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História ABO Originals - Drama


Escrita por: iluvlarry

Capítulo 44 - Drama


O celular de Louis toca insistentemente e Harry realmente tenta ignorá-lo. Louis finalmente dormiu um pouco e ele estava preparando o jantar quando o aparelho começou a vibrar e tocar gradativamente mais alto a cada segundo. O barulho pareceu não ter efeito sobre o ômega que permanecia dormindo pesadamente em meio aos lençóis, um pouco exausto por tanto sexo, mas finalmente tendo algum tempo livre sem seu corpo exigir ser preenchido. Harry pegou o celular e o levou junto consigo para a cozinha. Havia avisos de mensagens e ligações perdidas, e Harry sabe que não deveria mexer nas coisas de Louis, mas enfim, ele está dormindo agora e o alfa só não quer que as ligações acabem o acordando. Ele pensa em desligar o aparelho, mas ele toca novamente e o nome de 'Niall' aparece na tela. O alfa resolve atender e o ômega loiro agradece aos céus por isso. Niall já estava a ponto de ligar para a polícia - ou quase isso - quando finalmente foi atendido.

"Louis!!" Niall quase grita em preocupação e Harry ri levemente de seu desespero, mas a verdade é que se fosse ele a ligar tantas vezes e não ter uma resposta seu desespero seria ainda maior. "Finalmente você atendeu, você quer me matar de preocupação? Você está vivo? Comendo? Transando? E o seu emprego-" O loiro dispara a falar e Harry o corta, se identificando.

"Niall, Niall!" A voz forte e um pouco rouca do alfa tira Niall de seu discurso super preocupado.

"Ah, hm, Harry?" O loiro pergunta após alguns segundos. Se Harry apostasse que o ômega está envergonhado e corando neste exato momento teria ganhado. "Hm- Eu, eu liguei para saber do Lou..." Ele diz em um tom mais baixo e transbordando vergonha.

Por um momento Niall pensou que estava sendo inconveniente e poderia desagradar Harry por procurar seu ômega em um momento como aquele. Harry era ciumento, certo? E mesmo que ele fosse legal com Niall às vezes, talvez apenas fosse por educação e se irritasse pelo excesso de cuidado que ele tem com Louis.

O que era bobagem. Harry achava legal que Louis tivesse outra pessoa que se preocupa e o ama, fraternalmente.

"Bem, eu percebi." Harry fala rindo e em um tom amigável, tentando acalmar Niall. O loiro era inofensivo e ao contrário de Zayn, parecia uma amizade muito legal para Louis. (Provavelmente porque ele apóia Harry, enquanto o beta não o faz). "E ele está bem. Nesse exato momento está dormindo, por isso eu que te atendi e não ele."

"Ah... Certo. Desculpe. Talvez eu devesse ligar mais tarde? Ou daqui mais dias? Talvez ele possa me retornar quando quiser..." A fala de Niall é rápida e embolada, mas o alfa consegue lhe entender perfeitamente.

"Eu estou cuidando bem dele, se era isso que você queria saber. Ele está vivo e eu estou fazendo o jantar, a propósito... E bem, a pergunta sobre sexo vou ignorar... E sobre o emprego... O que tem o emprego dele?" Harry perguntou tudo calmamente, seu tom de voz devagar como de costume e ameno para não parecer de forma alguma autoritário.

Niall engoliu em seco, e ele sentia como se seu rosto estivesse tão quente quanto o sol. Perguntar sobre sexo com Harry para Louis era uma coisa, perguntar sobre isso e Harry saber era constrangedor. Agora ele poderia definitivamente ganhar sua plaquinha de ômega mais intrometido de todos.

"E-eu, me desculpe. Não deveria ter ligado. E eu não sei direito sobre o trabalho dele, Zayn comentou algo comigo-" Niall foi dizendo e Harry ouvia atentamente enquanto voltava a preparar o jantar, revirando os olhos para o nome do beta. "- e eu liguei para saber direito, está meio confuso essas nossas conversas cortadas, eu só... Queria falar com ele, saber dele..."

