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História Acampando no coração de Park Chanyeol. - Procura-se um nariz em bom estado.


Escrita por: wtfsehunnie

Notas do Autor


OLÁAAAAAAAAAAAA
Gente, o capítulo anterior teve bastante intriguinha por conta do bilhete, mas eu vou me manter reservada para que vocês apostem nas suspeitas. Esqueci o que eu ia dizer, mas enfim.
No capítulo há a palavra "lume", o significado dela é "1.m.q. FOGO ('fenômeno'); 2. p.ext. jato de luz; brilho, clarão, claridade", enfim, eu me referi à fogueira.
Acho que é só.
Aproveitem!

Capítulo 5 - Procura-se um nariz em bom estado.


Se eu estou ferrado? Sim, claro ou lógico?

Encaro o papel que samba na minha mão completamente trêmula e suada. Não pode ser outra pessoa, Sehun é o único que tem conhecimento disso. Não sei se ele sabe, mas eu realmente não gosto de brincadeiras de mau gosto.

Apesar do arrepio que permanece em meu corpo desde que li a última palavra, levanto e corro para a fogueira. Quero encontrar Sehun, ou melhor, não encontrar. Quero chegar antes dele e acabar com esse plano. Mas lá no fundo eu sei que isso não vai ser possível, fiquei tempo demais parado na beira do riacho, ele poderia voltar de bananeira que eu não chegaria antes disso.

Algo em mim diz que só pode ser Sehun, entretanto, ainda com raiva, quero correr para perto dele. E se não for? E se não for ele? Fica calmo, Baekhyun, só pode ser ele. Fim de papo. Não esquenta.

Tento passar despercebido e logo o encontro sentado sozinho num lugar perto do lume. Coloco a mão no bolso traseiro da calça jeans para ter certeza de que o papel está ali e sento-me ao seu lado.

– Você sumiu – digo – me deixou sozinho.

– Desculpa – responde.

E só. Não dá nenhuma explicação. Quero dar um beliscão nele por não me dar satisfação. Se ele pensa que isso vai ficar assim, está muito enganado.

– E você? Onde estava? – questiona.

Olho para ele bem de pertinho, tentando achar alguma coisa suspeita. Ele sempre demora em piscar os olhos? As sobrancelhas dele estão tão distensas, será que está tentando fingir estar calmo? Por que ele engoliu em seco? Ele sempre faz isso? Por que inclinou a cabeça? Quem inclina a cabeça com a consciência limpa?

– Você tá bem? – me fita curioso.

– Sim –movimento-me apenas uma vez em concordância – por que eu não estaria? Algo motivo para eu não estar?

Franze o cenho e olha para as chamas à nossa frente. Desviou o olhar. Muito suspeito.

– Não. Você tá esquisito.

– Por que acha que estou esquisito? – inclino um pouco para frente e tento fazer contato visual.

– Eu sei lá – balança a cabeça – você começa a me olhar estranho e depois fica fazendo essas perguntas.

– Tá incomodado? – entrelaço meus dedos em meu colo.

– Não – pausa – na verdade sim. O que deu em você?

 – E o que te incomoda?

– Nada, tá? Só... Para – crava seus olhos nos meus como se quisesse encontrar alguma coisa oculta neles, mas quem tem que fazer isso aqui não é ele – eu, hein.

Chanyeol está do outro lado da fogueira acompanhado de seus amigos costumeiros. Sempre sorrindo e causando sorrisos. O mesmo sorriso que sequer sentiu minha falta quando me perdi na mata. Sim, eu sei que isso não faz sentido, ele nem me conhece, mas aquela dorzinha incômoda atormenta meu coraçãozinho.

Como se já não bastasse a minha pessoa o secando, é evidente que outras pessoas também lançam olhares desejosos para ele. Será que Chanyeol já percebeu? Caso a resposta for positiva, então ele é muito bom em disfarçar. Talvez já tenha sacado minhas olhadelas, mas acho que me considera apenas como mais um admirador. Mais um. Não O admirador. Mas sim um admirador. Um admirador qualquer.

