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História Abracadabra - Venice Beach.


Escrita por: ldzeppelin

Notas do Autor


Gente, demorou, mas saiu!
Queria dizer que não repeti de ano <3, mas eu fiquei em quatro recuperações finais, então vou ter que dar um gás até semana que vem. Não vou deixar de escrever, mas talvez demore um pouquinho.
E para quem lê Hysteria, não se preocupem! O capítulo novo já está na metade, e eu vou postar esse final de semana mesmo.
~ leiam as notas finais ~

Capítulo 6 - Venice Beach.


Fanfic / Fanfiction Abracadabra - Venice Beach.

Donatella Noel Baldwin – Abracadabra –.

                                                 15 de Janeiro. 1969 | 09:12 | Los Angeles, Estados Unidos.

Eu juro por tudo que há de mais sagrado nesse planeta chamado terra, que eu não sabia o que eu estava fazendo acordada àquela hora da manhã, enfiada em um biquíni. Ah sim, eu iria para a praia com Jimmy. Não só com Jimmy, e sim com a cambada inteira que ficou sabendo que iríamos. Minha cara já não era das melhores enquanto descíamos pelo elevador.

A noite anterior havia sido... Boa. Depois de uma bela sessão de beijos com Jimmy no parque, voltamos para o hotel, e Luke nos ouviu falando sobre a praia e deu um ataque dizendo que iria junto.

Nota mental: estourar Luke James Cooper quando voltarmos para o Reino Unido. Sei lá se estourar um amigo nos Estados Unidos é crime.

Tudo muito bem, tudo muito bom, até o palhaço espalhar para todos que iríamos. E convidar todos. Não que eu quisesse passar mais tempo sozinha com Jimmy, mas... Foda-se, eu queria mesmo.

– Esse biquíni é lindo, amiga. – Nanny dizia sorridente. Abaixei meu olhar com tédio para o biquíni de detalhes azuis que eu vestia.

– É mesmo? – perguntei desanimada.

– É mesmo. – Luke se meteu. – É muito bonito.

– E eu quero saber quando você vai nos contar o que aconteceu com você, e o Jimmy. – Nanny disse.

Por sorte, eu estava apenas com Luke, Nanny, Roger e Ryan no elevador. Os outros deveriam estar descendo pelos outros elevadores.

– Pois é! Eu vou ser sincero: eu não lembro de nada que aconteceu. Preciso saber também. – Ryan disse.

Como eu o amava. Ryan era como um irmão mais velho que eu não tinha. Sempre animado, fazendo besteiras comigo para que Alex pudesse consertar. Mesmo que eu amasse Alex, minha ligação com Ryan era especial.

– Nós fomos comer Tacos... E eu nunca tinha comido um. Até que é gostoso. E depois nós fomos ao parque. – sorri.

– E o que aconteceu no parque? – Nanny perguntou animada e eu fingi bater a cabeça na parede. – Vocês se beijaram?! – ela praticamente gritou.

– Talvez. – murmurei.

– Abra... – ela sorriu. – Você tá com vergonha? Meu Deus! Jimmy deve ser bem especial.

– Eu não gostei disso. – Luke cruzou os braços.  – Que história é essa agora?

– E você tem que gostar, garoto? – perguntei.

– Ela voltou ao normal. – Ryan disse rindo.

– Calem a boca. – bufei.

Saímos do elevador, e Alex nos esperava completamente atrapalhada, cheia de papéis nas mãos, junto dos outros. Storm ainda estava com a mesma cara emburrada de sempre, enquanto Roger conversava animadamente com Bonzo.

Jimmy parecia aleatório ao conversar com Robert. O sorriso em seu rosto, combinado com seu cabelo completamente bagunçado, o deixavam lindo. Tentei manter minha atenção em Alex, que se preparava para falar.

– Eu vou com Ryan para a arena onde será o show. Ontem os rapazes foram buscar os instrumentos no avião, e levaram para o local. Vamos resolver algumas coisas, ver como anda a arrumação, e quero vocês lá às cinco para passarem o som. Estamos entendidos? – ela perguntou com seu tom autoritário de sempre.

