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História ABO Originals - Dissentimentos


Escrita por: iluvlarry

Capítulo 31 - Dissentimentos


{Dissentimentos: Falta de entendimento ou divergência de opiniões, de interesses, de sentimentos etc.}


×××


Harry nunca imaginou que fosse desejar algo assim, desde que conheceu Louis não houve um dia sequer em que ele não desejasse ter o ômega por perto. Mas no momento é diferente, ele está confuso e frustado, e uma parte de si só queria fugir e esquecer. Os braços do alfa estão ao redor do ômega e eles já estão na cama, Louis dorme tranquilamente e Harry pressiona o nariz contra o pescoço do ômega, tentando se embriagar em seu cheiro e ignorar a colônia do amigo beta que parece estar impregnada nos lençóis. Zayn dormiu com Louis na noite passada, o alfa já sabia, porém não precisava ser lembrado disto justo agora. Sua mente está perdida em ciúmes e Harry sabe que está perdendo para seu lado irracional. Não é hora de se preocupar com isso, ele deveria prestar atenção apenas no ômega que tem nos braços e em sua respiração calma.


Depois de muitas lágrimas, palavras carregadas de mágoas e alguns pedidos de desculpas da parte de Harry, finalmente Louis tinha se acalmando o suficiente para adormecer e aparentemente ter um sonho bom, principalmente depois que Harry meio que prometeu não procurar pelos pais do ômega. Styles sentia muito por mentir para ele, mas esse era um assunto que não seria esquecido. Apenas tentaria não envolver Louis na busca enquanto não tivesse resultados concretos.

Harry queria poder descansar também. Seu dia tinha sido ridiculamente longo, e toda a carga emocional estava pesando sobre si. Porém, ele só conseguia pensar no que havia descoberto e em como Zayn parecia ter se esfregando de propósito nos lençóis, apenas para deixar seu cheiro irritante por ali. Um lembrete de sua presença para Harry, mesmo quando ele estivesse ausente.

Corria despretensiosamente as mãos pelos cabelos castanhos do ômega. Não tinha certeza de quanto tempo passou apenas aproveitando o calor do corpo do outro colado ao seu, poder tocá-lo era tão bom e ele tinha uma expressão realmente pacífica dormindo, como um anjo. Quando estava tão sereno assim nem parecia ter passado por tanto sofrimento. “Eu amo você” sussurrou enquanto acariciava o rosto sereno do ômega que estava muito perdido em sonhos para ouvir.

Eventualmente, o cansaço venceu Harry, e ele cedeu ao sono, mesmo que provavelmente por poucas horas, considerando que estava indo dormir um pouco antes de amanhecer.

Louis amava dormir, era ótimo aquele momento de inconsciência e tranquilidade, longe de todos os problemas e conflitos, apenas um breve descanso. Quando despertou, teve um pouco de dificuldade para se lembrar do que havia acontecido, sonolento demais para entender a situação, e forçando devagar seus olhos à abrir de vez. Tentou se mexer, mas quando o fez percebeu que estava praticamente preso ao corpo de Harry. Lembrou-se rapidamente da noite anterior, e desprezou à si mesmo, odiava sentir-se exposto, mas ao mesmo tempo era um alívio que agora Harry soubesse sobre seus pais. Ainda era estranha a sensação de ter Harry tão perto de si, sem malícia alguma, apenas carinho sobreposto de carinho. Sorriu sem perceber e se permitiu admirar o alfa dormindo por alguns segundos. Mesmo dormindo Harry parecia um pouco tenso, como se estivesse em alerta, tanto que quando Louis tentou se soltar dos braços do alfa sem acordá-lo pôde sentir Harry segurá-lo mais, involuntariamente. 

O ômega franziu o cenho e observou bem o rosto do outro, não tinha mais tanta certeza se Harry estava totalmente apagado, ele o segurava firme contra seu corpo e Louis não sabia se conseguiria mesmo levantar sem acordá-lo. Tentou mais uma vez, com o dobro de cuidado, os olhos do alfa pareciam tremer e se abriram lentamente. Louis lançou-lhe um sorriso culpado. 

"Bom dia..." sussurrou, sem nem saber porque estava usando um tom tão baixo. Harry soltou um barulho incompreensível e levou uma das mãos aos olhos, esfregando e tentando acordar, mas ele estava realmente cansado. Não tinha dormido praticamente nada. "Volta a dormir, Haz, eu já volto..." Louis já o havia despertado, mesmo sem querer, então não se importou de se mexer mais, dando um beijo na testa do alfa e levantando-se da cama. 

Harry fez uma careta pelo gesto e riu baixinho, achando engraçado receber um beijo na testa que era algo que só seus pais costumam lhe dar. Ele conseguia se imaginar agindo assim com Louis, considerando todo o afeto e a proteção que tinha sobre o menor, mas lhe parecia extremamente estranho ter Louis agindo assim consigo. Harry era o alfa da relação, então tinha toda essa ideia já predefinida de que ele seria o protetor e quem deveria ser protegido seria o ômega. Como se toda a responsabilidade pelo cuidado devesse partir apenas dele. Porém, era estranhamente bom ter Louis agindo assim com ele.

Cochilou por mais algum tempo, não dormindo tão bem assim depois de já ter despertado e não ter mais Louis na cama. Alguns minutos depois, que pareceram passar rápido demais, Louis voltou para o quarto com algumas coisas em mão. Harry não se incomodou em abrir os olhos até o ômega chamá-lo, então só percebeu que Louis lhe estendia uma caneca com chá após ouvir seu nome. "Eu pensei em fazer aquela coisa de trazer café na cama e tal, mas eu não tenho uma bandeja e o máximo que sei fazer é passar geleia em torrada." O ômega explicou-se, e Harry riu, sentando-se encostado na cabeceira da cama. "Tá bem quente, cuidado." Louis entregou-lhe uma caneca e sentou-se à frente do alfa.

"Obrigado..." Harry respondeu ainda sonolento "Que horas são?"

"Nove e meia, por aí... Que horas vai ser o negócio do apartamento?" Tomlinson questionou e ele parecia tão diferente da figura chorona da noite anterior, Harry suspirou com o jeito atropelado com que Louis seguia em frente, sem realmente resolver alguma coisa, apenas tentando esquecer que aconteceu. E também ficou um pouco surpreso por Louis realmente ter se interessado em ver os apartamentos.

