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História ABO Originals - Harmonia


Escrita por: iluvlarry

Capítulo 34 - Harmonia


Fanfic / Fanfiction ABO Originals - Harmonia

Harry foi dormir sorrindo, só de saber que está na mesma cidade que seu ômega já se sentia feliz.

Sabe aquilo de ficar feliz simplesmente por existir ao mesmo tempo que alguém? Então, era exatamente assim que ele se sentia. Porque independente dos desentendimentos, ele amava Louis e amar era bom, muito bom. Tinha toda uma aura sobre tudo que ele via e o fazia ser positivo.

Passar um tempo em Nova York realmente havia sido revigorante. Nick tinha alguns bons conselhos também, além das palavras que já havia escutado de Gemma e até de sua mãe. Ele não estava tão sozinho assim, tinha gente que nem conhecia Louis e torcia pelo relacionamento deles.

Já tinham um convite especial para o casamento.

E ok, talvez Harry tenha acordado de bom humor e esteja cheio de planos e expectativas, mas a realidade não é tão doce assim e ele pôde perceber enquanto tomava café da manhã sozinho e dirigia até à Universidade sem ouvir nenhuma música. Ele queria ser positivo, com certeza ficaria feliz só em ver Louis, tinha sido muito tempo longe e ele estava morrendo por pelo menos um beijo, porém ainda teriam que conversar e se acertar antes de poderem se beijar e voltarem aos bons momentos.

Harry estava ansioso. Quando chegou ao seu destino sentiu o próprio corpo tremer só de pensar que Louis também estaria ali. E eles iriam se ver. E naquele momento ele realmente esperava que as tentativas do ômega de falar consigo não tenham sido para dizer alguma besteira do tipo "nós deveríamos ser apenas amigos" ou terminar tudo de vez e então acabar brigando mais, porque de jeito nenhum isso aconteceria, Harry não iria deixar Louis.

E eles nunca seriam apenas amigos.

Checou o celular só para confirmar que não haviam mensagens novas vindo do ômega, e seguiu para sua classe. Andou devagar e escaneando o ambiente, mas não viu Louis, nem Niall ou Zayn.

Ele tinha perdido muitas aulas, mas não tinha como se importar menos. A única coisa chata disso foi ter que ouvir as insinuações de Liam sobre sua falta de responsabilidade e blá blá blá. Mas de qualquer forma, Liam acabou se calando depois que Harry lhe lançou um olhar severo que demonstrava pouca paciência. Se ele não estivesse tão ansioso sobre Louis e não soubesse o quão perda de tempo é rebater o que Liam fala, ele até responderia e o colocaria em seu lugar, mas tanto faz, ele era o menor de seus problemas no momento.

E enquanto Harry se encontrava confiante e ansioso, Louis andava por aí parecendo um morto-vivo. O ômega estava totalmente no piloto automático, sem vontade de fazer nada e não dando tempo para a própria mente se questionar o porquê dele ter saído da cama se tudo parece tão frustante e chato, nada de reflexões sobre a vida para que uma crise seja evitada.

A discussão de Zayn com Niall ainda estava viva em sua mente da mesma forma que a briga com Harry estava, e sinceramente, ele queria pelo menos por um momento pensar em alguma coisa que não fosse um problema.

Sendo assim, nem olhou o celular, não quis ver que até agora Harry não o respondeu. Ele já tinha ligado e mandado muitas mensagens, e se Zayn estava certo então Louis deveria ter um pingo de amor próprio e parar de se humilhar – ou, em outra visão, simplesmente parar de encher o saco do alfa – e era um porre ficar refletindo sobre quem está certo e quem está errado.

Para ele, tudo estava errado.

Tu-di-nho.

E não seria agora que ele resolveria alguma coisa, e talvez ele nem tivesse todo esse poder de consertar as coisas. Resolveu então se concentrar em suas aulas, dedicar-se à música. E agradeceu aos céus por ter algo de bom no dia como uma aula prática, onde acabou desviando o pensamento de todos os problemas enquanto tocava e cantava.

Cantou tão bem que enquanto a música durou realmente se esqueceu da realidade. Era como mágica o jeito que se sentia quando fazia algo que gosta tanto. A professora, Cindy Hill, não pôde deixar de elogia-lo, e Louis acabou tendo mais uma conversa sobre seu desempenho e sua bolsa, ele se desculpou por deixar a vida pessoal interferir tanto no andamento do curso e prometeu se esforçar mais enquanto Cindy o dizia o quão talentoso ele era e como ele não podia deixar uma oportunidade escapar tão facilmente. Blá blá blá. Ele sabia que estava indo mal, sabia que deveria melhorar e etc, mas o desânimo era tanto que ele próprio não acreditava em suas palavras vazias com promessas de esforço. Cindy poderia ser só mais uma na lista de pessoas que se decepcionaram com ele, tanto faz.