– Sim, senhora Alex! – batemos continência.

– E vocês, senhores Grant e Cole, vão conosco. Precisamos passar na Sony para resolvermos alguns probleminhas burocráticos com a gravadora de vocês. Tudo bem? – ela perguntou e os dois assentiram.

Era engraçado como uma mulher da estatura de Alex botava moral em todos ali presentes. Engraçado e inspirador.

– E como vamos para lá? – Storm perguntou.

– Eu chamei três limusines. Uma para irmos até a gravadora, e as outras duas vocês dividem para irem à praia, voltarem para o hotel, e irem para a arena na hora certa. Nada de atraso, ouviu dona Abra? – ela perguntou.

– Tudo é culpa minha mesmo. – murmurei.

Saímos do hotel, e fomos para a limusine. Storm deu um chilique, e resolveu ir no outro carro com Bonzo, Luke e Roger. Fui com Nanny, Robert, Jimmy e John Paul.

Eu estava na janela, de frente para Nanny. Ao meu lado estava Jimmy, e na outra janela estava Robert. John Paul estava á frente de Robert.

– Peter não deu a agenda de show para nós. Vocês sabem onde será o próximo show? – Robert quebrou o silêncio, tentando ser simpático.

– Sim. – respondi entediada e o silêncio voltou.

– Então fala, né garota! – Nanny me repreendeu, chutando de leve minha perna.

– Ah! Desculpa, Robert. Eu não... Me liguei. – cocei a nuca. – Vamos para São Francisco. – Jimmy me olhou.

– E depois? – John Paul perguntou.

– Se eu não estou enganada, vamos para Vegas. – falei.

– E depois? – foi a vez de Nanny perguntar.

– Olha bem pra minha cara, e vê se eu me pareço com um calendário. – perguntei incrédula.

– Grossa. – ela revirou os olhos.

– Nanny! – eu gritei animada. – Eu esqueci de te contar! Encontrei Bowie ontem na Whisky A Go Go.

– Será que ele vai ao show? – ela perguntou animada.

– Não sei. – dei de ombros. – Ele estava com um tal de Iggy. Aquele... O Pop.  

– Podem nos incluir na conversa, sweet? – Robert perguntou.

O sorriso de Robert era encantador, eu não podia negar. Assim como seu cabelo, seu corpo, seus olhos, e toda a áurea que circulava em torno do príncipe de ouro do Led Zeppelin.

Mas ele não chegava aos pés do charme de Jimmy, que tomava seu lugar como príncipe das trevas. Em sua boca, seu eterno biquinho, compactuando com a blusa amassada que ele usava, e o cabelo levemente jogado para o lado.

– Me perdoa, Robert. Eu ando sendo muito mal-educada, não ando? Quero ouvir sobre vocês. Já vieram a América? – perguntei.

– Nunca. É a nossa primeira vez. – John Paul disse.

– E estão gostando? – Nanny sorriu doce. – Na verdade é a nossa primeira vez aqui também.

– Sentimos falta das nossas esposas, um pouco. E das crianças... Mas o povo daqui parece ser bem acolhedor. – John Paul continuou.

– Você nem imagina. – Nanny revirou os olhos, e depois pareceu prestar atenção no que ele disse. – Esposas? Vocês são casados?

– Na América, andando de limusine com uma banda famosa, fazendo shows grandes... – Robert dizia sorrindo encantado.

–Eu, Percy e Bonzo sim. Jimmy está encalhado. – John Paul riu.

– Garotos! Vocês são tão jovens para serem casados. Não me imagino casada agora de maneira alguma. – Nanny continuou. Eu apenas prestava atenção na conversa, principalmente na parte em que Jimmy era um encalhado.

– E temos crianças também. – Robert riu. – Belas crianças. Menos Jimmy. – ele esclareceu.

