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História Acampando no coração de Park Chanyeol. - O que tá acontecendo?


Escrita por: wtfsehunnie

Notas do Autor


Hello, it’s me
Gente, eu sei que eu demorei, mas eu meio que estava planejando o capítulo, em como as coisas dele podiam influenciar nos próximos e tal, então precisei tomar cuidado.
Agradeço pelos favoritos e os – lindos – comentários.
Tenho uma coisa pra dizer e, por favor, não me matem. Eu queria acabar essa fanfic o mais rápido possível depois que as aulas começassem pra poder me concentrar no estudos, mas o próximo capítulo provavelmente saíra apenas no dia 25 – sim! Hoje ainda é dia 9! –. Acha que aguentam? Aguentam sim <3
Sim, estou postando de dia, mas é porque há grandes chances de eu não poder postar depois. Fui deixando pro final do dia e acabava o dia e eu não acabava o capítulo.
Falei muito, né?
Aproveitem ♥

Capítulo 8 - O que tá acontecendo?


Sou deixado sentado sobre uma mesa do refeitório. A iluminação do local faz com que meus olhos doam e num momento desconcertante, vejo dois Chanyeol’s em minha frente. Isso é bom e ruim. Bom porque um já é demais, dois é estar no céu. Ruim porque por alguns segundos não sei qual deles é o verdadeiro.

Meu corpo ainda treme e estou soluçando.

Você não está mais na chuva, pare de chorar.

Mas o pior de tudo é que agora sei que posso chorar sem que nenhum raio me atinja, e isso faz com que eu me contenha ao máximo para não abrir um berreiro aqui mesmo.

– Preciso voltar – Chanyeol faz menção de ir.

– Não! – agarro o pano de sua camiseta – voltar para onde?

– Voltar para procurar mais campistas.

Ele seca minhas lágrimas com o polegar, como se o resto de meu corpo não estivesse todo encharcado e trêmulo. Onde está Sehun? Eu vou matar aquele desgraçado.

Se Chanyeol for, talvez o encontre. Mas há tantos outros veteranos que provavelmente estão à procura de campistas, com certeza irão achá-lo. Tento ignorar a vozinha em minha mente que insiste em me perturbar.

Ele não estava salvando exclusivamente você, está apenas fazendo o trabalho dele.

Respiro fundo e por um segundo eu quero é que o anônimo se dane.

 – Fica aqui – o puxo para perto.

Não que tenhamos intimidade para tal aproximação – eu adoraria ter –, mas meu estado deve estar tão precário que ele não recusa. A esta altura eu não estou mais com tanto medo assim, mas já que ele está aqui, seria idiotice não agarrar essa oportunidade.

Abraço seu tronco e deito minha cabeça em seu peito. Seu corpo acomoda perfeitamente o meu e sinto seu calor reconfortante emanar através de suas roupas.

OK.

Talvez – só talvez – eu esteja me aproveitando demais da situação. Mas Byun Baekhyun não conhece a palavra limites, meus caros. Antes fazer do que me arrepender de não ter feito.

Entretanto, felicidade de pobre dura pouco e Chanyeol dá um passo para trás. Finalmente tomo coragem para olhar em seus olhos. Por um segundo me lembro de Sehun, já que Chanyeol não esboça nenhuma expressão.

– Eu realmente preciso ir.

– Chanyeol – Jongin o chama e imediatamente ele se afasta. D.O se aproxima acompanhando o moreno – parece que não há mais ninguém lá fora.

– Ah, que ótimo – suspira.

– Não! – chacoalho a cabeça – há sim! Onde está o-...

– Cadê o Sehun? – Luhan aparece e olha para o rosto de cada um de nós, demorando mais para me fitar, já que provavelmente espera que eu responda.

– Ah, meu senhor – choramingo e coloco as mãos no rosto.

Dirijo meu olhar à porta que se abre neste exato momento. Pisco algumas vezes ao ver Sehun adentrando o local, para ter certeza de que meus olhos não estão me pregando uma peça. Independente se for ou não, grito seu nome e desço da mesa num pulo, correndo o refeitório inteiro em sua direção.