Seguiu se arrastando pela manhã, encontrou-se com Niall, compraram um lanche qualquer e sentaram-se apenas os dois em um dos banquinhos que costumavam ficar sempre.

Niall também parecia murchinho, a discussão com Zayn tinha o chateado bastante – ele nunca brigou desse jeito com nenhum amigo – e também tinha a parte em que ele, mesmo tentando ser confiante, estava decepcionado pelo jeito que Harry tinha sumido e Louis estava cada vez mais desacreditado de que o alfa pudesse voltar.

Por que tinha que ser tudo tão complicado?

Não, não, tudo bem, era só uma fase. Iria passar e tudo iria se ajeitar, repetia para si mesmo.

"Ele tá me ignorando, tipo, totalmente!" Niall se levantou abruptamente, tirando Louis de seus devaneios e o assustando.

"Oi?"

"Zayn! Ele acabou de passar aqui perto e fingiu que não me viu só para não ter que vir aqui falar oi." O loiro explicou voltando à se sentar, uma mistura de raiva com chateação em seu semblante.

"Que não nos viu, então..." Louis corrigiu, já que provavelmente Zayn também estava irritado com ele.

"Não, Lou, para você ele falou aquelas bobeiras, mas até se desculpou quando você foi para o quarto. Foi comigo que ele brigou." E sim, Niall estava chateado, mas não era como se achasse que falou algo errado para o beta. Zayn estava agindo com muito ciúmes e egoísmo, e a situação já não estava legal por Harry ter sumido e agora Niall não sabe se Louis levou em consideração o que o beta lhe disse e desistiu de vez.

E o silêncio da parte do alfa não ajudava em nada.

"Deixa ele, eventualmente a gente volta à se falar." Tomlinson deu de ombros. Zayn podia estar irritado, Niall podia estar irritado, e Louis só também não partilhava do mesmo sentimento porque sentia-se vazio demais para isso, mas independente disso tudo eles eram melhores amigos há anos e não se separariam por besteira.

Ah sim, disso ele tinha certeza.

Agora quanto à Harry...

"Você acha que eu deveria mandar uma mensagem?" Louis questiona mudando de assunto subitamente e Niall franze o cenho sem entender. "Para Harry..." Louis suspira, pegando o celular em mãos e o encarando como se estivesse pronto para tomar uma decisão importante e irreversível. "Algo como, essa é a última mensagem que eu mando e... Sei lá, só tentar uma última vez e pronto. Eu cansei de ser ignorado..." Louis começa a falar e vai diminuindo o tom, e é patético, mas ele sente os olhos marejarem, porque nossa, dói de verdade. Rejeição dói e pensar que Harry voltou para Nova York sem nem se despedir e então ele provavelmente nunca mais vai o ver só faz doer mais ainda.

Niall o abraça e demora um pouco para responder. Ele quer ser confiante, mas não quer dar falsas expectativas. E se no fim desse tudo errado? Criar expectativas era péssimo quando percebe-se que apenas iludiu à si mesmo, mas no entanto, expectativa também era algo que te mantinha. Que te dava esperança e não te deixava desistir e afundar de vez.

"Calma, Lou... Não manda nada se você não sabe mais o que escrever. Ele deve ter um bom motivo para tanta demora! Às vezes..." Niall tenta caçar palavras, mas é tão difícil. Ele não sabe mais se quer incentivar esperanças desenfreadas ou começar à acostumar com a ideia de que nem tudo dá certo. "Às vezes ele nem viu... Eu não sei, mas se... Se isso tudo tá acontecendo deve ter um motivo, um bom motivo. Às vezes coisas ruins acontecem por uma razão desconhecida, uma boa razão que a gente não sabe na hora, mas depois faz sentido, não é?" Ele tenta, mas termina sem confiança alguma, sente que seu conselho é horrível, ele nem sabe mais o que dizer. Sente-se confuso com as próprias palavras, e se ele, que é apenas o amigo, já se sente mal pela aparente rejeição e desistência de Harry, imagina Louis que acredita que é o culpado?

"Ah, fala sério, Niall! Às vezes coisas ruins acontecem por um motivo mesmo! Porque você foi idiota e fez isso para si mesmo. Não tem nenhuma lição especial sobre isso. Coisas ruins..." Louis não gosta do jeito que essas palavras lhe trazem lembranças. "Coisas ruins acontecem... Porque acontecem. Não sei, talvez eu mereça?"

