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História Acampando no coração de Park Chanyeol. - Como ser um gay viril.


Escrita por: wtfsehunnie

Notas do Autor


Já é dia 25? /Nãooooooooooooo
Mas olha quem tá dando as caras!
Eu disse que tentaria postar antes do dia 25 e consegui cumprir, né? Mas se eu sumir significa que só retorno dia 25.
Quero agradecer pelos lindos comentários do capítulo anterior, uns mais lindos que os outros, e aí a inspiração bateu e eu pude escrever e o universo conspirou a meu favor.
A música que vai tocar é “Paradise lost – GAIN”, porque eu gosto dela e achei que a tradução descreve um pouquinho a situação do nosso pequeno Byun. Bom, já falei demais, né?
Gente, se vocês quiserem me seguir no twitter @/wtfsehunnie talvez eu possa avisar quando terá capítulo novo ou sei lá, mas não prometo, porque (ai que vergonha) eu nem entro naquela conta, entretannnnto, vou ver se consigo fazer um esforço, tá?
Eu ia dizer mais alguma coisa, mas esqueci akopakoakpa
Então boa leitura ♥

Capítulo 9 - Como ser um gay viril.


– Você é idiota? – Sehun dá um tapa em minha cabeça.

– Não me bate – o empurro pelo ombro – foi o Chanyeol que veio falando que não quer furar olho de ninguém e eu que sou idiota?

Fito o rosto de Sehun, que mantém um sorriso nos lábios, como se debochasse da minha cara. Acho que prefiro quando ele fica inexpressivo.

Eu o arrastei pra cá contra a sua vontade, já que ele não queria perder a aula de dança. Mas fazer o quê? Eu precisava desabafar tudo o que aconteceu ontem naquela cozinha.

– De quem você acha que ele tá falando? – questiona.

– Porra – fecho os punhos, querendo muito acertar seu rosto – e como você acha que eu vou saber? Uau – coloco as mãos na cabeça e fecho os olhos – deixa eu verificar minha bola de cristal.

– Patético.

– Patético é você – volto a olhá-lo.

– Coloca as engrenagens pra funcionar, Baekhyun! Com quem você sempre anda? A pessoa que você passa a maior parte do tempo nesse acampamento? Que você conversa mais? – arqueia as sobrancelhas.

– É claro que é você, mas ele não te conhece e... – paro de falar – espera aí. Ele não quer furar o seu olho? O olho de Oh Sehun?

– Não, o olho do papa.

Curvo o corpo pra frente numa risada escandalosa.

– Fala sério! – repouso as palmas em minhas coxas para me apoiar – ele acha que a gente... Você podia desgrudar um pouco de mim, né?

– Podia sim – cruza os braços – se não fosse você que tivesse me arrastado pra cá.

– Podia se você não tivesse sentado do meu lado no ônibus – retomo o fôlego e incorporo a minha posição de defesa.

– Você costuma amigar com todo mundo que senta com você num ônibus? Bastante sociável.

– Mas você ficou na minha cola depois que nós descemos!

– E você roubou a minha cama!

– Cala a boca! – grito e o interrompo assim que ele abre a boca para retrucar – chega! Eu só quero dizer que não quero que pensem que eu namoro você.

– E eu muito menos.

– Como assim muito menos? – semicerro os olhos.

– Você não faz meu tipo.

– Eu sei – reviro os olhos – seu tipo são garotas.

Sehun engole em seco e desvia o olhar.

– O quê? – pergunto – isso foi um não?

Outra vez rio alto.

– Não enche – balança a cabeça em reprovação – continua não fazendo meu tipo.

– Oh Sehun é gay – cantarolo – ele gosta de garotos, lálálá.

– Fica quietinho – cantarola e tapa minha boca com a palma da mão – lálálá.

– Ai, me deixa ser feliz – afasto-me – não posso nem comemorar sua entrada no... – junto as palmas das mãos em frente ao rosto e as separo lentamente, como se formasse um arco-íris invisível – mundo colorido.

– Que mané mundo colorido – chacoalha as mãos, batendo nas minhas e estragando toda a minha encenação – existem dois tipos de gays. Os gays discretos e... O seu tipo. Ah, diz homossexual, é mais bonitinho.

– Então gays discretos dizem “homossexual”? Vou aderir – sorrio – bonitinho? Tá até falando no diminutivo agora?

