O tempo que faltava até sábado chegar parecia ter passado tortuosamente devagar. Devagar o suficiente para fazer Harry Styles repensar mil vezes nos seus planos para o encontro. E Louis ainda perguntava á si mesmo se uma doença de ultima hora poderia livra-lo do tal encontro. Desistiu da ideia quando Niall o lembrou de que adiar as coisas não é solução.
Duas horas da tarde foi o horário combinado. Louis trabalha no sebo de segunda á sexta no período da tarde após as aulas na universidade e nos sábado até o meio-dia. Resultado: saiu correndo do sebo para casa para poder se arrumar.
Ele já tinha passado da fase de convencer a si mesmo que aquilo não era um encontro, porque mesmo sendo de dia era sim um encontro. Um encontro com Harry Styles. Tomlinson estava nervoso, então ele fez o que sempre faz quando está nervoso: fumou um cigarro.
Era meio-dia e meia e ele estava na janela do apartamento fumando, tentando – em vão – relaxar. Lembrou-se de como o alfa original tinha brigado consigo por causa daquela coisinha que estava agora entre seus lábios.
“Puftt... Harry arrancaria você da minha mão se te visse...” o ômega falava encarando o cigarro ainda pela metade, deu mais um trago e olhou as horas. Encarou o cigarro mais uma vez e o apagou no cinzeiro.
Isso era uma novidade: Louis Tomlinson não terminando um cigarro. Um avanço.
Bem, alfas tinham olfatos sensíveis, ainda mais um original. Então Louis tomou um banho bem perfumado e escovou os dentes umas três vezes. Não que o cheiro de cigarro já não fosse um pouco impregnado em si, não tinha jeito, fumante tem cheiro de fumante. E Harry que conviva com isso. Pensou o ômega.
Já era uma e meia da tarde enquanto o ômega ainda caçava uma roupa. Não que ele quisesse impressionar o alfa, imagina... Ele só vestiu três calças skinnys diferentes com mais cinco blusas diferentes porque é naturalmente indeciso. Puft!!
Acabou optando por algo básico, não queria que Harry pensasse que ele se arrumou muito ou coisa do tipo. Era só um passeio à tarde com um novo amigo. Que ele queria beijar, quer dizer, que queria o beijar. Era só isso.
Louis vestiu uma skinny preta, um sweater cinza, vans, e a gargantilha, que dessa vez foi a primeira coisa que ele colocou, para ter certeza que não esqueceria.
“Algo confortável” repetiu a fala do alfa para o espelho enquanto ajeitava sua franja. Passou mais perfume e viu que faltava apenas quinze minutos.
Louis andou de um lado para o outro no pequeno apartamento. Depois se jogou no sofá e resolveu esperar quietinho para não suar.
Seu celular vibrou com uma mensagem de Malik.
"Hey, mate! Niall me contou do seu encontro com Styles. Estou decepcionado que você não comentou nada comigo :( mas te perdoo se prometer tomar cuidado! Qualquer coisa me ligue, #02 da discagem rápida ;) boa sorte no encontro!"
Louis não respondeu a mensagem. Apenas bateu com o próprio celular na testa.
"Loiro fofoqueiro!" o ômega se martirizava por ter comentado sobre o tal encontro e pensava em seus amigos o julgando. "Não, eles não estão pensando mal de você, Louis. Niall mesmo disse que tudo bem sair com um alfa. E Zayn saia com Liam, então..." os devaneios em voz alta do ômega foram cortados pelo som da campainha.
É agora.
Louis enfiou o celular no bolso e conferiu pelo olho mágico se era mesmo Harry. E era. Respirou fundo e destrancou a porta.
"Oi." o ômega foi o primeiro a falar, mais em forma de sussurro do que outra coisa. Ele estava nervoso e Styles sorriu ao perceber.
"Olá!" o alfa deu um passo a frente e Tomlinson lhe cedeu espaço para entrar. "Sei que flores são clichês, mas não resisti, pelo menos não são rosas..." Styles lhe estendeu um mini buquê com lírios amarelos e laranjas.