Tinha se passado só três dias e os amigos de Louis já sentiam a falta dele. Isso era fofo, e mostrava para Harry que mesmo sendo bom ter Louis só para si, era injusto com as outras pessoas na vida do ômega. Principalmente quando Louis está fora de área, desligado do mundo real onde suas obrigações são mais do que apenas transar, comer e dormir.

Harry ainda está bem, cuidando de si mesmo e do namorado, trocando mensagens com sua família e adiantando algum trabalho no pouco tempo livre. Louis só dorme.

"Quando ele puder, ele te liga, eu passo o recado." Ele informa Niall. Sendo simpático e não ligando tanto de dividir a atenção de Louis com o loiro, pois também simpatizava com o mesmo. Ele era engraçado e tinha a língua solta. Às vezes por nervosismo e às vezes por empolgação. Harry e Niall conversaram por mais uma boa meia hora.

O alfa tentava deixar o loiro mais a vontade. Apesar de estar subentendido que Niall poderia obedece-lo por medo, isso era algo que Harry não queria. Ele gostaria de conquistar a amizade e afeição de Niall através de respeito e é isso que faria. Niall não precisava temer o namorado do amigo apenas por ele ser um alfa original. Na verdade, o que ele precisava era se desligar um pouco de todo esse lance de status e ser menos medroso. O loiro tinha a péssima mania de deixar o fato de ser um ômega prevalecer sobre suas vontades e sua voz.

E talvez Harry, assim como Louis, possa lhe ensinar uma coisa ou duas.

*

Quando Louis acorda, ele pode sentir beijos suaves sendo depositados em seu rosto e isso lhe faz sorrir.

Harry é fofo.

Ele é um alfa original fofo e amável. E Louis mal acredita que ele é real. Com toda aquela altura e aqueles músculos, o jeito que suas mãos podem ser delicadas e ao mesmo tempo apertarem nos lugares corretos. Como seus lábios cheios e rosas tem um desenho diferente que só faz Louis pensar besteiras, e seu sorriso com covinhas o faz parecer um anjo.

Ele é algum tipo de anjo perdido enviado para salvar Louis, o ômega tem quase certeza.

Anjos podem transar tão bem assim? Porque Harry é sensacional.

E Louis agarra-o pelos cabelos quando sente os beijos irem em direção ao seu pescoço. Isso sim é um bom jeito de acordar.

Ele ofega baixinho quando Harry puxa um pouco da pele, marcando-a temporariamente. Seu corpo ferve em reação e ele murmura que ama o alfa enquanto o mesmo continua a beijar seu corpo inteiro.

"Também amo você. Cada parte, cada detalhe." Harry sussurra em resposta e desce os beijos. Ele demora-se em sua barriga, e Louis se contorce sob seus toques. Abaixo do umbigo é um local perigoso e Harry é um provocador barato.

Dias se passaram nesse ciclo vicioso, era quase impossível para Harry ficar sem tocar Louis por muito tempo e totalmente impossível para o ômega sossegar por mais de duas horas seguidas. Quando seu heat acabou, era de se esperar que ele estivesse exausto. E realmente, seu corpo estava cansado, mas sua mente parecia finalmente voltar a funcionar corretamente e ele estava em uma pressa em falar. Conversar sobre qualquer assunto, já que passou dias apenas falando coisas sexuais para Harry. O que, apesar de já ter intimidade, ainda o deixava um pouco tímido. Agir primitivamente era embaraçoso, mas como um alfa, Harry o entendia e também teria sua vez.

Quando o alfa acorda e percebe a cama vazia ele sabe que já era. Os dias de sexo louco acabaram e Louis havia se esgueirado em direção à cozinha. Pronto para caçar algo para alimentar sua barriga faminta e olhar o céu pela janela. Foram dias sem se importar com isso.