– Você? Discreto? Não me faça rir, Baekhyun – ignora minha segunda pergunta.

– Sou sim! – faço bico.

– Você é o tipo de homossexual que samba no carnaval, nos dia de finados e na ceia do natal.

– E o que isso tem a ver?

– Nada, não é nada. Só estou mostrando a diferença.

– Sehunnnnn – abro ainda mais meu sorriso – eu tive uma ideia.

– Ah, meu bom pai. Livrai-me dessa.

– Já que Chanyeol acha que temos alguma coisa... – digo inocentemente – e quem sabe ele é um pouquinho ciumen-...

– Não, no, aniyo, never, nunca, jamais! Eu não vou fingir ser seu namorado!

– Mas por quê? – deixo meus ombros caírem para demonstrar minha desanimação.

– Porque isso sempre dá errado.

– E o que daria errado? Não tem como dar errado.

– Quando quebramos o cano, também não parecia que ia dar errado – começa a andar e eu o acompanho.

Certo, então eu preciso de algum plano que seja muito eficiente. O único problema é que Chanyeol já esgotou meu estoque de criatividade e eu não consigo pensar em mais nada. Só então algo me percorre. Mas não é um plano.

– Chanyeol é um gay discreto – murmuro e Sehun me encara, esperando que eu continue – igual a você. Então se eu não faço o seu tipo, não faço o tipo de nenhum gay discreto?

– Baekhyun... – franze o cenho.

– É – o corto – pessoas discretas querem ser discretas, e se eu não sou, então isso poderia chamar atenção e...

– Às vezes eu me pergunto o que tem aí no lugar do seu cérebro – ri – de onde você tirou isso? Não precisa levar tão ao pé da letra. Discreto ou mais viril, não sei.

– Tá me chamando de afeminado? – chuto as pedrinhas que aparecem no gramado.

– Não. Você só é... Raramente, sabe? Assim, de vez em quando... Um pouquinho... Na verdade mais ou menos... Mais pra mais do que pra menos, mas não tão...

– Já entendi! – digo, pois percebo aonde esse papo ia chegar – mas o que eu disse faz sentido, não faz?

– Não Baekhyun, eu...

– Não precisa negar.

– As pessoas são diferentes, não são todas que tem o mesmo gosto, então não podemos generalizar. Sem contar que Chanyeol claramente deu uma flertadinha em você.

– É, mas ele pode ter feito isso porque sabe que não teria futuro, entende? – suspiro – saber que eu não trairia meu suposto namorado, então não faria diferença se ele desse em cima de mim ou não.

– Claro que n...

– Sehun? – fixo meus olhos em meus próprios pés, mas posso sentir seu olhar sobre mim – me ensina a ser um gay viril?

 

 

– Você está muito tenso – faço careta para Sehun que está sentado no sofá olhando para mim – abaixa esses ombros, deixe seus dedos caídos nas mãos normalmente, pare mexer os pés, tire essa cara péssima! Espera, erro técnico, é a sua cara.

– Ha ha – forço uma risada evidentemente falsa – vou descolar ela pra você.

– Com esse nariz todo ferrado é melhor se livrar dela mesmo. Não dá pra... – levanta e começa a retirar os esparadrapos – dói?

– Não.

Livra meu rosto de todas aquelas coisas e é até estranho quando o ar bate na ponta do nariz. O mais alto move a cabeça para a direita e depois para a esquerda a fim de ver meu nariz de vários ângulos.

– Seu nariz tá normal – junta as sobrancelhas e o pega com o dedão e o indicador, balançando-o – dói?

– Não.

– Baekhyun, eu acho que você não quebrou o nariz – endireita a coluna e me encara.

– Claro que eu quebrei! Foi o JongIn quem me disse e...

– Quem te examinou?

– O Yixing – arregalo os olhos – ah meu Deus! O Yixing!

O loiro ri e caminha até o pequeno lixo da cozinha para jogar os curativos.

– Ele por acaso é enfermeiro ou algo assim?

– É – Sehun responde e eu me surpreendo – pior que é. Ele quer ser médico, mas ainda não se formou. Acho que a esta altura ele já devia saber quando um nariz está quebrado ou não. Pelo menos não foi algo pior.

– Estamos falando de Yixing, afinal.