"Eu não sei ainda... Eu preciso fazer algumas ligações, mas talvez a gente possa ver alguns lugares à tarde." Styles sorriu genuinamente.

A parte da manhã foi tranquila, Harry acabou fazendo um café da manhã decente e dessa vez Louis ajudou, tentando aprender a fazer panquecas e tudo mais. Harry falou com um corretor de imóveis e como um Styles ele conseguiu facilmente um atendimento preferencial, mesmo ligando em cima da hora sem ter feito um agendamento prévio.

O corretor era um alfa de meia-idade chamado Paul, muito simpático e empenhado no trabalho. O homem levou Harry e Louis para conhecerem os melhores — e mais luxuosos — apartamentos que tinha disponível. A verdade é que haviam muitas opções, e um dia só era muito pouco para ver todos os apartamentos maravilhosos que Harry poderia comprar. O que seria apenas o passeio de sábado acabou se tornando também o passeio de domingo. E nesse período, depois de mostrar virtualmente quinze opções, e pessoalmente seis apartamentos, Harry parecia ter feito sua escolha.

O alfa original levava muito em consideração as opiniões e até as expressões faciais de Louis para cada lugar que visitaram. Tomlinson parecia deslumbrado, na maior parte das vezes. Eles foram apresentados à apartamentos pré-decorados, e no apartamento que Louis pareceu mais gostar tudo era muito branco e sofisticado. Era simplesmente lindo, e a vista da janela também era ótima. Era obviamente caro, mas Paul não estava falando em preços e o ômega não fazia ideia de que havia gostado do apartamento mais caro, e também não sabia que Harry compraria ali apenas porque ele pareceu gostar. Era só que a vista era linda, e a decoração era básica e bonita, de um jeito que Harry poderia facilmente transformar o ambiente com poucos móveis e objetos novos. Talvez uma tinta colorida em alguma parede e só. A localização também era sensacional, assim como o prédio.

Paul fez seu trabalho de forma excelente, e ele sabia que agradar Louis seria agradar Harry, dava para notar facilmente como a opinião do ômega importava para o seu cliente. Então ele tentou deixar o ômega o mais à vontade possível, falando todas as qualidades do imóvel e o jeito que os três quartos poderiam ser utilizados. A maior suíte que seria do casal,  uma suíte para hóspedes e um quarto para ser o escritório ou uma área extra de lazer. Todos os cômodos eram espaçosos e Louis corou quando Paul se referiu à ele e Harry como um casal, como se o apartamento fosse para os dois. Se bem que essa seria a impressão de qualquer um que visse a forma como eles seguravam as mãos e se olhavam.

Louis se deixou levar pelo passeio, era tudo tão bonito e ele considerou que se não gostasse tanto de música poderia pensar em arquitetura e/ou designer de interiores. No entanto, faltava lhe talento para tal e dinheiro para bancar o curso. Se esforçou para não fazer comparações de seu apartamento para os tipos de apartamento que ele visitou com Harry.

Viver confortavelmente não era errado, e Louis não tinha inveja de Harry, se o alfa podia bancar um lugar daqueles para viver então nada mais justo do que o fazer.

Também não se importou se parecia só o namorado do cara rico, se alguém de fora o achasse interesseiro não o importava, o que importava era que Harry soubesse que Louis não está nem aí para sua condição financeira. E Styles sabia, Louis não era nenhum um pouco interesseiro, ainda se lembra de quando o ômega brigou consigo por fazer compras para ele e como ele insistia em se manter sozinho, por isso também nunca iam em restaurantes caros, o alfa até comprava ingredientes de alta qualidade e vinhos estupidamente caros, mas Louis não sabia quanto custava então acabava deixando. Harry só queria que o lado financeiro não fosse um empecilho para o ômega, ele tinha muita vontade de mimar Louis, dar tudo do melhor e mais caro, mas também admirava que o ômega tivesse caráter o suficiente para não o enganar apenas por dinheiro.

E mesmo sabendo que seria difícil, sonhava com o dia em que Louis viria morar em seu apartamento, então suas coisas seriam também dele. Trocaria o “meu” por “nosso”.

E mesmo com ciúmes, problemas de confiança e desânimo pela paciência excessiva que anda tendo, nesses momentos em que idealiza o futuro, Louis é o único que ele vê. É um sentimento muito forte e Harry sabe, do fundo do coração, que apesar de tudo, o que ele sente não vai morrer.

*

É final de tarde do domingo e Harry dormiu dois dias seguidos na casa de Louis, ele teria que voltar para sua casa e resolver toda a questão do apartamento, além de que sua mãe estava irritada. Anne não sabia que Harry tinha ido procurar apartamentos naquele fim de semana, mas já estava brava pela falta de consideração do filho, que simplesmente sumia de casa para ficar vinte e quatro horas por dia com o ômega desconhecido.

"É claro que vou jantar em casa, mãe..." Harry tentou acalmá-la por telefone.

Eles tinham acabado de chegar ao apartamento do ômega e Louis estava buscando o notebook no quarto, Harry tinha sugerido uma sessão de filmes — a desculpa deles para sessão de beijos — porém o alfa tinha que ir embora para agradar Anne um pouco.

"Eu sei... É claro que eu sei que tenho casa, mãe... Eu não estou te trocando, eu amo você..." O alfa fala distraidamente no celular, Anne estava sendo um pouco irritante, mas Harry achava até fofo. O que não seria fofo seria quando ela descobrisse que Harry já arranjou um apartamento. Ele tinha ficado de apresentar o local para mãe antes de escolher de vez, então pretendia levá-la lá antes de fechar negócio. Porém, independente se Anne ia aprovar ou não, ele já tinha feito sua escolha.

Louis tinha chego na sala sem que ao menos o alfa o percebesse, e Harry dizendo “eu amo você” lhe causava uma sensação estranha, mesmo que não tivesse sido direcionado para si, ainda sim tinha a sensação de ter ouvido isso, em um sonho ou algo assim. Balançou a cabeça negativamente, para afastar os pensamentos bobos. Amor era um sentimento muito forte, Harry amava a mãe, não Louis que conhece há tão pouco tempo.