E o ômega está apenas vestido em uma camiseta branca que não esconde quase nada. Descalço e esfregando os pés pelo carpete. Rodopiando pelo apartamento e aproveitado a volta de sua consciência. Era estranho pensar em quanto tempo ele passou ali sem nem notar o ambiente. O quão fora de órbita ele podia ficar. E ele se lembra vagamente de cada vez, como o toque de Harry era necessário e bom. Como em seu interior ele vibrava por ter um alfa.

Seu alfa.

Abriu a geladeira de duas portas e a encarou por pelo menos meio minuto, tinha muita comida ali e isso fazia seu estômago revirar. E a geladeira era tão bonita, assim como a cozinha inteira e o resto do apartamento. Era tudo tão chique e limpo. Até parecia reluzir. Louis sentia-se meio que em casa, apesar das nítidas diferenças entre o seu apartamento e o apartamento de Harry. Era o alfa que o fazia se sentir tão confortável, mesmo que ele ainda estivesse no quarto enquanto Louis pega um pouco de leite e o toma puro em uma xícara, preguiçoso demais para preparar um simples chá. Escolhendo apenas tomar leite e comer alguns pãezinhos pequenos que encontrou.

Ele sentia-se bem, mas ainda faltava algo, então não foi novidade quando ele acabou permitindo-se pegar em um cigarro. Foram longos dias sem fumar e a abstinência estava lhe atacando. Ele só precisava de um mísero cigarro.

Achar um maço escondido na cozinha poderia parecer estranho, mas acontece que mesmo que Louis diga para si mesmo que ele não está escondendo coisas de Harry, ainda assim ele prefere evitar que o alfa ache coisas que ele não gosta.

Quando ele acha a tal sacola com seus pertences escondidos ele encontra um maço já aberto e também alguns remédios.

E porra, remédios. Ele ficou tão fora de órbita que nem se lembrou. Mas tudo bem, agora ainda dá tempo, então ele pega cinco comprimidos e um copo de água. Um para cada dia que faltou. Ou quase isso... Ele não se lembra corretamente da última vez em que tomou uma pílula.

Talvez fosse melhor baixar o tal aplicativo que Niall havia comentado, um que ajuda a lembrar dos dias e horários corretos. Mas isso tudo é besteira, porque Louis tem certeza que ele é praticamente infértil. Nada para se preocupar.

Ou talvez sim, considerando que ser infértil não é algo muito atraente para um ômega.

Por um momento Louis se arrepende de ter engolido as tais pílulas. Coloca a mão sobre sua barriga e franze o cenho, sua mente gritando algo. Algo perturbador que ele escolhe ignorar.

Ele pega o maço e anda até a varanda, largando a cozinha do jeito que está, e praticamente correndo para o ar livre. Está frio lá fora, mas se isso significa que o apartamento de Harry ficará livre do cheiro de cigarro, então tudo bem. Ele pode aguentar um pouco de frio por alguns minutos.

E ele o faz, fumando e se sentindo relaxar, ao mesmo tempo em que treme com a brisa fresca da manhã. Ele não viu as horas, e não sabe dizer que dia é hoje. Mas qual a importância disso? Qual a importância de qualquer coisa? Ele nem percebe quando uma lágrima se perde em sua bochecha. E só nota o mundo ao redor quando a porta da varanda se abre e Harry aparece.

"Lou?" Harry questiona em um tom áspero. Louis se vira ao ouvi-lo, e pode encontrá-lo bem vestido, calça justa e blusa de frio amarela. Harry fica bem de amarelo, isso faz o ômega soltar um sorriso involuntário.

Ele fecha o sorriso ao que volta o cigarro para a boca, tragando novamente.

"Está frio, por favor, entre." Harry pede ignorando o fato do namorado estar fumando. Ele odeia cigarros, e torce o nariz pelo cheiro.

Louis não se mexe, ele apenas move seus olhos sobre Harry e então sobre si mesmo, suas coxas nuas e pés descalços. Sua mente gritando como ele é estúpido. Seu peito apertando sem motivos. Ele estava bem, ele estava feliz. Por que isso agora?

"Você..." Ele começa aleatoriamente. Sem saber ao certo o que está dizendo, ou pensando. "Você ficaria comigo se eu fosse um beta?" Ele questiona e volta o seu olhar para Harry, o alfa o olhando estranhamente. As sobrancelhas se juntando.