"Não, Lou!" Niall rebate de imediato. Isso não é mais sobre Harry. "Você é uma ótima pessoa e merece tudo de bom que a vida tem para oferecer... Eu sei, eu sei que você não tem tido muito disso. Eu sinto muito. Mas não é sua culpa, você não fez por merecer nada do que te aconteceu. Não é sua culpa, nunca vai ser." A culpa nunca é da vítima, e Niall quer que Louis tenha certeza disso. Todas as coisas que ele passou simplesmente por ser ômega não eram de sua responsabilidade. E era injusto, tão injusto, Niall não conseguia entender o porquê de coisas tão ruins assim acontecerem, mas pelo menos isso ele sabia: quem sofre esse tipo de coisa não é culpado, a culpa recaí toda sobre quem cometeu o ato. Os alfas que fizeram o que fizeram para Louis que eram os errados.

E Niall não sabe dizer se as pessoas são realmente más ou só estão perdidas, descontando toda sua frustração e problemas estragando a vida de outro alguém. De qualquer forma, por pura ruindade ou falta de noção, era algo terrível e injustificável.

E parecia um ciclo vicioso onde alguém comete uma injustiça e então espalha ódio por todo lugar, porque é muito difícil não odiar alguém que fez algo tão repugnante.

Louis se solta do abraço e passa as mãos pelos olhos úmidos. Ele precisa urgentemente voltar à sala de música, distrair sua mente de toda merda que insiste em lhe assombrar em seus piores momentos. Tudo que ele leva consigo e não consegue esquecer.

Argh! Besteira, são problemas antigos, e agora ele tem Harry para se preocupar. Não o passado. Ele olha novamente para o celular e digita uma mensagem.

Niall o olha curiosamente e um pouco em pânico, Louis tem uma expressão tão determinada que lhe assusta.

"Oi... Eu sei que devo estar incomodando você de verdade, porque eu tenho ligado e mandado mensagens, e até na sua casa eu fui, mas quero que saiba que não farei mais nada disso."

A mensagem começa e Louis pode parecer determinado, mas no fundo há um medo de se arrepender.

"Eu sinto muito pela briga que a gente teve e o jeito que agi, mas eu queria te falar isso pessoalmente. Eu acho que mereço no mínimo uma resposta. Só uma conversa cara à cara, eu e você."

Ele termina de digitar e pensar em falar mais, mas não o faz. Harry lendo isso deveria entender que o ignorar não é a resposta, se ele tiver o mínimo de consideração então o responderá ou virá até si. Qualquer coisa menos ir embora deixando para trás tudo mal resolvido.

Como se tivesse morrido, sem chance alguma de acertar os assuntos pendentes. E talvez essa fosse a única – terrível – desculpa plausível.

Harry sente o celular vibrar e quando vê duas novas mensagens de Louis pede licença à Amanda e Lexie para poder ler. Ele está um pouco nervoso antes de abrir as mensagens e olha ao redor com desconfiança, ele ficou preso no prédio da sua área, eram muitos assuntos pendentes dos dias em que ficou fora e estava tudo tumultuado, e pensa que talvez Louis o viu e mandou uma mensagem para falar isso.

Não é isso, Louis não sabe que ele voltou à Londres e após ler o que lhe foi enviado Harry sente-se imediatamente culpado.

Ele só tinha enrolado tanto porque além do rut, ele estava com medo. Sim, ele definitivamente estava com medo da conversa que viriam à ter. E não ignorou Louis em propósito, apenas tentou adiar uma possível discussão. Nos primeiros dias, quando foi para NY, desligou o celular porque não podia correr o risco de voltar, depois teve seu rut e foi tanto sofrimento que ele ainda se lembra da dor, e agora ele estava de volta e não teve coragem de ir atrás de Louis ainda. Ele queria o contrário, mas o ômega nem sabia que ele estava na cidade, como o procuraria?

Talvez uma parte idiota de si achasse que Louis o veria e correria atrás de si no intervalo das aulas. Qualquer coisa que fizesse a iniciativa ser dele. Porém, ele já havia tentado falar com Harry.

Styles entrou um pouco em pânico, a demora dele teria feito Louis desistir de vez? E quem garante que uma conversa agora não seria outra briga?

"Desculpa, gente." Harry falou para as meninas, pegando suas coisas rapidamente. "Eu... Eu tenho algo realmente importante para resolver, então... Só me mandem emails e, sei lá, a gente conversa mais tarde ou amanhã." Talvez Liam estivesse certo sobre sua falta de comprometimento com os estudos, porque ele estava pouco se importando se havia faltado muito e era um péssimo colega de grupo.