Sinto-me um pouquinho mal de dizer isso sobre o primo de Sehun, como se ele fosse incapaz de seguir tal profissão, mas é de fato engraçado imaginá-lo sob um jaleco.

– Agora eu posso dizer que você estava horrível.

– Eu não estava horrível – retruco.

– Talvez horrível seja muito forte, mas estranho – faz careta – essas coisas de esparadrapo e gesso faz com que as pessoas fiquem sei lá. Eu nunca curti muito.

– Você tem preconceito com pessoas que usam gesso e esparadrapo? – estalo a língua em som de reprovação.

– Não é isso, mas não gosto – ri – quando quebrei meu braço, não gostava de ficar olhando pra ele porque ele estava feio.

– Quando quebrei o meu, as pessoas pediam pra assinar.

– Pior ainda! Parece mural de obra do satanás! – diz desacreditado.

– Ah, é – coloco as mãos na cintura – gays discretos e viris não fazem isso, né?

O mais alto apenas revira os olhos.

– E por falar nisso, eu acho que já entendi como ser um gay mais viril. Estou cansado, minha cabeça não consegue processar mais nenhuma informação.

– Acho que por hoje está bom – dá leves batidinhas em meus ombros – vamos jantar então.

– Mas já? – busco o pequeno relógio na parede da sala com os olhos – é mesmo.

Saímos da cabana depressa, até porque posso escutar meu estômago roncar de fome.

Entramos no refeitório que está cheio e um cheiro maravilhoso invade toda a minha alma. E não, não é o cheiro de Chanyeol. Nem de brigadeiro. É de...

Pizza – Sehun sussurra um pouco distante ao observar o prato dos campistas sentados nas mesas.

– Vem – aproximo minha mão de seu punho, mas se não quero que pensem que somos mais que amigos, não devemos passar essa impressão. Por isso apenas vou à frente para que ele me siga.

Entramos na fila que está pequena, porque a maioria dos campistas está sentada. Assim que pego o prato com um pedaço generoso de pizza, concentro-me em apenas deixar um som satisfeito soar pela garganta e nem me atrevo a olhar para o merendeiro mais carrancudo do mundo: Kim JongDae!

– Finalmente SuHo vendo do que nós gostamos – Sehun murmura enquanto aproxima o prato do nariz – vamos com os garotos?

Respiro fundo.

Vou ou não vou?

O bilhete se materializa em minha mente e de repente já não sei mais o que o anônimo quer. Quer que eu veja alguém que eu não estou disposto a ver? Então isso significa que eu devo perceber melhor qualquer pessoa que não seja Park Chanyeol? Eu não estou entendendo mais nada.

Mas quando vejo, já estou sendo levado até a mesa e que os garotos estão. Acomodo-me ao lado de Sehun e Xiumin, sem nenhuma vontade de erguer os olhos ou prestar atenção na conversa. Estou tão distante que apenas a voz de SuHo no megafone é capaz de me acordar.

Olá pessoal! Eu tenho uma notícia pra vocês! É uma pena que ontem tenha chovido e estragado nossos planos, mas há algo amanhã para finalmente nos divertirmos. Na hora do jantar, terá uma festa! – todos gritam e aplaudem – um passarinho me contou que precisam de um pouco de agitação! Então terão a tarde livre, porque precisarei dos veteranos e voluntários para a organização. Obrigado!

Minha mesa chacoalha quando todos batem os punhos contra ela em pura animação.

– Você não gostou? – Minseok inclina a cabeça para frente, tentando chamar minha atenção.

– É, gostei – dou outra mordida na pizza.

Mas qual vai ser a nova? Vou poder olhar Park Chanyeol? Não. Então não faz sentido. Não tem adrenalina. Entretanto, algo lá no fundo se rebela contra esse anônimo.

Quem ele pensa que é?

Mal me conhece e já quer impor as regras da minha vida amorosa? E por que eu estou o obedecendo? Quem liga se Chanyeol descobrir se eu gosto dele ou não? Tá tudo dando errado mesmo.

Então é isso.

Não posso deixar que me controlem. Não mesmo. Eu nunca liguei para o que os outros falam, então por que estou ligando agora? Só porque Chanyeol faz com que eu me sinta um garotinho apaixonado eu devo ficar me escondendo? Isso só acontece com garotinhos apaixonados, e sabe de uma coisa? Eu sou um garotinho apaixonado. Mas acima de tudo, um garotinho apaixonado e livre. Colorido. Purpurinado.