Bom saber. Muito bom.

Chegamos à praia em poucos minutos após nosso rápido papo. Eu desci do carro bocejando, porque mesmo que estivesse um lindo sol, eu preferia estar na minha cama. A outra limusine parou logo atrás, e os meninos saíram.

– Vocês já tomaram café? – foi a primeira coisa que Luke perguntou para nós.

Luke sempre teve algo como uma telepatia comigo. Se eu sentia fome, ele também sentia. Se eu sentia sono, ele também sentia. Por isso parecíamos dois ursos. Com fome, e com sono, o tempo inteiro.

– Não! Acho que meu estomago quer comer meu fígado. – reclamei preocupada.

– Não acho que isso seja possível. – Roger murmurou.

– Você jura? – perguntei aliviada.

– Para de atuar com o pobre menino, Abracadabra. – Storm saiu do carro arrumando seus cachos bagunçados.

– Resolveu falar comigo? – fui sarcástica.

– Não quero os dois de briga não! – Roger reclamou.

– Ela que começou! – Storm cruzou os braços e eu o olhei incrédula.

– Querem saber? Eu vou comer, porque é isso que eu faço de melhor. – falei me virando.

– E você sabe onde tem algo para comer, espertona? – Storm perguntou debochado.

– Eu não, mas o Jimmy sabe. Ele já esteve aqui. Vamos, Jimmy? – perguntei para ele.

Eu estava meio receosa de falar com Jimmy. Durante o caminho, não trocamos uma palavra. Mas a intenção do passeio era para nós termos um tempo juntos. Então não perdi a oportunidade quando ela veio.

– Vamos, claro. – ele sorriu.

– Podem ir, eu vou... Vou procurar uma loja. – Nanny falou dura como um robô. Puta merda, nem para atuar ela servia!

– Loja? – Luke perguntou confuso.

– Uma loja, porra! – ela reclamou irritada.

– Loja de que? – Luke perguntou assustado.

– Loja de sapato, de roupa, de lingerie, de artefatos de tortura para curiosos como você! – ela estourou. Até eu parei para olhar de maneira estranha para a loira.

– Eu prefiro comer. – Luke disse, e eu lancei o meu melhor olhar “resolve isso” para Nanny.

– Você prefere ir comigo. – ela o puxou pelas mãos.

– Vocês são engraçados. – ouvi Bonzo rir.

Eu e Jimmy estávamos andando novamente pelas ruas de Los Angeles. Desta vez, eu sentia o vento invernal tocar minha pele juntamente com os raios solares daquela manhã de céu azul.

– O tempo está bonito. – Jimmy murmurou.

– Está mesmo. – concordei.

Silêncio novamente.

– Estar aqui com todos não foi o que planejamos, não é? – ele perguntou rindo fraco.

– Estamos sozinhos agora, não estamos? – perguntei sorrindo para ele.

– Então eu posso fazer isso...

Eu sempre tive a péssima mania de levar um tempo para processar o que me diziam. Péssima hora para esta mania ser aplicada. Mal ouvi o que Jimmy havia dito, e me surpreendi com seus lábios contra os meus de maneira rápida. Eu poderia dizer até desesperada.

Enquanto o guitarrista me beijava, dávamos alguns passos para trás, até que ele me encostou na parede de alguma loja da avenida movimentada. Seus braços rodeavam minha cintura em um abraço completamente aconchegante. Pousei uma mão em seu pescoço, e a outra em seu rosto, sentindo sua barba mal feita.

– Essas crianças... – ouvimos alguma mulher de idade resmungar, e paramos de nos beijar para rir.

Jimmy Page.

Eu acariciava o rosto de Abra com cuidado, como se eu pudesse compará-la com uma boneca de porcelana, preparada para se partir. Se eu pudesse tirar uma foto de seu rosto naquele momento, eu tiraria. Ela parecia mais linda que o normal.