"Hm, tudo bem..." Amanda respondeu o observando. Ele estava bem agitado. "Espero que fique tudo bem." Ela diz se solidarizando com o que quer que seja. Amanda simpatizava com Harry, achava que se ele faltou deve ter tido seus bons motivos, e o mesmo agora para sair quase correndo.

"É... Eu mando email." Lexie acrescenta pensando o mesmo que a amiga.

"Ok, obrigado. De verdade. Falo com vocês depois." E então ele some, celular na mão e uma expressão indecifrável.

"Eu sei que não é da minha conta, mas ele agindo assim ativa minha curiosidade." Lexie comenta ainda olhando para porta, Amanda sorri.

"Eu não sei, mas talvez tenha a ver com o namorado dele... Harry é todo centrado, menos quando é sobre seu ômega." A loira palpita.

"Isso é tão fofo!" Lexie comenta, olhos grandes de admiração e um sorriso sincero.

"Ah é, o amor é realmente fofo. Quando dá certo." Amanda revira os olhos e Lexie ri.

"Vai aparecer alguém melhor do que a Megan, relaxa." A morena bate no ombro da amiga e sorri. Términos são supostos à serem tristes, mas Amanda ter terminado com Megan parecia uma das melhores coisas do mundo.

*

Dizer que Louis quase teve um ataque do coração quando suas mensagens tiveram uma resposta nem seria tanto exagero assim, já que ele realmente se surpreendeu e agarrou o braço de Niall com força e olhos arregalados.

"Ele voltou!"

"O quê? Aí, Lou! Meu braço!" O loiro choramingou e Louis o soltou, uma expressão culpada no rosto.

"Desculpa! É que o Harry respondeu!" Ele levantou-se do banco um pouco trêmulo. Era normal se sentir assim só por estar prestes à ver alguém?

"O quê? O que ele disse?" O loiro levantou também, um sorriso grande no rosto e um alívio no peito por suas expectativas e palavras confiantes não terem sido erradas.

"Que eu estou certo, que a gente deve conversar e ele está me esperando no estacionamento." Louis respondeu rapidamente. Ele não sabia se ficava bravo com Harry por nem ter contado que voltou à Londres e tê-lo ignorado todo esse tempo ou só ficava feliz por ter sido respondido.

"O quê, sério?" Niall vibrou de felicidade. Louis tinha um sorriso contido no rosto. "Eu disse que ele ia voltar! Viu??" Abraçou o amigo novamente. "Tá esperando o quê? Vai lá!" Soltou o amigo e o sacudiu pelos ombros em seguida.

Louis tinha uma expressão estranha. "E se for uma conversa ruim?" Ele rebate preocupado, mesmo odiando ter sido ignorado ele não está tão afim de discutir sobre isso ou simplesmente discutir no geral. Ele só quer se acertar logo com Harry e se livrar de todas essas sensações horríveis.

"Não vai ser!" O irlandês declara com confiança. Harry voltou! Harry voltou e ele quer beliscá-lo por ter demorado tanto, mas também agradecer por estar aqui por Louis. "Vocês vão só conversar, com calma e sinceridade. E então se acertar. É só dizer para ele como você se sente!"

"Mas eu me sinto confuso!" Tomlinson trava no lugar. "Eu quero dizer o quão chateado fiquei por ele não me responder, mas não quero brigar, porque talvez ele nem tenha um bom motivo, mas eu nem me importo tanto com isso. Porque ele tá aqui, e ele me respondeu agora, e eu não sei como pedir ele em namoro!" Ele solta tudo de uma vez, quase se embolando nas palavras e sentindo os sentimentos se embolarem dentro de si.

Niall ri levemente. Louis está convicto do que sente e isso é um grande passo, Harry só precisa ver isso, como Louis também o quer.

"Então fala, Lou. Exatamente assim como você falou para mim. Ele vai entender, vai ver que você gosta dele como ele gosta de você e vai dar tudo certo. Agora vai logo! Eu te levo lá!" Niall anuncia feliz e arrasta o amigo, Louis se deixa levar porque depois de dias ele vai ver Harry, e nossa, ele nem sabe mais como é sentir os lábios do alfa nos seus ou sentir seus toques, o calor de seu corpo e sua risada adorável.

E claro, tem também a parte chata de si que o lembra de como foi ruim a última vez em que viu Harry, o rosto firme, o maxilar trincado, as palavras rudes, e talvez verdadeiras, e as lágrimas.

Porque ele fez Harry chorar e desejar não gostar dele, mas aconteceu. E ele não sabe o que esperar dessa conversa de agora, mas ele vai tentar.

Tentar expor o que pensa e sente, e resolver de uma vez por toda essa situação angustiante em que se encontra.