O garoto loiro me olha e abre um sorriso enorme. Estou numa mistura de raiva e alívio. Todos os xingamentos existentes na face dessa Terra e do universo inteiro passam por minha mente. Eu quero chutá-lo tão forte de modo que ele saia rolando até o riacho.

– O que você pensa que... – minha voz está alterada, mas não continuo a falar, pois tropeço em meus próprios pés e tenho tempo apenas para colocar as mãos a frente do corpo antes de me esborrachar no chão.

– Baekhyun! – Sehun se agacha e me ajuda a levantar.

– Tira essas mãos de mim! – desvencilho-me de suas mãos quando já estou em pé – onde você estava, seu louco? – desfiro vários tapas em seu braço – quer me matar do coração, garoto? Quem você pensa que é pra me dar um susto deste? Nem o possuído do KyungSoo fez meu coração parar desse jeito! Me fala!

– Ai, Baekhyun – tenta me afastar e segura minhas mãos, mas o chuto enquanto ele me encara.

Ai? Eu te fiz uma pergunta! – remexo-me para me soltar, mas ele é mais forte que eu – onde você estava?

– Eu estava procurando você – me encara.

Paraliso e engulo em seco. Ele solta meus pulsos e nos encaramos.

– Sehun! – Kai o abraça e o mais alto se desequilibra um pouco.

Percebo que os outros que deixei para trás também vieram, mas ainda processo o que Sehun acabou de me dizer. Bati nele quando na verdade deveria abraçá-lo.

– Eu vou fingir que não escutei a parte do possuído do KyungSoo – D.O fica ao meu lado e sinto meu rosto ferver de vergonha.

Percorro os olhos pelas pessoas, mas não sei onde está Chanyeol.

 

A cada segundo que se passa sinto como se a chuva estivesse ensopado todos os bilhetes, porque o que eu mais quero é que aquele anônimo vá se ferrar.

Agora que já sei onde Sehun de meteu, preciso correr atrás de Chanyeol – principalmente porque que tenho um motivo convincente pra conversar com ele – esteja onde ele estiver. Ele não pode estar lá fora porque a chuva ainda está forte, entretanto, é tão difícil ver um palmo à minha frente com esse mar de pessoas se espremendo. O pior é que estão todas molhadas e o piso branco está cheio de pegadas. Que horror.

Procuro em todos os cantos e só me resta um lugar.

Eu até poderia criar a minha fantasia, imaginando minha entrada no banheiro e encontrando-o vazio com um Chanyeol lindo e maravilhoso pensativo com o corpo encostado na pia e então vivenciar o típico frio na barriga. E talvez escutar alguém se aproximar, trancarmo-nos na cabide espremidos e nos beijarmos. Acontece que, se você acha que isso vai acontecer com você, só faça uma coisa: acorde.

Eu nem vou sonhar com isso, primeiro porque não tem nem como imaginar algo assim sendo que antes mesmo de eu passar pela porta as vozes já indicam que o banheiro está cheio de gente grudenta e molhada. Mas como a esperança é a última que morrer, cá estou eu com meus lindos pés entrando nesse lugarzinho cheio de corpos.

Quase sou cuspido para fora antes mesmo de entrar. Tudo bem, não posso desistir. Com minhas mãos delicadas, não tenho outra opção a não ser incorporar a masculinidade pouco existente em mim – brincadeira, eu sou muito másculo, todos sabemos – e sair empurrando todo mundo pelo caminho.

A culpa não é minha se metade dos campistas decidiram entrar aqui justo agora. Até eu que morro de medo de trovões não fiz número um nas calças, então por que todos correram pra cá? Nem pra darem o fora por um tempinho só pra que eu tenha meu momento romântico. Essa vida não dá trégua pra ninguém.

Algumas pessoas me xingam e tentam me empurrar também, e o que resta é xingar de volta e manter o foco de seguir em frente.

 – Alô meus amigos, é só pra fazer xixi, não pra esperar a digestão – reclamo, já que essa barreira de campistas está mais parada que andando, mas acho que ninguém escutou.

Quando finalmente – só não ajoelho aqui pra agradecer porque não tem espaço e chão de banheiro masculino é uma coisa horrível, nem pra mirar certo eles miram – chego perto das pias, posso ver Chanyeol.