Espera aí.

É impressão minha ou eu estou bancando o filósofo? Fala sério. Era pra ser apenas uma quedinha, mas sinto que estou caído do vigésimo nono andar de um prédio que fica num penhasco acima de um mar de quilômetros de profundidade. Isso se chama despencar. Cair. Desmoronar. Quedinha era paixonite de escola, mas isso... Meu Deus! Será que eu estou ficando psicótico? O que é realmente ser/estar um psicótico?

– Baekhyun, você quer ir pra enfermaria? – escuto a voz de Sehun.

– Tá passando mal outra vez? – faço careta sem disposição para ir até lá.

– Não, mas você tá – balança a mão em meu rosto como se quisesse ter certeza de que estou consciente – está pálido, parece que viu um fantasma.

– Eu vi – sussurro dramaticamente – o meu próprio fantasma.

Ele ri, sem me levar a sério. Só quero deixar bem claro que eu não vi graça nenhuma no que acabei de dizer. Parece que não estou assustado, que levei o bilhete na esportiva, estou suave.  MAS EU NÃO ‘TO! EU QUERO CORRER E CHORAR NO COLO NA MINHA MÃE.

Sehun levanta discretamente e me puxa pelo braço, ajudando-me a ficar em pé. Provavelmente nós realmente passemos despercebidos porque a) há mais pessoas em pé; b) quem sente falta de Sehun sou eu, e a única pessoa que sente minha falta é ele.

Continuo sendo arrastado para trás do refeitório. Ele para, cruza os braços e me fita.

– Agora pode contar. O que deu em você?

– Não deu nada – respondo fingindo desinteresse – esse acampamento que tá acabando comigo e mexendo com meu psicológico.

Eu poderia considerar que acabei de mentir, mas em partes isso é verdade. Tudo o que está acontecendo é por causa desse maldito lugar. Férias maravilhosas, não? Quando tudo isso acabar, eu vou estar na minha casinha e minha mãe vai me mandar para uma clínica. Ou seja, isso não vai acabar. Vai piorar.

– E por que você tá se importando tanto? – continuo.

Isso só pode ser jogada. Ele quer saber se eu desconfio dele ou não para contornar a situação, mas não me engana. Ele não engana Byun Baekhyun. Eu sou esperto demais pra isso. Ele quer fingir? Vamos jogar o mesmo jogo então. Não vou entregar as cartas até que o mais alto admita.

– Por que eu sou seu amigo? – pergunta quase numa afirmação. Não respondo, o que o faz inclinar a cabeça – ou não sou?

– É – admito – você é.

– Então me fala! – segura em meus ombros e me chacoalha, paralisa e continua me observando.

– Não – respondo de imediato – quer dizer, não. Não porque eu nem tenho nada pra dizer.

– Tudo bem – afasta-se – eu sou um péssimo amigo que não serve para dar conselhos. Dou tudo de mim para servir de cupido e como me retribuem? Com desconfiança. Certo. Eu posso conviver com tamanha decepção.

– Para de ser dramático – dou risada e desfiro um tapa em seu braço direito.

Ele gira nos calcanhares e eu o acompanho. Antes que estejamos muito próximos da roda ele chega para mais perto e diz baixo.

– Não tem nada pra dizer mesmo?

– Não.

Jogada. Eu não vou cair nessa, Oh Sehun.

 

 

Tento prestar atenção no cozinheiro que fala sem parar nesta manhã. Eu ainda nem acordei direito e ele já vem jogar um caminhão de informações, eu ainda ‘to processando o bom dia.

–... Então é isso! – diz animado – a partir de hoje introduziremos vocês ao esporte e coisas que exercitem sua mente. Estarão disponibilizadas diversas atividades como canoagem, vôlei, dança, arco e flecha, xadrez e uma infinidade de coisas. Já teve moleza demais.

