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História Acampando no coração de Park Chanyeol. - Fugindo do toró.


Escrita por: wtfsehunnie

Notas do Autor


Eaaaaaaaaaaaaaaaaaaaai
Bom gente, eu ia postar esse capítulo ontem, mas sabe como é aquela história de "deixei pra terminar depois e não deu tempo". O que importa é que eu trouxe mais um capítulo feito com muito amor e carinho.
Eu tinha coisas pra dizer, mas acabei esquecendo.
Enfim, vou deixar um link de uma OS ChanBaek nas notas finais. Ela não é minha, e com o gênero totalmente oposto a essa fanfic, mas se você quiser algo destruidor para ler, eu recomendo. O que custa, não é? Eu amei.
Boa leitura <3

Capítulo 7 - Fugindo do toró.


Três dias se passaram e lembro como se tivesse recebido o bilhete ontem.

É claro que eu não dormi nada bem naquela noite, o que resultou em algumas olheiras e um nariz maravilhoso. Melhor combinação, eu sei. Felizmente, eu trouxe algumas maquiagens. Não me pergunte o motivo de eu trazer algumas para um acampamento, porque Sehun já fez isso.

Não que eu use muita, tenho apenas um BB cream e um delineador jogados no fundo da mochila. Eu até pensei em largá-los em casa, mas eles não largam de mim. Doce relação.

Nunca passou pela minha cabeça que eu fosse precisar – não de verdade, só enfiei na bolsa por costume e precaução –, e pelo menos uma vez na minha vidinha o destino sorriu pra mim, pois eu os tinha comigo quando precisei. E quando caí sobre Chanyeol também, mas aquilo nem conta como sorriso, o senhor Destino estava com um humor maravilhoso pra me abençoar daquela forma.

Com meu rostinho quase perfeito outra vez – BB cream não disfarça os esparadrapos, pois é –, fui para o refeitório naquela linda manhã, pensando que eu estava bem, entretanto, eu nunca fui bom em deduções, mesmo que elas sejam sobre eu mesmo. Eu me incluía no grupo de alunos que ficava girando o lápis nos dedos quando a professora mandava escrever o que pensávamos sobre nós mesmos. Autoconhecimento nunca foi a minha praia.

Retomando, eu estava morrendo de fome e com um puta sono. Acontece que Sehun não se deixou levar pelos meus “só mais um minutinho” e deu o maior show até eu acordar. Estava tudo legal, até eu ver Chanyeol. Vê-lo é um colírio para meus olhos, entretanto, aquele maldito bilhete veio em minha mente. Eu queria colaborar ou não? Queria.  Por isso desviei o caminho e sentei numa mesa distante. Doeu? Doeu.

Depois disso, SuHo revelou seu amor secreto por horta e fomos todos lá naquela terra sujar os sapatos pra plantar batata. Sim, batata. O preço dela tá o olho da cara, e Junmyeon não mede esforços para economizar o que ele tem de sobra: dinheiro.

E como retribuição, recebemos um punhado de algodão, um copinho descartável e quatro grãos para plantarmos nossos próprios feijões, e olha que nós nem comemos feijão. Mas tudo bem, não quis magoar SuHo que parecia estar satisfeito, achando que estávamos todos quites. Duvido que ele trabalhe em troca de quatro grãos.

A parte boa foi poder observar de longe o corpo esguio de Chanyeol a tarde toda. Não estava sol, na verdade até agora o sol está se escondendo por trás desse céu cinzento que ainda não fez chover.

Anteontem eu evitei mais uma vez esbarrar com o mais alto para que a pessoa que deixou o papel saiba de que lado eu estou. O lado cala a boca, pelo amor de Deus. E fiquei pensando nas pessoas suspeitas. Descobri que ser detetive é a última coisa que poderei ser nessa vida e que sozinho tudo é mais difícil.

Passei mais uma noite em claro, no escuro. Exatamente. Fiquei de olhos abertos naquele quarto com a luz apagada enquanto Sehun batia vez ou outra na lateral da minha cama. Segunda descoberta: Sehun bate nas coisas durante o sono. A julgar pelos barulhos, ele chutava o ar, remexia-se e batia com os nós dos dedos na madeira ao lado do meu colchão.