Nossa, que máximo, consegui encontrá-lo!

Calma aí, minha gente.

Eu só não dou um soco na cara dele porque ela é muito linda.

Chanyeol está saindo do banheiro e tenho até vontade de chorar aqui. Era mais fácil eu ter esperado do lado de fora. Então lá vamos nós.

Respiro fundo. Bem fundo pra acalmar a alma. E enfrento esse bando de garotos impedindo passagem. Saio empurrando as pessoas, até porque pedir com licença não me parece muito eficiente nessa situação.

– Caralho, você de novo – Kris me olha irritado quando eu o empurro pra passar.

– E você queria o quê? – o encaro com a cara mais carrancuda dos últimos séculos – que eu saísse pela janela?

Ele apenas revira olhos, mas não posso perder tempo. Por isso retomo a travessia com muita garra e força de vontade. É tanto empurra-empurra que só não caio porque não tem chão pra cair em paz.

Suspiro após ser praticamente jogado pra fora. Pelo menos eu saí. E outra vez, volto a estaca zero. Chanyeol, meu querido, assim não dá.

Vasculho todo o refeitório e quanto mais o tempo passa, mais sinto meu motivo para conversar com Chanyeol mais inútil. Eu até desistiria, mas estou falando de Byun Baekhyun. E Byun Baekhyun não desiste fácil. Não passei por tuuuuudo isso – convenhamos, minhas férias aqui no acampamento estão longe de ser normais – para nada, então não posso deixar que um pedaço de papel me faça desistir.

Estou prestes a entrar na cozinha, ignorando totalmente a placa com os dizeres entrada restrita. Abro a porta, mas ela também é aberta por outra mão do lado de dentro.

– O que você quer aqui? – JongDae, o cozinheiro que claramente não vai com a minha cara, me fita sério.

– Oi pra você também – faço meu melhor sorriso falso.

– Me responde – encosta no batente – não leu a placa?

– Que falta de educação a sua não me cumprimentar – coloco as mãos na cintura.

– Oi – semicerra os olhos – o que você quer aqui?

– Como você tem coragem de me barrar assim? Olha o meu estado! Estou todo molhado e com frio-...

– E com esses pés sujos de lama! Nem pense em entrar na minha cozinha! – chacoalha as mãos, me expulsando – vamos! Chega de conversa fiada, dá o fora!

– Meus pés não estão sujos de lama, se você quer saber – levanto meu pé direito para ver a sola do tênis.

– Ah, sim – riu com sarcasmo – você veio voando, por acaso?

– Esse não seria o termo correto, mas...

– Eu não quero saber, tá? – dá um passo para frente e fecha a porta. Nem deu tempo de dar uma espiadinha lá dentro – agora sai, antes que eu chame SuHo. Você não quer isso, quer?

– E quem disse que eu tenho medo dele?

– Ter medo de quem? – uma terceira voz se intromete na conversa.

SuHo está ao meu lado, mas não parece intimidador, acho que só está curioso pra saber do que estamos falando mesmo. Suas roupas estão um pouco molhadas e o cabelo também, mas continua – vamos confessar que ele é – bonito.

– De v-...

– Ninguém – tapo a boca de JongDae – de ninguém.

O cozinheiro afasta minhas mãos rapidamente e revira os olhos, antes de passar por mim e se misturar à multidão.

– Ele não está de bom humor – Junmyeon comenta.

– Algum dia ele já esteve? – sorrio com a ideia que surge em minha mente – ah, é. Eu já estava esquecendo. JongDae pediu que eu pegasse algumas coisas na cozinha.

– Pediu? Por que ele não pediu para mim?

– Ah, sabe como é – comprimo os lábios – você deve estar bastante ocupado com essa chuva repentina. Várias pessoas devem estar te procurando, sem contar os prejuízos.

– Prejuízos? – franze o cenho – que prejuízos?

Uau, como ele se preocupa com as pessoas que estão o procurando!

– Eu não sei, escutei uma conversa do – de quem? Pensa rápido – Sehun! É, do Sehun. Acho melhor você perguntar pra ele.