"Eu tenho que desligar, mãe... Eu não sei, daqui há umas duas horas?" Harry tentou ganhar algum tempo à mais com Louis, ele não sabia porque sua mãe insistia tanto em ter sua presença em casa mesmo que ele fosse provavelmente ficar isolado em seu quarto ou escritório, fazendo suas coisas. Devia ser apenas o lance da presença. Ela queria o filho por perto. E mesmo que Harry a amasse, Anne teria que aprender a viver com um pouco mais de distância, quando Harry saísse de casa acabariam se vendo menos. Era o normal da vida.

Suspirou e finalmente desligando a ligação, percebendo Louis que esperava em pé de longe até ele terminar a ligação.

"Sua mãe, né?" O ômega perguntou retoricamente, Harry balançou a cabeça em positivo e o ômega continuou "Ela quer que você vá embora?"

"Sempre quer." Harry riu, Louis forçou um risinho também, não achando tão legal assim. Se aproximou do alfa, colocando o notebook na mesa de centro e sentando-se ao seu lado.

"Tenho impressão de que ela não deve gostar muito de mim." Falou sinceramente, sentia-se roubando o filho de Anne, todo o tempo que o alfa passava consigo e poderia estar com a família. Era estranho, essa disputa cega, Louis não queria ficar entre Harry e a própria mãe.

"Não é verdade." Harry garantiu, puxando as pernas do ômega para seu colo. As mãos subindo e descendo devagar pelas coxas. "Ela nem te conhece... Mas ela adoraria conhecer..." Soltou.

Louis franziu o cenho. Conhecer a família de Harry lhe parecia uma ideia aterrorizante.

Repensou o que tinha dito para si mesmo sobre não se importar com outras pessoas achando que o que ele tinha com Harry era puro interesse. Ele se sentiria péssimo se a família do alfa pensasse isso dele. Totalmente deslocado e não suficiente. Ele não fazia ideia de como Anne era, mas só a suposta disputa cega por atenção que ela tem com Louis sobre Harry, já o fazia acreditar que tudo seria terrível.

O ômega engoliu em seco e não falou nada. Harry tentou novamente, uma ideia surgindo em sua mente. "Você podia jantar com a gente hoje!" Falou animadamente "Seria ótimo, assim você pode conhecer meus pais e Gemma, sem pressão de jantar formal, é só um domingo qualquer e pode ser uma surpresa para minha mãe!" Sorriu realmente largo, em sua mente já era mais do que hora do ômega conhecer sua família.

Já que ele teria um tempo difícil tentando caçar e conhecer a família do ômega.

A animação de Harry, porém, não durou muito. Louis tinha uma expressão facial que o entregava, ele não queria o jantar. E Harry bufou audivelmente, estressado com o quão rápido sua ideia foi descartada.

"É que hoje-" Louis tentou montar uma desculpa, ele estava quase em pânico só de pensar em conhecer Anne, jamais conseguiria ir jantar com ela assim do nada. Sem se preparar física e psicologicamente.

"Não inventa desculpa." Styles o cortou. A mão que acariciava a coxa do ômega, agora parada. O bom humor tinha ido embora. Harry estava com o humor inconstante, como se qualquer coisa mínima fora do lugar o irritasse. "Não quer ir é só falar."

Louis revirou os olhos para a atitude do outro, tirando suas pernas de cima do colo do alfa. "Vamos ver o filme então." Abriu o notebook, digitou senha e tudo, a sessão de beijos dessa vez talvez fosse mesmo ser apenas uma sessão de filmes.

Harry estava tentando voltar ao bom humor. Segurou seu impulso de pedir desculpas e disse à si mesmo que ele não estava errado. Louis que deveria se esforçar um pouco para conhecer sua família, era só um jantar, afinal.

Observou os movimentos do ômega, uma expressão descontente ainda no rosto. E a sobrancelha se arqueando ao ver o arquivo de texto que surgiu na tela do notebook. "O que é isso?" Aproximou-se o suficiente para ver o nome do ômega em letras grandes no início da página, um óbvio currículo.

"Anh, nada demais..." Louis rebateu, salvando o arquivo e fechando, anotando mentalmente que deveria já ter enviado o mesmo para Zayn o ajudar a distribuir.

"Por que você fez um currículo? O que aconteceu com seu emprego?" O alfa ignorou o comentário de Louis e questionou preocupado. Será possível que ele nunca fica sabendo de nada?

"Nada, Harry... Eu só... Só estava fazendo um modelo de currículo, vou tentar mudar de emprego." Deu de ombros, nenhum um pouco afim de falar de problemas financeiros.

"O que há de errado no atual?"

"Nada, vamos assistir o filme logo que daqui a pouco você vai embora..." Louis tentou desviar o assunto novamente e Harry revirou os olhos, estressado.

"O que custa você responder direito uma pergunta?" O alfa não tinha mais a pose relaxada no sofá, na verdade parecia um chefe irritado e Louis franziu o cenho, incomodado com o tom de voz do alfa e toda sua autoridade.

"O que tem de errado com você?" O ômega rebateu e o alfa desviou o olhar, contando mentalmente até dez, segurando palavras que se arrependeria em soltar.

"Pergunto o mesmo."

"Eu já tinha falado que estava com problemas no trabalho, só estou tentando procurar um novo. Agora, o que já está me irritando é o quão rude você está sendo." Louis rebateu, largando o notebook e encarando Harry firmemente.

Ele tinha deixado passar o fora que levou na cozinha e tudo mais, mas as alterações de humor de Harry já estavam começando à alterar seu humor também.

"E que problema é esse pra te fazer mudar de emprego? Por quê não me contou?" Harry ignorou ter sido chamado de rude. Ele estava alterado, Louis lhe escondia tantas coisas, sempre desconversava, aquilo estava o frustando demais.

"Não é nada demais! Porque você está transformando isso em algo?"

"Você devia ter me contado! Eu posso ajudar! Você não ia falar nada, né? Se eu não visse o currículo." O alfa acusou, triste e cansado.

Louis suspirou, desviando o olhar, ele realmente não iria falar com Harry sobre isso, não via porquê isso seria relevante para o alfa. Já bastava todos os outros problemas que Louis tinha e Harry já havia descoberto. Tomlinson só queria se sentir menos como uma bolinha de problemas.

Harry bufou e se levantou, caçando suas chaves, carteira e celular. Era melhor ir embora do que ficar ali no clima chato e discutindo.

"Harry, por favor..." O ômega pediu enquanto observava o outro se preparando para ir embora. A ideia da sessão de beijos totalmente descartada.

