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História Acampando no coração de Park Chanyeol. - Soneca com as formiguinhas.


Escrita por: wtfsehunnie

Notas do Autor


Eu sei que demorei, mas eu realmente estava sem imaginação. Só que aí cansei de não fazer nada e decidi que hoje ficaria na frente do computador até terminar, acordei e foi isso que fiz.
O próximo capítulo provavelmente será postado apenas no dia 25.
Aproveitemmmmmm

Capítulo 4 - Soneca com as formiguinhas.


Caminho rapidamente pelo refeitório com uma tigela de sopa em mãos. Vejo Yixing sentado sozinho numa mesa. Acredito que não por falta de companhia, mas porque o lugar está vazio, o almoço começou a ser servido agorinha. Aproveito a oportunidade e aperto o passo até lá.

– Posso sentar aqui?

– Claro – coloca uma colher na boca.

Deixo minha tigela ao lado da sua e acomodo-me no banco. Logo Sehun aparece com a cara fechada e senta-se ao meu lado sem dizer nada. Já cansou de ser ignorado, mas continua no meu pé.

– Cadê os seus amigos? – pergunto.

– Nadando no riacho, logo eles aparecem.

Imagino Chanyeol nadando, os cabelos molhados grudados na testa, a roupa colada ao corpo com aquele sorriso maravilhoso... Tão lindo...

Acordo de meus devaneios com o cotovelo de Sehun batendo propositalmente no meu enquanto come. Respiro fundo e o fito rapidamente, tempo suficiente pra entender a pergunta silenciosa em sua expressão. Algo como: você me deixou pra trás para sentar com meu primo?

Não digo nada e continuo a comer.

– Quantos chocolates você achou ontem? – Yixing pergunta.

Sehun arrasta o traseiro para mais longe de mim e fixa os olhos inocentemente em sua sopa. Comprimo os lábios resistindo a tentação de dar um soco na cara dele, coisa que estou fazendo a manhã inteira.

– Eu não lembro – respondo entre os dentes.

– Achei treze – diz animado.

Concordo com a cabeça sem saber como sustentar a conversa, mas Lay parece não se importar muito, então tento não me importar também.

O mais alto paralisa de repente e o fito curioso.

– Eu estou passando mal – murmura.

– Nossa, que estranho – respondo num tom visivelmente irônico – você andou comendo muito doce ultimamente?

Pousa a colher na tigela e nem liga para o que eu digo. Encara o tampo da mesa quieto e fico preocupado contra a minha vontade. Bufo e levanto-me, dando leves tapinhas em seu ombro esquerdo para que ele me acompanhe. Levamos as tigelas para lavar e quando estamos prestes a sair do refeitório, dou uma olhada em Yixing, sentindo-me um pouco mal por deixá-lo lá. Mas quando faço isso, vejo Jongin, Kyungsoo, Luhan e Chanyeol reunindo-se em torno dele prontos para almoçar.

Mordo o lábio e passo pela porta do refeitório atrás de Sehun.

– Você não sabe o quanto eu quero te matar.

– O quê?

– Nada, anda – pego em seu pulso – vamos para a enfermaria.

 

 

O garoto loiro se remexe na cama e o observo sentado com as costas na parede oposta. Eu apenas o deixei dormir em minha cama porque a) a enfermeira disse que ele precisava de repouso; e b) seria trabalhoso demais ficar arrastando aquela caminha, torturaria minha coluna.

– Acordou? – pergunto esperando que ele responda, principalmente porque não aguento mais ficar nesse quarto olhando para um morto dormindo enquanto sofro de dores nas costas e de algo muito sério denominado tédio.

– Não, estou dormindo.

Reviro os olhos mesmo que ele não possa ver. Por que eu ainda estou aqui mesmo? Nem eu sei. Talvez porque me sentiria culpado caso Sehun morresse por falta de socorro e eu estivesse nadando no riacho. De qualquer forma, eu não sirvo pra nada, então só diria para ele ir com Deus.

– Eu estou me sacrificando e é assim que você me trata? – digo num tom falsamente ofendido.

– Quem você quer enganar? Só ficou aqui porque é dia de caminhada.

Abro a boca e lembro-me do real motivo – além do fato de que eu sou um amigo maravilhoso que se preocupa – de eu estar aqui. Neste momento todos devem estar numa caminhada no sol para aumentar a resistência, algo assim. Alguém devia processar Suho por isso, está tão quente que aqui na sombra já estou me derretendo, imagina lá fora? Meu corpinho não aguentaria, eu suaria pra caramba e talvez até desmaiasse. Desmaiasse. E Chanyeol me pegaria no colo e me levaria para a enfermaria... Droga! O que eu estou fazendo aqui?