– Onde ele está?

– Perto da porta de saída – aponto para longe.

– Obrigado.

Solto o ar pela boca e olho à minha volta, para ter certeza de que ninguém vai me notar. Encosto as costas na madeira e abro a porta com a destra atrás do corpo. Num movimento só, vou pra dentro e a fecho.

Encaro o minúsculo corredor. À direita o banheiro para funcionários, depois o lugar dos estoques e outras coisas que não me dei o trabalho de ler.

Caminho direto para a cozinha, virando a última porta à esquerda. Devo dizer que este cômodo é enorme. Há vários balcões com lugares para picar os legumes, fogão, superfície para as massas e todas essas coisas que por algum motivo me lembra restaurantes chiques de Paris.

Um cheiro maravilhoso invade minhas narinas – e não é de Chanyeol – quando adentro o enorme cômodo. Cheiro de chocolate.

A cena que eu presencio é uma das mais maravilhosas e fofas de todo o mundo. Chanyeol está de costas com um avental amarrado ao corpo enquanto mexe numa panela sobre o fogão.

– Não sabia que era cozinheiro – arrisco-me a dizer. E se ele for ranzinza como JongDae, já preparo meu psicológico para ser chutado para fora. E o meu emocional também, porque ser expulso pelo cozinheiro até vai, mas pelo cozinheiro senpai é triste.

Chanyeol olha para mim quase que instantaneamente. Não esconde a surpresa com seus olhos levemente arregalados e a boca entreaberta. Eu quero sair correndo e agarrar esse garoto, alguém me segura.

– Eu sou não – sorri – só estou fazendo brigadeiro. JongDae me deixa ficar aqui às vezes, mas isso fica só entre nós, tá?

Nada de “o que você está fazendo aqui?” ou “Saia já!”, o que é um bom sinal. Por isso dou alguns passos e fico ao lado dele. Chanyeol desliga o fogão e busca duas colheres numa gaveta.

Ele vai comer com duas colheres, ou...?

Volta e me entrega uma.

É HOJE.

TEM QUE SER.

Coloca o brigadeiro num prato e nos sentamos aqui no chão mesmo, lado a lado. Pra falar a verdade, eu ainda estou processando todas as informações que passam por minha mente. É como se uma metralhadora de emoções atingissem meu coração, minha cabeça e me destruísse inteiro para depois me deixar inteiro. Você me destrói inteiro e me deixa inteiro. Profundo. Vou guardar pra quando nós formos oficialmente um casal.

Devo comentar que ele cozinha muito bem, aliás, ainda procuro algum defeito nele. Ou eu sou péssimo em enxergar defeitos, ou gosto até dos defeitos, ou ele não tem mesmo.

Até me sinto num filme, com o garoto perfeito. É claro que nada nunca é perfeito demais, porque quando é, pode ter certeza que aí tem coisa. Mas como nem tudo está dando certo pra mim – alô anônimo –, talvez isso seja real.

– Eu queria agradecer – levo uma colher à boca e encaro o chão – por ter me tirado de lá. Eu odeio chuva. Tenho medo dela.

– Só fiz o que precisava fazer. Essas coisas sempre acontecem. SuHo não costuma olhar a previsão.

Não sei se ele percebeu, mas podia dizer algo mais romântico. Por que ele diz como se eu fosse apenas mais um? Como se ele só estivesse me salvado porque eu estava ali e caso contrário ele oferecia ajuda para qualquer um que precisasse.

Espera aí.

É exatamente o que ele disse e quer dizer.

Enfim, caso ele não saiba, fazer com que eu me sentisse um pouquinho – mesmo que seja só um pouquinhoinho – especial, seria bom. Entretanto, apesar de eu ter quebrado a cara – ou o nariz –, continuo esperando o impossível. Faz parte da vida, que por sinal, não tá fácil. Pra ninguém.

– Soube que você dá aulas de canoagem.

– Andou reparando bastante em mim.

Nossa senhora.

Que isso.

Eu não.

Jamais.

O brigadeiro dá piruetas em minha garganta e engasgo. Inicio uma série de tosses maravilhosas enquanto o mais alto coloca o prato no chão e corre para pegar um copo d’água.