"Eu tenho que ir. Minha mãe está me esperando..." Harry respondeu sem se importar com o tom manso que o ômega havia usado. Andando em direção à porta sem olhar para o outro.

Louis levantou-se e segurou o braço do alfa quando o mesmo tocou a maçaneta. A expressão do alfa era dura e ele realmente estava indo embora sem se despedir.

"Eu só não achei necessário te contar isso." Tomlinson tentou se explicar e Harry revirou os olhos, pois aparentemente Louis não achava necessário que Harry soubesse uma coisa sequer sobre ele. Styles sempre tinha que descobrir por conta própria ou forçar a barra até o ômega falar. Era exaustivo. "Não precisa ficar bravo por isso."

"O que não é necessário é você me falar como eu devo me sentir." Harry rebate secamente, irritado mais uma vez por Louis não entender que ele não é capaz de controlar seus sentimentos.

Louis o solta, transtornado e desistindo. "Wow, ok..." O ômega se afasta, deixando espaço para o alfa abrir a porta e sair, Harry porém continua com a mão parada sobre a maçaneta. Repensando o que havia dito, mas não se arrependendo.

"Eu não estou irritado assim só por isso..." Afirma abrindo a porta e já pisando no corredor antes de continuar. "E você tem que ser muito cego para achar que eu estou exagerando".

Styles está sério quando diz aquelas coisas e Louis por um momento se sente diminuído, como uma criança sendo repreendida e chamada de burra. Nenhum dos dois fala mais nada, Harry começa à andar para longe em silêncio e Louis permanece um tempo o olhando entrar no elevador, até que as portas do mesmo fecham e Harry está fora do seu campo de visão.

Mas que porra?” ele pensa em voz alta, o dia tinha sido tão legal para acabar daquele jeito, e Louis não entendia porque o alfa ficou tão irritado.

Provavelmente tinha sido pelo ômega não querer jantar com a família Styles, mas era uma opção sua e Harry deveria respeitar.

O resto da noite de Louis é um saco, ele só consegue repassar mentalmente a pequena discussão e liga para Niall para pedir uma terceira opinião. E então é obrigado à contar ao amigo sobre sua possível futura demissão, aparentemente Niall fica tão chateado quanto Harry por não ter ficado sabendo antes. “Eu poderia te ajudar, Lou! Você sabe disso!” é o que o irlandês diz ao amigo e Louis acaba chegando à conclusão de que o alfa se irritou pelo mesmo motivo que Niall.

Eles querem ajudar Louis e o ômega só queria não parecer que precisa de ajuda toda porra do tempo e por vários motivos.

Entretanto, querendo um pouco de paz, ele pede desculpas à Niall e diz que lhe enviará o currículo, e então se o loiro souber de alguma oportunidade de emprego ele pode indicar Tomlinson.

Louis acaba fazendo o mesmo via mensagem com Harry, o alfa quando recebe o pedido de desculpas acompanhado de um "qual é seu email?" revira os olhos. Ele definitivamente não está irritado apenas por isso, e ele não precisa ajudar Louis à distribuir currículo, sua família é dona de uma multinacional, Harry pode facilmente arranjar um cargo em que o ômega ganhe estupidamente bem sem fazer nenhum esforço.

De qualquer forma, os dois terminam a noite de domingo sem mensagens fofas de boa noite e sem um último beijo. Harry está irritado demais para se importar com isso e sua família toda percebe o quão distante ele parece no jantar.

"Algum problema, querido?" Anne questiona um pouco à contragosto. Ela pediu que Harry jantasse em casa, mas não que fizesse isso de forma emburrada.

"Não sei se classifico em ordem alfabética ou cronológica." Harry resmunga distraidamente, mexendo na comida em seu prato sem muito interesse.

Gemma dá uma risadinha e Anne franze o cenho, Desmond parece simplesmente alheio, ele não se importa se o filho parece estar de birra.

"Sabe, eu te pedi que jantasse em casa porque sinto sua falta por aqui, mas não quero que faça isso obrigado e com cara emburrada." Anne começou a falar de forma calma e amorosa, mas terminou com uma aparente irritação.

Ela era uma ômega típica, sempre muito amorosa com os filhos e tentando ser simpática e empática ao máximo, mas conviver tantos anos com tantos alfas originais tinha lhe despertado um pouco do gênio difícil que os filhos pareciam ter. Ela tentava falar de igual para igual.

Harry ergueu os olhos verdes e encarou a mãe, suspirando e largando o garfo. "Desculpe, não é nada com você, mãe."

"Deve ter se lembrado que amanhã é segunda. Acaba com o humor de qualquer um." Gemma comentou tentando soar engraçada e descontrair os familiares.

Não adiantou muito.

"O que aconteceu?" Anne insistiu.

"Louis aconteceu..." Harry reclamou tomando mais um gole de suco, desistindo de jantar. Ele não estava com fome.

Sua família notou o tom decepcionado que Harry usara, e estranharam, o ômega era até então seu assunto favorito. Harry sempre parecia ter corações pulsando nos olhos quando falava sobre o garoto.

"Louis, seu ômega?" Des questionou pela primeira vez no jantar, um olhar preocupado para o filho caçula.

Harry maneou positivamente a cabeça, mesmo que o fato de Louis não ser realmente seu fosse um de seus dilemas.

"Achei que Louis fosse sua solução, não problema..." Gemma comenta num tom mais ameno, desistindo de tentar fazer qualquer graça, o irmão parecia chateado demais para rir.

"Também achei." O alfa original deu de ombros e empurrou o próprio prato para longe, decidido à não comer mais.

"O que aconteceu, Harry?" A ômega questionou novamente o filho, preocupada com o tom que Harry usava para falar sobre o ômega que tanto gostava.

"As coisas só não estão... Dando certo. Enfim, desculpe por isso. Não queria estragar o jantar nem nada, só não estou muito bem, então... Boa noite, vou dormir." O alfa disse de forma abatida e levantou-se, seus pais e irmã lançaram-lhe um olhar preocupado, mas não insistiriam.

Harry contava as coisas só quando tinha vontade, mas essas pequenas informações já deixavam sua família avisada, preparada para qualquer outra notícia futura, boa ou ruim.

*

A segunda-feira começa cinza e ameaçando chover. Louis acha que o tempo só está assim para combinar com seu estado de espírito ou algo do tipo, ele pensa que às vezes as coisas simplesmente conspiram contra ele. Não que ele seja tão importante assim para o universo querer, especificamente, sacanear com ele, mas ele se dá o direito de pelo menos uma vez culpar o destino e as circunstâncias.