Recobro os sentidos com o grito do mais alto.

– O que foi?

Levanto num pulo e corro para perto dele, virando-o para mim e chacoalhando seus ombros.

– Eu estou morrendo de dor, Baekhyun, me ajuda – choraminga – acho que estou vendo a luz no fim do túnel...

– Você quer usar o banheiro? – pergunto desesperado.

 E se ele vomitar no meu lençol? Terei que usar um litro de desinfetante e estender lá fora por um mês.

– Não – nega com a cabeça para enfatizar o que diz – a coisa não sai nem por cima, nem por baixo.

– Que horror – faço careta.

– Eu estar passando mal? – murmura sonolento.

– Você estar entupido – respondo com obviedade.

Fica em silêncio e o chacoalho mais uma vez pra ter certeza de que não bateu as botas. Não quero nem pensar nele morrendo e vindo puxar meu pé quando anoitecer.

– Acho que estou indo para o céu... – sussurra.

Ele deve estar delirando de febre! Coloco a mão em sua testa, mas a temperatura não está acima do normal. Pelo menos eu acho que não. Qual é a temperatura certa? Eu não sei o que fazer!

Sehun abre os olhos e pula assustado, o que me assusta também. Recuo por reflexo e o loiro me encara horrorizado. Passo as mãos pelo cabelo para ter certeza de que nenhuma aranha está andando nele.

– Eu fui para o inferno? Acho que estou vendo o chifrudo pessoalmente – fita meu rosto.

Empurro seu corpo e o escuto rir alto. Solto um palavrão e o mando ir pra vários lugares, quem é chifrudo aqui?

– Vai pro’ inferno – termino sem me dar conta da ironia – espero que você trombe com o Satansoo numa noite bem escura.

– Quem é esse? – percebo a curiosidade em sua voz.

– É um cara esquisito com uma cara sinistra de quem faz pacto – sinto um frio percorrer minha espinha só de me lembrar daquele par de olhos brilhando na escuridão.

– Credo Baekhyun, para de falar essas coisas.

– Então para de me fazer de idiota.

Volto para o mesmo lugar no chão e encosto as costas na parede e cruzo os braços, retomando a expressão irritada, porque não esqueci que estou bravo com ele.

– Eu preciso fazer? – arqueia uma sobrancelha e um sorriso adorna seus lábios– você é idiota nato.

– Eu vou te mostrar o que é nato na sua cara – semicerro os olhos – e vou fazer o que quer que esteja aí dentro sair por cima, por baixo ou qualquer lugar.

– Pelo menos você voltou a falar comigo – analisa meu rosto sem esboçar nenhuma emoção.

Sinceramente? Eu odeio – com todas as minhas forças – quando ele fica sem expressão. Nunca sei se está feliz, abalado ou foi apenas resultado do êxito de uma atitude friamente calculada. E também não entendo como ele consegue ficar com mais cara de paisagem que o normal. Posso ver até as montanhas inexpressivas traçadas em seu rosto.

Puxo minhas pernas junto ao corpo e as abraço, fingindo estar distraído demais.

– Até quando você vai ficar fingindo que está bravo?

– Eu não tô fingindo – apoio a testa nos joelhos e o final da frase soa abafado.

– Certo – diz com a voz derrotada. Iludido fui eu que pensei que ele fosse desistir tão rápido – mas independente disso, você não pode ficar me ignorando.

– Ah é? E por quê?

– Primeiro porque eu divido o quarto com você, segundo porque eu te ajudo a se aproximar de Chanyeol – tomo fôlego para contradizer, mas ele se antecipa – MESMO QUE alguns imprevistos tenham acontecido.

Alguns imprevistos... – debocho.

– Terceiro porque você não tem ninguém além de mim – finaliza com triunfo e alegria na voz.

Ergo o rosto descrente e cravo meus olhos na cara de pau que ele chama de rosto.

– Vai dizer que não? – espreguiça-se – você só tem a mim – esqueceu-se de dizer e vice-versa – a não ser que queira socializar com o meu primo e acabar na enfermaria por ele acidentalmente te acertar com uma tampa de privada.

– Deixa ele saber que você anda o difamando por aí.