"Wow" o ômega ruborizou. "São lindas."
"Eu não sei qual seu tipo de flor preferido então optei pela que achei mais bonita." Harry sorriu, mas omitiu o motivo verdadeiro dos lírios. Se Louis pesquisasse na internet poderia encontrar sites informando que lírios amarelos significam uma amizade que deseja-se tornar romance, enquanto os de pétalas laranjas indicam imensurável fascínio e atração.
Harry não fazia nada por acaso.
Louis arrumou um suporte com água para as flores e as deixou no balcão, pegou carteira, celular e chave e saiu junto à Harry.
O clima no elevador estava tranquilo, de alguma forma o ômega se sentia mais relaxado na presença do maior do que ansioso como estava antes do mesmo chegar.
"Você já almoçou hoje?" o alfa perguntou quebrando o silêncio.
"Oh, não!" Louis lembrou que se distraiu tanto com a ansiedade pelo encontro que esqueceu até de comer.
"Bom." Louis franziu o cenho, esperava algum comentário preocupado do maior com sua saúde. "Nosso passeio envolve comida, então..." Harry deu de ombros e o menor relaxou a expressão. Um sorrisinho discreto brotando em ambas as bocas.
Passar pela recepção do prédio foi engraçado, John, porteiro do edifício abaixou a cabeça assim que Harry passou com uma mão apoiada na base das costas do menor. Louis apenas acenou educadamente e se perdeu nos pensamentos de como no outro dia em que o maior invadiu seu apartamento ele teve de passar por John.
"John te deixou subir de novo hoje sem te anunciar" comentou enquanto andavam até o carro de Styles.
"A segurança do seu prédio é precária. Não sei como um beta igual ele poderia deter algum alfa...". O de olhos verdes deu de ombros enquanto abria a porta de passageiro para o mais velho.
Louis esperou Harry dar a volta e entrar no carro para continuar com o assunto.
“Bem...” pigarreou se preparando para a bronca sutil em forma de um simples pedido “Eu não sei o que você disse á ele, principalmente da primeira vez, mas gostaria que você se anunciasse na próxima vez. Se ele achar que não precisa te anunciar talvez ache que não tem mais de fazer seu papel de porteiro e deixe todo mundo subir direto...”.
Harry sentiu a leve irritação do ômega, mas não se abalou nem um pouco. O alfa tinha essa mania de só pegar as partes que mais lhe interessavam nas frases. E nessa bronca sutil do ômega o que lhe interessava era a menção de uma próxima vez.
“Oh, claro. Desculpe.” Um sorriso de covinhas de quem não se sente nem um pouco culpado brotou em seu rosto. “Posso ligar o rádio?”
Louis revirou os olhos. Ele sabia que Harry não tinha ligado muito para o que ele pediu e duvidava que da próxima vez o alfa fosse se anunciar. E mesmo que anunciasse e Louis dissesse para não deixarem-no subir, Louis sabia: ele subiria de qualquer forma.
“Pode ligar desde que me prometa que vai começar a se anunciar antes de subir” o lançou um olhar desafiador.
Harry apenas sorriu. Seu ômega estava em seu carro, ele não podia tirar o sorriso do rosto. Estava tudo indo bem.
“Ok então!” ele ligou o rádio. Uma música suave tocava: Home, por Edward Sharpe & The Magnetic Zeros.
Não demorou muito para um silêncio confortável se instalar, sendo interrompido apenas por Harry cantarolando “Home is wherever I’m with you*” enquanto fitava o ser ao seu lado. Louis o observava admirado. Sua pequena irritação pelo pouco caso do alfa ao seu pedido já tinha passado. Música o relaxava. E Harry cantava bem.
“Sua voz é linda, Harry.”
“Não mais que a sua.” O alfa sorriu desviando rapidamente os olhos da estrada, apenas para vê-lo sorrir com o elogio.
