História About Time - Capítulo 3

Florence deu uma olhada no relógio quando seu pai parou o carro em frente da casa. Queria ter certeza que seus sobrinhos ainda estariam acordados quando ela passe pela porta. Ao sair do carro, acompanhada de seus pais, ela admirou a casa grande e bonita, sendo ainda mais maravilhosa pelo jardim coberto por flores de várias espécies.  Charles e Agatha caminharam na frente enquanto Florence vinha logo atrás. E ao passarem pela porta, dentro de pouquíssimo tempo, Florence sentiu algo agarrar suas pernas.

- Veja como você está grande, mocinha. – Florence abaixou-se para pegar sua sobrinha, Amber, de apenas quatro anos. Logo em seguida avistou o seu sobrinho, Alex, de seis anos sentando em frente da TV enquanto jogava algo em seu videogame. – Não irá falar com sua tia, Alex? – ela o chamou e ele apenas acenou com uma das mãos, sem se quer tirar os olhos da tela.

- É o tempo todo nesse aparelho desde que chegou. – Charles falou com um sorriso no rosto enquanto olhava para Florence e Amber.

Agatha observou tudo com atenção sem dizer qualquer palavra, mas sorriu. Retirou-se do hall de entrada, indo em direção da cozinha para encontrar pela babá que havia contratado para olhar as crianças enquanto estava fora com seu marido. Porém, Florence e seu pai permaneceram ali.

- Sua mãe me contou sobre o que aconteceu mais cedo. – Charles enfiou as mãos nos bolsos da calça social. – Podemos conversar sobre isso? – sua voz soou compreensiva, mas isso não foi o suficiente para que Florence confiasse em contar o que sente para o seu pai. Não é o momento para isso.

- Podemos falar disso outro dia, papai? – ela não esperou por uma resposta, apenas afastou-se em direção da sala, ainda com sua sombrinha em seu colo. A menina brincava com seu cabelo quando Florence se sentou no sofá e observou o que Alex jogava. – Qual é o nome do jogo?

- É um jogo do Homem-Aranha... – Alex a respondeu ainda sem olha-la.

- Posso jogar também? – ela perguntou, mas rapidamente o rosto de Amber entrou na sua frente, cortando a visão do menino sentado no chão. A criança ajeitou-se em seu colo e os braços de Florence rodearam seu corpo pequeno.

- Vamos brincar de...  – Amber levou o dedo em indicador até o queixo e ficou batendo nele enquanto fazia cara de pensativa. – Salão de beleza! – disse alegremente e Florence sorriu. – Titia, você está muito feia. – a garota analisava o rosto de Florence que estava segurando o riso com a situação.

- Então vá buscar as coisas para cuidar de mim. – O corpo da menina deslizou de seu colo rapidamente para correr em direção do quarto de hospedes, onde estavam todos os seus brinquedos que havia trazido de casa. E durante esse tempo, Florence lembrou-se dele, e em como ele queria construir uma família com ela.

Florence estava furiosa e seus passos eram fortes. Sua vida estava desmoronando, ela havia sido demitida de um emprego em que sempre fora responsável e respeitada até que um abismo que nunca tinha existido entre ela e o emprego havia se formado.

A poucos metros de distância da porta de entrada da casa de seus pais, ela deu uma longa respirada só em pensar em encarar seus pais e avisa-los que havia perdido o emprego. Mas antes de adentrar pela porta, seu olhar logo se voltou para o relógio no pulso. Era por volta de cinco da tarde e o céu ainda estava claro.

Ela voltou a andar até a casa, passou pela porta e retirou o casaco, mas nem se quer olhou em direção da sala, onde em poucos minutos teria uma surpresa. Então sem pressa, pendurou o casaco e retirou as sapatilhas. Mas ao se virar frangiu a testa. Demorou um tempo, mas ela percebeu que o homem que estava sentando no sofá junto aos seus pais era Justin, de terno escuro.

Justin estava com a cabeça erguida, olhando-a com um sorriso, mas assim como todos que estavam ali sabiam, ele estava suando de nervosismos. Ela, então, aproximou-se vagarosamente por estar esperando qualquer informação do motivo de Justin está ali quando na verdade deveria está no trabalho.

- O que está fazendo aqui? – ela sorriu desajeitada enquanto se aproximava. Justin se levantou para espera-la se aproximar. – Você deveria está no trabalho...

- Eu sai mais cedo. – ele a respondeu com um sorriso bobo em seu rosto.

Ao se aproximar do sofá, ela virou-se para olhar seus pais que estavam sentados. Eles estavam estranhos e aquilo já estava tornando tudo misterioso demais.