Cheguei a uma conclusão que não foi de grande ajuda. Nas duas vezes que recebi o bilhete eu estava sozinho, então – logicamente – a única pessoa que não pode ter enviado sou eu.

Quando eu disse que não sirvo pra ser detetive, eu estava falando realmente sério.

Mas, no dia em que quase fomos descobertos por SuHo por causa do bendito besouro – até hoje não encontraram ele –, todos voltaram para pegar a garrafa e quem deixou a pedra precisaria ser muito ninja para deixar o bilhete ali sem alguém percebesse. Isso quer dizer que essa pessoa voltou lá depois que saímos, no intervalo de tempo em que eu voltei para a cabana, cochilei e acordei JongIn porque havia lembrado da blusa.

Eu até queria poder dizer que não foi Sehun ou Kai, porque não escutei nenhum barulho. O pequeno probleminha – que ferra com todas as outras coisas – é que quando eu durmo, é como se eu hibernasse em outra dimensão na terra onde Judas perdeu as botas, então mesmo que algum dos dois levantasse e saísse sambando, eu não perceberia.

Mas há outra possibilidade. Eu odeio isso, sabe? Ter duas possibilidades. Muitos podem pensar, pelo menos não são três, fica mais fácil, mas são sempre aquelas duas que te deixam entre a vida e a morte, como ter que se decidir entre continuar a dormir ou levantar para pegar comida.

O anônimo poderia não estar entre o grupo, mas sim fora de vista. Entende? Como um espião que sabe tudo o que acontece e se finge de bobo no dia seguinte pra ninguém desconfiar do megamente que esconde por trás da expressão de morto inativo. E então ter se escondido atrás das árvores e tiver jogado a pedra sobre a minha blusa que estava atrás de mim. Eu não tenho olhos 360°, afinal.

E por fim ontem chegou.

Ontem eu tentei me esconder para evitar sentar com os veteranos, e até estava conseguindo. Dormi um pouco na cabana – isso enquanto eu deveria estar no vôlei, supondo que eu tivesse decidido voltar, mas achei mais interessante descansar um pouco –, mas depois da fogueira Jongin fechou a porta do quarto e falou que precisava ter uma conversa séria.

Começou um sermão e disse que eu sou um preguiçoso que foge das atividades, e eu, como um bom campista que concorda com tudo que os veteranos dizem – só por isso –, concordei.

Então ele teve a brilhante ideia de fazer com que Kyungsoo me ajudasse no vôlei. Isso por três razões. Primeira: eu aprenderei a jogar; Segunda: D.O estará de olho – e que olho, meu bom Jesus, me mantenha vivo – em mim, certo de que eu não irei furar esta atividade, e; Terceiro: nós precisávamos resolver um desentendimento.

Imediatamente me arrependi de ter surtado com Kyungsoo por compará-lo a uma bola em questão de capacidade de assustar.

Entrei em crise psicológica durante a noite e infelizmente mais possibilidades sobre o anônimo percorreram minha mente, pode existir um complô entre alguém que estava no grupo com alguém que estava fora, ou que na verdade não se trata de uma pessoa, e sim todos os garotos armando pra tirar com a minha cara, e mais outras possiblidades, mas que não fizeram tanto sentido quanto essas.

Arrependo-me também de ter dito que odeio ter duas possibilidades, porque com quatro nas costas, o que eu mais quero é chegar a uma só.

E agora, com esta bola em mãos, encaro os olhos de Kyungsoo, fingindo estar tranquilo, quando lá no fundo reprimo a vontade de correr e me sinto um pouco culpado por nossa última conversa.

– Certo – respira fundo. Ele evidentemente não quer estar aqui quanto eu – podemos começar com um jogo rápido pra ver o que você precisa melhorar.

Pega a bola e se afasta. Estamos num gramado afastado perto do riacho para que eu tenha total atenção. Tenho até um professorzinho particular, e tudo isso é pra que eu me interesse por alguma coisa que não seja ficar deitado, sentado ou comendo.