Ele não faz ideia de como a conversa vai ser ou como ele pode encaixar as palavras “quero ser seu namorado” no meio de tudo isso, mas ele vai tentar. Afinal, tentativa é tudo que ele tem, e se não for para ser pelo menos ele não fugiu.

Tentar já demonstrava muita coragem.

*

O estacionamento é grande, apesar de ficar praticamente vazio em horário de aula. Harry está encostado em seu próprio carro, olhando ansiosamente para os lados, esperando por Louis. Eles tiveram que trocar mais mensagens para conseguirem acertar o lugar, mas foram mensagens apenas sobre isso, nenhuma insinuação sobre qualquer outro assunto. Sobre o que pretendem conversar.

Harry estava nervoso. As mãos se esfregando uma na outra e então no pano de sua calça, os olhos vagando ao redor e à tela do celular, as palavras rodeando sua mente. Será que ele fala primeiro? Pede desculpas? Diz para irem para um lugar mais reservado ou conversam no carro mesmo? E Louis? Como será que ele está? Porque tudo bem, foram apenas alguns dias, mas lhe pareceram uma eternidade e ele se sentia um pouco sujo só por lembrar da forma em como pensou em Louis durante seu rut. Como ele chorou, ofegou e gritou seu nome. Harry sacode a cabeça para espantar seus pensamentos impuros e fecha os olhos por um momento, tentando se acalmar. Ele é um alfa original e é forte. Vai dar tudo certo, Louis é o amor de sua vida e eles estão destinados à ficarem juntos. Certo? Ninguém pode modificar o destino, não é mesmo? Nem o próprio Louis ou Harry...

Seu momento de divagações e angústia chegam ao fim ao que ele abre os olhos e vê Louis. Se desencostar rapidamente do carro é instintivo, mas ele não dá nenhum passo à frente e o ômega parece congelar no lugar. Harry acena e é um momento estranho. Porque mesmo ele está acenando? Louis já o viu, obviamente, mas ele não sabe o que fazer com as mãos então quando percebe já levantou uma delas e acenou. O bom é que o aceno parece quebrar um pouco da tensão do momento, Louis se descongela e anda apressadamente até Harry. Ele está lindo, mas quando está próximo o suficiente para Harry observa-lo decentemente o desgaste está bem perceptivo em seu rosto bonito.

Styles morde o lábio inferior em apreensão. Ok, o momento chegou, eles tem que falar alguma coisa. E ele se sente arrependido de ter passado tanto tempo longe, Louis não parece bem. E mesmo que Harry não fosse gostar de vê-lo sorrindo como se ficar longe de si fosse a melhor coisa do mundo, ainda sim vê-lo abatido e pensar que a culpa é sua o deixa mal.

Louis também o observa, e ele não sabe o que dizer. Ele está feliz porque Harry está ali, bem à sua frente e tão bonito quanto sempre. Mas então vem seus pensamentos que gritam que Louis deveria brigar, fala sério, ele sumiu e então volta do nada com esse olhar bobo para cima de si e não percebe nem que o que fez foi errado? Ele não segura a própria língua e acaba falando primeiro, cortando o silêncio com suas palavras um pouco ásperas e totalmente magoadas. "Você poderia ter mandado alguma mensagem."

Harry dá um passo à frente se aproximando do ômega, a expressão culpada e o cérebro tentando impedir que suas mãos fossem de encontro ao corpo à sua frente. Deus, ele sentiu tanta falta dele, mas tem essa frase que o ômega disse. Essa verdade.

Ele poderia ter mandado alguma mensagem.

Ele poderia ter evitado tanto transtorno.

Ele poderia não ter dito aquela frase sobre nunca escolher Louis.

Até porque, quem ele quer enganar? Ele com certeza escolheria Louis! Em qualquer vida e em qualquer circunstância.

Agora que o tempo conseguiu o acalmar, ele pôde refletir bastante sobre tudo e se julgar precipitado. Ele sabia que não seria fácil, desde o começo. Ele deveria saber que haveria dificuldades, mas que o importante era aprender à lidar com elas. E principalmente, não complicar mais as coisas.

"Eu sei... Eu sei." As palavras saltam de sua boca, a troca de olhares entre ele e o ômega é intensa e da mesma forma que Harry quer toca-lo Louis quer ser tocado. É como se os corpos tentassem se aproximar involuntariamente. "Me desculpe." Ele fala baixo, pois Louis já está perto o suficiente para não precisarem aumentar o tom.

E as palavras parecem tão pesadas, como se estragassem o momento deles. O momento em que ambos se olhavam com saudades e queriam se beijar.

Louis o toca.