"Como é?" Harry pergunta para ganhar tempo. Ele observa seu namorado e percebe as lágrimas, o corpo tremendo pelo frio e os olhos perdidos. Seu coração acelera em resposta, ele quer agarrá-lo em seus braços e o proteger, mas não se mexe, pois tudo parece tão frágil e há algo claramente acontecendo ali.

"Você ouviu... Você..." Louis engole em seco, fixando o olhar em seu cigarro ao invés dos olhos verdes preocupados. "Desculpe. Foi uma pergunta estúpida. Eu sei a resposta."

"Louis, o que está acontecendo?" Harry se move, suas mãos tocando no ômega gelado. Uma delas acariciando seu braço e a outra levantando seu rosto, seus olhos se nivelando. "Está sensível por causa do heat? Confuso?" O alfa pergunta em um tom baixo. Frágil.

Louis ri seco. Soltando o cigarro e pisando no mesmo, mas ele está descalço e isso queima. "Louis!" Harry chama sua atenção e lhe puxa dali, trazendo-o para dentro do apartamento, no calor.

"Eu não sou tão sensível assim, Harry!" Ele briga, pisando levemente com o pé agora machucado. Sentindo-se mais estúpido e confuso.

Harry retira seu casaco amarelo e o veste em Louis. O ômega deixa, sendo maleável em suas mãos grandes e macias. Ele chora quietamente agora e Harry segura seu rosto com ambas as mãos.

"Lou, amor..." Harry tenta chamar sua atenção com o tom mais amoroso possível. "O que está acontecendo?"

"Você acha que eu sei?" O ômega resmunga de volta, longos segundos depois. Fechando os olhos para não encarar Harry.

"Eu acho que você sabe exatamente o que está sentindo, e porquê. Mas não acho que vai me dizer." O tom de voz de Harry é baixo e rouco. Transmite preocupação e um pouco de chateação, o que faz Louis apertar mais os olhos fechados.

Que droga!

É tudo tão confuso, mas Harry está certo. Louis sabe o que é. O que está lhe incomodando.

As possibilidades.

"Eu acho que você me ama porque eu sou um ômega." Ele diz finalmente e abre os olhos, encontrando um alfa frustrado lhe olhando em negação. Harry solta seu rosto e ameaça dar um passo para trás, mas Louis o segura pelos braços. Uma urgência em falar tudo, cada coisa que lhe preocupa. "Eu sei, eu sei como isso deve estar parecendo. Eu sendo inseguro depois de... Tudo. Arranjando desculpas pela minha insegurança, te culpando indiretamente. Não é isso. Não é, Harry. Eu sei que você me ama, mas eu também sei que sendo um alfa original as coisas são mais complicadas. Eu ser um ômega ajuda, mesmo que eu nunca tenha sido como os outros. Mesmo que eu seja mais quebrado e menos... Sensível, submisso. Totalmente fora do que um ômega perfeito deve ser..."

"Você é perfeito para mim, Lou. Eu não preciso que seja como os outros." Harry ainda parece magoado, frustrado. Sem entender nada daquilo. Louis se inclina e sela seus lábios, mesmo que tenha fumado recentemente e isso possa desagradar Harry.

Não desagrada.

Na verdade, o alivia um pouco. E ele circula os braços ao redor de Louis. Mantendo-o perto. Como se isso pudesse resolver tudo, como se estar perto um do outro pudesse lhes proteger de qualquer coisa.

"Eu amo você, Louis. Como você é." Ele reassegura. Louis lhe parece sensível sim, frágil pós heat e confuso. Harry não deveria ter lhe deixado sozinho. Ele parece ter uma tendência a pensar besteiras quando tem a oportunidade.

