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História Abracadabra - A Família McCartney.


Escrita por: ldzeppelin

Notas do Autor


Demorei, mas estou aqui.
Boa leitura, e até as notas finais.

Capítulo 17 - A Família McCartney.


Fanfic / Fanfiction Abracadabra - A Família McCartney.

                                                              16 de Julho. 1970 | 21:47 | Londres, Inglaterra.

Keith Moon estava novamente sozinho em sua casa enorme. Kim havia ido para a casa de sua mãe, e levado Mandy consigo.             Ao contrário do que ele imaginava, não estava sendo tão doloroso. Com a quantidade de brigas dos dois aumentando, parecia fácil suportar cada saída de sua esposa e de sua filha de seu próprio lar.

O baterista estava entretido com a antena de sua televisão, que estava dando problemas ultimamente. Ele provavelmente teria de trocar. Fora interrompido então pela campainha de sua casa tocando. Desconfiado como sempre, Moonie levou consigo até a porta um bastão de baseball que guardava em um armário próximo à dita televisão.

Ao chegar à porta, abriu de supetão surpreendendo-se ao ver quem era. Abracadabra parecia exausta. Olhos inchados, cabelo bagunçado, malas nas mãos e roupas aos trapos.

– Por Deus, Abra! O que houve? Entre! – ele disse preocupado.

Abra caminhou como uma pequena zumbi, e largou sua mala no chão da sala de Keith. Sentou-se no sofá sem a permissão do baterista, e o encarou. Ele parecia assustado, e certamente estava mesmo. Nunca havia visto a amiga tão devastada, e a curiosidade por saber o que haveria acontecido o consumia.

– Deu merda. – ela suspirou e deu um risinho.

Keith se sentou ao seu lado e pegou em sua mão com cautela. Ele sempre manteve um carinho especial pela guitarrista que sempre o defendia em brigas com Roger, vocalista de sua banda, Who.

– Pode me explicar o que aconteceu? Por favor. – ele murmurou.

– Jimmy engravidou uma menina. – ela murmurou de volta, ainda com um sorriso amargurado tentando esconder sua dor.

Havia poucos meses que Abra e Jimmy deram uma nota ao jornal explicando sobre o namoro dos dois. Os amigos já sabiam, e muitos deles apoiavam – incluindo Keith, que se naquela época existisse a palavra “shipper” ele seria o maior.

– Isso... É sério? Ele engravidou uma garota estando com você?! – Keith perguntou incrédulo. Ele não ousou gritar, e nem se levantar de supetão. Não queria assustá-la até que ela contasse a história inteira.

– Sim. – ela assentiu com a cabeça como uma criança confusa. Bem, ela não deixava de ser. – Fomos para França passar uns dias, e Pattie Boyd foi me visitar. Pedi que Jimmy fosse até a casa de Rod Stewart para ficarmos sozinhas e conversarmos sobre um sério assunto, lá ele transou com uma garota chamada Charlotte Martin...

– Charlotte Martin? – Keith não se conteve e gritou. – Charlotte ex namorada de Eric Clapton? – Abra assentiu cabisbaixa novamente.

– E ela foi até a casa em que estávamos hoje de manhã, e disse que estava grávida dele. Durante um mês inteiro Jimmy estava estranho. Agora eu sei o motivo. – ela suspirou. – Então eu arrumei minhas coisas e vim direto para cá antes que ele soubesse que eu sei.

– Mas uma hora ele vai saber, e virá atrás de você, Abra. – Keith disse preocupado.

– Então, por isso eu vim para cá. O primeiro lugar que ele vai me procurar é na mansão da banda. Depois em minha casa. Você é uma das últimas pessoas que ele iria imaginar, e por isso quero ir para algum lugar contigo. Me ajuda nessa, por favor. – ela implorou.

– Tudo bem. – Keith suspirou soltando a mão da menina. – Eu... Vou fazer uma ligação, e dou um jeito de sumirmos. Mas por um tempo, Abra! Temos compromissos, você sabe.

– Deu para ser responsável agora? Se eu soubesse que você iria agir que nem um velho eu iria para a casa do Richards. – ela murmurou revirando os olhos.

Estava demorando para ela começar a ser grossa.