Mostra quem comanda, Baekhyun!

As que comandam vão no trá! Trá! Trá!

Droga.

Eu tenho que ser viril. Menos purpurinado.

– Nossa, que injeção de ânimo – Minseok sorri ao me olhar – tá até sorrindo sozinho.

– Não tem ninguém sorrindo sozinho – pigarreio e volto a comer minha pizza. Inclino-me para o lado e sussurro no ouvido de Xiumin – eu não estava sorrindo, estava?

– Uhum.

– Ah, merda.

Termino de comer minha pizza que logo desaparece de meu prato e tomo coragem para olhar pra todos na mesa e, como um ímã, meus olhos capturam os de Chanyeol. Sim. Olhando pra mim. Ele os desvia tão rapidamente que já nem sei se eu imaginei ou realmente vi o que vi.

Estou nervoso demais, então me levanto da mesa e Sehun faz menção de fazer isso também.

– Não – coloco minha mão em seu ombro – fica aí.

Ele parece entender o recado, pois assente e permanece em seu lugar.

Deixo meu prato junto aos outros que estão para lavar e saio do refeitório.

Qual será meu próximo plano? Como será a reação do anônimo? Será que Chanyeol irá gostar do meu novo eu? É claro que vai, ele tem cara de quem gosta de garotos menos afeminados.

E a festa de amanhã é a melhor oportunidade que eu poderia ter nessa e em qualquer outra vida. Porque eu poderei mostrar o lado viril de Byun Baekhyun.

 

 

– Anda logo, Baekhyun! – Sehun grita da porta do quarto, mesmo que eu esteja apenas alguns metros de distância, mexendo em minha mochila sobre a cama.

– Eu ainda preciso me maquiar! – caço a maquiagem entre as roupas.

– Está escutando a música? A festa já começou há quase quarenta minutos e você aqui!

– E que culpa eu tenho? – finalmente acho o que procuro.

– Toda – encosta as costas no batente – toda a culpa.

– Vai indo – digo. Se tem uma coisa que eu odeio com todas as minhas forças é ser apressado, e Sehun é uma das pessoas mais impacientes que eu já vi na vida – por que precisamos chegar juntos? Seria suspeito demais.

– Por que não falou antes?

– Dá no pé, some, evapora daqui encosto – passo por ele e vou até o banheiro.

– TPM atacada – murmura e logo escuto a porta da sala se fechar.

Tranco a porta do banheiro, pois não quer ver Sehun por enquanto. Se ele continuasse aqui, eu juro que metia o pé na bunda dele pra dar o fora. Ele não conhece a palavra esperar, e nem as outras duas fica quieto, e eu preciso de concentração pra me arrumar. Principalmente quando há um Chanyeol lá fora em algum lugar.

Passo o BB cream olhando no pequeno espelho acima da pia, mas que dá ‘pro gasto. Cantarolo a música alta que toca no refeitório e verifico se minha pele ficou legal. É claro que ficou.

Agora me sinto mais bonito, porque percebi o quanto meu narizinho fez falta.

Pego o delineador e estou prestes a abri-lo, mas escuto o som abafado de uma porta se fechando.

– Sehun, é você? – grudo o ouvido na madeira.

Sem respostas.

– Já deve ter saído – digo para mim mesmo e dou de ombros.

Passo meu delineador com toda a calma desse mundo, pra não errar, ainda que eu já esteja acostumado a passá-lo. Mas hoje é uma ocasião muito especial, porque Chanyeol vai ver e eu preciso estar maravilhoso na medida do possível e impossível.

Finalizo e coloco meus dedos entre meus fios para bagunçá-los.

Certo, arrasador.

Corro para o quarto onde minha roupa está separada sobre a cama, entretanto, não está apenas ela. Já devem imaginar o que é. Um bilhetinho, que surpresa!

Respiro fundo e o seguro.

Não vou abrir.

Não abra, não abra.

Jogo-o para o lado, no colchão e encosto a porta para me vestir. Coloco minha calça preta de couro – a minha preferida, preciso usar em todas as ocasiões especiais –, uma camiseta vermelha com algo escrito em inglês e uma jaqueta preta.