– Tenta a sorte então.

Dá de ombros e volta a se acomodar no colchão, virando de costas para mim. Como ele consegue ser tão odiável e amigável ao mesmo tempo?

– Eu sei que está pensando como eu consigo ser tão inteligente, ter respostas prontas, mas afinal, você não sabe argumentar mesmo – o que ele disse? – e ainda assim sou seu único amigo.

– Claro que não, não viaja.

– A resposta é – faz suspense – não tem resposta. Eu sou incrível.

 

 

Quatro dias se passam e nenhum de meus planos deu certo.

Tentei fingir estar me afogando no riacho, mas Sehun é tão lesado que pulou na água pra me salvar antes que Chanyeol me escutasse. Fingi esquecer minha blusa no refeitório perto da mesa de Chanyeol, mas Sehun pegou para mim. Tentei até furar fila para ficar mais perto de Chanyeol, mas Sehun me puxou pela camiseta dando um sermão – agradeço por ele ter dito baixo, eu iria querer morrer se ele tivesse um ataque histérico e começasse a gritar comigo – me levando para o final da fila. Tentei chegar mais cedo na fogueira porque muitas vezes Chanyeol chega mais cedo e fica sozinho tentando acendê-la, mas Sehun demorou uma vida pra decidir qual camiseta por – e ele ainda reclama da camiseta que até agora Luhan não devolveu, mas eu não tenho coragem de pedir – e no fim pôs o uniforme.

Resumo: o problema não é comigo. É com Sehun. Ele é a erva daninha do meu jardim, tem o dom de estragar todos os planos e nem se dar conta disso. É a pedra do meu sapato, a ovelha negra da amizade, o mau caminho da cumplicidade, o jumento tapado do acampamento.

– Não acredito que vai ficar só olhando para o prato – Sehun me olha enquanto segura uma asa de frango nos dedos e leva até a boca – é frango! Sabe quando terá outra vez? Eu também não!

O garoto de topete com cabelos mais loiros que os de Sehun revolve o frango sem interesse nenhum, mantendo o cotovelo na mesa e a cabeça apoiada na mão. O conheci porque estava ao seu lado na fogueira, mas estar na mesa com ele é apenas coincidência. Kris é o nome dele. É um pouco frio, mas sociável. Apenas tenho medo de dizer alguma coisa e ele não gostar, ou sei lá.

– Eu vou processar Suho – resmunga.

– Por quê? – o que está ao seu lado pergunta.

Mordo o interior de minha bochecha, esforçando-me ao máximo para ignorar o ganhador. A voz de Chanyeol o anunciando ganhador e ele tendo a ousadia de querer compartilhar o prêmio com o castanho ribomba em minha mente. Quem esse Tao pensa que é? Alguém humilde e agradável que fica se jogando em veteranos bonitões? Eu vou colocar ele em seu devido lugar, que é bem longe daqui.

– Porque frango não faz o meu estilo.*

– Eu posso comer por você, se quiser – Sehun se oferece, como se realmente estivesse fazendo um enorme sacrifício.

Bato meu joelho contra o seu debaixo da mesa, esse garoto não toma jeito nunca.

Desânimo é a palavra que me define neste exato momento. Dei um jeito de evitar os quatro últimos dias de caminhada, mas Kai acabou descobrindo e prometeu não contar para Suho desde que eu parasse de fazer isso. Agora isso é uma atividade rotineira que infelizmente terei que exercer. A bússola pesa um pouco no bolso da minha calça jeans, Jongin me entregou uma que já era para eu ter aderido no primeiro dia. Eu não quero aprender a usar isso, sem contar que GPS é muito mais prático.

Você tem um GPS na mata, Baekhyun?

Blábláblá. Eu não mereço.

 

 

– Eu estou com falta de ar, vamos voltar – coloco uma mão no peito e com a outra agarro o pulso de Sehun.

– Estamos andando há sete minutos, Baekhyun – revira os olhos.

Faço bico e continuo colocando um pé na frente do outro. Pensando bem, eu preferia estar em meu quarto sentado no chão observando Sehun morrendo de dor do que estar aqui sentindo a dor invadir meu próprio corpo. Antes ele do que eu, ué.

– Que vida cruel – solto a ar pela boca e retiro os fios de minha testa.

– Para de drama.

– Minhas pernas não aguentam mais...

O mais alto aproxima-se de meu ouvido e sussurra.

– Chanyeol está ali na frente, se você andar rápido, poderemos alcançá-lo.