– Você precisa descansar um pouco disso. Não vou te levar para viver a vida loucamente. Não agora. – Keith gargalhou diabolicamente, fazendo Abra soltar um pequeno riso.

Keith levantou-se e foi até o telefone de sua casa – não antes de pegar uma agenda com os números de seus amigos. Discou e esperou chamar.

Sim? – ouviu a doce voz que tanto conhecia dizer. Parecia um pouco sonolenta, portanto, ele fez questão de afirmar que era mesmo a moça que estava pensando.

Linda? Linda McCartney? – ele perguntou.

Sim, sou eu. Quem fala?

Keith Moon.

Keith! – ela exclamou feliz. – Como está, menino?

Eu estou bem. Onde está o bundão do seu marido? – ele perguntou.

Abra que observava tudo curiosa, não acreditou quando ele citou o nome de uma das Beatles Girls. Fanática por Beatles como sempre foi, gritou e tacou-lhe uma almofada quando ele chamou seu ex futuro marido Paul de bundão.

– Ei!

Vou chamá-lo. – Linda riu.

O telefone ficou mudo por um tempo, enquanto Keith jogava de volta a almofada em Abra, que por um mero momento havia esquecido de Jimmy.

Moonie! Como vai, cara? – Keith ouviu o típico sotaque de Liverpool carregado em uma grossa voz.

Vou mal. Aconteceu algo, e preciso de você. Posso passar um tempo na sua casa?

Kim saiu de casa de novo? – Paul perguntou curioso.

Também. Posso ou não? – Keith perguntou impaciente.

É claro que pode.

E posso levar uma pessoa comigo?

Tá de namorada nova, né? – Paul riu. – Qual o nome dela?

Abracadabra. – Keith revirou os olhos.

Você tá namorando a namorada do Page? – Paul disse surpreso.

Não estou namorando namorada de ninguém. Amanhã estou ai e te explico tudo. Beijo na boca.

Keith então desligou o telefone e bateu palma olhando para Abra.

Vou arrumar minhas malas. – ele sorriu.

Keith Moon.

                                                                    17 de Julho. 1970 | 11:15| Glenrothes, Escócia.

Abracadabra era a única capaz de me fazer sair de Londres e vir parar na Escócia em horas. Depois do acontecido, resolvi trazê-la para passar um tempo na fazenda da minha amiga família McCartney. Aquele era um lugar que ninguém a procuraria.

O táxi havia nos deixado no começo da estrada, e o resto estávamos andando sozinhos. Abra toda serelepe, e eu carregando todas as malas como um burrico.

– Abra. – eu resmunguei.

– Sim?

– Você me ajuda com essas malas? – perguntei tentando soar fofo. Poderia colar.

– Eu estou de coração partido! Você ainda quer que eu carregue malas para que meus braços se partam? Vem cá, você me odeia? – ela perguntou incrédula e eu revirei os olhos.

– Então pelo menos pega aquela frutinha estranha naquele pé e dá na minha boca. Eu estou com fome.

– Em horas você já comeu comida o suficiente para alimentar um país. – Abra disse caminhando até a tal árvore. – Do jeito que a banda toca, a próxima a ser devorada sou eu.

– Fica falando coisa de duplo sentido e se eu respondo, apanho. – resmunguei.

– Claro que apanha! – ela disse abafado por estar trepando na árvore para pegar a fruta. – Só sabe abrir a boca pra falar merda! – ela pegou e desceu.

– Poxa vida... Só quero te ajudar. Te trouxe para a Escócia, estou carregando suas malas... – disse cabisbaixo. Dessa vez acho que colou.

Abra segurou em meu rosto com as duas mãos, e deu um beijo no meu nariz. Logo em seguida, aproximou a frutinha de minha boca e a colocou dentro.

– Eu gosto de você, e você sabe. Mesmo que só fale merda. – ela sorriu e voltou a andar, deixando-me bobo.

Voltei a capengar com as malas naquela estrada de terra que parecia não ter fim. Mastiguei a fruta algumas vezes e... Ela tinha um gosto um pouco esquisito.

– Abra. – a chamei. – Essa fruta tá com um gosto estranho.

– Deve ser por causa da minhoquinha que estava nela. – ela deu de ombros e eu gelei.