Borrifo um pouco de perfume e já está bom. Tenho medo de estar me arrumando demais e todo mundo estar simples, porque acima de tudo, estamos num acampamento.

Fito o bilhete.

Não abra.

Mordo o lábio, tentando resistir.

Droga, eu sou muito curioso.

Dirijo-me para a cama e me ajoelho ao lado dela, debruçando meu tronco sobre o colchão e abrindo o papel.

 

Você me confunde. De quem você gosta, afinal?

Fique com Park Chanyeol.

 

Releio pra ter certeza de que é isso mesmo.

– Caralho – rasgo o papel – Sou eu quem te confundo? Tem certeza disso? – amasso e jogo no lixo.

Eu não estou entendendo mais nada, mas já que o sinal tá verde, posso ir sem medo. Quando eu pegar esse anônimo, eu juro que vou enfiar a cara dele dentro de uma privada e dar descarga.

Caminho até a sala e fecho a porta com força, andando até o refeitório, onde as luzes coloridas já escapam pelas janelinhas no alto das paredes.

A fogueira está acesa e há algumas pessoas conversando perto dela. Esbarro com uns cinco campistas que estão entre tantos outros aqui do lado de fora.

A porta está totalmente aberta e o refeitório está cheio de corpos dançando próximos uns aos outros, mas para a minha felicidade, parece que todos decidiram se arrumar devidamente, e não há ninguém com o uniforme.

Abro caminho entre a multidão.

Onde é que eu vou achar Sehun?

– Baekhyun! – Tao se materializa como mágica em minha frente – você está muito bonito.

– Obrigado – forço um sorriso ao perceber que seus olhos também estão trabalhados num delineado bem feito.

Então a concorrência também manja das maquiagens, hum?

Giro nos calcanhares e solto o ar pela boca, pronto para enfrentar o que vem pela frente, mas nem preciso andar, já que sou praticamente empurrado pra lá e pra cá.

Percorro o olhar pelas mesas colocadas perto das paredes à procura de algum rosto conhecido, e encontro a mesa em que os garotos estão. Procuro por Chanyeol que está de pé encostado na parede prestando atenção na conversa.

O ar foge de meus pulmões e preciso muito de um copo d’água pra me acalmar.

Chanyeol está de calça jeans e um moletom azul escuro, beirando o preto. Seu cabelo castanho escuro cai sobre a testa com a franja jogada para o lado. Ai meu bom pai, acho que vou ter um treco.

Engulo em seco.

Preciso colocar meu plano em prática.

Ergo o queixo e abaixo os ombros, andando com mais firmeza que o normal. Estou másculo? Alguém me ajuda!

Decido não encarar Chanyeol, porque preciso fingir que não me importo com sua presença. MAS EU ME IMPORTO. Sento-me ao lado de JongIn que se vira e me fita.

– Olha só – arqueia as sobrancelhas.

– Oi pra você também – coloco o cotovelo esquerdo na mesa e apoio o queixo na mão, olhando para a direita, que é a direção oposta à que Chanyeol está.

Sehun está do outro lado da mesa e sorri para mim. Ao seu lado LuHan está com o olhar distante, sendo abraçado pelo pescoço por Yixing.

– Eles estão juntos? – pergunto para Kai, sem me preocupar com o tom da voz, porque a música está bem alta.

– Não – balança a cabeça – melhores amigos. LuHan hyung está meio mal.

Fito LuHan e Yixing, mas desta vez o primo de Sehun conversa animadamente.

– Sehun nunca foi um primo muito legal.

A cara que Sehun fez de indignação foi impagável.

– Eu? Você brincava de me matar e eu que não sou legal? – todos riem.

– Mas é verdade, até LuHan concorda, não é Lu? – Yixing chacoalha o amigo, que concorda sem muita animação.

– E LuHan sabe de alguma coisa? – o loiro se defende.

– Sabe sim – Lay movimenta a cabeça em afirmação – ele te conhece há tempos.

– Conhece, é? E eu nem estou sabendo.

– Ele é meu melhor amigo, Sehun! Sempre estava na minha casa, mas você estava preocupado demais em me evitar.

Sehun parece ficar repentinamente sem palavras.

– Ah! Eu amo essa música! – JongIn levanta, e aos poucos todos levantam também.

Eu não sei dançar, mas não ligo, eu nunca liguei, afinal.

Espera.

Gays viris dançam?