O sol batia em seu rosto, realçando as pintinhas em seu rosto, parte corado pela vergonha, e parte corado pelo sol. Seus olhos verdes claros estavam quase tampados pela franja lisa castanha clara que corria pela sua testa. Levei minhas mãos de sua boca carnuda e vermelha pelo beijo até sua testa, e separei a franja pelo meio, para poder olhar em seus olhos.

– Seus olhos estão mais verdes. – sorri.

– E aquela velha está nos olhando torto. – ela observou risonha.

Levantei o olhar de suas covinhas, e de seus dentes perfeitamente brancos e alinhados para olhar para a tal velha. E ela estava certa. A mulher de idade nos olhava impiedosamente, parecendo praguejar algo. Ela estava parada a poucos metros de distância. 

– Que se dane a velha. – murmurei ainda colado em seu corpo, depositando beijos em sua bochecha.

– Não iríamos comer? – ela perguntou.

– É impressão minha ou você está me evitando? – segurei seu queixo. Ela parecia desconcertada, e negou com a cabeça.

– Só estou com fome. Muita mesmo. – ela riu. E que risada gostosa.

– Vamos comer então. – descolei nossos corpos, e voltei a andar ao seu lado. – O que você gosta de tomar de café da manhã?

– Algo saudável. – ela murmurou balançando os braços.

– Boa garota. – sorri.

Sem mais palavras, fomos até uma cafeteria que eu conhecia. Lá, Abra poderia escolher o que ela quisesse.

– Vamos, podemos ver o que tem e pedir na bancada. – murmurei em seu ouvido. Ri baixinho ao vê-la encolher o pescoço.

– Acho que vou querer esse negócio recheado com chocolate. – ela apontou para o tal “negócio”.

– Pensei que você quisesse algo saudável. – ri.

– E eu queria... Mas esse chocolate... Uau, Jimmy. Parece delicioso. – ela disse encantada.

Chamei a garçonete, e pedi dois daquele negócio com chocolate, e duas xícaras de chá. Paguei e nós nos sentamos em uma mesa do lado de fora da cafeteria.

– Então... São Francisco depois? – puxei assunto.

– São Francisco. – ela sorriu animada. – Mas não vejo a hora de voltar para a Inglaterra.

– Algum motivo especial? – perguntei.

– Minha mãe. Ela está esperando um bebê. – Abra sorriu orgulhosa ao proferir tais palavras. Suspirei aliviado ao saber que não havia nenhum homem no meio.

– Isso parece bom. Eu sou filho único, então não sei bem como é.

– Eu tenho uma irmã mais nova, e agora terei um irmãozinho. Particularmente não me vejo mais como filha única. Minha irmã, Faith, me vê como uma heroína. Eu adoro isso.

Eu poderia vê-la falando por horas. A maneira que ela contava como era sua vida com sua irmã mais nova me encantava. Aliás, tudo nela me encantava. Sinceridade, e um quê de mistério.

– Parece fantástico. – disse sem nem saber sobre o que ela falava. Tudo que saia de sua boca era fantástico.

– Não quer ir à praia agora? – ela perguntou olhando para o mar.

– A praia... Sim. – respondi claramente desconfortável. Ela franziu o cenho me olhando risonha.

– Digo e repito: você não tem cara de quem gosta de praia. – ela falou.

– E eu não gosto. Era um pretexto pra sair com você. – dei de ombros.

– Vamos, Jimmy! Por favor. – ela se levantou da sua cadeira, e me puxou da minha. – Só um mergulho. – ela fez bico.

– Só um? – perguntei segurando em sua cintura.

– Só um. – ela assentiu.

Fomos andando até a praia, e á muito contra gosto, fomos para a areia, com a intenção de ir ao mar dar um mergulho.

– Você vai mergulhar de roupa? – ela perguntou largando sua bolsa e seus óculos no chão, para tirar sua sandália.

– Eu vou mesmo... Ter que tirar? – perguntei inseguro.

– Jimmy! Eu não vou passar vergonha com um palhaço vestido dentro d’água. – ela resmungou e logo depois voltou atrás. – Desculpa! Eu não quis te chamar de palhaço.