Ele joga a bola para mim suavemente e a estapeio da forma mais rápida que meu cérebro consegue processar. Kyungsoo ri e a busca no meio das árvores.

– O.K – para de frente para mim – você precisa ficar na posição certa, preparado para quando a bola vier.

– Posição? – franzo o cenho.

– Assim – flexiona as pernas – e você arruma seus dedos desse jeito – coloca uma mão sobre a outra e ajeita os dedos.

Agora é a minha vez de rir.

D.O me olha sem entender, mas tenho certeza de que me entenderia se pudesse ver o quão engraçado ele está.

– Se você colocar as mãos nos joelhos vai parecer que tá dançando-...

– Baekhyun! Isso é sério! – endireita o corpo rapidamente – não sei do que você tá rindo, vai ficar assim também. Vai, posição.

– Eu não vou fazer isso – coloco as mãos na cintura – nem ferrando.

Nem preciso dizer que um minuto depois eu já fiquei na posição.

– Pode rir agora – me encara.

– Pra mim já deu – cruzo os braços – você acha que pode ficar me obrigando a fazer essas coisas ridículas?

– Eu? – ri esbanjando sarcasmo – eu só estou aqui porque fui obrigado pelo Jongin! Acha mesmo que eu quero ficar com você quando poderia estar treinando com todo mundo? Fala sério. E eu nem ‘to ganhando pra isso! Então é melhor você ficar na porra dessa posição antes que eu afunde você nesse riacho!

Pedindo com essa delicadeza, quem não obedeceria?

Flexiono novamente as pernas e arrumo minhas mãozinhas como um cãozinho adestrado. Nenhum dos dois quer estar aqui, principalmente quando eu sou a companhia dele e vice-versa, mas Jongin vai largar do meu pé só quando eu sair daqui jogando. Nem pra ele me mandar ter aulinhas particulares de canoagem com Chanyeol.

– Outra vez – joga a bola para mim e eu até consigo, mas ela sobe tão alto que acaba virando um pontinho no céu cinzento e volta rapidamente. Protejo minha cabeça com os braços e saio correndo – Baekhyun! Volta aqui! Tente movimentar seus punhos para frente, o adversário tá no campo oposto, e não num avião.

Retorno para perto dele e tentamos mais algumas vezes num silencio torturante.

– Você tem jeito pra coisa – diz quando rebato – menos trabalho pra mim.

– Obrigado por se importar – digo irônico.

– Mas ainda tem um probleminha – entorta a boca – esse seu medo da bola.

– Tá vendo isso aqui? – aponto o dedo para o meu nariz – talvez seja por isso.

Kyungsoo ri e tenho a estranha sensação de que não está sendo falso.

– Vamos jogar três cortes.

– Eu não aguento mais – faço bico – meu corpinho não é resistente o suficiente.

– Só mais isso – me fita – depois nós ficamos na boa e esperamos um tempinho pra voltar e dizer para o Jongin que treinamos muito.

Não sei ele está fazendo isso por mim ou por ele. Acho que a segunda opinião.

Jogamos algumas vezes, e meu corpo até fica dormente com as inúmeras vezes que sou acertado pela bendita bola.

– Não acha que já ‘to ferrado o suficiente? – acaricio meu braço recém-atingido.

– Você nasceu assim.

Reviro os olhos e tento acertá-lo, mas ele é rápido demais em desviar.

Sentamos na beira do riacho. Fico descalço e dobro as barras da calça para afundar meu pé na água gelada. Balanço os pés num ritmo de uma música qualquer. Não me permito ficar muito distraído, ainda estou receoso sobre Kyungsoo. Imagina se ele me joga? Aí eu morro afogado sem ninguém para me ajudar.

Tal pensamento faz com que eu me afaste um pouco do moreno que está sentado com as pernas cruzadas ao meu lado.

Eu até poderia começar um papinho com ele sobre Chanyeol, já que são amigos e essa coisa toda. Talvez consiga algumas informações, como “ele é gay?”, “há alguma possibilidade de eu convertê-lo para o meu time?”, “supondo que ele seja, eu faria o tipo dele?”. Não, eu jamais teria tanta cara de pau para fazer isso.