– Você escutou isso? – Sehun aperta meu pulso.

– Escutei, ele disse que só teve moleza! – digo incrédulo – aquela caminhada acaba com a gente e ele ainda diz que...

– Eu não ‘to falando disso, idiota – faço careta da forma como ele me chama – eu quero dançar.

– Mas eu não sei dançar.

– Então faz outra coisa.

Fico quieto, entretanto, sinto meu ego abalado. Ele está mesmo disposto a se separar de mim? Isso soou meio estranho, mas enfim, querendo ou não, ficarei totalmente desamparado sem ele. Posso tentar me inscrever, mas se Sehun realmente souber dançar eu vou ficar no chinelo.

– Então acho que vou me inscrever em canoagem – cruzo os braços.

– Você sabe nadar? – diz duvidoso.

Fecho a cara.

– Sei – finjo estar ofendido – sei nadar cachorrinho.

Ele cai na risada e pela milésima vez sem que eu ache nenhuma graça desde que nos conhecemos. Qual é o problema nisso? Perdoe-me se eu não sei dançar nem sou bom o bastante para nadar de costas. Não mereço esses desaforos.

– Certo. Vôlei então – decido-me enquanto nossos passos andam em sincronia até o refeitório para assinar a lista.

– Você tem altura? – arqueia as sobrancelhas.

– É claro que eu tenho altura, se você quer saber, eu sempre fui ótimo em vôlei. Eu só não sei sacar muito bem, mas eu sou maravilhoso, todos vão me querer em seus times e você vai torcer por mim, a culpa não é minha se você é uma vara, mas o problema não é comigo, é com... – paro de falar quando ele ri e percebo que só está numa das inúmeras tentativas de me irritar e, nossa, que surpresa! Ele conseguiu! – dá um tempo.

– Droga, olha o Lay ali na fila – Sehun fica emburrado – talvez eu quebre as pernas com ele do meu lado.

– Ele dança bem?

– Infelizmente – passa a mão pelo cabelo frustrado – eu vou ficar sozinho. Você pode assistir uma vez e talvez goste de dançar, eu posso te ensinar.

– Eu realmente não nasci pra coisa.

– E se Chanyeol estiver aí? – sorri.

Tapo sua boca e engulo em seco.

– Fala baixo – cochicho.

Ele me olha confuso e une as sobrancelhas.

– Você nunca foi tão cauteloso com isso.

– É, mas – comprimo os lábios e procuro uma resposta rápida – alguém pode escutar, sabe? Sei lá.

– E você se importa? – dá um passo à frente conforme a fila anda.

– Não, não me importava – mas agora descobri que me importo muito – só é melhor deixar entre nós.

– Você é quem manda – ergue os ombros.

A garota de cabelos claros que está de costas se abaixa para assinar e para minha surpresa Luhan do outro lado da mesa. Seu olhar se intercala entre nós como da última vez e abre um sorriso.

– Você por aqui? – Sehun pega a caneta e escreve seu nome.

– Os veteranos costumam liderar as atividades, eu tento essa, então se quiserem mesmo dançar, vão ter que me aguentar.

Todavia, estou distraído demais na letra de Sehun. Uma corrente percorre meu corpo e explode em todos os lugares como várias bombas. A letra dele é bonita.

O único problema é que eu não sei comparar, não de memória. Podem ser escritas bonitas, mas de estilos diferentes, e ainda que parecidas, podem não ser as mesmas. Que droga. Não consigo lembrar com precisão.

– Na verdade – sinto minha voz falhar e quero sair correndo – eu... Eu não vou me inscrever.

Esforço-me para decorar cada letra de Sehun e afasto-me em passos rápidos. Será? Não pode ser ele, pode? Agora que parece estar tão perto... Acho que lá no fundinho eu não aceito, não quero que seja ele. Talvez apenas tenha brincado e deixado quieto, como algo irrelevante. Mal sabe que minhas unhas então virando pó com toda essa aflição.