– Tá tudo bem. – eu ri. – Eu tiro.

Comecei pelos sapatos, e depois me despi por inteiro, ficando apenas com uma sunga. Eu me sentia a pessoa mais estranha do mundo. Todos na praia eram sarados, bronzeados, e lá estava eu: um britânico branquelo e magrelo.

Abra tirou sua roupa, e eu poderia acreditar com facilidade que ela era uma garota da Califórnia. Sua pele não era tão branca como a minha. Parecia ter sido esculpida por bons dias de sol quente. Sua cintura era fina, e seu busto não era tão avantajado. Ao contrário de sua parte de trás, que era bem robusta e parecia maravilhosa de ser apertada.

Apesar de sua estatura baixa, Abra parecia uma mulher adulta. Ela soltou o coque de seu cabelo, e me puxou pelas mãos até o mar. Quando sentiu a água fria em seus pés, ela segurou em meu peitoral.

– Tá gelada demais, Jimmy! – ela gritou.

– Você não quer que eu te carregue, quer? – perguntei rindo. Ela me olhou séria.

– Eu não tinha pensado nisso, mas não é uma ideia tão ruim. – ela sorriu.

– Não, não mesmo!

– Tá me chamando de gorda, Jimmy Page? – ela me olhou desafiadora.

– O que? Claro que não! – me defendi.

– Se estivesse também eu nem ligaria. Eu era uma criança muito magra, sabia? Chamavam-me de projeto de bicho grilo. – ela ia explicando e eu gargalhei.

– Eu levo você então.

Peguei Abra no colo como uma princesa, enquanto ela gritava e se debatia exclamando que tinha “medo de altura”. Entramos no mar finalmente, e Abra reclamou de eu ter a jogado na água.

– Eu poderia ter aquele choque que faz a pessoa morrer! – ela reclamou estressada.

– Térmico. – eu respondi rindo.

– Você não tem pena? – desta vez ela fazia drama. Eu neguei com a cabeça, mordendo os lábios para abafar a risada. – Tomara que você tenha um desses choques. – ela deu de ombros, mergulhando.

– Você não quer realmente que eu tenha um choque térmico. – conclui quando ela voltou à superfície.

– Como você sabe? – ela perguntou cruzando os braços. Retiro o que eu disse sobre seu busto não ser farto. Ele estava em um tamanho perfeito.

– Como viveria uma donzela britânica, sem o seu cavalheiro? – perguntei puxando para mais perto.

– Nossa senhora, por isso você está encalhado como John Paul disse. Que mancada, hein Jimmy. – ela gargalhou.

– Tão encantadora. A cada minuto que eu passo com você, 1% da minha autoconfiança se esvai. – revirei os olhos.

– Desculpa. – ela sorriu, aproximando sua boca devagar da minha e depositando um selinho carinhoso.

– Era só um mergulho. – falei rindo.

– Você tá todo seco. Parece que tomou banho de gato. Mergulha, menino!

Revirei os olhos mais uma vez com seu pedido, e abaixei na água, molhando meu cabelo inteiro. Bufei tentando penteá-lo para trás, na intenção de me tornar menos estranho.

– Agora sim! Tá um broto. – ela deu um soquinho no meu ombro.

A puxei pelas mãos até a areia novamente, e encontramos o resto das pessoas. Abra deu um pulo em Nanny, que estava sentada em uma canga passando protetor solar. Sentei-me ao lado de Percy e Bonzo, que tomavam sorvetes.

– Como foi com ela? – Bonzo perguntou.

– Ela é legal. – dei de ombros.

– Só isso? – Percy perguntou.

– Quer que eu diga o que? – levantei os olhos para ele.

– Não, nada. – ele virou seu olhar para Abra, que a esta altura, tomava o protetor da mão de Nanny e passava em sua própria perna.

– Ela é bem legal. – sorri.

Donatella Noel Baldwin – Abracadabra –.

