Há uma feira. Já deve ser nove horas. O céu está estrelado. Stop. Nunca o vi assim antes. Quero fotografar tudo. Um piscar de olhos e está gravado na minha mente e só será revelado quando contar a minha filha que adotarei com ela. Preciso chegar. O meu apartamento deve estar sujo. Não voltarei pra ele. As estrelas me guiam e me trazem mais lembranças.
***
Os dias passavam lentamente... O trânsito estava sempre uma loucura mas aquilo não me incomodava, eu só queria um certo olhar sobre mim, quando alguém saltasse sobre o meu carro, mas parece que desta vez joguei com a sorte e perdi...
Nos últimos dias, apenas ela habitava os meus pensamentos e, isso me fez esquecer que existia alguém... Vários "alguéns" e, eu sorri ao lembrar desse detalhe. Deixar Robin e todos os outros no passado me deixou leve, eu só precisava lembrá-los de me esquecer também...
Uma noite estrelada, mas o meu humor não era um dos melhores. Eu só queria vê-la...
- PUTA QUE PARIU, SENHOR DESTINO, CUSTA DA UMA AJUDINHA AQUI? - Gritei com o nada, como se alguém pudesse me ouvir.
Entrei na minha cafeteria preferida e pedi um café... Até o café estava de brincadeira comigo - veio frio. Eu não sabia mais o que fazer, estava perdida em mil versões dentro do meu ser, foi então que decidi que não precisava de nenhuma pessoa sequer, pra poder ser feliz. Neste exato momento a minha salvadora entrou pela porta e caminhou até mim.
- Eu exitei em entrar quando vi o seu carro, mas resolvi arriscar. -Ela jogou as palavras colocando as mãos no bolso da calça, demonstrava se um tanto confusa.
Eu não queria assustá-la, mas também não queria mais ficar nesse jogo de azar... O destino as vezes me passa algumas rasteiras só pra me ver caída, tentado se levantar... Eu poderia convidá-la para se sentar e pedir outro café... Eu poderia levantar-me e sair, deixando-a para trás junto com a minha loucura. Eu poderia ser sensata e fingir que ela não me afeta e que não senti sua falta rodopiando pelo meu carro... Eu poderia tanta coisa e o tempo poderia não existir naquele momento... De todas as opções que pensei em poucos milésimos de segundos, a única coisa que fiz, foi a única que eu não poderia; foi a mais irracional de todas - "tem quem diga que o ser humano é o único animal racional, então eu sou qualquer outro animal, menos este" - pensei, levantei-me, me aproximei lentamente da Miss Swan, alternei o olhar entre os seus olhos e sua boca, senti sua respiração se alterar junto com a minha, foi então que a puxei para mim...
Quando os meus lábios tocaram os dela, senti um arrepio percorrer todo o meu corpo e foi a melhor sensação da minha vida... Nos conhecíamos a tão pouco tempo que nem nos conhecíamos de fato, mas houve uma conexão tão forte, que acredito que nos conhecemos á vidas.
Minha língua pediu passagem e ela cedeu, esquecemos que estávamos em público e que poderia ter pessoas que não iriam gostar da cena - e teve; algumas até se retiraram do local, como se um beijo entre duas almas que se reencontram habitando corpos iguais, fosse a coisa mais anormal do mundo.
Não sei por quanto tempo ficamos naquela batalha gostosa, mas o ar nos faltou e então os nossos lábios se separaram. Ela não me parecia assustada, pelo contrário. Talvez ela seja tão insana quanto eu.
- Aceita um café e fazer parte da minha vida? - Perguntei sorrindo...
- Aceito um leite com canela e bagunçar a sua vida. - Respondeu e sorrimos.
***
Barulho e mais barulho, no caos do silêncio. É meu celular.
- Daniel, some da minha vida. ADEUS.
- Ruby, me esquece.
- David. Você não gosta tanto assim, não viva de aparências.
- Lilih, você também nunca me amou.
- Xerife, sorry.
- Não Acredite em minhas palavras, August. Costumo me enganar em cada amanhecer. Mas isso acabou.
Decidi não atender a mais ninguém. Agora era minha mãe. Pedi para se preocupar apenas com o jantar. Minha residência, minha vida.
Emma Swan, em tão poucas vidas se tornou my love- Love? que palavra forte- pensei. Eu estou pensando muito. Mas é forte, assim como o que sinto. - contestei-me.
O ar estava fresco. Uma brisa gostosa. Continuei pedalando sem reclamar ou pensar em parar. Soltei as mãos do guidão, em alguns momentos. Imaginei uma música para me acompanhar e acredito que Maluco beleza - do Raúl Seixas seria perfeita.
Os carros passavam e aumentaram os seus números. Logo parou.
Eu estava quase chegando. Ela não me ligaria outra vez... então eu liguei: - My love... My salvior, falta pouco. Os vinhos estão aqui.
As estrelas estão lindas. Eu quero uma. Hoje, vou levá-la para o melhor lugar.
" Vou ficaaaaar, ficar com certeza, maluco beleza... Esse caminho que eu mesmo escolhi, é tão fácil seguir, por não ter onde ir... Controlando a minha maluquez, misturada com a minha lucidez, eu vou ficar; ficar com certeza, maluco beleza."
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