Sua mão pequena escorrega pelo antebraço do alfa, que já estava posicionado em sua direção, porque Harry queria tanto tocá-lo que não conseguia ter total controle sobre o próprio corpo, parando com o braço meio levantando em direção ao que quer. A mão do ômega se junta à sua e os dois estão olhando para elas. Se encaixando perfeitamente.

A respiração é difícil e os dois ficam em silêncio, segurando firmemente a mão um do outro e sentindo-se melhor apenas por esse simples toque.

"Tudo bem..." Louis murmura e Harry respira aliviado. "Eu também te devo desculpas." Ele completa e Harry volta à olhá-lo. E sim, ele está feliz por aparentemente as coisas estarem indo bem. Por Louis ter sentido sua falta e corrido atrás, por ter ligado e o tocado primeiro. Porém, ainda não parece certo.

"Você não me deve nada." Ele responde verdadeiramente. Louis não tem dever algum com ele, o que ele tem é vontade. Vontade de acertar as coisas e ser desculpado. Mas pelo quê exatamente? Por não sentir o mesmo? Harry teve tempo o suficiente para pensar sobre tudo e por mais que doa, ele sabe, ele não tem o direito de exigir nada de volta.

Mas ele quer.

Amor platônico dói. E ele não pode forçar Louis à corresponde-lo.

A sorte, que ele ainda não parece ter percebido, é que Louis o corresponde.

Lógico que de maneira mais lenta que o esperado, mas é só inverter a situação, se Harry fosse Louis talvez também demorasse à entender que é amado, assim, à primeira vista e verdadeiramente. Harry já teve outras pessoas que passaram em sua vida, porém não despertaram nem metade do que ele sente por Louis, mas se alguém já sentiu algo parecido por ele, ele também não acreditaria. É um pouco louco e bem repentino, tudo que aconteceu entre eles, é tanto sentimento envolvido que Harry ficou cego com apenas sua parte da história. O que era compreensível considerado seus sentimentos dez vezes mais forte.

Ele tinha passado um tempo pensando sobre, será que algum dia Louis sentiria algo parecido por si? Um amor tão forte que o consome? Porque talvez só o status de Harry tenha essa coisa toda intensificada.

E é frustante, mas não é culpa de Harry ou de Louis.

"Mas eu quero me desculpar." Louis diz calmamente. Ele tenta seguir o conselho de Niall, e falar o que pensa e sente mesmo que pareça muito confuso. "Eu fiquei... Chateado." Louis começa a dizer e apertar um pouco a mão de Harry, como se para garantir que o alfa está ali e não vai fugir antes de ouvi-lo. "Chateado comigo mesmo por não ter percebido antes nada das coisas que você me disse... E chateado porque quando eu tentei-" Ele respira fundo e tenta não deixar os olhos marejarem. "Eu tentei falar com você, e eu tentei me desculpar. E eu mandei tantas mensagens! Mas você nem respondeu..." Ele desabafa com mágoa em sua voz e Harry sente o coração apertar e abre a boca para se explicar, mas Louis continua rapidamente. "Mas tudo bem, tudo bem. Eu sei que você deveria estar chateado comigo também e é óbvio que não quis falar comigo eu só-"

"Eu quis!" Harry segura a outra mão de Louis e os dois agora tem ambas mãos conectadas, os olhos também. "Eu quis falar com você à cada segundo que estive longe, mas eu não pude. Desculpe, eu deveria ter te avisado que viajaria... Eu só achei que não ia conseguir ir se falasse com você antes ou que a gente ia acabar brigando mais. Eu não quero brigar, não mais." As palavras são ditas apressadamente e Harry solta as mãos de Louis para rodear sua cintura e puxar seu corpo para perto, não resistindo à abraça-lo logo.

O corpo do ômega cede facilmente ao contato, apesar do pequeno choque com o soltar repentino de mãos. Louis passar seus braços ao redor do pescoço de Harry e o abraça firmemente, colocando seu rosto no pescoço do outro e respirando fundo. Feliz demais pelo contato. Ele tinha sentido mais falta do que pensava sobre o calor do corpo do alfa e seu cheiro. E o abraço foi longo, como se separar os corpos fosse acabar com o clima bom.

Eles não se deixam ir de vez, Louis afastou o rosto do pescoço do alfa, mas continuou o olhando perto o suficiente para sentir sua respiração contra seu rosto. Harry permaneceu com as mãos firmemente em suas costas, mantendo-o o perto.

E mesmo sabendo que ainda há muito à ser acertado, Louis não tem pressa e resolve partir para a parte que mais o interessa.

"Eu posso te beijar?" Ele pergunta de modo ansioso e Harry quase não acredita quando as palavras chegam ao seu ouvido. Sério? Louis está pedindo um beijo? Ele nem precisa pedir, todos os beijos de Harry são dele.