Vejo Jongin prestes a retirar a folha da mesa com uma faixa escrito vôlei.

– Kai, espera! – corro em sua direção.

Aproximo-me e pego a caneta, assinando na linha vazia.

– Vôlei, hum? – questiona.

– Eu posso mudar futuramente? – confesso que não sei se é exatamente isso que eu quero.

– Pode, isso é só uma lista de presença para termos controle de onde vocês estão – recebe o papel e me fita – ter certeza de que não andam furando atividades por aí.

Só eu que percebi essa indireta muito direta?

– A-Ah, é – desvio o olhar – pois é.

– Vá para a área da fogueira, já chego lá.

Concordo com a cabeça.

Caminho solitário até o grupo de pessoas perto da fogueira. É como se o céu estivesse numa batalha entre fazer chover ou não, porque o dia está nublado, mas nem tanto assim. Não sei explicar. 

– Pessoal da canoagem, por aqui! – escuto a voz de Chanyeol e logo vejo seu corpo esguio aparecer na porta do refeitório, seguido por várias pessoas.

Eu sabia que devia ter me inscrito em canoagem!

Com certeza na próxima eu vou pular pra lá, mas vou ficar um dia aqui fingindo me divertir e sorrir, talvez Kai fique magoado se eu sair assim, de primeira. E então é só jogar uma desculpinha esfarrapada de vôlei não faz meu estilo e cair fora.

Pensando bem, não seria legal Chanyeol me ver nadando igual a um cachorrinho se eu caísse no riacho. Seria no mínimo constrangedor. No mínimo. Isso se ele não começasse a rir e zombar de mim, me apelidando com um nome de cachorro, tipo Bolinha. Ei BaekBolinha, pronto para nadar hoje? Seria minha morte.

Tudo bem, eu tenho tempo para me decidir.

Meus olhos encontram sem querer – eu nunca faria isso por boa vontade – os de Kyungsoo. Alguém me tira daqui!

Respira.

Respira fundo.

Nada pode piorar.

Vamos Baekhyun, desvie o olhar, sorria como se estivesse de boa e tente encontrar alguém para socializar. Arranje uma companhia. Nada pode... Tao? O que esse cara tá fazendo aqui? Não acredito. Como ele tem coragem de estar aqui depois de todo aquele fogo com Chanyeol na minha frente? Deve estar pedindo pra apanhar.

Agora sim. Nada pode piorar.

O time é dividido e fico feliz por estar contra Kyungsoo. Pelo menos assim eu não sou o único nanico e tudo fica balanceado, sem contar que não corro perigo de ser atingido por uma bola e quebrar o nariz por conta da rede. O único problema é Tao. Ele está no meu time e eu não quero ficar perto desse assanhado, ter que colaborar com ele. Eu sou orgulhoso, faço birra mesmo.

Kai apita e o jogo começa.

Eu poderia dizer que jogo de olhos fechados, que tudo o que eu disse para Sehun sobre ser um jogador maravilhoso era verdade, sobretudo, eu não vou dizer. Eu sou um desastre. Desastre com todas as letras. A bola vem em minha direção e a única coisa que eu faço é colocar a mão na cabeça e sair correndo para fora do campo.

– Baekhyun! Assim não dá – Jongin para o jogo pela vigésima vez – você precisa dificultar para o time adversário, e não facilitar!

– Eu já entendi! – grito irritado.

– Então vai, sua vez de sacar – dá continuidade.

Minha vez? Pego o objeto e vou para o lugar certo, entretanto, não movo um músculo sequer. Tá, talvez eu tenha movido. Num movimento só, levanto ambos os braços bem alto, pronto para atirar.

– Não! – Tao diz e se aproxima – você quer uma ajuda? – não, não a sua – precisa jogar ela para o alto e bater. Assim – faz o que disse e finge que irá sacar, mas a agarra e me entrega – entendeu?