Por sorte, não chove. Até porque, nesse dia em específico, Louis vai à pé para a universidade. Depois do estranhamento que ele e Harry tiveram no dia anterior, o alfa não lhe mandou mais mensagens — de boa noite ou bom dia — e também não apareceu de manhã como sempre faz para lhe dar uma carona. Aparentemente, Harry estava estupidamente bravo com Louis.

E Tomlinson estranha cada momento em que é ignorado pelo alfa. Lembra-o muito de como as coisas costumavam ser antes, sem alfas bonitos e mensagens fofas, sem caronas, sem beijos, sem músicas alegres no carro em plena manhã de segunda-feira, sem sorrisos com covinhas, e Louis sabe que deveria estar bem acostumado à tudo isso, era como sua vida era antes de Harry, e era ridículo como ele sentia falta em apenas um dia longe.

Era só que ele preferia o gosto da boca de Harry ao invés do gosto de seus cigarros. O que o fazia comparar o alfa com algum tipo de droga. Styles estava se impregnando aos poucos na vida de Louis, e uma simples alteração de humor e mudança de rotina já fodia com todo o bom humor que Louis poderia vir a ter. Porque a segunda mal começou e ele já está sendo ignorado pelo alfa.

Ele bufa, traga mais uma vez o maldito cigarro e checa o celular, ele está quase chegando à Universidade e sua mensagem não foi nem visualizada. Por um momento ele pensa na possibilidade do alfa o ter bloqueado. Não. Não. Harry não faria isso.

E realmente, não foi o que aconteceu. A verdade é que Harry estava exausto. Todos os sentimentos confusos, dúvidas, medos e emoções fortes demais estavam o desgastando. Ele não tinha conseguido comer direito nem dormir. Passou horas deitado na própria cama encarando o teto, odiando o quão vazia sua cama era, como ele queria o corpo quente do ômega ao seu lado todas as noites, e como ele provavelmente não teria isso tão cedo. Dormiu mal, teve pesadelos que mais pareciam sonhos realizados, sua parte instintiva tomando conta de sua mente, dizendo-lhe para tomar Louis como seu de uma vez, cansado de tanta paciência. Tanta desobediência. Acordou no meio da madrugada, suado e assustado. O pesadelo parecia real demais. No sonho, Louis lhe obedecia totalmente, como um típico bom ômega faria, tratando-o como um mestre e coisa e tal, vivendo para lhe amar e servir, parecia mais como um cão adestrado do que com o Louis pelo qual era apaixonado, Harry tomava-o como seu, tocava-lhe deliberadamente de forma íntima, e o ômega... Bem, ele tinha o rosto banhado de lágrimas, e Harry continuava o tocando, e Louis chorava baixo para não incomodá-lo. Era perturbador e nojento. Harry queria bater em si mesmo por imaginar coisas assim. Sentia-se imundo. E mesmo depois de um bom banho e horas à mais acordado, demorou a tentar dormir novamente. Um medo estranho da parte de seu cérebro que o colocava como controlador excessivo.

Eventualmente, dormiu profundamente, não ouviu as mensagens e o alarme. Perdeu a hora. E só acordou com Anne bateu em sua porta, estranhando o filho ainda estar em casa.

"Querido?" A ômega chamou em um tom preocupado, e as fortes batidas na porta havia feito com que Harry despertasse de forma assustada e atordoada.

Quando percebeu onde estava e porquê já era tarde. Havia perdido aulas e Anne insistiu que ele não deveria ir à aula se estava se sentindo mal. Aproveitou o tempo com o filho caçula para mima-lo e acalma-lo. Harry aceitou de bom grado, tentando convencer à si mesmo com as palavras da mãe de que ele era um bom rapaz.

Um bom rapaz um pouco perdido, mas ainda sim com um bom coração.

*

Já Louis estava tendo uma manhã péssima, Harry estava o ignorando, ele teve um teste do qual tinha se esquecido totalmente sobre, uma chuva desgraçada havia começado e como se não bastasse ele lembrou que teria aula de percepção musical, com seu querido professor assediador, Charles.

Tomlinson sentia o próprio corpo tremer levemente e ele dizia à si mesmo que aquilo era ridículo. Ele estava bem acordado e a sala estaria lotada, teria muita gente para que Charles pudesse fazer qualquer coisa contra si. E se algo acontecesse, ele já estava preparado para dar um belo tapa no professor.

Ou quase.

Tipo, fala sério, Charles era bem mais forte que Louis. A única chance que o ômega teria seria se o professor não fosse tão mal assim, e entendesse que Tomlinson não é esse tipo de aluno, deixando-o pra lá quando levasse um fora.

De qualquer forma, todo seus planos mirabolantes e a sensação incômoda no estômago foram embora assim que uma mulher, ômega, entrou na sala no lugar do professor Charles.

“Bom dia, pessoal. Meu nome é Alex Miller e estou assumindo as aulas do seu antigo professor, Sr. Charles Ludwig.”

E Louis encarou boquiaberto a nova professora. Houve burburinho na sala e alunos curiosos, Tomlinson agradeceu mentalmente porque ele mesmo não conseguia falar nada, mas pode ouvir atentamente o jeito que Alex respondia as perguntas.

Aparentemente, Charles teve que se afastar temporariamente, mas o provável era que ele não voltasse. Havia rumores de que sua mãezinha estava quase morrendo e ele se mudou para passar mais tempo com os pais antes que fosse tarde demais.

Besteira.

Tudo um monte de besteira sem sentido.

Aquilo estava suspeito demais e Louis só precisava fazer uma pergunta à Harry para descobrir a verdade.

Infelizmente, o ômega teve que aguardar o dia terminar para se encontrar com Harry, o alfa não tinha ido à aula, não havia respondido suas mensagens e não havia buscado-o para o almoço. O ignorou o dia inteiro, o que só alimentou mais ainda a raiva que Louis estava sentindo.

Louis tinha acabado de sair do trabalho, e ligou cinco vezes seguidas para Harry, enraivecido e pronto para brigar.

Styles estava tentando ter um tempo para si, dormiu quase o dia inteiro, recuperando o sono perdido. E só viu todas as mensagens e ligações perdidas quando acordou e resolveu checar Louis através do celular que havia descarregado.