"Sempre que quiser." Ele responde sem conter o sorriso genuíno e aproxima sua boca dos lábios finos de Louis, que quando se conectam transmitem mais do que apenas saudades.

Amor.

Claro, mas os dois ainda são cegos demais para perceberem que estão sentindo o mesmo. Harry acredita que é tudo muito confuso e intensificado para si, então esses atos de Louis, mesmo sendo melhores que o esperado, ainda parece longes de serem movidos pelo sentimento mais forte. E Louis não sabe nomear o que sente. Ele apenas sente e se permite agir como deseja.

E é impulsivamente que ele afasta seus lábios e diz abruptamente. "Para te beijar sempre que quiser a gente tem que namorar". Louis tem o coração acelerado e a boca ainda molhada pelo beijo. Ele não conseguiu pensar em nenhum jeito realmente legal de pedir Harry em namoro então está indo impulsivamente nisso também. O que não o impede de achar que esse é um dos piores pedidos de namoro de todos os tempos.

Os olhos verdes do alfa se arregalaram. "Como?" Ele pergunta antes de pensar direito e seu sorriso quase rasga o rosto de tanta felicidade que ele sente.

"Namorar." Louis repete desconfortavelmente. "Nossa, eu sou um desastre nisso. Desculpa." Ele diz rindo de si mesmo e Harry ainda está o olhando encantado, enquanto o ômega se embaralha com as palavras. "Eu nunca namorei, Harry. E eu não sei como essas coisas funcionam, mesmo que eu ache que você merece um pedido mais decente do que isso. Mas eu quero namorar você. Eu quero-" Louis observa os olhos de Harry e pensa que está indo bem, porque eles estão brilhando à cada palavra. "Eu quero tentar isso com você. Se você também quiser, claro."

"Você está mesmo me pedindo em namoro?" Harry sorri largamente e aperta mais seus braços ao redor de Louis. "Você está louco se acha que eu poderia negar algo assim." Harry diz tudo sorrindo e segura Louis pela cintura com apenas uma mão, para que possa passar delicadamente a outra mão pelo rosto de seu ômega.

Seu namorado.

Louis sorri, mas ainda há hesitação em seu olhar. Ele morde o lábio inferior antes de falar o motivo de duvidar se Harry aceitaria. "É que você disse que nunca me escolheria, então-"

"Não, não." Harry modifica o rosto em uma expressão de negação e arrependimento. Tudo para si mesmo. "Não leve à sério o que eu te falei. Por favor, eu não estava pensando direito e só falei besteira. Eu am-" o alfa quase se declara, mas segura a própria língua. "Eu sempre escolheria você."

"Tem certeza?" Tomlinson questiona com sinceridade, ele não se chatearia com a verdade, ele entende Harry. Ele também não se escolheria, mas quer tanto que o alfa o faça.

"Sim, Lou. Eu fui egoísta quando disse aquilo. Eu estava me sentindo rejeitado e quis..." Ele engole em seco antes de admitir, porque ele parece a pior pessoa do mundo nesse aspecto. "Eu só quis que você sentisse o mesmo. E eu sinto muito, muito mesmo. Eu não deveria ter feito aquilo e eu juro, eu nunca mais vou fazer nada com o propósito de te magoar, ok?" Ele fala quase em desespero, admitir aquilo dói porque ele foi malvado com a pessoa que mais ama e parece um alfa ruim, mas ele jura não só por Louis, mas por si mesmo, que nunca mais fará algo assim.

Louis engole em seco e essa conversa deles está mais sincera do que ele imaginou. E mesmo que magoe saber que Harry disse de propósito, pelo menos ele não quis realmente dizer aquilo. Pelo menos não acredita que Louis não valha à pena.

"Tudo bem... Eu errei também." Ele passa os braços pelo tronco do alfa e se aperta contra o corpo quente. Encostando a cabeça no peito de Harry e suspirando. "Sinto muito por não ter te contado as coisas... É só que eu não estou acostumado com nada disso. Eu guardo tudo para mim, Harry." Ele levanta o olhar. "Mas eu vou me esforçar para melhorar, eu prometo." Ele se afasta o suficiente para olhar em linha reta para Harry e suspira. "É por isso que quero ser seu namorado." Ele cora com a menção da palavra, mas continua. "Eu não entendo muito sobre relacionamentos, mas eu acredito que namorados confiem um no outro, e conversem sobre tudo, e se gostem. E eu gosto de você, Harry, desculpe por não ter demonstrado melhor antes. Eu sou péssimo com palavras e sentimentos e qualquer coisa na verdade, mas eu estou tentando."