Aproxima-se e se agacha ao meu lado, entregando o copo para mim. O pego com as duas mãos e tomo um gole para logo tossir outra vez. Fecho os olhos e respiro calmamente – ou pelo menos tento – e volto a deixar o líquido descer pela garganta.

– Obrigado – minha voz sai falha.

– Você tá bem? – afasta a franja de meus olhos e me fita de pertinho.

Nesse momento não, mas eu estaria se você não estivesse tão perto. Pode continuar, gostei.

Concordo com a cabeça sem capacidade pra falar uma sílaba sequer. Chanyeol volta a sentar ao meu lado e dobra as pernas, equilibrando o prato de brigadeiro em seus joelhos outra vez.

– Foi culpa desse seu brigadeiro – digo no melhor tom sério e másculo, entretanto, o problema é que eu não sou muito bom nessas coisas de ser sério e másculo.

– Não culpe meu brigadeiro – coloca mais um pouco de doce na colher.

– Culpo sim – eu preciso culpar alguém, né? Não posso entregar minha atração por você de bandeja – se você não tivesse me oferecido, eu não teria...

Ele enfia mais brigadeiro em minha boca com a sua própria colher.

– Cala a boca – diz baixo. Encaro-o segurando-me pra não começar a gritar alguns palavrões agora mesmo. Como assim ele acha que pode mandar os outros calar a boca? Eu vou é meter um soco nesse rostinho. Porém, a única coisa que faço é saborear o chocolate – você fica mais bonitinho quietinho.

Abandono a colher e o empurro. Intimidador? Não, acho que não. Isso porque ao invés de me levar a sério, ele apenas ri. Risada escandalosa, mas gostosa de escutar. Não, você precisa manter a pose de bravo, Baekhyun.

Ele me chamou de bonitinho.

Ele disse que você fica bonitinho quietinho, ou seja, só quando fecha essa matraca.

Ah, cala a boca!

Cala a boca você, idiota.

Mas eu sou você!

– Que droga! Fiquem quietos! – bato a palma da minha mão em minha testa repetidas vezes.

Chanyeol franze o cenho enquanto leva outra colherada até a boca. Com a mesma colher. Ele podia dificultar as coisas agorinha e não me distrair. Mas, ah, que coisa maravilhosa! Agora ele acha que eu sou um louco que fala sozinho. Isso quase nunca acontece, então, me diz Deus, por que justo agora?

Solto o ar pela boca.

Há alguns minutos eu estava dentro de uma barraca quase fazendo número um nas calças, e de repente estou na cozinha com Chanyeol fazendo o papel principal de trouxa na peça da minha vida. Parabéns para mim.

Quando me dou conta, ele já está de pé levando as coisas para a pia. O desgraçado ainda teve coragem de acabar com o brigadeiro enquanto eu refletia. Pode isso, produção? Não importa se eu reclamei, eu queria comer.

Levanto-me também, e por mais que fosse romântico se eu o ajudasse a lavar, mantenho-me à distância apenas observando a cena. Isso não é nada ruim. Com toda a certeza não.

Logo ele retira o avental e o pendura perto da porta, e mais uma vez eu o acompanho. O que dizer? O que dizer? Ah céus.

Silêncio constrangedor é extremamente constrangedor. Caminhamos para e saída e sinto como se meu tempo estivesse acabando, porque logo já não serei mais eu e ele. Baekhyun e Chanyeol. Duas metades da laranja. Bate coração.

– Acho que a chuva parou – sua voz me desperta dos devaneios.

– É, eu espero que sim – nossos passos ficam lentos à medida que chegamos mais perto da saída.

Espero que ele abra a porta, chegando à conclusão de que não farei e nem acontecerá algo empolgante desta vez. Desta vez. Eu não dou o braço a torcer. Se cheguei até aqui hoje, posso repetir a dose amanhã.

Chanyeol para com a mão na maçaneta e se vira para mim. Sou claramente pego de surpresa, mas tento sorrir para que meu nervosismo não fique tão aparente. O mais alto olha para mim e escuto as batidas de meu coração em todas as partes do corpo. Seus lábios se entreabrem num sorriso de lado – malicioso talvez.