As primeiras mensagens eram bom dia's e desculpas, mas as últimas eram coisas como “pare de me ignorar, preciso falar com você, sério”.

E o alfa não demorou muito para se arrumar e ir ao encontro do ômega. Sentindo-se um pouco culpado e ausente demais.

Quando Harry foi se anunciar ao porteiro, Jonh, o mesmo disse amuado que não era necessário. Harry franziu o cenho e então sorriu. Menos uma palhaçada.

Quando Louis abriu a porta e avistou Harry apenas o deixou entrar e então fechou a porta, andando calado pelo pequeno apartamento. Fazendo com que o alfa mudasse a postura relaxada para uma em alerta.

"O que está acontecendo?" Questionou defensivamente.

Louis o analisou por alguns segundos, como se tentasse ler sua alma ou coisa assim.

"Me diz você." O ômega praticamente sussurrou, mas a frase foi alta o suficiente para que o alfa original ouvisse.

Harry revirou os olhos. "Por que me chamou aqui? Qual o assunto sério que tinha para falar comigo?"

Os dois estavam distantes, olhares firmes e rostos sérios. Era desconfortável e propício à brigas. Nenhum dos dois gostavam daquilo e do quão pesado o ambiente parecia, mas estavam muito agarrados à situação para tentarem aliviar as coisas.

"O que você fez com Charles?" Louis perguntou de uma vez, olhos acusatórios e um pouco de medo da resposta.

Harry congelou por um segundo, sentia como se houvesse sido pego e analisou os olhos azuis à sua frente. O quanto Louis sabia? Se ele estava perguntando diretamente assim já deveria saber de algo e dependendo do que Harry respondesse ele poderia ser pego mentindo.

"Do que está falando?" Tentou se fazer de desentendido, apenas para ganhar tempo, Louis revirou os olhos de imediato, dando pequenos passos inquieto.

"Você sabe do que eu estou falando! Charles não leciona mais na universidade e isso aconteceu magicamente depois do que eu te contei!" O ômega acusou e ele parecia simplesmente transtornado, irritado com o jeito que Harry fingia não saber sobre o assunto.

Styles não conteve um mínimo sorriso, Charles não lecionava mais, o que ele fez tinha definitivamente dado certo, mas agora havia um Louis irritado para lidar.

"Bem, isso é ótimo, não é mesmo?" Harry cruzou os braços e assumiu uma postura debochada.

"Ótimo? O que foi que você fez, Harry? A gente tinha combinado de deixar isso pra lá e-" o menor começou a falar em descrença, mas Harry logo o cortou.

"A gente? Eu não combinei nada! E porque se importa tanto com o que fez Charles se mudar? Foda-se ele! O bom é que você não terá mais que lidar com ele, isso que importa!" O alfa descruzou os braços e começou à se defender. Ele não deixaria que o ômega o pintasse como o errado da história. Ele fez algo bom para Louis. E se ele usou de violência, não importava. Os fins às vezes compensam os meios, ou quase isso.

Louis pareceu um pouco impressionado com o tom usado pelo alfa, mas não recuou com sua opinião.  "Você não o denunciou! Se tivesse feito isso eu saberia... Eu mesmo teria que ir fazer." Divagou. "Você fez alguma coisa errada para afasta-lo! O que você fez?"

Styles desviou o olhar, mordeu o lábio inferior e contou até dez. Ele imaginava que o ômega talvez não gostasse de seus métodos, mas ainda sim era irritante como Louis não parecia nem um pouco feliz por se livrar de Charles, preferindo apenas acusar Harry de ter feito coisas erradas.

"Eu perguntei o que você fez, Harry!" Louis chamou sua atenção mais uma vez, irritado. "O que custa você responder direito uma pergunta?" A pergunta final foi feita em tom ácido, usando as mesmas palavras que Harry tinha usado com Louis no dia anterior. Um leve lembrete de que o ômega não esquecia o que lhe era dito.

"Não importa o que eu fiz!" Styles praticamente gritou, irritado demais com Louis para controlar o tom de voz. "Não pergunte o que você não quer saber. E pelo menos uma vez na vida deixe de ser mal agradecido e veja pelo lado bom, eu te livrei de Charles, se eu o bati pra fazer isso, se ameacei, subornei ou o entreguei para esposa, nada disso importa! A única merda que importa é que aquele desgraçado nunca vai te tocar e você não vai ter que vê-lo nunca mais. Isso não te faz feliz?"

Louis estava boquiaberto, aquele não era o Harry que conhecia e sinceramente, ele estava irritado demais para filtrar o que falava, mas ainda estava na defensiva e considerava que não tinha ofendido Harry como o mesmo havia acabado de fazer consigo.

"Feliz? Oh, não, desculpe se eu sou mal agradecido e não fico feliz com você socando um idiota achando que vai me proteger!" Louis gritou de volta, enraivecido e deixando todo o filtro de lado. "Ele podia ter a porra duma arma ou te entregar para polícia, e você estaria se arriscando assim pra quê? Pra resolver um problema que nem é seu!"

Louis estava num misto de raiva e preocupação. Porque, sério, não havia necessidade de Harry agir assim, ele não deveria se arriscar para livrar o ômega de um professor tarado. Louis deveria saber lidar sozinho com esse tipo de coisa. E agora ele amaldiçoava à si mesmo por ter contado aquilo à Harry.

"Que nem é meu?" O maior repetiu amargamente. Ele já era lembrado por si mesmo o tempo todo o quanto Louis não era seu, e o ômega lhe jogando isso na cara só o irritava mais. "Certo... Que porra você queria que eu fizesse, então? Que eu te visse chorar e não fizesse nem uma porcaria de uma denúncia e simplesmente ficasse por isso mesmo? Você queria o quê, Louis? Que eu deixasse ele te assediar? Que deixasse ele te tocar e fazer a merda que ele pretendesse e simplesmente assistisse de fora, parado e inútil. Apenas esperando você vir chorar no meu ombro porque foi abusado?" Harry ia falando e se aproximando, o tom sério e cortante, pesado. Louis se sentia um pouco diminuído e tremeu levemente com apenas a menção de um abuso sexual, mas o que tem realmente lhe enraiveceu foi como Harry colocou a situação.

