não muito típica dele.

O outro ômega apenas apagou o cigarro e riu baixinho enquanto murmurava "Está desculpado...". Ele não conseguia levar Niall a sério quando falava assim, não era típico dele. Niall não começava brigas, e Louis odiava discutir com ele, parecia que estava batendo em um cachorrinho indefeso ou algo do tipo. Cruel...

"Louis! Eu estou falando sério! Isso que você está fazendo não é legal!" Niall estava vermelho porque ele estava tentando ser petulante e arrancar informações, mas Louis estava relaxado e rindo, como se tudo aquilo não fosse sério.

"Eu também." levantou-se determinado a assistir pelo menos uma aula antes do intervalo chegar. "Sinto muito se não tenho te falado tudo, Niall. Eu só estou cansado desse assunto. E eu sei que na verdade você já descobriu tudo sozinho. Vamos nos poupar dos detalhes, por favor..."

"Parece que você não confia em mim..." Horan finalmente exibiu o que lhe incomodava. "Não quanto você confia em Zayn... Ou Harry."

"Isso não é verdade..." Louis só queria esquecer e fugir daquele assunto, mas agora ele parecia ter magoado Niall sem nem tentar e não sabia como consertar. Ele já tinha coisas demais para lidar. "Niall, eu não preciso te falar tudo. Eu só preciso saber que você está aqui por mim. Isso me basta... Sabe, enquanto eu fumava quieto e você estava respeitando isso e me fazendo companhia mesmo que você deteste o cheiro de cigarro, isso é o que eu preciso." puxou o loiro para um abraço.

Horan engoliu tudo o que tinha para dizer e todas as perguntas que queria fazer e o abraçou de volta. Ele não queria forçar a barra, mas sim ele tinha se magoado por não saber de tudo.

"Você não está só com cheiro de cigarro." Niall murmurou ao que Louis ainda o abraçava apertado.

"Como é?" soltou o amigo e arqueou as sobrancelhas.

"Seu... cheiro. Tá mais forte, Lou..." franziu o nariz como se cheirasse Louis mais um pouquinho. "Tipo, o cheiro do cigarro disfarça um pouco, mas eu ainda sinto... Você não tem tomado seus supressores?"

Louis franziu o cenho e cheirou sua própria pele. Ele não percebia, mas outras pessoas poderiam perceber facilmente. Os supressores que ele deveria tomar todo dia para disfarçar seu cheiro, regular o heat e evitar uma possível gravidez, não tinha sido tomado direito nos últimos dias. Era tanta coisa para se preocupar que ele tinha esquecido. Mas esquecer era ruim, ele mesmo não sentia seu cheiro, mas outros alfas poderiam sentir.

"Eu... Esqueci." murmurou de volta, ainda confuso tentando lembrar a última vez que os tomou, e como não percebeu antes que havia esquecido.

"Eu quase não percebi... Sabe, o cheiro do Harry tá meio que impregnando em você." Niall disse sorridente.

E ok, agora Louis tinha definitivamente corado.

O ômega mais velho revirou os olhos e declarou "Hora de voltarmos para aula!"

Niall riu por fazer Louis corar e o acompanhou. Encher o saco de Louis sobre isso era divertido. Ele e Harry eram praticamente um casal, só faltava admitirem.

*

Quando o intervalo chegou, Louis trocou o cigarro por um lanche e alguns chicletes, ele sabia que não se livraria do cheiro de cigarro e Harry provavelmente perceberia, mas não havia nada que ele pudesse fazer. Louis viu Zayn enquanto comprava algo para comer junto à Niall. Malik estava com Perrie e suas amigas, elas acenaram e Niall e Louis acenaram de volta. Mesmo assim a troca de olhares entre Louis e Zayn foi tensa.

Tomlinson ainda estava chateado e mesmo que não gostasse de ficar brigado não sentia vontade alguma de ir procurar o amigo e pedir desculpas. Esperava que o contrário acontecesse, mas na verdade por nunca terem brigado daquele jeito não sabia se Zayn o procuraria ou não. Ou quanto tempo essa coisa duraria até que voltassem a se falar numa boa. Talvez Zayn achasse que o que tinha feito foi certo e não quisesse se desculpar ou talvez Louis levasse tudo muito a sério e não quisesse dar o braço a torcer para um bem maior. Ele estava confuso consigo mesmo. 

Aquela então era mais uma das coisas que ele colocaria temporariamente na sua lista de fingir-que-não-aconteceu-e-não-se-preocupar.

Niall estava realmente falante hoje, e puxava assuntos diversos, até que Harry chegou junto a Lexie e o loiro ficou quieto.

"Hey!" Harry cumprimentou Louis com um beijo rápido e Niall com um aperto de mão. Lexie os olhava ainda um pouco mais de longe e envergonhada. "Lexie queria falar com você..."

"Oi!" Louis abriu um sorriso um pouco tímido. Ele nunca sabia como cumprimentar direito pessoas com quem não tem intimidade.

"Oi..." Lexie se esticou para dar um beijo um pouco desajeitado em seu rosto e acenou para Horan, logo voltando sua atenção à Louis. "Eu só vim... agradecer. Por... Você sabe... Sábado." 

Harry e Niall observavam os dois em expectativa. Louis engoliu em seco. Por mais que ele tentasse esquecer o assunto, parecia estar sendo perseguido vinte e quatro horas. De qualquer forma foi fofo o agradecimento da menina, Louis imaginava que por ela ser uma garota tão bonita, confiante e até onde ele poderia chutar, rica, nunca deveria ter passado por algo daquele tipo. Ele preferia que nem ela, nem ele, nem ninguém, nunca passasse por algo assim. Principalmente sendo com Tyler.

"Não precisa agradecer... Qualquer um faria o que eu fiz." afirmou Louis. 

"Não!" Lexie parecia nervosa ao falar, Louis achava que ela deveria estar revivendo tudo nas lembranças também, ele sentia-se triste por ela. "E-eu... Eu não estava tão bem, eu admito. Mas eu me lembro, lembro bem.... E pessoas passaram perto, e ninguém me ajudou. Só você!" a garota disse realmente rápido. "Então obrigada, sério. Muito obrigada!"

Niall e Harry estavam quietinhos ouvindo e os dois se perguntavam mentalmente como alguém poderia ter passado reto e não ajudado a garota.

"Não foi nada... Sinto muito pelo que houve." replicou Louis decidido a acabar com o assunto. "Quer lanchar com a gente?" convidou a garota que sorriu alegremente se sentando junto a eles.

Lexie não imaginava que poderia gostar de alguém que tem interesse no mesmo alfa que ela, mas era impossível ela não gostar de alguém que a salvou. Na verdade, observando Harry e Louis de perto a garota conseguia ver claramente o motivo de Harry namorar Louis, eles eram lindos juntos e sorriam com os olhos só de estarem na presença um do outro.



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