"Eu sei, eu sei. E eu também amo você. Não é isso, Haz..." Seus olhos azuis ainda estão úmidos e ainda há o que falar. "Mas, mesmo sendo um ômega eu não vou poder ser o que você quer, ou o que você precisa. Eu não sou um beta, mas é quase como se eu fosse. Eu não vou poder ser o que todo alfa quer, o que você provavelmente quer... Um ômega para encher de filhotes e–"

Ele pausa. Chegando ao ponto que lhe aflige, mas sem saber mais o que dizer. Encarando Harry que lhe olha de volta, transtornado.

"O que você está dizendo?" O coração do alfa está batendo tão forte, e tudo parece tão ruim, Harry não sabe como agir. "Que não quer uma família? Nunca? É muito cedo para decidir qualquer coisa sobre isso, Louis. Nós temos tempo." Ele reassegura, mesmo que esteja com medo.

"Não é que eu não quero, Harry! Eu não posso!" O ômega quase grita, se afastando um pouco. Chorando.

Ele passou muito tempo dizendo para si mesmo que bebês eram bobeira. Que essa história de criar uma família e essa ser a coisa mais importante e feliz da vida era besteira. Um monte de merda que a sociedade nos vende, mas que nunca lhe foi uma realidade. Porque ele foi um bebê rejeitado, e ele sabe o que é não ter uma família.

Então esse nunca foi um sonho. Ele odiava alfas. Ele nunca pensou em se casar com um e ter bebês. Mas, ele conheceu Harry, e agora ele meio que repensa tudo o que ele achou que sabia. Que queria...

E o quão irônico seria não poder ter o que ele nunca quis?

"Não pode?" O rosto do alfa é duro e doloroso de olhar. Louis sente como se estivesse pegando os sonhos dele e destruindo. Como se suas palavras estivessem literalmente apunhalando o coração do alfa.

Arruinando tudo, mostrando para Harry como se apaixonar por si era uma cilada.

Porque não bastava ser um ômega problemático, Louis ainda tinha que ser um ômega pela metade. Um que tem heats, mas não reproduz. Que nunca vai poder lhe dar uma família.

"Não posso! Não sei, provavelmente." Louis diz devagar, ele sabe que está assumindo. Ele não tem nenhum papel de exames médicos para comprovar o que diz, mas– "Se fosse para ser já teria sido. Eu fui estuprado por anos e nunca... Nenhum bebê... E... Eu via os outros, eu nunca quis, não deles, é óbvio, mas porque nunca aconteceu, então? Teria acontecido, Harry!" Ele exclama em meio a todo sua confusão e dor. É real, é o que ele pensa, que ele nunca vai ter aquilo, o que seria um alívio porque seria horrível ter um bebê com algum daqueles alfas nojentos, e seria horrível rejeitar um criança da mesma forma que ele foi rejeitado. Mas então, há Harry. E ele gostaria de ter um bebê com ele, um com covinhas e olhos verdes, ou cachinhos, um que sorrisse como Harry ou fizesse caretas como ele. E ele sabe que Harry seria um bom pai. Porque ele é bom em tudo.

É um alfa perfeito que qualquer ômega seria sortudo demais em ter.

E Louis tem. Tem e não pode retribuir nada do que ganha. Tem e parece que está tendo demais. Sempre ganhando mais do que realmente merece.

Porque quem olha de fora, quem analisa suas personalidades, pode ver claramente que Harry parece o mais apaixonado. O mais envolvido, o que não desiste. Que deseja uma família feliz. Que merece isso.

E o que Louis merece? O que ele tem a oferecer? Ele só está fazendo Harry sofrer junto a ele.

E ele sente-se assim porque ele pode ver os olhos transtornados e marejados do alfa. Harry segura seu rosto com ambas mãos e o encara profundamente. E há tanta dor. Louis nem consegue respirar, ele está mal e ele está deixando Harry mal e ele só quer que tudo isso pare–