Não respondo, ele apenas volta para seu lugar e mexe a cabeça para me incentivar. Mordo o interior de minha bochecha e jogo a bola para o alto. Dou um salto e bato. Minha palma arde e fecho os olhos, reprimindo um grito. Não quero nem abrir para ver o fracasso.

– Vem logo – a voz de Tao se mistura ao som da bola sendo rebatida – você conseguiu.

Sorrio sem graça e volto para o meu lugar. Eu quero dançar, cantar música de vitória e gritar bem alto, mas claro que não o faço. Apenas uma coisa invade minha mente em relação ao garoto que está ao meu lado. Não seja legal comigo, eu não gosto, eu não posso gostar de você.

Fico parado por um bom tempo, já que ninguém confia em mim e jogam como se eu não existisse – exceto o time rival, que se aproveita do meu fiasco pra jogar em minha direção sempre que pode –. Não ligo, afinal, preciso de um descanso mesmo, é o que eles podem fazer em forma de agradecimento por minha sacada excepcional.

– Vai Baekhyun! – Jongin grita, acordando-me dos devaneios.

Tenho tempo apenas para olhar a bola que vem em minha direção em câmera lenta. Levanto minhas mãos sentindo-me como naqueles filmes em que tudo para e acontece a coisa mais impressionante, e já sinto toda aquela multidão gritando meu nome e aplaudindo. Porém. Ah, a vida e suas surpresas. A única coisa que realmente sinto é uma dor enorme.

Lembra quando falei que eu não corria risco de ser atingido e quebrar o nariz?

Retiro totalmente o que disse.

 

 

Ainda sonolento, abro os olhos e assusto-me com Jongin tão próximo a mim fitando-me curioso.

– Acordou! – sorri.

– Oi – digo – meu nariz ainda tá aqui?

– Tá – seu sorriso se abre ainda mais.

– Isso é um bom sinal.

A porta se abre num estrondo e Sehun aparece completamente suado, seu sorriso se desmancha num segundo ao olhar para mim.

– O que eu perdi? – senta-se no chão ao lado do moreno.

– Baekhyun levou uma bolada na cara – Kai ri como se isso fosse uma piadinha qualquer.

Infelizmente, toda a preocupação do mais alto se esvai. Ele começa a rir do mesmo jeito de sempre, dando a sensação de que acabou de presenciar algo hilário e eu – como sempre também – fico sério.

Eu sou um jogador maravilhoso, blábláblá – faz uma imitação barata.

– Vai se ferrar – viro para o outro lado.

– Eu vou indo nessa, você fica aqui com ele? – Kai pergunta.

– Pode ir.

A porta se fecha e logo Sehun também sai do quarto, provavelmente indo tomar um banho, algo que evidentemente ele está precisando nesse momento. E eu também. Mas posso fazer isso depois dele.

Fico deitado sem ter o que fazer por alguns minutos enquanto escuto a água do chuveiro cair. Ele não vai sair nunca? Não que eu esteja ansioso para me ver no espelho do banheiro com esse monte de esparadrapo no nariz, devo estar uma coisa linda.

– Vai tomar um banho, daqui a pouco é a janta – Sehun aparece na porta já vestido e secando o cabelo com uma toalha.

Tomo um banho e me visto rapidamente, estou completamente sem apetite. E a razão disso tem nome e sobrenome. Park Chanyeol.

– Eu não quero que Chanyeol me veja assim – comento enquanto nos dirigimos até o refeitório.

– Ele nunca te vê mesmo, então tá tudo bem – responde simplista.

Paro abruptamente e cruzo os braços.

– O quê?

– Nada – respiro fundo – eu não vou.

– Aonde?

– Comer.

– Como assim? Anda logo, parar de comer por causa de paixonite é burrice, estamos falando de comida, Baekhyun – sorri.

– Não ligo, não quero.

– Para com isso – segura em meu pulso e praticamente me arrasta, como se isso fosse algo surpreendente vindo de Oh Sehun.