“Naaah, sem comparações, lembra? É uma voz diferente, especial.” Louis sorriu citando trechos da ultima conversa dos dois. Ele adorava isso. Relembrar o que foi dito. Porque a mente de Louis era assim: ele nunca esquecia de nada. O que por um lado era bem triste, já que ele já ouviu e viveu muitas coisas ruins, mas por um lado era bom, como poder se lembrar de tudo de agradável que o alfa já lhe disse.
“Haha, ok. Então você acha minha voz especial?”
“É!” Louis deu de ombros encarando a janela, eles estavam na estrada já há uns bons minutos. Ele queria saber para onde eles estavam indo. A música do rádio mudou novamente para uma do The Lumineers, chamada Ho Hey. Louis sorriu com a letra.
I belong with you, you belong with me
You’re my sweetheart
Harry continuou cantando.
“É sério. Você canta bem. Porque não entrou no curso de música da universidade?”
Harry apenas riu.
“Longe de mim, desmerecer seu curso. Música é arte. E eu amo arte. Mas não dá para administrar empresas cantando...” suspirou “Não sei se você lembra, mas te disse na nossa primeira conversa sobre a empresa da minha família. Meu pai pretende que eu a assuma. Então, bem, estou cursando administração”.
“Oh... Mas você gosta? Deve ser triste trabalhar em algo que não lhe agrada”.
“Eu gosto. É interessante. Mas gosto mesmo é da parte de poder dar continuidade á algo da família. Deixo outras coisas como hobbie, e bem, sendo dono da empresa posso me dar quanto tempo de férias eu quiser, para os hobbies e família, sabe?!” O cacheado continuava reforçando a família em suas conversas. Porque por Deus, ele queria muito formar uma com Louis!
Styles sorria entre tudo que dizia. Era gostoso conversar com seu ômega. Aproveitava para deixar bem claros seus ideais e intenções. Um alfa com uma família bem estruturada, protetor, com foco no futuro e no bem-estar de quem ama. Ele queria que Louis reconhecesse essas suas qualidades.
Mas a menção da palavra família para Louis lhe trazia outras lembranças. Ele sentia um pouco de inveja do alfa ao seu lado. O de olhos azuis não tinha um pai para lhe deixar nada - com exceção de traumas - nenhum legado para seguir. Ele também não tinha família para dividir seu tempo. Sua família era Niall e Zayn. Sua vida era a música, os dois amigos, o emprego no sebo e as lembranças que queria esquecer.
“Legal...” o ômega murmurou deixando o assunto morrer.
Depois de alguns minutos finalmente chegaram a um parque. St James’s Park Lake. Lindo.
Harry estacionou, desceu, abriu a porta para Louis e foi para o porta-malas retirar as coisas.
“Vamos ter que andar um pouquinho, mas eu parei perto de onde quero ficar. Próximo a uma ponta do lago que não é muito movimentada.” Louis estava do lado do alfa vendo ele retirar uma cesta enorme e bonita do porta-malas.
Um piquenique!
Harry Styles estava o levando á um piquenique!
Em um parque lindo perto do lago!
Sim, era clichê. Mas era lindo.
E a verdade é que Louis nunca foi há um encontro antes. Então qualquer coisa que alguém fizesse para si seria especial. Até mesmo as coisas mais clichês.
“Quer ajuda?” Louis tentava bisbilhotar o porta-malas para ver se tinha algo que ele pudesse carregar.
“Claro. Leva isso aqui.” Harry lhe estendeu uma toalha xadrez vermelha e branca. Era só um pretexto para fingir que deixou o ômega ajudar, a toalha não pesava nada, enquanto a cesta bem equipada só poderia ser carregada com aquela tranquilidade por um alfa mesmo.
Caminharam por alguns minutos. O ômega encantado com o parque, a natureza é simplesmente linda e o dia estava lindo igualmente. Ele gostava de reparar na beleza das coisas, pois muitas vezes tudo aquilo, o mais simples, lhe passava batido. Havia algumas pessoas espalhadas por onde andaram. Algumas famílias, alguns jovens tocando violão, outros lendo. Coisas habituais de um parque. Por sorte o local era enorme, então todos tinham sua privacidade ali.