– Você é uma gracinha, Baekhyun – todo meu corpo estremece e sua voz rouca se propaga diversas vezes em minha mente – mas eu não costumo furar olho dos outros.

Abre a porta e sai.

Simples assim.

Chanyeol vem, me arregaça todo – psicologicamente – e sai.

Fico estático e engulo em seco, com a cara mais perdida de todos os tempos.

Ele me chamou de gracinha?

Furar olho de quem?

A porta é outra vez aberta e me preparo para fazer inúmeras perguntas, mas dou de cara com JongDae.

– O que você está fazendo aqui? – o cozinheiro praticamente grita – eu já não falei pra cair fora? Pelo amor de Deus!

– Dá um tempo – o empurro levemente para que saia do caminho e saio também.

Toda a minha mente gira e tento procurar o mais alto em vão. Tudo bem. Nada pode piorar.

 

 

Tudo pode piorar.

Nunca diga que nada pode piorar, porque sempre tem como ficar pior, acredite.

E tudo ficou pior pra mim quando procurei Sehun em todos os lugares do refeitório e não o achei. A verdade é que com a trégua que esse temporal deu, resolveram sair pra procurar as barracas. Eles têm minha torcida, porque vou ficar por aqui mesmo.

Sento-me num banco e deito a cabeça sobre os braços, quem sabe eu até consiga tirar um cochilo. Entretanto, quando só resta a minha pessoa neste lugar e assim que vejo JongDae surgir na porta da cozinha, dou no pé antes que ele me chame pra me dar uma bronca.

Do lado de fora está uma bagunça, andam pra lá e pra cá e eu – como sempre – desorientado.

– Vamos recolocar as barracas! Desta vez aqui mesmo pessoal! – Junmyeon diz no megafone.

O quê?

Esse cara ficou louco!

Eu é que não coloco um pé dentro de uma barraca sequer.

Procuro Sehun pela centésima vez, já sem nenhuma esperança de que eu o ache. Caminho sem rumo procurando uma figura alta – e milagrosamente torcendo pra não topar com Chanyeol, eu sairia correndo – de cabelos loiros.

Alguém tromba com meu corpo e quase caio no chão.

– Olha por onde anda! – reclamo.

– Desculpe – LuHan fica de frente para mim e sorri fraco.

– Ah, tudo bem – chacoalho a cabeça, afinal, ele eu perdoo – você viu o Sehun? Parece que vão acampar de novo, preciso achá-lo para dividirmos a barraca.

– Vi sim – parece pensativo – mas espero que ele divida a barraca comigo desta vez.

– Como assim? – junto as sobrancelhas.

– Bom, cabem duas pessoas numa-...

– Sim, eu sei – coloco as mãos na cintura – mas quem vai dividir a barraca com ele sou eu.

– Você devia ter pensado nisso antes de sair atrás do Chanyeol.

Não consigo ler sua expressão, mas com certeza a minha diz algo como corre agora antes que eu te bata.

Dou um passo à frente, diminuindo a distância entre nós e aponto o indicador para o narizinho de boneca que ele tem.

– Escuta aqui, seu...

– LuHan! – escuto a voz de KyungSoo – aqui está você.

– Oi – o ruivo responde e abaixa meu dedo com a palma da mão. Semicerro ainda mais os olhos – pois é, eu acabei esbarrando com Baekhyun. Já estou indo.

D.O me cumprimenta com um aceno de cabeça e ambos saem andando na multidão.

Se ele pensa que isso vai ficar assim, tá muito enganado.

Giro nos calcanhares para procurar alguém, e não é Sehun. Ando em passos rápidos e tento me enfiar no vão entre as pessoas, custe o que custar. Meus pés afundam um pouco devido à força que piso na grama molhada.

Esbarro com alguém outra vez e estou prestes a xingar quando o fazem primeiro.

– Mas que caralho!

Fito o garoto alto à minha frente que parece estar no mesmo estado que eu: com raiva.

– Uau – respondo no mesmo tom – não precisava ser tão agressivo.

– Desculpa – Tao suspira – não foi pra você, digo, não tive a intenção. Estou irritado.

