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História Acampamento nacional - O deliquente


Escrita por: JaneDi

Capítulo 2 - O deliquente


_o que é isso aqui? Você pode me explicar Maxwell, o porquê eu receber essa intimação a seu respeito? _ seu pai apontou bravo para o documento entre as mãos. O rosto de Geraldo era geralmente sério, possuía uma mandíbula forte que lhe dava um grave e sombrio, mas era agradável de olhar. Hoje, no entanto, com toda a base do pescoço vermelha devido as veias saltadas, parecia que aquilo ia explodir a qualquer momento. _ eu vim de Brasília por quer você é um criminoso?

_Cuidado com suas palavras Geraldo! _ Clarisse pediu. Ela tinha se mantido distante e calada a partir do momento que viu o filho entrar, mas vendo que aquilo ia passar dos limites a qualquer momento, decidiu intervir. _ Max não é um criminoso, foi apenas um acidente...

_um acidente mamãe? É isso que a senhora acha que ele fez? Pois aqui está escrito: depredação de patrimônio público da União!_ disse com firmeza encarando o olhar do filho que estava a sua frente.

Max estava sentando com os braços cruzados e sustentou o olhar do pai firmemente. Apesar do parentesco não se pareciam. Fora o fato de ser tão alto quanto ele, puxara mais a mãe, com os cabelos castanhos e os olhos negros. E ele gostava dessa diferença. Nunca se deixaria intimidar por ele, também não se daria ao trabalho de explicar o que realmente havia acontecido naquele inferno de dia em que foi detido pela polícia. Assim, travou o maxilar, disposto a suportar o martírio de se encontrar com o pai da forma mais fria e distante possível.

_um total de 5 mil reais em danos, mamãe_ ele continuou andando de um lado para o outro da grande sala _ o que você pensa que está fazendo? _ e agora ele continuava a olhar para o filho_ não vai me responder? FALA AGORA MAX!_ ele gritou.

_Geraldo por favor!_ a avó rogou. Moravam em um espaçoso apartamento a beira mar do endereço mais caro de fortaleza, mas apesar das grossas paredes, tinha medo que os vizinhos ouvissem o que estava acontecendo ali.

_o que adianta falar? O que eu fiz está escrito ai, não adianta eu me explicar pai_ finalmente Max resolveu se manifestar a raiva e a amargura borbulhando em cada palavra.

_não adianta? Eu vim de Brasília para ter que tomar conta de um garoto de 17 anos que fica aprontando na rua_ disse discutindo com o filho_ você sabe no que eu trabalho? Você sabe que isso pode ser um problema para mim?

Ali estava o problema, Max sabia que o pai iria voltar ao assunto.

Tudo, absolutamente tudo, era mais importante para seu pai do que ele próprio. Sobretudo o trabalho. Ele tinha um importante cargo burocrático em Brasília, trabalhando diretamente com a presidência e o Itamaraty em alguma coisa haver com o Mercosul.

A questão é que, devido a esse fato, pouco via do pai. Pareciam que os dois estavam apenas destinados a se encontrarem em situações críticas como aquela.

_se está com tanta raiva de ter saído de sua casa ou ter deixado o trabalho era mais fácil apenas pagar o valor que está ai, não precisava ter vindo aqui de qualquer modo_ respondeu alto. Foi sua avó, afinal, que tinha tomado todas as providências. Ido até a delegacia que ele tinha sido apreendido e então assinado o termo de responsabilidade.

_pagar? Você acha que eu vou pagar isso aqui?_ disse rispidamente_ Você estudar no melhor colégio do país e não falta absolutamente nada para você e é assim que age? Como se fosse um adolescentizinho rebelde?! Faça me o favor Max! Você não é mais uma criança!