– Como é a sua cabana? – pergunto.

– Igual a todas as outras – Kyungsoo me olha um pouco confuso e responde como se fosse algo óbvio.

– Sim, eu sei – solto o ar pela boca. Ah, céus, como eu vou contornar a situação? – é que eu meio que estou passando por alguns problemas de convivência na minha.

– Problemas de convivência? – inclina a cabeça.

– Desentendimentos, desorganização...

– Entendi – diz um pouco pensativo – na verdade é normal. Luhan não tem muita coisa, e geralmente as deixa no lugar. Chanyeol tem bastante coisa e é um pouco organizado até, mas costuma quebrá-las sem querer toda hora. Não que eu goste, mas eu arrumo o lugar quando é preciso. Qual é o problema na sua?

– Não, eu acho que... – droga, não posso começar a inventar coisas de Jongin e Sehun, seria desleal – o problema sou eu. Deixo tudo bagunçado e não sei como parar com isso.

– Então trate de arrumar logo, antes que cansem de você. Ninguém merece ficar arrumando bagunça alheia. Eu que o diga. Mas apenas faço isso porque nós somos como três irmãos. Ainda que briguemos vez ou outra por coisas banais, eu os considero muito – pausa e me olha bem no fundo dos olhos, fazendo com que um friozinho se propague em minha barriga – eu nunca disse isso, tá?

Esse é orgulhoso, um dos meus.

– Eles costumam se aproveitar quando digo essas coisas – completa.

– Eu aproveitaria.

– É, mas eu não te considero como um irmão.

Ai, essa doeu.

– Desculpe – levanto as mãos em rendição – quando for pra dar coice me avisa, eu estarei bem longe.

– Sensível? – arqueia uma sobrancelha.

– Eu não sou sensível – fecho a cara – eu só sou humano. Tenho sentimentos e não é todo dia que alguém me diz “você não é bom o suficiente para ser considerado como um irmão, ninguém gosta de você”.

– Você é dramático, isso sim – empurra meu ombro para o lado e acabo me aconchegando no chão mesmo.

– Nem sou – encaro o céu – acho que vai cair um toró.

– Espero que não – deita no gramado – hoje todos irão acampar e eu realmente gosto disso.

– Nós já estamos acampando.

– Acampar é montar a barraca no mato e fazer fogueira.

– Meu bom pai! – levanto-me rapidamente, totalmente descrente – me diz que você tá brincando!

– E por que eu brincaria? Tá feliz?

– Eu ‘to horrorizado – passo a canhota pelo cabelo – vou dormir junto com os besouros e outros bichos asquerosos? Que horror!

– Você é um mimado. Se tá na chuva é pra se molhar – ri – não leve ao pé da letra, não pode chover hoje.

– Mimado? Sou realista! Como você consegue?

– É legal, Baekhyun, para de ser fresco.

– Eu preciso é me preparar – fico em pé e pego meus calçados – até mais Kyungsoo, hoje foi um treino muito cansativo. Vejo você à noite quando formos acampar?

– Acho que não. Eu ter que treinar com você não significa que já temos intimidade suficiente para tal.

– Já não disse pra você me avisar quando fizer isso? – coloco a mão no peito para enfatizar meu drama.

– Vai logo, só não deixar Jongin te ver. Ficarei mais um pouco aqui – concordo com a cabeça e sigo a margem do riacho, sabendo que ela me trará de volta ao refeitório – Baekhyun?

Giro nos calcanhares para olhá-lo.

– Não fale para ninguém sobre acampar. SuHo gosta de avisar um pouco antes, como uma surpresa.

– Não se preocupe, sou um túmulo.

 

 

 

– O quê? – Sehun abre a boca.

– É isso mesmo! E nós vamos montar barraquinhas no meio daquele mato! – balanço a cabeça negativamente, tentando deixar claro minha insatisfação.

– É maravilhoso – sorri – até parece aqueles filme de aventura!

