História Acasos do Destino - Capítulo 19

Jason POV

A hora do almoço foi bem divertida, era bom estarmos em família de novo. Comemos, rimos e fizemos brincadeiras como se fôssemos apenas uma família normal que passa o final de semana juntos. Quando o sol já estava se pondo nós embarcamos de volta a NY, a minha prima se sentou do meu lado, o que achei bom já que não tivemos oportunidade de conversar. Eu queria contar pra ela sobre a Piper e pedir uns conselhos, mesmo ela não me pressionando pra falar.

- Lucy? – chamei enquanto ela olhava pela janela.

- Sim? – respondeu se virando pra me olhar.

- É que eu queria conversar com você sobre um assunto... sobre a Piper – disse depois de travar e corar. Ela sorriu compreensiva.

- Tudo bem, o que quer conversar? – perguntou interessada.

- Então – respiro fundo – teve um dia que a Piper me pediu ajuda em história e teve uma hora em que eu estava olhando pra ela... – comecei a ficar nervoso – e bem... ela virou e nós meio que demos um selinho. Quando dei por mim estávamos nos beijando, então eu saí de lá correndo – nesse ponto tenho certeza que estava bem vermelho, mas mesmo assim um sorrisinho brincava em meus lábios.

- Okay, vocês se beijaram? – pergunta e eu assinto. Levanto o rosto nem percebendo que havia abaixado e vejo que ela sorri pra mim, um sorriso doce e fraterno. Isso me acalmou, um pouco. É claro que eu também contei isso pra Thalia, mas às vezes é meio difícil saber qual vai ser sua reação em determinados momentos. Com a Lucy é mais fácil, porém ainda tem vezes que eu me surpreendo com ela.

- É que agora eu não sei de que jeito eu vou falar com ela, quer dizer como ela vai reagir e o que eu faço? – pergunto meio desesperado. Eu estava com um frio na barriga que não era comum, eu estava com medo dela não querer nada comigo.

Realmente eu me apaixonei por ela. Eu nunca me senti desse jeito, tão... diferente. Não sei, era estranho estar perto dela porque eu me sentia nervoso, mas eu gostava de sentir isso porque quando estávamos longe eu sentia um tipo de vazio.

- Sinceramente se você falar muito sobre esse beijo, mesmo que tenha sido especial – assinto – Você vai parecer meio idiota – disse sincera – e se você também não falar vai parecer que você não gostou, coisa que eu tenho certeza que não aconteceu – concordo – na minha opinião você deveria chamar ela pra sair assim você mostra iniciativa e não fica parecendo idiota – sorrio. É uma boa ideia.

- Eu gosto da ideia – digo. Fazia sentido e talvez eu tivesse uma chance com a garota de olhos coloridos.

- E mais, se ela aceitar a trate como se fosse uma princesa senão ela pode achar que você só a chamou pra sair porque se beijaram. E talvez até pense que você a acha fácil – diz.

- Isso não é verdade – protesto.

- Eu sei que não, mas estou dizendo que pode parecer – concordo e deito minha cabeça em seu colo.

- Tudo bem.

- Olha que folgado – me repreendeu de brincadeira. Ela colocou a mão no meu cabelo me fazendo um cafuné gostoso e fazendo com que eu pegasse no sono.

***

Quando acordo escuto duas pessoas falando. Mesmo sonolento reconheço a voz da minha prima e da minha irmã.

- Thalia, eu não vou gritar pra acordar ele – Lucy disse em tom baixo. Sorrio ainda em seu colo.

- Se eu fosse você gritaria, é bem mais fácil, mas é você quem sabe – disse minha irmã e mesmo sem ver sei que ela dá de ombros. Estou meio acordado e me remexo nas pernas da Lucy.

- Acorda Jay, já chegamos – ela fazia uma carinho na minha cabeça e depositou um beijo na minha testa – acorda Jay – abri os olhos sonolento e vi que ela sorria pra mim. A Lucy era como uma irmã pra mim, sempre fora atenciosa e carinhosa comigo desde que éramos pequenos. Sempre acabávamos indo um atrás do outro porque tínhamos brigado com nossos irmãos. E ela sempre foi legal comigo.