– Minhoca?! Você... Você me fez comer uma minhoca? – perguntei incrédulo.

– Eu pensei que você tinha pedido a fruta em um todo... Fruta, poeirinha da rua, minhoca... – ela ia se explicando.

Larguei as malas na rua e ela me olhou assustada, porém com um sorriso sapeca no rosto.

– Abracadabra... Eu vou te pegar! – disse rindo.

Brincamos durante todo o caminho, perdemos nossas malas algumas vezes, e comemos frutinhas com minhocas. Em mais ou menos uma hora chegamos até a fazenda dos McCartney.

Donatella Noel Baldwin – Abracadabra.

                                                                       17 de Julho. 1970 | 12:45| Glenrothes, Escócia.

Eu estava extremamente, absolutamente, fodidamente nervosa. Vi Paul McCartney pouquíssimas vezes, e a última haveria sido o tal momento em que beijei George Harrison e Pattie Boyd em uma festa.

Apesar de ser amiga de Pattie, e ter um carinho especial por Maureen – esposa de Ringo – , eu não ousava me meter a ser amiga de um Beatle. Eu havia os colocado em um pedestal, e não gostaria de descê-los de lá. E naquele momento, eu estava toda suja de poeira, com botas de montaria, calças largas, uma blusa de frio, e Keith Moon a tira colo com bafo de fruta roxa com minhoca dentro.

Quando a porta se abriu, revelou-se uma mulher de olhos azuis, cabelos loiros, sorriso meigo e um avental. Era Linda McCartney. Provavelmente eu estava sorrindo como uma psicopata, tanto que Keith me deu um cutucão com o cotovelo.

– Então essa é sua nova namorada? – ela perguntou para Keith e meu sorriso se desfez na hora. Namorada? Cruzei os braços e olhei para Keith.

– Não! Linda, não! Ela... Ela vai explicar tudo.

– Então, podem entrar. – ela deu espaço para nós.

Era uma casa de fazenda muito simples, e muito aconchegante. O cheiro de peixe com batatas era forte, e por um momento me perguntei: há quanto tempo não comia aquilo? Eu e Jimmy tentávamos evitar a carne o máximo o possível. Suspirei quando me lembrei dele. Linda fez menção para que eu me sentasse no sofá, e meu queixo quase foi ao chão no minuto seguinte.

Paul McCartney entrou na sala trajando botas iguais às minhas e um suéter ridículo que nele parecia um terno de tão lindo. Eu travei completamente. Não sabia se sorria, se chorava, se voava nele, se cantava Can’t By Me Love, ou sei lá mais que merda.

– P-p-aul.. McCar-r-r-tney... – eu gaguejei segurando o braço de Keith, fazendo-o rir.

– Sim, eu. – Paul riu e me abraçou de maneira carinhosa. Eu só não podia beijá-lo, se não teria que beijar Linda. E beijando Linda, faltariam apenas duas Beatle Girls para eu passar o rodo. Preferi sossegar.

– Então, o que traz você dois até aqui? – Linda perguntou secando as mãos no avental, e se sentando ao lado do marido.

– Ela foi corna. – Keith apontou para mim e levou um bom tapa no pescoço para aprender a fechar a boca grande.

– Como assim? – Linda perguntou rindo um pouco de minha atitude.

– Eu namorava com James Page. E James Page engravidou uma moça. Fim da história. – resmunguei. Eu não queria ficar voltando no assunto, então preferi encurtar a história.

– Vai ficar chamando-o de James agora? Isso soa esquisito. – Keith observou. Também observei que a criatura em questão já estava de pé rodando pela sala e cutucando tudo que não era de sua singela conta.

– Meu primeiro nome é James. – Paul informou.

– Nossa, que bom. – me limitei a dizer. Não seria nada educado dar uma patada no meu ídolo mor.

– Vocês são dois insensíveis. – Linda revirou os olhos. – Me ajuda na cozinha, querida? – ela perguntou e eu assenti sorrindo fraco.

Segui Linda até a cozinha e observei tudo que ela fazia. Parecia delicioso. Olhei pela janela, e vi a menina parecida com ela, correndo e balançando seus cabelos loiros atrás de um pequeno bezerro.