"Eu não queria que você fizesse nada! Eu não queria que você batesse em ninguém para resolver as merdas dos meus problemas e nem que-" Respirou fundo desviando o olhar, os olhos querendo marejar e ele dizendo à si mesmo que era choro de raiva. "Eu não devia ter te falado nada. E não se preocupe, eu nunca mais vou chorar no seu ombro porque me tocaram ou-"

"Cala boca!" Styles gritou atordoado, segurando os ombros do ômega por alguns segundos e mantendo um tom firme e bravo. Louis ergueu o olhar e quando encarou o alfa o mesmo o soltou e começou a falar: "Eu não quero você me escondendo coisas! Nunca mais. Eu não quero que uma situação de merda dessas aconteça e você me deixe no escuro. Eu estou cansado de você me escondendo coisas, e eu não quero você brigando quando eu tento te ajudar! Porque é isso que eu fiz, é isso que eu venho tentando fazer desde o início, te ajudar! Mas você não deixa, Louis! Você me corta o tempo todo e ainda por cima interpreta errado o que eu faço." Harry terminou sua fala com a respiração descompassada, o olhar ainda firme sobre o ômega que parecia atordoado.

"Isso... Não é certo." Louis murmurou, ele tentava caçar palavras e seguir seu raciocínio, mas tudo que Harry falava quebrava tudo que ele poderia dizer.

"Não é certo? O que não é certo? Eu tentar te ajudar?"

Louis se calou por um instante, mordendo o lábio inferior e sentando-se no sofá para sentir que tinha algum apoio, porém, assim que olhou Harry de baixo para cima achou que isso era uma péssima ideia. Sentia-se levemente intimidado, não apenas pela figura grande à sua frente, mas também por tudo que o alfa dizia.

"Desse jeito não..." Rebateu em um tom baixo, tentando escolher as palavras certas e acalmar a situação. "Violência não resolve nada e você podia se encrencar por isso."

Harry virou o corpo, o olhar fixo sendo quebrado e a mão segurando o rosto, uma tentativa frustada de se acalmar porque obviamente o ômega estava tentando ser sensato, e Harry não queria parecer irracional, porém em relação à Charles ele tinha sido.

"Resolveu isso." Defendeu-se. "Resolveu pelo menos isso. Charles está longe e é isso, Louis. Acabou. Vai mesmo querer brigar por isso?"

"Não estou tentando brigar!"

"Ah não? Porque me parece que esse é exatamente o motivo pelo qual você me chamou aqui. Só pra me acusar de coisas e bancar o bravo. E tudo isso por quê? Porque eu resolvi um problema de um jeito que você não concorda? Já está feito! Discutir não vai mudar nada disso."

"Não quero você resolvendo meus problemas, Harry. Ainda mais assim!" Louis levantou-se, encarando o alfa de perto. Se fosse outras pessoas poderiam considerar que à qualquer momento a briga se tornaria física, mas eles mal se tocavam. Brigavam por olhares e palavras.

O alfa original engoliu em seco, sentindo-se rejeitado. "Não? Não posso tentar te ajudar? Sabe o que eu não entendo, Louis? Como você confia em mim pra cair no choro no meus braços, mas não confia que eu resolva as coisas... Como você espera que eu assista tudo dar errado pra você e não faça nada? É isso que você quer? Alguém que só veja você se ferrar e não faça nada? Porque o problema não é meu... Porque você não é nada meu!"

"E-eu só quero que me deixe resolver as coisas sozinho. Não é problema seu, você não tem que lidar com nada disso." Fungou brevemente. "E me desculpe se eu já chorei perto de você porque agora eu vejo o quão insuportável você acha isso!"

"Não fale besteira. Não é nada disso. Eu não me importo em te consolar, o que eu quero é só evitar ter que fazer isso. Porque, sim, eu estou cansado de te ver chorar. Eu estou cansado de me sentir inútil, porque tudo acontece e você não me deixa ajudar. Porque você nem me conta as coisas... Igual ontem! Você nem ia me contar sobre perder seu emprego! E até sexta eu nem sabia que você é órfão, você não me conta porra nenhuma. Tudo eu tenho que perguntar mil vezes, insistir mais do que deveria. Pressionar. Porque se depender de você a gente fica empacado!" O alfa acusou, sentindo-se estranhamente bem em falar tudo o que pensa e sente, mesmo que esteja fazendo isso praticamente aos gritos.

"Olha as coisas que você tá falando! Você mesmo admite que está forçando a barra. Se eu não quero falar você não pode me obrigar! Será que dá pra respeitar o mínimo de privacidade? Eu não tenho que te contar tudo!"

"Realmente, não tem. Eu não estou te obrigando à porra nenhuma. Eu tenho respeitado você ao máximo desde que te conheci. Eu estou relevando tudo de errado que você faz. Eu finjo que não vejo, conto até mil e digo pra mim mesmo que não posso te cobrar nada. Mas acontece que isso machuca! Eu estou cansado, Louis." Styles diz cada palavra com força e olhando nos olhos do ômega, Louis pode ver claramente o desgaste nos olhos verdes do alfa, toda a sinceridade e como o alfa parece prestes à chorar. "Eu estou cansado de ser sempre eu à tomar iniciativa. Sempre eu te ligando primeiro, convidando para as coisas, contando... De livre e espontânea vontade coisas da minha vida, porque eu quero que você saiba, que você participe. Eu estou cansado de te ver ignorando o que eu sinto, cansado de você se afastando cada vez que as coisas ficam mais intensas, cansado de ver você preferir o Zayn para contar seus problemas. Porque ele pode te ajudar, né? Nele você confia para caralho, mas eu? Eu nem tenho chance, porque você já definiu que seria assim! Porque você me coloca, sei lá, como um acessório! Eu nem sei como você me vê? O que eu sou pra você? Só o babaca apaixonado que faz tudo por você e não recebe nem atenção em troca? Custa tanto assim confiar um pouco mais em mim? Porque eu não fiz nada de errado para você ter raiva de mim!"

"Isso não é verdade!" O ômega rebate, arrependimento e vergonha o dominando. Sentia-se mal, questionando o quão verídico era o que o alfa estava dizendo. Louis não o tratava tão mal assim, tratava? "Eu não te vejo como um maldito acessório ou qualquer merda. Eu não tenho raiva de você, e se eu não tenho te contado coisas não é sobre você, é sobre mim! E-eu que não consigo..."