- O que houve? – ela perguntou soltando uma risada desconfortável para, talvez, mudar o clima do ambiente.

- Justin tem um comunicado para todos nós. – Charles, seu pai, disse enquanto se levantava junto com sua mulher. Florence arregalou os olhos e olhou para o seu amado que continuava com o sorriso.

- Que comunicado? – ela perguntou um pouco furiosa já que não aguentava mais tanto mistério. – Você aceitou aquela promoção do outro lado do país, Justin?

Justin riu pela maneira que ela estava, mas rapidamente negou e aproximou-se dela. Ele pegou sua mão esquerda e segurou com as duas mãos. Florence frangia a testa, mas não deixava de sorri para Justin. Ela não conseguia entender o que estava passando naquele momento e só queria uma explicação para as atitudes estranhas de todos. Até que Justin, completamente nervoso com o que iria fazer, se ajoelhou diante dela. Surpreendendo-a e fazendo com que Agatha soltasse um suspiro de felicidade.

- O que você está fazendo? – Florence perguntou enquanto ria nervosamente. – Que brincadeira é essa, Bieber?

Ele aproximou a mão de Florence até seus lábios e depositou um beijo, antes de remexer em seu bolso do palito e retirar uma caixa de veludo vermelha. E ao abri-la, revelou o anel de noivado para Florence que no mesmo instante levou as mãos em direção da boca. Completamente chocada com o que estava acontecendo em sua frente.

- Florence Stanley, você aceita ser a minha esposa para o resto de nossas vidas? – ele falou, mas saiu como um sussurro. O pai de Florence sorria e sua mãe se abraçava com o marido enquanto assistiam a cena de sua filha sendo pedida em casamento.

Florence não pensou duas vezes antes de assenti e soltar um sorriso emocionado. Ela fez com que Justin se levantasse, mas não fazia ideia do que fazer em seguida. Porém, Justin sabia. Ele a surpreendeu com um beijo apaixonada. E ao se separarem, ela se encontrava em lágrimas.

- Eu aceito. – o sorriso não saia de seu rosto. – Aceito mil vezes ser a sua mulher.

Justin sorria bobamente enquanto Florence continuava chorando sem cobrir o rosto. Deixando as lágrimas caírem abertamente. E naquele momento, ela pensou em todos os minutos, cada minuto, um por um, desde que conheceu Justin.

- Isso merece uma comemoração! – Charles falou alto, alegremente, enquanto afasta-se para ir buscar uma garrafa de vinho na cozinha.

- Tia? – a voz suave da menina em sua frente chamou sua atenção para a realidade novamente. Florence sorriu desconfortavelmente quando percebeu que havia saído de si por alguns minutos, mas ao olhar os pequenos braços de sua sobrinha, rodeando vários brinquedos, animou-se para não deixar a menina desanimada para a brincadeira.

- O que está esperando para cuidar de mim? – perguntou Florence, fingindo uma animação, logo fazendo com que Amber pulasse no sofá e começasse a mexer em seu cabelo. Falando com animação em como deixaria a tia mais bonita.

Na aquela mesma noite, quando fora anunciado o jantar por sua mãe, Florence ajudou seus sobrinhos a se prepararem para se sentarem a mesa. E quando todos ocuparam seus lugares e serviram-se, a conversa que sempre havia durante o jantar na casa da família Stanley começou.

- Como vão as aulas de música, Amber? – perguntou Charles, logo após um gole em seu vinho.

- Eu adoro cantar. – a menina respondeu inocentemente para o avô.

- Ela é muito nova para fazer aulas de música. – afirmou Florence, um pouco intrigada com a situação. Sua mãe, suspirando, deu um longo gole antes de respondê-la.

- O seu irmão achou que seria uma boa ocupação para a Amber. – Agatha disse então Florence ergueu os olhos, surpresa.

- Ocupação? – ela largou os talheres sob o prato, fazendo um barulho alto. Ela fechou os olhos e mordeu os lábios antes de falar. – Ela só tem quatro anos. A sua única ocupação no momento é em brincar. - então, sem esperar por uma resposta vinda de sua mãe, virou-se para falar com a menina. – Amber, você gosta das aulas de música?

- Florence! – o seu pai, Charles, chamou-lhe a atenção para que ela parasse. – Não pressione a menina.

- Não estou tentando pressiona-la, só quero saber se ela realmente gosta de fazer isso. – deu um gole em seu copo de água. – Henry não deveria força à criança a fazer coisas que ele planejou.