Aperto o passo por um segundo ou dois, mas logo paro abruptamente.

– Acha que está escrito otário na minha testa?

– Fica parado – fita minha testa fingindo estar concentrado.

Dou um tapa em seu braço.

– Ele não tá liderando nossa caminhada – digo.

É como um tiro em meu coração me recordar sobre isso. Todos foram divididos para que tivessem controle de cada grupo, e para minha infelicidade – como se fosse possível eu estar mais infeliz – Chanyeol não está aqui.

Andamos por mais algum tempo, o que parecem horas para mim, até eu ver uma enorme árvore, convidando-me para acomodar-me ali.

– O que está fazendo? – Sehun pergunta baixinho quando desacelero o passo e todas as pessoas passam por mim sem perceber.

– Vai vir comigo ou fazer pergunta?

– Pode ser os dois?

– Não.

O mais alto me acompanha e afastamo-nos dos outros, mas é só por um tempinho, ninguém vai perceber e logo voltamos.

– Eu só quero descansar um pouquinho.

Escalo a árvore e sento em um galho. Fecho os olhos e respiro o ar puro, retomando o fôlego depois de todo esse cansaço. Balanço as pernas infantilmente e encosto as costas no tronco.

– Me acorda daqui vinte minutos – peço para o loiro.

– Tá, só não ronca – diz do outro lado do tronco, provavelmente em outro galho.

– Eu não ronco.

– Ronca sim, parece um urso – ri.

– Mentiroso.

– Vou gravar você então.

Ignoro o que ele diz e fito a mata. Meus olhos pesam precocemente, indicando que eu preciso mesmo dormir um pouquinho.

 

Sim, eu sei. Eu sei a burrada que fiz. Tenho certeza porque olhando agora para o rosto de Sehun enquanto o sol se põe, sei que estamos completamente perdidos.

Onde eu estava com a cabeça quando confiei nele? Justo Oh Sehun. Algo daria errado, com certeza. Certeza absoluta.

– Eu falei pra você me acordar! – grito.

– Pensei que você estava brincando – passa a mão pelos cabelos.

– E por que eu brincaria?

– Sei lá, sou eu – aponta com o dedo indicador para si mesmo – você confiou em mim. Acho que até estou vendo o “O” de otário na sua testa.

– Sabe o que eu estou vendo? – retruco com raiva.

– Não quero nem saber – nega com a cabeça – relaxa, estamos no limite do acampamento, logo eles nos acham.

– Mas eu não quero passar a noite aqui!

– E você acha que eu quero? Pelo menos a gente tira selfie com as formiguinhas.

– E você vai tirar foto com o quê? – coloco as mãos na cintura – só temos uma... Bússola

Apalpo meus bolsos desesperadamente procurando o objeto. Seguro entre os dedos e sorrio.

– Vai demorar?

Olho para ele sem entender.

– Essa sua encenação – continua – fingindo que saber usar uma bússola.

Quero retrucar, mas isso é verdade. Nem sei em qual direção devemos ir e Kai estava certo. Eu estou numa mata. E não tenho um GPS.

– Só nos resta uma coisa – digo – SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA!

– Cala a boca! – tampa os ouvidos – essa sua vozinha esganiçada vai me deixar surdo!

– SOCORRO!

– CALA A BOCA!

– ALGUÉM ME AJUDA!

Sehun levanta e tapa minha boca com a palma da mão, tento me desvencilhar, mas ele continua me mandando ficar quieto. Se ele quer ficar aqui tirando foto com formiga tudo bem, mas isso não significa que eu também queira.

– Socorro! – tento gritar.

Escuto um baque e logo sua mão se afrouxa.

– Graças a...

Sehun cai no chão.

Não consigo pensar em nada, mas muitas coisas passam por minha mente. Um garoto parado com fios cor de mel me olha assustado enquanto massageia os nós dos dedos da mão direita com a canhota.

– Você... Tá bem? – pergunta num fio de voz.

Concordo com a cabeça e não sei bem o que fazer com um Sehun nocauteado aos meus pés.

– Eu... Eu estava rondando por aqui e escutei os gritos... – diz sem jeito – você pedia por socorro e... Ele estava tapando sua boca... Eu não sabia o que...

– Ah – tenho vontade de rir, mas limito-me apenas a um balançar de cabeça – não era isso... Nós nos perdemos e ele... Ele é um fresco que não queria ficar escutando meus gritos.