Harry escolheu um canto embaixo de uma arvore enorme, que fazia uma sombra perfeita num lugar perfeito próximo ao lago. E de longe podiam avistar o London Eye.
Louis estendeu a toalha que carregou por todo o caminho, ficando de quatro na mesma para ajeitar as bordas. O que não passou despercebido por Harry, que tentou desviar o olhar, mas não conseguiu.
Que bunda é essa? Era a única coisa que passava pela cabeça do alfa.
Por sorte o ômega não demorou muito naquela posição e logo se sentou corretamente.
Parecia uma criança feliz observando o parque, o lago e o céu, todas as lindas cores da natureza que contrastavam entre azul e verde.
Styles sentou-se ao seu lado, abrindo a cesta e tirando de lá diversos potinhos.
“Eu percebi que não faço ideia de que tipo de comida você gosta, então trouxe o que gosto de comer... Tem várias opções então você tem que ser louco para não gostar de nada.” O cacheado deu de ombros rindo, enquanto distribuía diversos potinhos pela toalha.
Ele trouxe frutas, sanduiches, sucos, tortas, pães, queijos e mais um monte de comidinhas que poderiam alimentar uma tropa.
“Nossa! Você convidou mais gente e eu não estou sabendo?” Louis perguntou rindo enquanto pegava uma amora. Uma de suas frutas preferidas.
“Exagerei na quantidade, né?” o de cachos parecia um pouco apreensivo enquanto olhava todos os potinhos “Acho que me empolguei na hora de montar a cesta... É que costumo fazer tudo para uma média de cinco pessoas, o que inclui minha família e Magdalena. E bem, ela sempre diz que é melhor sobrar do que faltar.”.
O de olhos azuis apenas riu do jeito apreensivo do outro.
“Nahh, tudo bem. Eu não almocei mesmo...” disse pegando alguns queijinhos e um pãozinho. Harry serviu a si mesmo e ao outro suco natural e começou a comer também, ele explicava que cada coisa dentro daquela cesta tinha merecido estar ali, por serem deliciosas.
“Magdalena é sua cozinheira?”
“Sim...”
“Hmmm, ela está de parabéns!” o ômega elogiou enquanto terminava de devorar um pedaço de torta de banana. “Estou cheio! Ela cozinha muito bem!”
O alfa original riu. “Ela cozinha mesmo. Mas ela não fez nada que está na cesta. No máximo me ajudou a lavar as frutas e guardar tudo nos potinhos”.
“Está dizendo que você que fez tudo? A torta, os pães, o suco?” os olhos azuis se arregalaram em surpresa e admiração.
“Exatamente!” sorriu com covinhas.
“Nossa! Esquece o que falei sobre o curso de música! Você deveria fazer gastronomia!”
O alfa apenas riu, levantando o dedo indicador ao canto dos lábios do outro, tirando um farelinho qualquer de comida. Nem estava sujo de verdade ele apenas queria contato físico. O ômega sorriu tímido com o ato e os dois se perderam no olhar intenso que compartilhavam.
Era como se nada mais existisse quando o azul se encontrava com o verde.
Mas Louis não conseguia segurar aquele olhar por muito tempo sem se sentir vulnerável.
“Você costuma vir aqui? Nesse canto do parque?”
“Nah... na verdade é a segunda vez que venho aqui.” Harry se escorou na arvore observando o lago a frente deles, Louis o imitou. Os dois estavam próximos, mas sem se tocarem. O mais novo pegou um cacho de uvas e começou a comer preguiçosamente, compartilhando as uvas com o de olhos azuis que nunca recusava. “Eu vim aqui logo depois que você aceitou sair comigo... Estava caçando lugares legais e minha mãe disse que um parque é sempre legal, porque bem, natureza e tal. Traz certa paz.”
“Ah... É a primeira vez que venho há um parque.” Louis soltou sem pensar muito nas brechas que estava dando sobre seu passado.
“Sério?” Harry franziu o cenho encarando o menor. “Há quanto tempo você mora em Londres e nunca visitou um dos parques mais famosos? Vai me dizer que também nunca foi ao Big Ben ou London Eye?”