Por mais que eu queria resistir, a fome escondida que eu estou tentando ignorar quer que eu aceite. Adentramos o refeitório e pegamos nossa comida com o merendeiro Jongdae – que me olha como se ainda guardasse ressentimento do que fiz na cozinha dele.

Sigo Sehun e quando ele senta-se perto dos garotos que costumam andar com Chanyeol, meu coração pula. Ele não está junto, mas todos os outros estão. O mais alto acomoda-se ao lado de Luhan que sorri e dá espaço. Fico ao seu lado entre o mais alto e Yixing.

Meus olhos percorrem rapidamente os que estão do outro lado da mesa. Na frente de Lay está Kyungsoo, ao lado de Jongin – que está de frente para mim –, e Xiumin oposto à Sehun.

Encaro meu amigo – é estranho chamá-lo assim – rapidamente e ele sorri como se estivesse satisfeito por ter sido responsável em me incluir aqui. Balanço a cabeça para os lados minimamente, querendo dizer algo como: você não presta. Entretanto, ele apenas ergue as sobrancelhas e olha para a própria sopa, dando fim à conversa silenciosa.

– Cadê o Chanyeol? – Luhan pergunta e eu o agradeço mentalmente por isso.

– Aqui – o moreno coloca a tigela na mesa e senta-se ao lado de Xiumin.

Tudo em meu estômago revira e esforço-me segurar a emoção. Tento dar total atenção à minha sopa quando na verdade quero ir pro’ cantinho e chorar de felicidade. Concentre-se na sopinha, Baekhyun.

– Por que demorou? Estava nadando? – Kai coloca uma colher na boca.

– Antes fosse – suspira – acabaram quebrando um negócio de uma canoa e tive que ficar arrumando.

Não tenho coragem de olhar para o mais alto. Sim, estou amarelando. Eu quero muito me socar por isso, imaginei tantas formas de me aproximar de Chanyeol e planejando que quando isso acontecesse, Sehun estivesse bem longe para não estragar. Mas olha só, ele está perto sem que eu tenha me esforçado e tudo isso por conta de Sehun.

A conversa de prolonga e acabo me perdendo em meus próprios pensamentos. Será que mesmo aqui Chanyeol não reparou em mim?

– Não é Baekhyun? – Sehun termina.

O fito sem saber do que está falando. Agora essa! Acabei de fazer papel de trouxa. Não que eu não faça isso ultimamente. Enfim, o que me resta é apenas franzir o cenho para mostrar que não entendi nada.

– Que o cano estourou quando viemos para cá – explica.

– Ah, é – digo tímido, sem me importar se os outros estão escutando ou não – se tem uma coisa que estourou inesperadamente, foi aquele cano.

Todos riem. Na verdade, não sei se todos, porque não desvio a atenção de minha sopa. E se a pessoa que escreveu o bilhete não estiver brincando? Não posso deixar Chanyeol saber que tenho um pequeno – eu disse pequeno – interesse por ele sem que isso saia de minha própria boca.

– Eu quero voltar para a cabana – murmuro no ouvido de Sehun.

Ele fica surpreso, mas não é para menos. Logo eu que fiz de tudo para que Chanyeol me percebesse, estou recuando. Todavia, o mais alto concorda com a cabeça e recolhe minha tigela.

Fico sentado esperando enquanto todos se retiram. Coloco o braço esquerdo sobre a mesa e deito a cabeça nele, esperando o indivíduo – seja lá que for, vai me pagar uma hora ou outra porque está me fazendo desperdiçar essa oportunidade ­maravilhosa –  que me enviou o maldito bilhete não tenha me visto aqui.

Congelo ao ver que Chanyeol também ficou, mas está desatento demais com a cabeça apoiada na mão esquerda e o cotovelo sobre o tampo. Seus olhos percorrem o local com desinteresse e decido fazer o mesmo.

Apenas tenho uma coisa a dizer antes da minha morte: Não há como não notar Park Chanyeol quando ele está perto de você.