Harry ri levemente e Louis cora ainda mais, ele está sendo patético, não é? Nop, Harry o classificaria como adorável. O namorado mais adorável de todos.

Bem, esse título não muda muita coisa para Harry que já considera Louis seu amor eterno, mas clarifica sua mente sobre como Louis o vê. E ele está tentando, de verdade.

Harry o beija.  "Você é ótimo, namorado." Ele sussurra contra os lábios de seu ômega e sorri. "E a gente não precisa brigar, é só... Conversar. Me desculpe se eu me alterar, eu juro que tento me controlar, mas é do meu status. Eu passo dos limites às vezes, então me avise quando eu estiver forçando a barra. A gente vai conseguir lidar melhor com as coisas agora, não é?" Harry sorri e beija a ponta do nariz de Louis, que apenas ri de volta.

"Eu espero que sim." Cora ao responder e tem uma noção melhor agora sobre o que Harry se refere por ter lido sobre seu status. "Só não some mais assim, por favor. Eu achei que você tinha mudado para Nova York, ou sei lá... Que nunca mais ia voltar." Louis admite o que havia pensado e há um sentimento realmente bom em se sentir confortável para falar tudo o que pensa e sente para Harry.

Afinal, era isso que namorados faziam, não é mesmo? Confiar um no outro e se sentir à vontade para ser você mesmo. Sem rejeições.

"Nunca mais." Harry promete. "Eu não conseguiria ficar longe de você nem que tentasse." O alfa fala de forma apaixonada e ele nem está mais ligando com o quão meloso está sendo, afinal, Louis ainda está em seus braços e não parece querer fugir por ser amado, na verdade, ouvir coisas assim parece fundamental para Louis.

"Não tente." Ele embrenha suas mãos no cabelo cacheado e puxa Harry para mais um beijo, dessa vez mais demorado e ainda mais apaixonado. O beijo é ritmado e Louis involuntariamente tenta se aproximar mais ainda de Harry, juntar seus corpos o máximo que pode, porque parece que só as línguas se esbarrando não é suficiente e logo o quadril de ambos também se friccionam.

É provocativo, quente e cheio de sentimentos, mas ele estão num estacionamento ao ar livre.

"Lou... A gente deveria ir para o seu apartamento." Harry murmura ofegante enquanto sente o ômega beijar seu maxilar e continuar se esfregando em si.

É muita pressão para um alfa que passou o rut sozinho.

Louis cora e para os beijos, se dando conta do quão animado e atirado ele parecia.

"Desculpe..." Ele murmura mais uma vez e Harry já perdeu as contas de quantos pedidos de desculpas rolaram ali hoje.

"Não, tudo bem. Eu senti falta de beijar você." As mãos grandes do alfa seguram delicadamente o rosto do ômega e seus lábios se conectam brevemente novamente, apenas para que Harry pudesse morder levemente o lábio inferior dele e o provocar um pouco. "Só acho que a gente merece um lugar mais reservado."

Há desejo nos olhares de ambos e Louis está um pouco nervoso ainda quanto se deixar levar na parte sexual, mas Harry agora é seu namorado e ele confia o suficiente nele para saber bem que o alfa não vai fazer nada que ele não queira.

Ele concorda com a cabeça e os dois entram no carro. Eles têm, ambos, sorrisos bobos nos rostos e olhos brilhantes. Dão a mão quando Harry não tem que trocar de marcha e há música no carro.

Finalmente, alguma canção romântica alegre para acompanha-los nisso.

A pior parte parece já ter passado e eles podem finalmente matar a saudade e compensar todo o tempo que passaram longe um do outro, entretanto, ainda há muito o que resolver. Coisas que só a convivência dia-a-dia e o esforço de ambas partes vai melhorar.

E eles não sabem do futuro. Tudo o que eles tem é o agora. E suas tentativas.


Notas Finais


🐅🐆hai!

Só 6k, pra att logo e um passo de cada vez né, q a fic é longa e uma hora nois chega lá.

Gnt, vocês têm comentado bastante e isso é ótimo!! Apesar de todas as opiniões divergentes. Interessante como um mesmo texto pode ser interpretado de 'n' formas, né? Enfim, eu escrevo em vários dias e em vários humores diferentes, aí no final sai oq tinha planejado com oq veio em mente na hora de escrever, sorry se parecer confuso.

Não sei oq perguntar hoje... Então sei lá, algum comentário geral sobre o capítulo ou o lance do namoro?

Btw, minha vida pessoal tá uma loucura gente! Não sei sobre atts pq vou ficar na correria e tentar nao surtar com ansiedade, então sorry e alguem me dá umas dicas lidar com ansiedade, stress e etc???! Obgda!!

Beijo, adoro vcs, paz e amor.

❤❤❤


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