O ômega apenas riu. A vida dele era muita correria para dedicar tempo a fazer passeios turísticos. Sentia que os turistas conheciam Londres melhor do que ele, até porque até a maioridade ficou preso naquele orfanato dos infernos.
“Estou aqui só há quatro anos, não tive tempo ainda, e sabe como é, quem mora mesmo na cidade passeia menos que turista”
“Você tem medo de altura?” o alfa perguntou enquanto fitava o London Eye.
“Não... Acho que não. Por quê?”
“Que tal a gente ir ao London Eye?”
“Huh? A ronda gigante?”
“Exatamente! Aquela ali onde agora provavelmente tem um monte de gente olhando para cá e nem nos vendo” apontou para a estrutura de metal que rodava lentamente.
“Ah... Seria interessante” o ômega falou sem pensar muito. Mas foi só dar uma confirmação para o alfa ao seu lado levantar. “O que você está fazendo?”
“Preciso só fazer uma ligação! É rapidinho!” o alfa se afastou pegando o celular do bolso e ligando sabe-se lá pra quem. Louis continuou comendo as frutas e o observando de longe. Harry era lindo. O cabelo comprido até os ombros, a blusa aberta alguns botões mostrando um pouco das tatuagens de andorinha, os jeans skinny, as botas, o corpo, tudo!
Estava distraído pensando em como se deixou levar pelo alfa original e agora estava ali: num encontro. Justo ele que não gosta de alfas. Seus devaneios negativos sobre alfas foram cortados pelo lindo a sua frente que voltou todo sorridente.
“Já terminou de comer? Podemos ficar mais um pouco se quiser ou já podemos ir.”
“Já?” franziu as sobrancelhas em confusão. O passeio já tinha acabado? Eles já iriam embora? Pegou outra amora só para ter mais tempo de pensar.
“Eu consegui uma capsula para gente. Quando quiser podemos ir.”
“Do que você tá falando, Harry?” o ômega estava extremamente confuso observando o maior guardar os potinhos já vazios na cesta.
“Do London Eye. Eu reservei uma capsula para gente. Cada volta leva em torno de trinta minutos, e ainda tenho que dirigir até lá o que significa que talvez a gente chegue lá e tenha que esperar um pouco, mas independente de que horas formos temos uma capsula garantida.”
“Wow! Peraí! Quando você disse para gente ir você tava dizendo hoje, tipo hoje agora?”
Harry sorriu largo “Sim! Hoje! Agora!”.
Louis sorriu de volta com a animação do cacheado a sua frente.
Os dois recolheram tudo, Louis foi carregando andando até o carro carregando a toalha e o potinho de amoras, enquanto a cesta era carregada novamente por Styles.
Caminharam lentamente aproveitando a paisagem e foi só passar por um grupo de meninos que Harry automaticamente colocou sua mão na base das costas do outro, guiando-o para mais perto de si.
Era a possessividade de alfa agindo, mas Louis não pareceu se importar.
Ele se sentia de certa forma mais seguro quando o outro lhe tocava.
O alfa guardou a cesta e a toalha no porta-malas, abriu a porta do passageiro para Louis, ligou o rádio e voltou a dirigir sorrindo.
“Eu gostei do parque” Lou comentou enquanto devorava as amoras.
“Sei que ficamos pouco hoje, mas podemos vir outras vezes.” Harry adorava fazer planos, citar outras possíveis vezes, outros possíveis encontros.
Lou maneou a cabeça positivamente.
Já podia se imaginar lendo embaixo de alguma daquelas arvores. Ou então tocando violão e escrevendo uma canção. Lá era um lugar tão bonito e sereno. Perfeito para esse tipo de coisas.
Styles deixou o carro em um estacionamento particular e os dois foram andando até o London Eye. Apesar de não ser alta temporada o lugar estava cheio, afinal em Londres há turistas o ano inteiro. Como havia várias pessoas o alfa pegou na mão do outro, para mantê-lo perto.