                                                            15 de Janeiro. 1969 | 19:12 | Los Angeles, Estados Unidos.

– Isso é realmente necessário? – perguntei entediada.

– Isso é muito necessário! – Alex respondeu. – Repete comigo: eu, Abracadabra...

– Eu, Abracadabra...

– Não vou arrumar confusão, atrasar o show, fazer minha empresária ter uma parada cardíaca, e matá-la do coração no auge de seus trinta e poucos anos.

– Não vou arrumar confusão, atrasar o show, fazer minha empresária ter uma parada cardíaca, e matá-la do coração no auge de seus trinta e muitos anos. – repeti. Alex suspirou e voltou aos seus afazeres.

Estávamos passando o som pela última vez, e o Led Zeppelin nos acompanhava com os olhos.

– Por que ela pega tanto no seu pé? – Jonesy – como John Paul pediu para ser chamado – perguntou.

– Digamos que a nossa amiguinha aqui não tem uma fama de ser muito comportada. Eu nunca vi uma pessoa tão pequena ter tanta capacidade para aprontar. – Luke respondeu por mim, e eu continuei a dedilhar minha guitarra sem dar muita atenção.

– Com aqueles dias chegando então... Ela já me atacou um tamanco porque pedi para ela fazer um frango assado para o almoço. – Storm contava.

– Se você não percebeu, eu sou guitarrista, e não cozinheira. Se quer um frango, contrate uma empregada, cozinheira, ou sei lá. – disse calma, enquanto continuava a afinar minha querida Strat.

– Acho que levar um coice de mula seria mais agradável do que as suas patadas. – eu sabia que ele tinha revirado os olhos. Apenas ri baixinho, tirando uma caixa de cigarros da minha bolsa, e acendendo-o.

– Vamos abrir as portas agora. – Ryan subiu ao palco falando. – Deixem tudo por ai, vamos arrumar e vocês vão para o camarim. Tudo bem? As roupas já estão lá.

Fomos para o camarim que era para as duas bandas. A única separação era os dois banheiros que havia na sala. Os meninos revezariam um, enquanto como boas amigas, eu e Nanny dividíamos o outro.

– Abra. – Nanny perguntou enquanto me fitava arrumar o cabelo, com o body que eu costumava usar por de baixo da capa, e meus saltos.

– Sim? – perguntei sem parar o que eu estava fazendo.

– Eu espero que Jimmy não tire a sua atenção da real intenção de estarmos na América. – ela disse.

– Você só pode estar brincando, Nanny. – respondi. – Estamos aqui. Eu posso ser irresponsável com tudo, mas ao contrário do que Alex acha, a música é a única coisa que importa. Não vai ser um cara que vai tirar o meu foco.

– Eu acho bom mesmo. – ela suspirou.

– Ou! – eu gritei. – Você tá falando com a guitarrista mais focada de toda a Europa, e futuramente, do mundo! – falei rindo do trocadilho besta, e ela riu também.

– Deixa eu botar essa sua capa logo, vai. – ela me virou, colocando a capa em minhas costas, e amarrando na frente.

Saí do banheiro com Nanny, e no camarim, os meninos conversavam animados sobre algo que eu não dei a mínima importância. Eu não conseguia prestar muita atenção em uma pessoa só, imaginem em várias ao mesmo tempo.

Sentei-me em frente ao espelho, e voltei a escovar o meu cabelo. Sonhando com a hora que Nanny devolveria minha bolsa de maquiagem para que eu desse um jeito na minha cara de defunta.

– Eu perguntaria se você está nervosa. – ouvi uma voz direcionada á mim. – Mas como eu te conheço, sei que para você é como se você fosse tocar para Faith, ou para o Tio Paul.

Era Storm. Virei para trás para encarar sua pele branca, em contraste com os olhos verdes e o cabelo castanho claro. Eu seu rosto: um sorriso estonteante, fazendo com que suas covinhas, iguais às minhas, aparecessem. Poderíamos ser confundidos como irmãos gêmeos com facilidade. Éramos idênticos.