Olho para Sehun que dança junto aos outros, mas há uma pequena – enorme – diferença. Ele sabe dançar.

Chanyeol está no mesmo lugar, apenas observando as pessoas.

Aproximo-me em passos lentos e tenho toda a sua atenção.

– Você não vem? – digo alto, por conta do barulho.

– Não – nega e toda a intensidade de seu olhar me intimida um pouco.

– Por quê? – finjo não perceber nada.

Já sinto seu cheiro e perco o foco por alguns segundos.

– Eu não sei dançar – desvia o olhar.

– Eu também não – gays viris não dançam? Preciso de uma desculpa! – só estou indo porque todos estão. Também não curto muito – falo indiferente.

– Ah, não? – parece interessado.

– É – dou de ombros.

Seguro em seu pulso e o puxo para o meio da multidão. Não quero saber onde os outros estão. Porque agora somos só nós dois.

Sinto todo meu corpo ferver em animação. A letra dança em meus lábios porque já sei de cor. O mais alto permanece parado e seguro em suas mãos, as balançando como uma criancinha.

Isso não é viril, é? Ah céus! Eu não entendo nada disso!

Solto-as e ergo os braços, deixando que meus quadris se movimentem conforme a dança. Mas lá se vai uma tentativa de ser sexy, porque balbucio a canção de uma forma totalmente animada como se estivesse entre amigos.

 

I’m here

Estou aqui

I’m yours

Eu sou seu

Igeosman gieokhae

Apenas lembre-se disso

You and I, another Paradise

Você e eu, outro paraíso.

 

Mexo-me, mas acho que não estou dançando muito bem, já que Chanyeol sorri enquanto olha para mim. Sinto todo meu rosto esquentar e paraliso imediatamente.

 – Pode continuar – leio seus lábios.

Dou de ombros e volto a dançar, mas é uma injustiça eu estar pagando mico enquanto ele apenas fica parado. Dou um passo para frente e entrelaço minhas mãos às suas, balançando-as conforme danço, para que ele faça outra coisa que não seja incorporar um poste de iluminação.

Fito seus olhos e sorrio.

 

Mitji ma

Não acredite nisso

Nae moksoriga anin modeun mareun

Todas as outras palavras que não são minha voz

Geojismal

Elas são mentiras

Neol heundeullyeoneun modeun geosdeul

Tudo pronto para mexer com você

Stop stop stop stop

Pare, pare, pare, pare

 

O calor de seu corpo alcança o meu e é como se realmente estivéssemos em outro lugar. Pelo menos para mim. Apoio minha testa em seu ombro e aos poucos vejo que ele dá alguns passinhos pra lá e outros pra cá. Um progresso, pelo menos.

Seus dedos soltam os meus e penso que talvez ele prefira que eu me afaste. Levanto a cabeça, um pouco envergonhado para olhá-lo nos olhos. Ele está claramente me dando um fora, é isso mesmo, produção?

Ergo o pé esquerdo para recuar, mas suas mãos se firmam em minha cintura e me puxam para mais perto. Choco-me com seu peito e fecho os olhos, aproveitando a sensação. Meu corpo formiga e me sinto anestesiado de todas as outras coisas.

 

They’re making up another fantasy

Eles estão fazendo uma outra fantasia

They’re talking about a fantasy

Eles estão falando sobre uma fantasia

They’re making up a story

Eles estão fazendo uma história

So that they can control you and me

Para que eles possam controlar você eu.

 

Cantarolo baixinho, fazendo da letra as minhas próprias palavras.

Minha mente está nublada e circundo seu pescoço com os braços a fim de trazê-lo para mais perto, se é que isso ainda é possível.

Ah sim, eu estou no paraíso.

Foi só agir como um gay viril que tudo deu certo. Eu sabia que nada poderia dar errado. Apenas deixei meu lado – levemente – feminino de lado que estou aqui.

Espera.

Eu não estou sendo um gay viril!

Ai meu Deus!

Eu estou me esfregando nele como uma garotinha assanhada! O que ele vai pensar de mim? O que será que ele está pensando nesse momento? Ah, não! Eu não quero ser apenas mais um. O que eu estou fazendo?

Será que ele gostou do Baekhyun viril? Mas eu nem consegui ser direito! Por que eu não consigo? Não sou capaz de fazer isso? Ai meu Deus! Ai meu Deus!