O rosto de Charles exaltava preocupação, por está com medo de onde aquela conversa chegaria. Sempre que o nome de Henry era citado quando ele estava presente, acabava se tornando uma briga feia, e aquela noite, ele realmente não queria que nada acontecesse.

- Chega! – ele soou pesarosamente.

A reação de todos, incluindo das crianças, foram praticamente a mesma. Florence imediatamente percebeu certa tensão no ar. Havia notado que estava indo longe demais e que não deveria se meter na vida que Henry levava com sua família. Se ela não queria que ele se metesse em sua vida, ela também deveria fazer o mesmo. Mesmo achando errada a maneira que ele tornou tudo ridículo.

No entanto, Florence voltou a comer a sua massa com molho um pouco apimentando em total silêncio até Agatha voltar a falar novamente.

- Eloise nos disse que tem um comunicado para todos nós. – comentou a mãe de Florence, parecendo ignorar o acontecimento recente.  – Ela me disse que Henry e ela viram amanhã para falar o que é.

- Você sabia disso, papai? – Florence virou e encarou seu pai, ele a respondeu com um aceno positivo. Ela não apenas tinha ficado desapontada, como sabia agora que também havia sido enganada.

Agatha e Charles haviam a atraído para sua casa na intenção de fazer com que Florence tivesse uma conversa com seu irmão. E que finalmente, ambos pudessem acabar com a briga que há anos eles vêm tendo. Tudo foi planejado perfeitamente, mas infelizmente, ela não ficaria para ver aonde toda essa situação chegaria. Estava cansada demais para ter uma nova discussão com Henry.

- Eu irei para casa... – a sua cadeira deslizou para trás quando se levantou apressadamente.

- Querida, você mal chegou. Por favor, sente-se e termine o jantar. – sua mãe disse, mas ela ignorou. Aproximou-se de Amber e Alex, logo depositando um beijo na testa de cada um. E quando pensou em sair da sala de jantar, a voz de seu sobrinho a chamou.

- Fica mais um pouco, tia.

Ela parou e virou-se para olha-lo. Todos ali presentes sabiam perfeitamente que Alex nunca foi afetivo. Florence sabia que não podia recusar a proposta de seu sobrinho, pois era a primeira vez que ele se dirigia a ela como “tia”, e aquele momento havia se tornado especial.

- É, fica mais um pouquinho. – Amber quebrou o silêncio que havia se formado no cômodo, o que acabou fazendo com que todos soltassem uma risada até mesmo Florence.

- Ficarei só um pouco. – respondeu enquanto caminhava de volta para o seu acento. Ela estava sentindo que o dia de amanhã seria um desastre, mas tentaria de tudo para escapar durante o tempo que seu irmão mais velho passasse pela casa de seus pais para o comunicado tão importante. – Terminem o jantar de vocês para que possamos brincar antes da hora de dormir. – sorriu gentilmente para as crianças que concordaram. Florence nunca deixou com que seu relacionamento que tinha com o irmão atrapalhasse o amor que sente pelos sobrinhos.

Após uma longa noite de brincadeira com os sobrinhos, logo depois do jantar, Florence decidiu que era a hora de eles irem para a cama. Ela não fez questão de atormentar seus pais para que fizessem isso, simplesmente fez tudo sozinha. Os fizeram ir para o banho e vestirem os pijamas. Alex foi o mais resistente na hora de deitar, recusava-se, pois afirmava que podia assistir TV antes de dormir, mas sua tia acabou o convencendo do contrario.

Ajudou cada um a deitar na cama e os cobriu, dando um beijo em cada um antes de ficar em posição ereta e pensar em sair do quarto para não perturbá-los.

- Tia Florence? – a voz da pequena Amber soa baixo quando percebe que sua tia está se afastando, mas volta rapidamente quando escuta o chamado. – O tio Justin está morando no céu? – com apenas o abajur iluminando o quarto, a garota observa Florence marejar os olhos.

O sentimento de dor estava voltando, atacando-a novamente depois de horas, mas Florence encontra forças para responder que sim com um aceno, incapacitada de falar. O seu coração está disparado. Amber acaricia o rosto de sua tia calmamente, por talvez entender que ela estava triste e sentindo saudades do seu marido.

Florence desistiu da ideia de sair do quarto onde as crianças dormiam. Ela sentou-se na beirada da cama, onde a menina estava deitada, e os observou. Admirou-os. Era uma relação tranquila que ela tinha com seus sobrinhos, totalmente diferente da que tinha com o pai deles. Fazia dez anos desde a última vez que eles tinham se falados sem qualquer discussão. E então, Florence se questionou: Como essas crianças poderiam ser tão diferentes do pai? 

Continua...