– Sim! Muitas aventuras, tentando sobreviver apenas com o fogo e a comida que encontrarmos! – digo falsamente.

– Não é?

Reviro os olhos e dou um tapa em sua cabeça.

– Acorda – pego minha tigela de sopa, seguido do mais alto – vai ser um tédio.

Tento procurar uma mesa bem distante da turma dos veteranos para me sentar, ainda sob o efeito da chantagem do anônimo. Entretanto, Jongin levanta a mão bem alto assim que me vê e grita meu nome. Tento ignorar e aperto o passo até a mesa vazia mais próxima.

– Olha o Kai ali chamando a gente.

– É... – continuo andando.

– Vamos lá – segura meu braço e praticamente sou arrastado enquanto tento equilibrar minha sopa numa mão.

– Sehun... – solto o ar pela boca.

Mas quando percebo, ele já está sentando-se ao lado de Jongin. Apenas o acompanho e prendo a respiração ao ver que o único lugar disponível para mim é entre ele e Chanyeol.

Jesus me segura.

É hoje.

Ajeito-me um pouco colado a Sehun para não ter que relar no mais alto, mesmo que eu tenha vontade de fazer totalmente o contrário. O cheiro de Chanyeol é o mesmo. O mesmo cheiro levemente adocicado e inebriante. Se eu pudesse voltar àquela noite em que caí sobre ele eu daria replay infinitamente.

– Olá pessoal! – Junmyeon aparece perto do balcão de merendas, próximo a Jongdae – tenho algo para dizer a vocês! Eu sei que devia ter dito antes, mas gosto de surpreendê-los – Kyungsoo olha rapidamente para mim como se dissesse eu não falei? – hoje nós vamos acampar! – diz empolgado.

Todos pulam e gritam de alegria, mas a única coisa que cabe a minha pessoa – acho que sou o único consciente aqui – é levar a minha colherzinha para boca como num jantar normal.

– Se acalmem! – SuHo ri – cabem no máximo duas pessoas em cada barraca, então peço que já escolham suas duplas porque elas serão entregues na saída do refeitório – seguro o braço de Sehun e ele confirma com a cabeça ao me olhar – podem ir.

Podem ir?

Só pode estar de brincadeira! Por que tá todo mundo levantando? Calma aí minha gente, eu nem tomei minha sopinha ainda! Voltem para os seus lugares! Droga! Droga!

Sem escolha, levanto-me junto aos outros e os veteranos já se encaminham até a saída para a distribuição. Junmyeon observa tudo sorridente, mas colocar as mãozinhas branquinhas e limpas pra trabalhar nem passa por sua mente. Pois é, quem sabe na próxima vida eu nasça rico pra nadar na minha piscina de dinheiro como ele deve fazer. Até parece uma versão humana do Sr. Sirigueijo.

O próprio Luhan entrega a cabana para nós. Seus lábios esboçam um sorriso singelo e ele engole em seco.

Aqui vai mais uma confissão para entrar na lista das coisas que nunca serão ditas em voz alta por Byun Baekhyun: eu até tinha simpatizado com o ruivinho, mas essa aproximação de amiguinhos não me agrada. É sempre aquela coisa. Você tem um amiguinho, apresenta pra outro amiguinho e eles viram amiguinhos. Acontece que são dois amiguinhos legais que não podem ser amiguinhos um do outro porque são amizades diferentes e eles precisam focar em você. Porque você é a porra do amigo que tem dois amiguinhos.

Mas parece que a vida não decidiu facilitar as coisas pra mim.

Se Oh Sehun acha que vai me trocar por esse garoto com cabelo cor água de salsicha, tá muito, mas muito enganado. Ninguém me substitui. Primeiro porque eu sou Byun Baekhyun. E segundo por que... Bom, só um motivo já é suficiente.

Voltamos para a cabana e deixo que Sehun leve a barraca ainda – obviamente – desmontada. Enfio algumas coisas na mochila e coloco água no meu feijão, sem nem sequer me importar em ver se ele está se desenvolvendo ou não.

– Você não tá nem aí ‘pro seu – Sehun diz depois de aguar a própria plantinha.