Empurro-o para trás e ele tromba com alguns campistas que reclamam.

Dou as costas e saio correndo, empurrando qualquer um que estiver em meu caminho. E se ele acha que eu namoro mesmo o Sehun? Deve estar achando que eu distribuo pares de chifres para meus namorados!

Algumas lágrimas se formam em meus olhos e o que eu mais quero é encontrar a saída.

A maquiagem!

Não chora, Baekhyun!

Pisco várias vezes para não deixar que as lágrimas escorram.

Não posso chorar!

Está tudo bem, é só uma quedinha! Eu posso arrumar outra pessoa!

Não vou morrer solteiro, tá tudo bem.

Tá tudo bem.

Corro para perto do riacho que não está tão escuro por conta da iluminação de uma trilha próxima. Ajoelho e sento-me sobre meus pés, fitando o Baekhyun pouco iluminado na água.

Uma lágrima escorre e afunda, tremeluzindo todo o meu reflexo, contorcendo-o suavemente. Depois mais uma e mais outra. Já não posso reconhecer muito bem o meu eu na água. É o meu eu viril? Ou é o meu eu Baekhyun?

– Baekhyun – a voz rouca alcança meus ouvidos.

Dou leves batidinhas com os indicadores abaixo de meus olhos para secar as lágrimas e pigarreio. Sento-me no gramado e abraço meus joelhos.

– Tá tudo bem – Chanyeol senta-se ao meu lado, mas não estou com um pingo de vontade de olhá-lo – você tá chorando?

Estou suando pelos olhos.

– Não.

– Tá sim – segura meu queixo e faz com que eu olhe para ele – não se preocupa, eu não vou contar.

– Contar o quê? – bato minha mão em seu pulso para que ele me solte e viro o rosto.

Do que ele tá falando?

Eu preciso de uma luz muito forte pra clarear a minha mente.

– Não vou contar pra ele – pausa – mas aí você começou a dançar e... Não sei, esquece.

Não respondo.

Então ele realmente acha que eu estou traindo Sehun?

– De quem você não quer furar o olho? – pergunto, apenas para escutar de sua própria boca.

Chanyeol parece pensar um pouco.

– Está fazendo algum tipo de jogo?

– Não! – finalmente tomo coragem para encará-lo – responde.

– Por que quer que eu fale? Já não sabe? – perco-me na escuridão de seu olhar e acabo distraindo-me.

– Me diz – digo baixo.

– Daquele loirinho – solta o ar pela boca – Sehun.

Sorrio.

Mais algumas lágrimas escorrem.

Socorro. Além de gay purpurinado, eu sou sensível.

Deito no gramado e fito o céu, sem saber muito o quê dizer. Chanyeol deita ao meu lado e fica de lado, com a cabeça levantada, apoiada no braço esquerdo. Encara-me de cima e tento não me importar.

– Não chora – acaricia meu rosto com a mão livre – por que está chorando agora?

– Eu não tenho nada. Não tenho nada com Sehun. Ele é meu amigo.

Chanyeol sorri e que sorriso maravilhoso.

Esse homem não é desse mundo.

Alguém me belisca.

Num movimento só, ele coloca o antebraço ao lado de minha cabeça no gramado e fica com o corpo parcialmente sobre o meu. Lembro-me do dia em que eu caí sobre ele, mas desta  vez a situação está ao contrário. Parece que o jogo virou, não é mesmo?

– Então você não vai ligar – sussurra – se eu fizer isto.

Quase não me dou conta do que está acontecendo quando seus lábios buscam os meus e sua língua adentra minha boca sem aviso prévio. Cadê a minha agenda? Eu preciso marcar o dia épico em que ele me beijou.

Posso escutar um aleluia irmãos?

Agora sim eu posso deixar bem claro que ele está livre de defeitos, porque a forma como seus lábios deslizam sobre os meus e sua língua procura a minha com avidez faz com que eu me sinta no paraíso.

 

Jigeum nan geoui da Paradise

Nesse momento, eu estou quase no paraíso

Igeosman gieokhae

Apenas lembre-se disso

You and I, another Paradise

Você e eu, outro paraíso.

 

E como manteiga na panela quente, derreto-me nos lábios de Park Chanyeol.


Notas Finais


AS QUE COMANDAM VÃO NO TRÁ


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