"Para." Harry diz e sua voz consegue ser ao mesmo tempo áspera e dolorosa. "Não fala mais disso, por favor. Isso me enfurece, me machuca. Eu odeio lembrar do que aconteceu com você e como eu não pude fazer nada." Suas palavras parecem confusas no começo, mas é só a mente do ômega. Harry está claramente falando sobre os abusos. Sobre os outros alfas. Todos aqueles que lhe tocaram de forma errada e contra sua vontade. "Nada disso é culpa sua. Nada disso deveria ter acontecido, eu sinto muito." Harry sussurra contra sua boca, encosta sua testa contra a de Louis, e fecha os olhos. "Eu sinto muito por não estar lá antes. Por não poder livrar sua memória disso. Por não ser capaz de apagar o passado." Louis fecha os olhos também, atordoado e tremendo. Não é culpa de Harry, e ele não entende como isso pode o afetar tanto. Mas afeta, afeta muito Harry por sentir que é um alfa que não pôde proteger seu ômega. "Eu queria matá-los. Quero... Mas isso não iria modificar todo o estrago. Como eles fizeram você acreditar que você não merece coisas boas. Por que você ainda acredita nisso?" Ele abre os olhos e questiona tristemente.

Harry sente-se falhar. Louis ainda está triste, mesmo depois de tantos dias bons. Ele ainda parece quebrado, ou mais quebrado. E o alfa pensa que é apenas um iludido. Iludido e prepotente, por achar que poderia livrar Louis de todas as inseguranças que ele carrega consigo.

Todas as coisas que ele pensa sobre si mesmo e que tem que mudar de ideia sozinho.

"Eu... Eu não sei. Eu, eu quero isso, Harry. Mas eu não posso, não posso te dar o que você merece." Louis não sabe mais se suas falas são apenas sobre bebê e família.

"Por quê? Por quê, Lou? Porque você acha que não é algo que você merece?" Ele segura o rosto de Louis novamente, mais determinado dessa vez. Disposto a convencê-lo. A fazer com que Louis entenda. "Você merece ser feliz, Lou. E não é só porque eu estou dizendo. E não é só porque eu te amo e quero o melhor pra você. Você merece porque você é uma pessoa boa, gentil... E que sofreu sem merecer. Você merece a felicidade em dobro por tudo de ruim que você teve que passar. Por ser tão forte! Você é mais forte do que percebe."

Mais forte até do que eu. Harry quase acrescenta, porque ele se sente egoísta nesta questão, mas os estupros que Louis sofreu parecem que o afetam mais mesmo sem ter sido ele a ser violentado. Simplesmente porque saber que alguém que ele ama sofreu assim o corrói. E o faz ter ódio. E Harry quer matar cada um que já tocou em Louis, enquanto o ômega nem parece ter isso em mente. Enquanto ele parece ter desistido de sentir raiva, ter aceitado que já era. Já foi. E o melhor a fazer é seguir em frente.

Harry não consegue superar. Não quando ele vê os efeitos negativos que isso ainda gera sobre Louis.

"Você acha?" O ômega questiona mais calmo. Sentindo-se mais amado ainda por Harry. Porque ele o acha forte. E Louis muitas vezes se esquece de que ele tem alguma força. Principalmente quando ele está banhado em lágrimas.

"Você é forte." Harry repete e deixa um beijo em sua testa. Parece algo como: você é forte, mas eu ainda quero te proteger. Louis o abraça e deita o rosto em seu peito, se acalmando.

"Tudo bem se for só eu e você? Pra sempre?" Ele questiona baixinho, um pouco de medo da resposta e um pouco de dor porque ele meio que queria uma terceira pessoinha incluída.

Harry suspira, não convencido. Não querendo aceitar essa possibilidade, porque sinceramente, dói.

Ele quer muito uma família com Louis e mesmo que ele continue amando o ômega sendo ele fértil ou infértil, ainda assim é um assunto delicado. Doloroso.

Ele quer bebês.

"Eu amo você, é claro que ficaria bem sendo só nós." Ele diz depois de um tempo, quando Louis já o encarava apreensivo. Precisando ouvir aquilo. "Mas você não sabe o que está dizendo... Talvez... Talvez nunca tenha acontecido porque seria maldade demais, ok?" Ele diz mais pra si do que para Louis. "Não era pra ser você e algum deles. Não significa que não possa acontecer entre eu e você."