– Aqui parece ser um lugar bem calmo. – disse.

– E é. – ela sorriu.  – Paul não anda muito bem com a separação dos Beatles, e aqui estamos para nos recompormos. Aquela é minha filha, Heather.

– Eu sei. – ri. – Sou fã dos Beatles, e praticamente sei de tudo. Aliás, como está a bebê?

– Sabe mesmo. – Linda riu. – Está ótima. Na verdade, dormindo agora. Depois do almoço irei acordá-la para dar de mamar. Ela tem onze meses e ainda mama, acredita?

– Acredito. Minha irmã mais nova mamou até dois anos. – ela arregalou os olhos e sorriu.

– Mas agora me diga, Abra. Me conte o motivo de você estar aqui. – ela se sentou.

Por mais que eu odiava falar sobre coisas que me deixavam triste, e parecendo indefesa, Linda estava tentando ajudar. Ela estava sendo bem simpática e sensível, portanto, achei gentil da minha parte explicar a história mesmo sabendo que ela não poderia ajudar em nada.

– Eu estava namorando Jimmy... Estávamos juntos há mais de um ano. Depois da turnê que fiz, fomos para a França passar um mês juntos. Depois disso ele teria compromissos, e eu também.

– Sim... – ela encorajou.

– Mas Pattie, Pattie Boyd, minha amiga, me ligou e disse que precisávamos conversar, e foi para Cannes. Pedi que Jimmy saísse, e fosse até a festa que estava tendo na casa de Rod Stewart para que eu e Pattie tivéssemos privacidade.

– E então?

– Então que desde essa festa ele estava estranho comigo. Frio, distante, parecia até culpado. Então ontem mesmo essa menina foi até a casa em que estávamos, e quase chorando me mostrou o teste de gravidez. Ela não teria pra que mentir. Eu sei o quanto um bebê precisa de cuidados, por isso quero que ela e Jimmy fiquem juntos.

– Abra... – ela suspirou. – É uma situação bem complicada. Você reconheceu a garota pelo menos? – assenti.

– Charlotte Martin. – ela arregalou os olhos assim como Keith.

– Ex do Clapton? Aquela que abalou o casamento de Georg e Pattie?

– Ela mesma. – disse cabisbaixa.

– Mas não se preocupe, amor. Seu que relacionamentos ruins nos deixam chateadas, mas você é linda, tem uma carreira de sucesso pela frente, muito talento, e bons amigos. Ok? – ela me puxou para um abraço. – E pode me incluir nesta lista de amigos.

Os dias na fazenda dos McCartney passavam como luz, de tão divertidos que eram. Eu e Keith aprontávamos pelas florestas próximas, tomávamos banhos em riachos, servíamos de babá para Mary e Heather, e até cuidávamos do pequeno bezerro – que descobri ser um bode. O apelidamos de Jim Jam, o pequeno bode.

Eu ajudava Linda em todas as comidas, e quase todas eu fazia sem ter que utilizar a carne. Cavalgávamos juntas, colhíamos e conversávamos sobre assuntos aleatórios. E quanto a Paul, parei de vê-lo como ídolo e o encarei como amigo. Todas as noites nós nos sentávamos na varanda e dedilhávamos algo no violão, procurando uma música que prestasse. Em uma dessas noites, com Keith batucando um balde e Linda como backing vocal, escrevemos Ram On.

Mas como nada parecia ser fácil para mim, nossos dias – que viraram semanas – de sucesso e paz, foram interrompidos por um telefonema.

Eram meados de agosto, eu já tinha feito dezenove anos e a família McCartney tinha feito um bolo para mim, já que meu aniversário havia sido no dia primeiro.

Estava eu, Moonie, Paul e Heather na sala. Linda apareceu na porta, parecendo preocupada, carregando Mary no colo.

– Pete ligou, Keith. Ele está procurando por você e por Abra.


Notas Finais


Antes de tudo, sei que Linda e Paul são símbolos do ativismo vegano. Mas acho que eles viraram veganos um pouco depois do ano de 1970... Se alguém souber o ano certo, me avisem, por favor!
O próximo capítulo vem cheio de sofrimento, do jeito que o diabo gosta! UHAUHAUHA
Beijossss


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