– Então...

– É, ele é meu amigo – sorrio.

– Desculpe – murmura.

– Tudo bem, sério, ele nem vai lembrar. Obrigado por se preocupar – digo e ele está muito corado, bastante envergonhado. Estendo a mão – Sou Byun Baekhyun.

– Kim Minseok – aperta minha mão.

Ele é tão fofinho! Quero guardá-lo num potinho e carregar comigo para a cabana.

– Melhor irmos antes que escureça – diz sem jeito.

– Certo – pego ambos os pés de Sehun e espero que Minseok dê o primeiro passo – o quê?

– Você vai arrastar ele? – me olha incrédulo e surpreso.

– Ele não vai se importar, não se preocupa.

Caminhamos pela mata e me sinto uma péssima pessoa. Não por arrastar Sehun pelo chão como um boneco, isso está sendo muito engraçado, mas sim porque Xiumin – Minseok disse que eu poderia chamá-lo assim – está me ensinando a usar uma bússola, entretanto, estou disperso demais para prestar atenção, então apenas concordo. Ele é tão fofinho e educado que pelo menos finjo entender o que diz como se eu estivesse com medo de magoá-lo.

– Então é só você fazer isso caso se perca outra vez – finaliza.

– Obrigado – guardo a pequena bússola no bolso – você está em qual cabana?

– 12.

– Eu nunca te vi – balanço as pernas de Sehun distraído.

– Geralmente passo um pouco despercebido, não costumo falar muito.

– Entendi – olho para minha trilha – eu vou indo nessa. Obrigado outra vez.

Ele apenas sorri e sigo no escuro para a cabana. Logo irão se reunir na fogueira e o mais alto ainda está desacordado. Não sei se ainda está desmaiado ou dorme como pedra.

Abro a porta e tomo cuidado com a escadinha.

– O que é isso? – Kai aparece na porta do quarto rindo ao ver a cena.

– Me ajuda aqui – puxo o mais alto para a sala.

Ao invés de me ajudar, ele enche um copo de plástico com água e agacha ao lado do loiro. Joga no rosto dele e imediatamente Sehun começa a tossir.

Caio para trás e rio alto, Jongin cai para frente e se apoia nas mãos.

–Minhas costas estão doendo... – o mais alto reclama – o que tá acontecendo?

Mas estamos quase sem fôlego para responder.

Sehun levanta e caminha até o banheiro com a as costas da camiseta completamente suja. Bato as mãos contra o chão e só então percebo que esse tempo todo estive segurando o riso para não constranger Xiumin.

 

 

– Acho que vou falar com Suho para investigarem, minha camiseta estava aqui, eu tenho certeza.

O mais alto remexe na mochila pela centésima vez em busca da camiseta.

– Talvez esteja aí... – tento desconversar e seguro a maçaneta – vamos logo, acabaremos chegando atrasados.

– Não vou enquanto não a encontrar!

Respiro fundo.

– Tudo bem, você quer saber onde ela está? – cruzo os braços.

Eu deveria estar me sentindo culpado, mas estou com raiva porque esse garoto não para de falar um segundo sobre essa bendita camiseta.

– Eu a emprestei para um garoto.

– Você fez o quê? A minha camiseta! A minha preferida! Quem te deu autorização? Por que não me contou? Vá se ferrar, Baekhyun!

– Fica quieto! – tento aumentar o tom de voz acima do seu – eu derrubei um garoto no riacho sem querer e minhas camisetas não iriam servir... – talvez até servissem, mas emprestar a sua parecia uma ótima ideia – ele disse que ia devolver...

– Como você conseguiu dormir todos esses dias? Não sofre de uma coisa chamada peso na consciência?

– Não – digo simplista e saio do quarto – desculpa, tá?

– Desculpa? Quem é esse garoto? Eu vou dizer poucas e boas para esse ladrãozinho de camisetas – continua a resmungar, mesmo depois de eu me retirar.

– Dá um tempo.

– Eu vou socar a cara dele e depois a sua também!

Abro a porta da sala e algo atinge meu nariz.

– Desculpe! – escuto a voz de Luhan que reprime um sorriso – eu ia bater na...

– Sem problemas – rezo mentalmente para que Sehun cale a boca antes que ele escute algo.

– E eu o mandaria ir... – a voz de Sehun some atrás de mim.

O ruivo à minha frente encara Sehun com um sorriso singelo. O mais alto percebe a camiseta em suas mãos e não diz nada. Aquela mesma expressão inexpressiva.