– Tá tudo bem com o seu nariz?

Demoro a processar e perceber que ele está falando comigo.

Espera.

Ele falou comigo, é isso mesmo produção?

Engulo em seco segurando toda a vontade de gritar. Tantos sentimentos me percorrem que eu mal consigo organizá-los. Por mim, eu levantaria agora mesmo e subiria na mesa para dançar e comemorar, mas Byun Baekhyun é uma pessoa muito civilizada para isso. Claro que sou.

Quando caio em mim, vejo que não o respondi. Arranjo toda a coragem que não existe no meu ser e o fito e... Céus! Ele tá olhando para mim! Park Chanyeol está olhando para mim!

– Tá – embaraço-me nas letras dessa palavra de apenas uma sílaba com a voz trêmula e um pouco falha. Bom, alguma coisa tinha que dar errado – ele tá sim.

Todo o chão sob meus pés desaba quando ele sorri sem mostrar os dentes. Na verdade, se eu não estivesse debruçado sobre a mesa, eu iria desabar. Ia cair no chão e desmaiar sorrindo, uma cena linda de se ver, eu sei.

Para minha infelicidade, os outros garotos retornam e Sehun encosta a mão em meu ombro e aperta levemente para avisar que chegou. Levanto-me e mordo o lábio, querendo dizer bem alto aqui mesmo o que acabou de acontecer. Segura esse sorriso, Baekhyun! Ah, minha boca tem vida própria!

– Estamos indo nessa – o mais alto avisa os outros e me acompanha até a saída.

Seguro seu antebraço querendo descontar ali toda a adrenalina enquanto não estou numa distância segura para surtar.

– Você tá dificultando a circulação do meu sangue, não sei se deu conta disso – chacoalha o braço.

Não me importo com o que acaba de dizer, apenas afrouxo a pressão, mas finco as unhas na sua pele sem conseguir me conter. É felicidade demais para um corpinho só.

Aperto o passo até a cabana, querendo chegar o mais rápido possível.

– Por que tá com essa cara de idiota? – questiona enquanto abro a porta – quer dizer, por que tá com mais cara de idiota que o normal? – pausa – espera... Eu acho que...

– É ISSO! – grito e me jogo no sofá com os braços para cima – AH PORRA! CHANYEOL ME PERCEBEU, ELE FALOU COMIGO! – faço uma dancinha ridícula enquanto bato as mãos nas coxas sem um pingo de ritmo.

– Tá brincando?

– DEUS NO COMANDO – concordo com a cabeça enquanto me esparramo no estofado de qualquer jeito.

Sehun sorri e dá vários pulinhos enquanto também grita. Aposto que ele está pensando em como todo o seu sacrifício finalmente teve um resultado. O loiro está todo envolvido na animação e se enfia no sofá junto comigo, fazendo caldinho de Baekhyun.

Empurro seu corpo para o chão e ele cai fazendo careta.

– Só tem lugar pra um aqui – explico e estico minhas pernas.

O mais alto revira os olhos e fica ali mesmo enquanto fico sentado para ver sua expressão – hilária por sinal.

– Enfim, como foi? – a curiosidade brilha em seus olhos.

– Sei lá, ele só perguntou como estava o meu... – minha voz some – Sehun, como tá o meu nariz? – pergunto em relação à aparência, já que o mesmo está oculto pelos esparadrapos.

Ele me olha e comprime os lábios tentando segurar a risada.

– Você quer que eu diga a verdade ou não? – brinca – tá muito engraçado.

Toda minha excitação se esvai e deito-me desajeitadamente semelhante a uma conchinha no pequeno sofá com um bico nos lábios.

– Ele falou do meu nariz.


Notas Finais


FINALMENTEEEEEEEEEEEEEEEEE
Talvez seja por conta desse nariz ferrado do Baekhyun que Chanyeol o viu -qn
Sobre Sehun estar todo empolgado e ser empurrado do sofá skkskdjjfj


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