– Não estou mesmo. Você tá? – perguntei sorrindo.

– Eu não. – ele murmurou rindo baixinho. – Sabe quem veio aqui no camarim? – ele perguntou e eu neguei com a cabeça. – Bowie com aquele amigo dele. Eles vão assistir ao show hoje.

– Jura?! – perguntei animada. – Que máximo, Peter!

– É sim. – ele sorriu. – Obrigada, viu?

Storm sorriu para mim novamente, encostando levemente suas mãos em minha coxa, e fazendo carinho. Franzi meu cenho, sem deixar de sorrir também. Em meu rosto, a dúvida estava estampada.

– Obrigada pelo o que? – perguntei.

– Por estar aqui. Por ter entrado na banda. Estamos na América em uma turnê, você... Já parou para pensar nisso? – ele perguntou.

– O tempo inteiro. – sussurrei. – O. Tempo. Inteiro.

Meu coração quase saiu pela boca de pura felicidade quando percebi que o show havia sido impecável. Ninguém tocou um acorde se quer errado. Nenhum erro na bateria, ou nos teclados. Storm não havia desafinado. Além de sua voz potente e rouca, só podíamos ouvir os gritos dos fãs histéricos.

Após o show, fomos direto para o hotel, que por um ótimo acaso não era muito longe do lugar onde havíamos nos apresentado. Ao sair do carro, fomos recebidos por fãs que estavam em frente ao hotel.

– Festa no meu quarto! – eu gritei esticando meus braços para cima, e puxando algumas fãs que pareciam babar por Roger.

– Vocês serão minhas convidadas, bonitinhas. – ouvi Luke dizer, e virei para trás para vê-lo passar os braços pelo pelos ombros de duas meninas que aparentavam ter por volta de dezesseis anos.

Entramos no hall do hotel, ainda com as roupas da apresentação e com uma penca de convidados conosco. Pelo menos com isso Alex não implicava.

– Ouvi festa? – ouvi uma voz próxima a mim. Eu me virei para trás novamente dando de cara com Bowie, Iggy e um ser de franja, cabelos longos e bochechas lisas.

– Mentira! – exclamei ao olhar para ele. – Guitar God na minha frente. – disse em tom de sarcasmos. – Devo me ajoelhar aos seus pés?

– Só se for para fazer o que eu estou pensando. – Eric Clapton respondeu me abraçando. – O show foi ótimo.

– Você acha? Eu toquei bem? – perguntei continuando a andar, com os três atrás de mim. Os outros já haviam subido.

– Maravilhosamente bem, Lady Abra! Se eu soubesse que você era tão boa, teria ido para Londres só para te ver tocar. – Iggy dizia.

– Se Maomé não vai até a montanha... – lancei.

Fomos até o meu quarto de hotel, onde todos já estavam alojados com fãs, meninas... A fumaça tornava quase tudo invisível. Pude ver apenas Luke jogado no sofá com garotas beijando seu pescoço, e Storm fumando ao lado de Jonesy e Robert. Fui até a ele, tirando o cigarro de sua boca, e dando uma longa tragada.

– Eu tenho uma caixa, sabia? – ele perguntou debochado.

– Eu quero este. – virei as costas e voltei a andar pela sala do quarto em que eu estava hospedada com Nanny.

Não era bem uma sala. Ela como se fosse um hall, com alguns sofás e com uma fina parede com um espelho, separando o tal hall do espaço onde havia uma cama, um guarda-roupas, outro espelho e uma porta para o banheiro. Não me atrevi a ir até a cama, com medo de encontrar algum infeliz fazendo coisas indevidas. Senti uma mão em meu ombro, e virei para trás dando de cara com Eric novamente.

Cosmic Mind Affair. – ele disse. – Você vai me ensinar a tocar. Sim, claro, ou com certeza?

– Pensei que o rei da guitarra saberia apenas olhando. – dei de ombros.