- Oi – digo sonolento – obrigado por não deixar a Thalia gritar no meu ouvido, acho que mereço um pouco de paz – ela ri.

- Eu não gosto de acordar os outros gritando, eu não fazia isso nem com o Percy, acho que isso assusta as pessoas – explicou e eu concordei pois era verdade, ela sempre foi assim, mesmo na época que ela e o Percy brigavam como cão e gato.

Quando eles voltaram pra gente eu fiquei com medo da minha prima se fechar, não querer falar ou simplesmente mudar o jeito dela, mas foi o contrário. Depois do sequestro ela se tornou ainda mais amiga do que antes, parecia que ela precisava viver novamente e por isso ela ficou mais carinhosa tanto comigo quanto com o Percy.

Me lembro que quando ela acordou no hospital, a primeira coisa que ela disse foi o nome do Percy, e mesmo fraca ela sorriu ao me ver, um sorriso sincero. Ela disse que tinha sentido a minha falta e que amava poder estar de volta. Doía apenas de pensar o quanto ela tinha sofrido. Lucy me contou muitas coisas de quando ela estava presa, disse que me amava e que sempre estaria ao meu lado.

Depois que eles se recuperaram nossos tios fizeram questão deles aprenderem se defender, por medo de algo acontecer de novo, eles ficaram bons nisso. O professor deles se chamava Quíron e ele era bem exigente, eu e os outros aprendemos um pouco também.

Eu tenho tantas lembranças daquela época, as dores que ela devia sentir me machucavam por dentro. Teve uma vez que eu vi o quanto machucada ela estava, foi depois que ela saiu do hospital.

Flashback on (N/A: eu amo flashbacks)

Estava andando pelos corredores da sua casa em busca da minha prima, mas não a encontrava. Quando estava de frente para seu quarto ouço um gemido de dor e um ofego. A primeira coisa que me vem a mente é a minha prima se cortando.

Entro rapidamente em seu quarto e a minha prima se assusta com a minha presença. Ela estava apenas de lingerie e tinha muitas marcas em seu corpo, vergões nas costas, os braços com queimaduras feias, um corte em seu rosto, mas a pior era a da sua costela esquerda, a qual ela tentava trocar o curativo.

- Lucy, mas o quê...? – minha voz foi morrendo. Meu coração se apertou e eu senti minha garganta ficar seca.

- Jason – ela abaixou a cabeça – eu não queria que você me visse assim – quando ela olhou pra mim de novo seus olhos estavam marejados. Então eu acordei e fui até ela acariciando seu rosto. Essa era uma das primeiras vezes que eu via ela chorar.

- Vem, deixa que eu te ajude com isso – disse a sentando na cadeira que tinha ali. Peguei algodão e álcool limpando o local, ela se contorceu, mas nada disse. Paro um pouco preocupado em estar fazendo errado.

- Está tudo bem, o álcool arde um pouco, mas não está errado – ela me dá um sorriso acolhedor e eu termino de fazer o curativo. Limpamos todos os machucados mais feios e depois ela colocou uma blusa de manga comprida e uma calça de moletom. E eu sei que ela está com vergonha dos seus ferimentos.

Ela andou até sua cama de cabeça baixa e se sentou perto da cabeceira colocando apoiando o rosto com as mãos e o escondendo entre os joelhos. Fecho a porta do quarto e a abraço aos poucos deixando ela chorar baixinho na minha camisa, ela soluçava de vez em quando e aos poucos ela cessou o choro se afastando de mim.

- Me desculpe, você não devia me ver nesse estado – fungou. Sinto lágrimas escorrerem pelo meu rosto, eu tinha sentido tanto sua falta.

