História Abrace-me - E agora?

Entro no banheiro e sinto um peso enorme sob meus ombros, não sei descrever a sensação. Quando percebo já estou ao chão chorando, eu não aguentei, não consegui ser forte, não consegui. Eu sinto uma dor que nunca havia sentido antes. 

Quando vi Henrique com Miriam, não sabia o que pensar só sabia que doeu. Ainda dói.

Continuo a chorar, e logo percebo que já estou no banheiro a mais de 5 minutos. Levanto-me do chão e vou em direção a pia, vejo que meus lábios estão inchados e meus olhos fundos, minhas maçãs do rosto estavam increvelmente vermelhas e brilhantes. Lavo o meu rosto e coloco um pouco de maquiagem para disfarçar meus olhos fundos e minhas bochechas avermelhadas.

Saio de lá como se nada tivesse acontecido, sento-me novamente em minha mesa e finjo que não me afetou nenhum pouco.

Vejo uma sombra alta ao meu lado e resolvo ignorar, pois pelo perfume forte e adocicado, sei que é Henrique. Uau, Henrique Lemos, quem diria que o garoto que mais me fez sorrir no mundo, seria o mesmo que mais me fez chorar em um curto período de tempo.

- Mackenzie, precisamos conversar- pensei que ele não seria capaz de dirigir uma única palavra a mim após o ocorrido, pelo visto estava errada. Eu fico em silêncio, brincando com o meu sorvete.

- Mah, por favor!- Odeio quando ele fala meu nome dessa maneira, tão dócil, suave e carinhosa, faz com que um simples apelido se torne muito pessoal. O Lemos sabe que quando ele fala desse modo ele consegue me persuadir, ele sabe que fico arrepiada com o modo que ele diz isto. Dessa vez isso não vai acontecer, não pode.

- Lemos, por favor, se retire, você está me incomodando com sua presença desagradável.

- Desde quando minha presença é desagradável?

- Desde o momento que eu decidi.

- Quanta maturidade Mackenzie, estou impressionado.

- Dudu, vamos embora, nós já pagamos, é só sair..- Tenho que fugir daqui, desta vez não serei forte para aguentar essa situação de cara.

- Vamos!- Dudu se levanta e retira o Lemos do meu lado para que eu possa passar sem ser tocada por ele.

- Então é assim Mah?!- Pergunta decepcionado.

- É, é assim.- Digo com uma frieza fora do comum.

- Eu não vou desistir de falar com você, você sabe muito bem disso.- Diz colocando a mão em sua nuca, como de costume.

-Tchau!!- Digo num tom rude e elevado. Saindo da sorveteria, agradeço Dudu e comento:

- Acho que não consigo mais dizer que essa é minha sorveteria preferida.-Dou uma risada fraca

- Quer se animar?- Ele pergunta franzindo a testa.

- Claro!!!- digo muito animada e sorridente, mas meu sorriso desaparece em questão de segundos, depois que a cena de Henrique beijando Miriam volta a rodar em minha mente.-  Só não sei como fazer isso depois de hoje.. Desculpa Duh..

- Eu sei! Vamos pra sua casa pegar seu irmão e avisar seu pai que vamos sair e só voltaremos terça-feira, não iremos pra escola segunda.

- O Castiel não pode matar aula! Tá maluco?- Digo indignada e surpresa por ele não saber disso.

- Ele não, não vou deixar ele ficar sozinho com seu pai, não depois daquilo...- Edu faz uma breve pausa- Ele vai pra minha casa, ele é amigo do meu irmão. Não vai sentir sua falta e vai ser muito bem recebido, meus pais e meus irmãos amam vocês!- Ele sorri, eu assinto com a cabeça e retribuo o sorriso.

Entramos em seu carro, que era um Corolla preto, incrivelmente lindo e com um aroma de baunilha, seus bancos eram de couro e no banco de trás havia uma mochila de treino.

Ao chegar na minha casa disse para Castiel arrumar suas coisas pra ficar na casa do Pedro, irmão do Eduardo, até terça-feira. Com uma empolgação fora do normal, Castiel foi para o quarto correndo e arrumou suas coisas rapidamente.

Pedi para que Eduardo subisse até meu quarto comigo pra me auxiliar na decisão de roupas, afinal, não sabia para onde iríamos.

Ele escolheu seis vestidos, quatro calças jeans, alguns cropped, três shorts jeans, cinco biquínis e quatro maiôs. Pra calçado, ele escolheu dois saltos pretos de modelos diferentes, três tênis e três chinelinhos de cores diferentes.

- Wow, pra que tanta roupa meu amore?- Falo confusa

- Você verá quando chegarmos- Ele diz com um sorriso perverso, foi a primeira vez que ele sorriu desse modo pra mim, amei.

Quando descemos, Castiel nos olha com impaciência e corre pro carro com o Eduardo. Escrevo um bilhete pro meu pai avisando que ficaremos fora, que a comida está em um recipiente de vidro dentro da geladeira e que o telefone da pizzaria está dentro da gaveta de canetas, na cabeceira de sua cama.

Saio de casa, tranco tudo e entro no carro. Deixamos Castiel na casa de Pedro e buscamos Marina no metrô. Ela estava linda, seu cabelo estava num coque desponjado, sua calça era rasgada no joelho, seu cropped era cinza de manga longa e ela estava usando uma armação de óculos nova, era linda. Fiquei muito curiosa para saber onde iríamos, a Mari estava com três malas enormes.

- Marina, minha auto-estima caiu pra um número que não consigo falar negativo.- digo aos risos

- Você também tá linda- Ela diz sarcásticamente.

- Prontas?- Diz com um sorriso muito maroto, que lindo. Credo, tenho que parar com essa viadagem, o Dudu é só meu amigo, nada mais.

- Pra onde vamos?- pergunto muito curiosa.

- Só saiba, você vai amar!- Os dois dizem juntos e pegamos estrada.