Louis não se importou, nem tentou recuar no contato. Na verdade ficou encantado com o tamanho da mão do outro. Sabe o que dizem sobre caras com mãos grandes. A voz safada do amigo beta veio em sua mente e Louis tentou afastar aquele pensamento enquanto corava.
Havia fila no lugar e a volta atual demoraria uns dez minutos ainda para acabar. Harry deixou Louis sentado em um banquinho um pouco afastado da fila enquanto ia conversar com um funcionário local.
O ômega estava muito entretido com sua própria mão e os vans batucando no chão para perceber quando Harry deu uma generosa quantia de dinheiro ao funcionário. Que logo o indicou um lugar privilegiado. Eles seriam os primeiros a entrar numa capsula na próxima volta.
Conversaram amenidades enquanto esperavam e assim que puderam entrar foram redirecionados como os primeiros. Louis estranhou um pouco aquele tanto de gente na fila, enquanto ele entrava sem problema algum numa capsula reservada apenas para ele e o alfa.
A cápsula privada contava com canapés, champanhe e vinho.
Louis estava ocupado com o tamanho do lugar, mas não largou a mão do alfa que assim que tinha voltado para perto de si tinha entrelaçado seus dedos nos do menor.
Naquela cápsula cabia muito mais do que apenas os dois.
Demorou um tempinho, enquanto giravam extremamente devagar, e as outras cápsulas eram preenchidas. E então Harry puxou o outro até perto do vidro. Indicando com o dedo o parque onde estavam.
“Ali ó! Bem naquela parte do lago!”
“Wow! É mais bonito ainda vendo daqui”.
“Sim, sim! Olha lá o Big Ben! A gente pode ir lá depois! A gente pode ir a todos os lugares que você quiser.”
O menor apertou a mão entrelaçada conseguindo que os olhos verdes caíssem sobre si.
“Harry... Obrigado.”
“Pelo quê?” o alfa sorria enquanto se perdia nos olhos azuis.
Ele fez muito isso essa tarde: sorrir e se perder em Louis.
“Por me trazer aqui. É lindo!”
“É completamente lindo.” O alfa concordou sem desviar o olhar do menor. Ele não estava falando de Londres, do London Eye ou da paisagem.
Sem aguentar esperar mais, já que ele passou a tarde toda desejando ter um pouco mais do ômega pra si, Harry se aproximou. Devagar e observando como Louis não fez menção de se afastar. Tomlinson na verdade sorriu perdido nos olhos verdes.
Os dois estavam quase colados, a paisagem de Londres ao fundo enquanto um só tinha olhos para o outro. Harry levou a mão que não estava entrelaçada até o rosto do outro, acariciando com leveza.
Louis desviou o olhar dos olhos verdes para a boca carmim. E depois novamente para os olhos verdes que também fitavam sua boca.
Então não teve mais volta.
A mão de Harry deslizou para a nuca do outro e o puxou para um beijo.
Num primeiro momento só um encostar de lábios casto. Os dois aproveitando as sensações que tomavam conta do seu ser. A maciez dos lábios um do outro. Harry estava em êxtase. Ele nunca tinha experimentado algo tão bom. Foi ele quem tomou iniciativa de aprofundar o beijo e Louis cedeu sem problema algum.
Naquele momento ele não se importava se estava sendo beijado por um alfa. Ele só queria ter mais daqueles lábios para si. A língua do maior era habilidosa e aquele beijo parecia não envolver apenas as bocas como os corpos e as almas dos dois.
A mão entrelaçada se soltou para que Louis pudesse se apoiar no ombro alheio e Harry pode apertar a cintura fina de seu ômega.
Louis entrelaçou os dedos nos cachos e soube naquele momento que ele poderia fazer isso por um bom tempo.
No final do beijo Louis não sabia mais se tinha sido beijado ou se tinha ele mesmo tomado à iniciativa. Foi consensual e foi lindo. E os dois se beijaram muitas outras vezes, explorando e se deliciando um com o outro. Sentindo através de suas bocas tudo o que ainda não tinham conseguido expressar por palavras e atos.
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