Ela tinha se mantido forte até agora, não tinha chorado e apenas sorria pra todos dizendo que estava bem, e o Percy fazia a mesma coisa, mas minha irmã disse que às vezes ele caía no choro quando ninguém estava vendo. Uma hora ou outra a Lucy também tinha que desmoronar.

- Hey – chamo – Você não precisa e nem deve se desculpar – ela assente – eu estou aqui por você como a Thalia está pelo Percy – sinto o gosto salgado na minha boca e sei que já estou chorando.

- É, a Thalia realmente gosta muito do Percy, disso eu tenho certeza. Ela meio que gritou com ele porque ele estava recusando a ajuda dela. Mas você sabe como a Thalia é – sorrio – Esse jeito dela faz bem pro Percy e eu fico feliz que os dois se apoiem, porque sinceramente, agora eu não sou uma boa companhia – disse. Ela já não soluçava mais, mas seus olhos ainda estavam vermelhos e lágrimas escorriam por seu rosto. O corte em sua bochecha estava quase desaparecendo e ela sorria um pouco pra mim quando segurou as laterais do meu rosto e olhou nos meus olhos – eu te amo Jay, obrigada por estar comigo – ela me abraçou forte afundando o rosto no meu pescoço.

- Eu também amo você, Lucy – coloquei meu rosto em seu pescoço e apertei mais meus braços em sua cintura, como se isso bastasse pra protegê-la.

Depois ela me contou sobre algumas coisas, como o quanto ela ficou desesperada quando o Percy ficou inconsciente e que se ele não estivesse lá com ela, achava que não teria suportado. No meio disso eu e ela choramos, eu por medo de perde-la e ela pelas lembranças ruins que ela tinha, mas saber que ela confiava em mim pra desabafar isso era bom, era... reconfortante.

Flashback off

Me lembrei de tudo isso enquanto descia as escadas do jatinho. A Lucy ao meu lado com seu braço entrelaçado no meu, ela sorriu e me perguntou se eu estava bem, apenas assenti com um sorriso triste.

Quando cheguei em casa fui no quarto da minha irmã pra perguntar o que ela achava de chamar a Piper pra sair. A encontrei perto da cama de costas pra mim e mexendo em alguma coisa na mesa do canto. Ela se vira quando bato suavemente na sua porta.

- Oi Thals – digo sorrindo – eu queria saber se você acha precipitado eu chamar a Piper pra sair, sabe, por causa daquilo que te contei – disse direto e corado.

- Eu acho que você já devia ter feito isso. Foi a Lucy que te disse o que fazer? – concordo – sabia, isso não passou por essa sua cabeça de vento? – perguntou bem humorada.

Fiz uma cara de falsa indignação e pulei em cima dela. Caímos na cama juntos e eu fiz cócegas em sua barriga, isso fazia eu e ela rirmos muito. Quando cansei eu me joguei ao seu lado ofegante, ainda dando pequenas risadas.

- Te desejo uma boa sorte com a Piper, ela seria uma ótima cunhada – disse se aconchegando em mim em um momento de carência, o que era muito raro. Depois de um tempo dormimos.

Acordei na manhã seguinte me sentindo muito bem, minha irmã ainda estava dormindo feito um anjo abraçada a mim. Me levantei e preparei um café para nós dois, ela ficou até surpresa, mas não disse nada, apenas sorriu de bom humor e eu gostava de vê-la assim.

***

Durante a aula de história eu e a Piper trocamos olhares e eu senti meu rosto ficar vermelho, acho que quase todos perceberam, até o Percy percebeu! Então no fim da aula eu tomei coragem pra ir falar com ela.

- Oi – digo me aproximando constrangido. Ela estava linda com uma calça jeans clara, os cabelos soltos e um sorriso meigo.

- Oi – diz piscando seus olhos como se pra ver se eu realmente estava ali. Seus olhos eram bonitos, pareciam mudar de cor de acordo com o ambiente.

- Eu queria saber se você não gostaria de sair comigo? Ou sei lá fazer algo – pergunto nervoso e me enrolando. Ela apenas ficou me olhando...