– Oi – diz – sou Luhan. Só vim entregar uma camiseta de Baekhyun.

De Baekhyun.

– Ah, na verdade – aceito o pano e entrego para o mais novo – ela é de Sehun.

– Eu sou Sehun – Ah, você jura? – obrigado.

– Ele tem até algumas coisas pra falar pra você – continuo.

Os olhos do ruivo revezam entre mim e o mais alto, um pouco curioso e confuso.

– Eu? Do que você está falando? – me encara e por trás desse olhar, ele diz: eu vou matar você, para com isso.

– É, você disse que quando encontrasse a pessoa que...

Empurra a camiseta em meu peito desesperado.

– Guarda pra mim, tá?

Engulo o nó na garganta e os palavrões, mas giro nos calcanhares e faço o que diz, aliás, lá no fundo – eu não vou admitir isso em voz alta – é o mínimo que eu poderia fazer depois de mexer e emprestar as coisas dele sem seu consentimento.

Quando volto para fora não há mais ninguém.

Penso em chamar por Sehun, mas se ele não está aqui é porque não quis me esperar, o que é de fato estranho. Aquele garoto é estranho, então acho que não preciso me preocupar.

Vejo a fogueira e não há quase ninguém. Decido ir até o riacho, sentindo-me de repente realmente sozinho. Já posso escutar o som da água. Dirijo-me até o riacho, porém, uma pessoa está sentada na borda, o tronco inclinado para frente com a destra mergulhada na água, mexendo-se tranquilamente.

Eu o reconheceria de qualquer lugar.

Os cabelos escuros voando um pouco com a brisa e o tamanho exagerado.

Sinto o frio na barriga propagar-se por todo meu corpo apenas de vê-lo tão próximo e a chance que eu me esforcei todo esse tempo estar sendo entregue de bandeja. Aproximo-me devagar e acho que vou passar mal. Por que estou tão nervoso?

Piso num galho seco sem querer e ele se vira. Encaro seus olhos e meu estômago revira. Paraliso sem saber como reagir. Logo seus olhos desviam-se dos meus e olham ao meu redor, como se estivesse esquecido que estou aqui.

– Chanyeol, ainda está aqui? – Kai aparece – vai se atrasar, vamos logo, cara.

– Beleza – levanta e enxuga a mão na calça.

O mais alto segue o moreno e seus passos se tornam distantes e inaudíveis.

Respiro fundo e como uma facada, percebo que estou entre as árvores no escuro. Não teria como Chanyeol me ver, teria? Fico onde o mais alto estava sentado e olho para onde eu estava. Só se ele tivesse uma visão muito aguçada e prestasse muita atenção em mim. Mas ele provavelmente não prestou. Nunca presta.

Isso ecoa em minha mente. Mas é verdade. Talvez ele nem goste de garotos, ou talvez apenas não se interesse por mim. Certo. A partir de hoje eu não tentarei mais conversar com Park Chanyeol. Ele não quis me ignorar? Vou ignorá-lo.

Isso não fará diferença para ele.

Bato a palma contra a superfície do riacho e digo um palavrão. Quem eu estou querendo enganar?

Byun Baekhyun não desiste fácil.

Algo bate contra minhas costas e estremeço por conta do susto. Uma pedra rola ao meu lado e para no gramado. Poderia ser apenas uma pedra trazida pelo vento, mas há um papel amarrado a ela. Hesito por alguns segundos, e mesmo que provavelmente não seja algo importante, sou uma pessoa curiosa demais para deixar pra lá.

Retiro pequeno papel dobrado e há algo escrito numa letra bonita.

 

Sei que está atraído por Park Chanyeol, mas fique esperto, seu segredo não está tão protegido assim. Apenas não mexa no que não é seu.

 

Fico perplexo, mas logo balanço a cabeça com um sorriso nos lábios. Sehun sempre se acha esperto demais, esquece que sempre estou um passo à frente. Mas depois posso elogiá-lo por sua letra. Nunca pensei que pudesse ter uma escrita tão bem feita.

– Pode aparecer, Sehun – inclino para trás e coloco as mãos para me apoiar – eu não caio nessa.

Mas não sou respondido.

E ninguém aparece.


Notas Finais


*Kris disse que frango não era o estilo dele num programa do EXO (EXO SHOWTIME) e depois comeu ahuahua
Sehun e sua expressão inexpressiva (?).


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