"Não vem com essa! Você consegue sim! Com Zayn você consegue muito bem!" Acusou, o ciúmes o dominando momentaneamente. "Pra ele você conta tudo! Ele.... Ele tem até a chave da sua casa enquanto eu ainda tenho que me anunciar pra subir, tipo, sério?"

"Eu já falei com Jonh sobre isso. E não envolva Zayn nisso, ele não tem nada a vê com-"

"Falou hoje só! E envolvo sim! Porque eu já estou cansado dessa porra de amizade de vocês, o jeito que ele te toca, se esfrega na sua cama, usa suas roupas. Sem contar que quando vocês ficam juntos aqui vocês fumam e fazem eu sei lá mais o quê!" Nessa hora não era mais Harry falando, e sim o ciúmes e a raiva. Styles notava facilmente que a tendência que Louis tinha para fumar envolvia o beta, ele lembra-se bem do cheiro de maconha impregnado no ambiente junto com a colônia de Zayn. Ele só conseguia odiar mais e mais o beta, não apenas por ciúmes, mas também por acha-lo prejudicial à Louis.

"Ah, fala sério!" O ômega bufou indignado, o rosto vermelho e o sangue fervendo. "Eu que estou cansado de vocês dois agindo assim! Você não tem motivo nenhum para odiá-lo e se você não gosta dele o problema é seu! Ele é meu amigo há anos e isso não vai mudar."

"Ah, claro, bela amizade colorida a de vocês. Com certeza não tenho nenhum motivo para me importar com isso. Nenhum, huh?"

"Colorida? É isso que te incomoda tanto? Você nem faz sentido com esse ódio todo pra cima dele! Eu também já transei com o Niall e ele você trata normal, então não vem com essa desculpa de ciúmes porque não cola!" Louis rebateu com as sobrancelhas arqueadas, era isso o que sempre martelava em sua mente quando pensava no ciúmes que o alfa tinha só do beta, não lhe fazia sentido ser por beijos e sexo sendo que ele também teve isso com Niall, e Harry trata o irlandês super bem, quase como amigos.

"Você e o Niall o quê?" O alfa arregala os olhos e o questiona atônito. Não conseguia acreditar no que estava ouvindo. "Ele é um ômega! Você está falando isso só pra me irritar, para com isso!"

Louis riu. "Só para te irritar? Fala sério, Harry! A primeira vez que você me viu eu beijei Niall na sua frente e agora você está surpreso só porque ele também é ômega?"

Styles revirou os olhos, o sangue fervendo, a mente confusa. "Você está desviando o assunto! Não é nem sobre isso que estamos discutindo, é sobre sua falta de confiança em mim. Foda-se seu passado com seus amigos, eu não quero ouvir sobre isso!"

"Não quer? Ué, não queria que eu te contasse as coisas? Estou contando! E você sabe que esse ciúmes que sente do Zayn não tem sentido, você só não quer admitir que está errado!"

"Foda-se isso! Foda-se ele!" Styles gritou com a voz alfa, Louis percebendo a diferença sonora, mas não sendo afetado, apenas encolhendo involuntariamente por saber que seria essa a intenção de Harry ao falar com ele daquele modo. "Você está distorcendo tudo que eu falo! Virando toda a culpa para mim quando você sabe que eu não posso controlar o que eu sinto, porque não é possível que você seja tão sonso à ponto de não perceber. Eu tenho ciúmes mesmo e você só está piorando isso, ignorando tudo que eu sinto e grudando vinte e quatro horas no Zayn. Me deixando para segundo plano quando para mim você é sempre a primeira opção. E tudo... Tudo que a gente gritou aqui hoje, serviu para quê? Você não quer mudar, você não se importa comigo e não quer se importar." Harry dizia em um tom firme, apesar do lábio inferior tremendo e dos olhos marejados. "E pra mim chega." Styles concluiu cansado, Louis encolhido o olhando em dúvida, com medo de perguntar, mas sem segurar a própria língua.

"O que isso significa? Que você cansou de mim?" Tomlinson também tinha os olhos avermelhados, mas usava toda sua força para não chorar, usava a raiva ao invés da tristeza, e permanecia parcialmente inabalável.

"Sim. Cansei, Louis." O alfa original confirma com a voz quase embargada, um sentimento ruim de derrota e rejeição. "Eu não aguento mais amar sozinho. Eu não aguento mais ser o único que se importa por aqui. Eu não escolhi nada disso, eu não escolhi me apaixonar por você e fazer de tudo para tentar fazer você feliz. Não escolhi falhar tanto..." Resmungou. "Até porque, se eu pudesse escolher, eu nunca escolheria alguém como você."


Notas Finais


×××

Oi mores ❤❤🤗😍
Como cês tão? Eu tô indo, pq fala sério, tive uma semana bem estressante, to estressada até agora sepá e mal humor impregnou na minha alma 😂 enfim, assisti stranger things em um dia, alguém aí curte??

Btw, desculpem pelo capítulo. Eu escrevi, li e reli isso aqui mil vezes então nem tenho mais ideia de como ele saiu. Eu tinha pensado em fazer att dupla, mas ia demorar muito, pensei em fazer pq aí seria tipo um capítulo como um tapa e outro como um beijo hehe. Enfim, vcs me dizem oq acham.

Eu não sei mais fazer capítulo pequeno ??? Tipo, antes era 3/4k por cap, agora tou no 6k / 8k. To escrevendo bem mais pras coisas não ficarem mt superficiais. Enfim, tbm não vou mais dar spoiler, falei de briga feia e esse foi o capítulo da tal briga. Me consumiu pq não tava achando a briga tão ruim assim, aí fiquei com dózinha e dps ferrei com tudo como prometido. Blé, me ignorem, não sei oq sinto sobre esse capítulo.

Obrigada pelos views, votos, comentários e paciência. Eu sei q não vou agradar todo mundo, lógicooo, mas pelo menos a maioria parece tá gostando e viva a democracia!! 😂😂 enfim, eu sou bem relax com essas fitas, mas tipo, se for parar de ler eu entendo (ngm é obrigado a acompanhar a fic ate o final, principalmente se não tá te agradando) mas nem precisa me avisar pq isso desanima, tá? Obg por ler até aqui e bye 😘❤

Enfim, espero que curtam o capítulo.
Deixem sua opinião aí sobre os personagens, solta o verbo e não levem nada pro lado pessoal, paz & amor 💙💚

! xoxo Juju !


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