– E quem liga? – fecho a porta após ele sair – não é como se eu fosse comê-los depois.

– Tão insensível – caminha ao meu lado – enfim, as lanternas estão aí?

– Estão – confirmo com a cabeça – e você sabe montar barracas?

– Tá falando com o profissional.

 

 

 

– Sehun do céu – não sei se rio ou choro – me diga que você só tá zoando com a minha cara e vai montar de verdade agora.

– O que tem de mau? – coloca as mãos na cintura e olha para a barraca que mais parece um pedaço de lona que rodopiou num furação – achei que ficou legal.

– Jongin – ando até o moreno que acaba de montar sua própria barraca do lado oposto da fogueira – me ajude com a barraca, eu quero dormir essa noite, se possível.

Kai olha direção para qual meu dedo aponta e lá está aquela obra do satanás com um Sehun sorridente, como se estivesse orgulhoso por isso. E sabe qual é o pior? Eu acho que ele realmente está.

Sentamo-nos perto da fogueira e Luhan se aproxima, sentando ao lado do loiro. Eu já disse que não gosto disso? É, não gosto. Ele tem um monte de coleguinhas, deixa o meu em paz. Ou poderíamos fazer uma troca. Sehun por Chanyeol. Muito justo.

Sorrio sem perceber. Essa ideia é um tanto idiota, e eu não trocaria Sehun, mesmo que seja por Park Chanyeol, porque odiaria que ele fizesse isso comigo.

Entre tantos pensamentos que rondam a minha mente, desta vez apenas um me perturba. E ele não é Park Chanyeol.

A cada um segundo, olho para o céu. Não há estrelas.

Vou contar um segredinho.

Eu morro de medo de chuva.

Se cair um toró eu caio duro no chão.

Mas tudo bem, faz dias que o céu está cinzento, não posso ter tanto azar assim.

Ao longe, a escuridão se ilumina num relâmpago.

Viro a cabeça que até faz meu pescoço estralar com a rapidez e arregalo os olhos para Sehun que parece entretido demais na conversa com o ruivinho.

– Você viu isso?

– Vi o quê? – franze o cenho.

Balanço a cabeça, para que ele esqueça.

Talvez eu esteja tendo alucinações. É. Só pode ser isso. Um relâmpago? Pft! Totalmente impossível. Pelo amor de Deus, alguém me ajuda. Eu tenho horrores de trovões e toda essa coisa. Ainda mais aqui. Os jornais sempre dizem para não ficarmos perto de árvores e olha onde eu estou!

Alguns pingos finos caem em meu nariz e meu cérebro processa a informação. Não pode ser chuva. Senhor. Junto as mãos e digo os nomes de todos os santos conhecidos. Isso não pode estar acontecendo.

É só uma chuvinha.

Vai virar um toró.

Alguns pinguinhos.

Você viu um relâmpago.

Foi minha imaginação.

Essa chuva é só imaginação?

Pessoal – Junmyeon diz num megafone – está começando a garoar. Por favor, todos entrem em suas barracas.

Os pingos começam a se intensificar e não penso duas vezes em me esconder naquele pedaço de lona. Corro para lá seguido de Sehun e fecho o zíper, abraçando minhas próprias pernas.

Um trovão ribomba e gemo em pura frustação.

– Tenta dormir – Sehun me fita.

– Eu não consigo.

Meu coração está acelerado e, caramba, estou tão vulnerável! Reprimo o choro, não quero parecer um garotinho que chora por uma coisa dessas. Mas na verdade, eu sou um garotinho que chora por uma coisa dessas.

O ar fica gélido e o cheiro de chuva toma o ar. O céu parece cair lá fora num segundo e quando me dou conta, já estou chorando.

– Você tem medo? – Sehun sorri.

Fungo e limpo meus olhos. Outro trovão ribomba e sinto que vou desmaiar a qualquer momento. Escuto alguns gritos e algo do lado de fora bate contra a lona em minhas costas.

– Vou lá ver – o mais alto se levanta e abre o zíper.