– Estamos quites – murmuro entre os dentes ao me lembrar do ruivinho sem sal.

– Não acredito que SuHo que nos colocar pra acampar de novo – diz consigo mesmo.

– Acho a mesma coisa! – digo com um sorriso nos lábios característico de quando encontro alguém que gosta da mesma coisa que eu – estou procurando ele.

– Eu também – sorri.

– Então vem – o puxo pelo braço – vamos achá-lo.

– Não é ele ali? – aponta para perto da fogueira e consigo avistá-lo conversando animadamente com Yixing.

Concordo com a cabeça e praticamente voamos pra lá.

Nossa aproximação já é o suficiente que ele nos olhe curioso.

– Que história é essa de acampar outra vez? – cruzo os braços – olha pra mim! Eu estou ensopado caso não tenha percebido! E quer que eu me enfie no mato outra vez? Totalmente vulnerável a qualquer chuva?

– É isso aí! – Tao concorda.

– Você não escutou os trovões? Eles podem voltar a qualquer momento! E que tipo de pessoa você é pra não olhar as previsões?

– Verdade!

– Quer que todos aqui morram? E se um raio fritar alguém? Você vai conseguir dormir todas as noites sabendo que a culpa foi sua?

– Uhum!

– E se eu morrer aqui? Eu juro que volto do além pra dizer que eu avisei e não te deixarei em paz!

– É!

– Para de concordar comigo – encaro Tao – quer dizer, concorda, mas diz alguma coisa!

– Faço das suas palavras as minhas.

Reviro os olhos e alterno o olhar entre um SuHo pensativo e um Yixing estático e surpreso.

– Você tem razão – Junmyeon diz ainda fitando o gramado.

– Eu tenho? – questiono – espera, é claro que eu tenho!

SuHo levanta o megafone que tem em mãos até os lábios.

Pessoal, todos retornem para seus alojamentos, por favor. Esta noite não iremos acampar devido aos perigos eminentes.

Muitos reclamam e vaiam, mas a verdade é que eu não quero nem saber. Eu estou é me lixando ‘pro que eles pensam. Só quero tomar um banho e descansar.

Corro para minha cabana porque quero ser o primeiro a usar o banheiro. Paciência não está muito presente em minhas qualidades. Encontro Xiumin perto da trilha e o chamo.

– Baekhyun – sorri.

– Oi – comprimo os lábios num sorriso – você viu Sehun ou Kai passar por aqui?

– Hum – olha para cima como se estivesse tentando se recordar – não. Nenhum dos dois passou por aqui.

– Obrigado – levanto a destra num aceno singelo de despedida.

Aperto o passo até a cabana vazia – como o esperado – e caminho até o quarto para pegar as minhas roupas. Abro minha mochila e deslizo o zíper, surpreendendo com o que vejo.

Droga, um bilhete.

Torço para que seja apenas um papel sem importância que esqueci aqui, mas assim que o desdobro e corro os olhos pela caligrafia, sei de quem é. Na verdade eu não sei, mas estou disposto a saber.

Respiro fundo para tomar coragem e preparar meu psicológico para a bomba que está por vir.

 

Meu objetivo nunca foi te ajudar, mas talvez eu precise.

Lá vai uma dica: você podia perceber que há outra pessoa à sua volta além daquela que está disposto a ver. E ela anda prestando muita atenção em você.

 

Então agora o anônimo que acordou num lindo dia pensando que iria ferrar com a minha vida, decidiu me ajudar? Eu poderia dizer que isso é uma ajuda? Porque eu não entendi nada. Novidade. Byun Baekhyun não entender nada.

Seguro o papel e releio o bilhete, mas tudo fica na mesma. Posso ler vinte vezes que continuaria um mistério. Ah, droga, não consigo resolver isso sozinho.

Sento-me na cama e esses últimos minutos passam por minhas mente como num filme. A chuva. Chanyeol e sua conversa estranha. Aquele LuHan estranho. Minha estranha cumplicidade com Tao e esse bilhete estranho.

Jesus apaga a luz.

Ou melhor, acenda.


Notas Finais


Chanyeol é abusado


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