– Espero que você não tome meu posto. – ele sorriu. – Quer? – ele perguntou estendendo para mim a cartela com um desenho psicodélico cor de rosa. – Não me faça essa desfeita. Comprei rosa especialmente para você.

– Minha mãe me ensinou a nunca fazer desfeita. É falta de educação. – disse sorrindo, pegando de sua mão o pequeno papel, e colocando de baixo da minha língua.

Em pouco tempo, tive aquela sensação conhecida por mim mesma de visão turva e lenta. Naquele exato momento, eu estava sentada no sofá, jogada por cima de Eric, que tentava tocar Cosmic Mind Affair com um violão que eu não sabia exatamente como tinha ido parar em seu colo. Em minhas mãos, um cigarro – novidade –, e uma garrafa de Jack Daniel’s que eu havia roubado de um ser cabeludo, que eu havia julgado ser Jimmy.

Mal lembrei me do nome dele, e senti meu braço ser puxado pelo mesmo. Levantei do sofá cambaleando um pouco e o segui para fora do quarto. As luzes do corredor pareciam piscar em uma dança sensual. Sorri para ele enquanto eu me encostava na parede.

– Para onde vamos? – perguntei mordendo os lábios.

Jimmy não respondeu. Só puxou meus braços novamente até uma porta que julguei ser do quarto onde ele estava hospedado. Ele abriu a porta com rapidez, e em seguida fechou.

O guitarrista ao menos acendeu a luz. Senti suas mãos ásperas e másculas segurarem meu rosto com força, enquanto seus lábios macios disparavam para os meus. Segurei seus cabelos, se me importar se havia ou não doído. Caminhamos entre tropeços até sua cama, e eu pude me esticar para ligar o abajur.

Seus olhos verdes estavam escuros, e sua boca não esboçava sorriso algum. Ao contrário da minha, que mantinha um sorriso extremamente sarcástico e debochado.

Sua mão esquerda agarrou minha coxa por de baixo da capa com habilidade, enquanto a direita segurou meu seio com exatidão. Soltei um gemido, em conjunto com uma risada rouca quando senti Jimmy pressionar seu membro contra mim.

– Eu excitei Jimmy Page. – cantarolei segurando seus cabelos.

Em seu momento de descuido, eu troquei as posições, ficando sentada em seu colo com as pernas abertas – uma de cada lado de sua cintura –. Desatei o nó da minha capa, e a larguei no chão, ficando apenas de saltos, body e a meia rastão que eu usava.

– Então eu vou dar um jeito. – continuei.

Segurei seu pescoço sem cuidado algum com minhas unhas longas e vermelhas em sua pele, e o beijei com intensidade. Jimmy não hesitou momento algum em colocar suas mãos em minhas nádegas, juntando mais nossos corpos. Tirei sua camisa, e logo após tirei o lenço que ele usava no pescoço, e amarrei suas mãos juntas em cima de sua cabeça.

Jimmy olhava tudo atentamente, com desejo ardendo em seus olhinhos puxados. Eu estava alta demais para reparar que ele gostaria de estar fazendo aquele papel. Ele gostaria de me ver amarrada sob seus comandos. Mas comigo não era assim. Eu comandava.

Dei um beijo molhado em seu pescoço, e desci pelo seu peitoral, pela barriga, até chegar á suas calças. Sorri ao tirar o cinto devagar. Eu estava prestes a abrir o botão de sua calça, e tirá-la junto de suas roupas íntimas, quando fomos interrompidos por aquela criatura de cachos loiros na porta.

– Jimmy você não... Desculpe. – Robert sorriu. – Os papéis não estão invertidos, Pagey? – ele perguntou debochado, me fazendo gargalhar. 


Notas Finais


Nas notas finais do próximo capítulo vou colocar as pessoas que representam os personagens, para melhor entendimento!!
Spoiler: se preparem para o próximo capítulo com show em São Francisco, e a Miss P arrumando confusão! Beijossssss


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