– Não! Você quer morrer? – seguro a barra de sua blusa.

– E eu sou feito de açúcar? – sai e fico todo molhado com os pingos que adentram pela abertura nesse intervalo de tempo.

Espero pacientemente, contando cada segundo que não passa. Sehun não volta e não sei se tenho mais medo de estar sozinho ou do que pode acontecer com ele.

Meu corpo inteiro treme e escuto mais vozes, entre elas, a de SuHo, pedindo para que todos retornem ao acampamento. Onde está o Sehun? Eu vou matar aquele garoto. Se é que ele já não foi levado pelo vento. Eu hein, para de pensar essas coisas, Baekhyun.

Decido sair daqui, já que é o que parece que todos estão fazendo. Abro o zíper novamente e o ar atinge meu rosto como se eu estivesse a 130 km/h. É rápido demais quando minha barraca voa e por pouco não vou junto.

Eita porra.

Quando me dou conta, já estou caído com as mãos e os joelhos no chão, enquanto a chuva castiga friamente meu lindo rostinho. É claro que eu já nem sei separar mais o que é gota e o que é lágrima, mas não posso desistir agora. Primeiramente porque preciso procurar Sehun, e segundamente porque minha barraca decidiu voar pra longe. Literalmente.

Grito o nome de Sehun e isso aqui tá o caos. É tanta gente correndo, gritando, tanta lanterna e eu nem sei onde enfiei a minha. Sou empurrado e por um triz não caio de cara na mistura de grama e terra molhada abaixo de meus pés.

Aqui estou eu. Perdido. Totalmente perdido. Não sei nem ao menos voltar para o refeitório. Não sei onde estou. Só sei que estou com um medo danado e tremendo até os ossos. Mas ainda assim continuo a chamar por Sehun.

Sehun! Onde você se meteu, seu jumento! – grito, lutando contra meus dentes que batem inconscientemente.

– Baekhyun!

Procuro a voz por instinto, e sinto que ela não é a de Sehun. Mas a essa altura, eu posso dizer que já não sinto nem minhas próprias pernas. E como um anjo, um deus, um anjo esculpido pelos deuses, vejo Chanyeol correndo em minha direção.

Alguém já pode me beliscar.

Se eu falo dormindo, não quero nem imaginar as coisas que estou dizendo.

Seria patético demais se eu me beliscasse aqui, em pleno fim de mundo. Não sei se choro, chamo pelo loiro ou olho para trás pra ter certeza de que foi mesmo Chanyeol me chamando.

– Vem – Chanyeol segura a lanterna numa mão e envolve meu pulso com a outra.

Mas como o jegue que sou, afundo meus pés na terra que já está numa transformação para areia movediça.

– Sehun... – sussurro e tento procurá-lo com o olhar.

O mais alto percebe minha hesitação e me fita confuso.

– Pelo amor de Deus, Baekhyun – diz com a voz alta para se sobrepor à forte chuva e envolve-me em seus braços, incentivando-me a andar.

Caminho às cegas, por conta da iluminação precária e minhas próprias lágrimas. Eu poderia estar gritando de felicidade, eu realmente amaria a situação se não tivesse essa chuva idiota para estragar tudo.

Abraço seu tronco e mesmo com toda essa bagunça, seu cheiro me acalma. Tropeço uma, duas, três vezes. Num movimento rápido, Chanyeol me pega no colo e não perco tempo em abraçar seu pescoço – acima de tudo, não sou idiota, convenhamos –, sentindo o calor de seu corpo enquanto ele tenta andar às pressas.

Sinceramente?

Eu odeio o modo como ele aparece de repente, sem que eu esteja devidamente preparado. Entretanto, devo dizer que acontecimentos inesperados são os melhores, e mesmo que eles envolvam seus piores medos ridículos, tudo fica bem melhor quando alguém te abraça e... Meu Deus, eu já falei que ele tem um cheiro maravilhoso?


Notas Finais


Sim, as coisas aconteceram num fôlego só, mas eu gosto dessas coisas inesperadas.
Incertezas nebulosas: https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-exo-incertezas-nebulosas-5123652


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