_Geraldo, não fale com seu filho assim_ a mulher mais velha disse assustada_ e vocês parem de gritar, os vizinhos vão ouvir

_não tente defender o seu neto, mamãe, e eu já disse que não vou pagar dano nenhum_ ele disse em direção ao filho_ se você quer agir como um vândalo, um idiota que cospe no prato que come, pois bem, é hora de arcar com as próprias responsabilidades.

 

_filho!...

 

Max então quebrou sua postura fria. Aquilo não era possível. De todos os cenários...

 

_o que? Mas se eu não pagar..._Max levantou-se com o coração acelerado. Ele não podia está vivendo isso, não quando estava tão perto de ir embora.

_é isso mesmo, talvez encarando suas próprias responsabilidades você cresça Max_ disse e pegando a maleta que tinha depositado ali quando chegou há uma hora_ e a senhora está proibida de pagar qualquer coisa a ele mamãe.

_ Pai, que droga! Como assim não irá pagar? Eu preciso para...

_chegar! Eu avisei rapazinho, esse último ano tem sido um inferno com você se metendo em todo o tipo de problemas.

E ele não teve tempo de suplicar, seu pai simplesmente pegou a maleta que havia depositado no aparador da entrada e foi embora, não sem antes repreender mais uma vez a situação.

Por alguns instantes avó e neto ficaram em silêncio, assustados com a repercussão do que acabara de acontecer.

_Max, querido...

 

_Não vó, eu quero ficar sozinho_ e foi o quarto batendo com força a porta para que deixasse claro que não queria conversar.

Max se jogou na cama ainda bagunçada. As mãos sobre o rosto tentando apagar o que estava acontecendo já que uma dor absurda ameaçou tomar conta de sua cabeça. Não adiantou. O que já era ruim ficou pior. Ele lutou contra todas as forças para não chorar.

Ele já tinha pesquisado na internet sobre o que poderia acontecer caso não pagasse o valor apurado do dano e não podia se dá ao luxo de simplesmente esperar que o pai resolvesse sua situação.

Sete mil reais! Droga! Ele pensou amargurado. Max possuía uma conta em nome próprio no banco, mas um valor como aquele só poderia ser sacado com autorização do pai ou da avó. E ele sabia, sua avó, com quem vivia desde os 12 anos, jamais iria contra a decisão de seu pai.

Havia outra possibilidade também. Mas ele não se via pedindo dinheiro a família por parte da sua mãe que morava nos Estados Unidos. O que pensariam dele? Já era difícil o suficiente passar por isso sem que ninguém se desse ao trabalho de entender suas motivações.

Respirou fundo. Ele não seria preso, é claro. Sendo ainda menor, o máximo que poderiam fazer era o obrigar a prestar algum serviço comunitário. Ele poderia suportar isso, só teria que explicar sua situação especial: dali a dois meses ele iria embora. Finalmente!  Max tinha sido aprovado para cursar administração na Universidade de Columbia, no estado de Nova York. Ele tinha que está lá a tempo da primeira matrícula para validar o processo.

A assistente social, ou seja lá quem fosse que cuidasse do seu processo, teria que levar isso em consideração. Ele esperava com todas as forças que sim.

Depois do desastre que tinha sido a reunião com seu pai, sua avó estava cautelosa ao seu redor. Ele também não estava no melhor dos humores considerando sua audiência que se aproximava e a possibilidade dele não conseguir viajar a tempo. No fim, seu pai não pagou mesmo a dívida e ele tinha sido intimado a uma nova audiência para a designação da medida punitiva adequada.

_quando terminar tudo isso eu vou embora, só tenho que falar com a faculdade para que minha matricula não seja cancelada _explicou para avó no café da manhã.

Ela o olhou calmamente dos seus 60 anos. Era uma mulher muito bonita ainda e elegante, que mesmo em momentos de stress pedia a compostura_ fico imaginando o porquê você querer ir tanto, você acha que sair de casa vai ser a melhor solução para os seus problemas?

_não estou procurando soluções para os meus problemas_ respondeu ele_ apenas evitando que se acumulem outros.



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