A expressão de Louis caí, não sendo exatamente aquelas palavras que ele queria ouvir. Toda aquela esperança na voz de Harry... Mas pelo menos é sincero.

"Haz..." Ele odeia quebrar isso para Harry, destruir seus sonhos. Porém, Louis sabe. Teria acontecido.

"É sério, Louis. Isso não é algo que você pode supor apenas porque nunca lhe aconteceu antes. E há tratamentos!" Ele tenta.

Louis larga um pouco de seu abraço. Afastando-se e sentindo sua cabeça doer. Chorar tanto é uma merda.

Ele está mais recomposto agora, porém ainda dói. Como ele sabe que Harry vai sofrer até aceitar a verdade.

"Eu não estou dizendo que não quero nem tentar, Harry... Mas eu sei, e acho melhor se você tentar se acostumar com a ideia de ser só eu e você." Ele diz de forma firme, mesmo que se sinta como um destruidor de sonhos.

"Não é uma ideia ruim para mim, eu não disse isso." Harry franze o cenho em seriedade, e sua discussão agora com Louis não parece mais sobre não deixar o ômega se entristecer, e sim em tentar fazê-lo entender que ele não sabe do futuro.

Louis pode achar que sabe muito sobre essas coisas, mas Harry tem suas teorias.

"Há mil possibilidades sobre os motivos de você nunca ter... Engravidado." Harry fecha os punhos involuntariamente, pensar em Louis carregando um bebê que não é dele é doloroso e o enraivece. Seu ômega nunca deveria ser tocado por outros. E principalmente: nunca deveria ser tocado sem que essa seja sua vontade. "Você fuma, Lou... Isso causa infertilidade... Pode ser que seja o que tenha evitado até agora, eu não sei, um médico poderia dizer melhor."

Louis não entende, e se irrita. "O que está dizendo? Que a culpa é minha por fumar? Que se não vamos poder ter um bebê a culpa é toda minha?" Ele grita, querendo chorar, mas se abstendo. Porque Harry pode estar sendo cruel, mas talvez seja só a verdade...

Ele se lembra das pílulas seguidas e de como ele é irresponsável com seu próprio corpo e mais uma vez percebe como ele mesmo causa as coisas ruins pra si. Harry está certo.

"Não, Lou. Fala sério! Eu nunca te culparia por algo assim!" Harry pega em seu braço, puxando-o para si. Não deixando que Louis se afaste... Que se isole em si mesmo e sua mente confusa. "Estou falando de antes, dos outros. Não de nós e de uma criança nossa."

"Mas eu não fumava quando aquilo acontecia." Louis evita a palavra feia, mas Harry fecha os olhos quando ele cita, do mesmo jeito de antes. Como se fosse cruel demais para falar sobre. "E os outros ômegas... E os bebês..." Louis sussurra perdido em lembranças.

Era doloroso de assistir, e ele sempre agradeceu por nunca ter acontecido com ele. Porque ter um bebê de Tyler, por exemplo, seria a maior crueldade que o alfa poderia fazer. Ou marcá-lo como seu pela eternidade. Esse também era um de seus medos. Ter algo que os ligasse para sempre.

Mas por que nunca lhe aconteceu? Teria seu corpo atendido ao seu desespero e nunca ter permitido algo assim? Teria sido, como Harry disse, maldade demais para acontecer? Teria o destino tido dó de Louis e o livrado de algo assim? A infertilidade poderia não parecer uma benção agora, mas no seu passado foi bem útil.

Talvez agora esse seja o preço que ele tenha que pagar por ter se livrado de tudo. Ele nunca quis ter nada com um daqueles alfas, e agora não poderia ter uma família com Harry.

"Lou, amor, me escuta..." Harry pede, tentando tirar Louis dos lugares ruins onde sua mente lhe leva. Trazendo a atenção do ômega de volta para si. "Eu não sei porque nada aconteceu antes, e ainda bem que não, porque não seria certo. Mas isso não impede a gente, ok? Eu te levo em um médico, você faz alguns exames, a gente... conversa e tenta descobrir o que houve, se isso importa tanto... O passado... Mas a gente também pode descobrir como será daqui para frente, se a gente pode, e eu acredito que sim."

"Você não pode afirmar isso, Harry." Louis repete tristemente. "Eu odeio tirar suas esperanças assim, mas é mais fácil lidar com as piores das possibilidades... Aceitar..."

Harry respira fundo.

Ok, Louis tem um ponto. E dói, claro que sim. Harry gostaria de ter um bebê que fosse, de sangue, dele e de Louis. Com olhos azuis, e um nariz exatamente como o do ômega, porque, convenhamos, o nariz de Harry é meio grandinho. E esse bebezinho poderia ser teimoso e apaixonante assim como Louis é. E Harry estaria tão realizado em acompanhar uma gestação de um bebê que é dele. Vê-lo crescer, dia após dia. Desde o início.

Mas há outra possibilidade, uma irônica e bonita.

Adoção.

Assim como betas costumam fazer... E se o que faz uma família é amor, então tudo bem, Harry poderia amar uma criança que não é sua como se fosse. Assim como ele se apaixonou eternamente por Louis, ele pode amar eternamente outra pessoinha. Alguém que não é dele, mas seria. Dele e de Louis.

Tomlinson-Styles.

"Há muitas possibilidades, Lou." Ele reafirma, com o semblante mais iluminado. Louis ergue as sobrancelhas em confusão. "Se a gente não puder ter, a gente adota. Não precisa ser só eu e você para sempre, pode ser nós e quem mais você quiser... A gente pode ter uma família."

Parece a solução perfeita e Louis soluça, os olhos marejando outra vez. Ele leva suas mãos para o rosto do alfa e junta seus lábios. Não acreditando em como Harry é, cheio de luz e força de vontade. Disposto a qualquer coisa para ser feliz. Até mesmo se arriscar com outra pessoa vinda de um orfanato, com um passado quebrado e infeliz. E Louis sente seus olhos deixarem lágrimas quentes caírem. Porque essa ideia é maravilhosa e o faz se sentir tão esmagado com emoções profundas. Seria como dar a alguém aquilo que ele não teve. E de repente ser fértil ou infértil não importava tanto assim. 

E sim, ele ainda se sente um pouco patético pela quantidade desnecessária de choro. Mas se isso o faz ter Harry dizendo coisas bonitas e lhe reafirmando o quão amado ele é, então tanto faz. Ele pode muito bem ser pateticamente amado.

E pateticamente feliz com uma família.

De sangue ou não.

Ou das duas formas.

São muitas possibilidades.


Notas Finais


×××

hai, babes❤

eu fiquei tanto tempo sem escrever que to meio ?? to perdida no jeito, e ler fanfic gringa me faz querer dar uma melhorada e modificada no jeito que escrevo, sei lá? Parece tudo meio ?

mas enfim, 44 capítulos é o meio da fic, ainda tenho tanta coisa pra falar, e bem, capítulo de drama mesmo pq é isso aí, muito açúcar nesses capítulos finais, precisamos partir pros dramas... e vcs sabem que adoro abordar uns assuntos diferentes né?

O que achariam se o Louis fosse mesmo infértil? Nada é fácil na vida do bichinho, né? Pqp. Mas achei a possibilidade algo interessante e diferente, apesar de tristinho :( mas foi bom pra eles conversarem sobre...

E são muitas possibilidades!!! (já disse que adoro qnd vcs fazem textinhos sonhando com as coisas??? Futuro Larry bebês felizes?? Amo mto, só de pensar numa misturinha dos dois nhonho, meu ponto fraco kk)

E enfim, não vou prometer atts rápidas pq minha vida ta uma coisa :XX mas amo vocês meus bolinhos <3 e leiam a tradução que eu to fazendo, é muito boa!!! "So let's cross the lines we lost" lá no meu perfil do wattpad, iluuuvlarry, é um amorzinho, e aí é mais história pra acompanhar enquanto fico meio ausente...

XOXO, drama girl.


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