História Acasos do Destino - Capítulo 25

Lucy POV

Senti meu corpo relaxar nos braços de Jason. A verdade era que eu realmente odiava dizer o que eu sentia, odiava parecer frágil, mas ninguém é de ferro, não é mesmo? A única pessoa que eu conversava sobre os meus sentimentos além do Percy, era o Jason. Meu primo simplesmente fazia com que eu dividisse com ele o que estava me incomodando, o quer que fosse.

Sempre fomos assim, desde que eu comecei a falar, acho. A primeira pessoa que eu recorria quando brigava com meu irmão é e sempre será o Jason. Quando eu era pequena, às vezes eu ficava muito triste depois que brigava com o Percy, mas eu era muito orgulhosa pra admitir.

E Jason sempre estava lá, assim como a Thalia estava para o meu irmão. Sempre. Seja em jantares de família, feriados, aniversários. Ele estava ali ao meu lado me fazendo companhia. É claro que eu me aproximei muito do Percy depois daquele Ano Novo, era inevitável. Apenas meu irmão sabia o que tínhamos passado, mas era o Jason que eu me deixava consolar quando tinha pesadelos com aquele lugar e com meu irmão.

Lembro que quando fomos resgatados, a primeira pessoa que eu vi foi o Jason. Ele estava ali sentado na minha cabeceira e acariciava meus cabelos. Eu sabia que ele tinha visto o primeiro vídeo, pelo menos. Sabia que devia ter sido horrível pra ele ver aquilo, mas me confortava que ele estivesse por perto, mesmo que soubesse parte do que aconteceu.

Às vezes, depois que voltamos pra casa, eu dormia com o Jason. Ele ficava me velando até eu dormir e deixava que eu me aconchegasse nele durante toda a noite, apenas pra ter certeza que eu não teria pesadelos. Meus pais sabiam o quanto isso nos fazia bem, digo a mim e ao Percy. Era doloroso demais falar disso com eles, porque eu sabia o quanto isso os machucava. Foi a primeira vez que não conseguíamos falar de algo com nossos pais. Nos manter forte era nossa prioridade durante um tempo, mas eu percebi que precisamos deixar que as pessoas fiquem ao nosso lado pra que possamos superar.

- O que você acha que ele vai me dizer quando eu perguntar? – pergunto me referindo ao meu rolo com o Justin.

- Eu acho que ele vai ser sincero. Acho que se você perguntar, ele vai dizer a verdade, mesmo sendo doloroso ou não – diz e eu concordo. Também acho que ele não vai mentir pra mim, me enganar, me iludir. Não consigo pensar nele desse jeito.

- Tudo bem. Veremos no que isso vai resultar – suspiro – Mas e aí? Você quer ajuda com o anel da Piper? – pergunto mudando de assunto. Chega de falar de mim. Ele sorri bobo.

- Sim. Acho que a possibilidade da gente conseguir juntos comprar um anel são mais prováveis – dou risada. Tento imaginar a Thalia comprando um anel de compromisso com o Jason. É briga na certa. Minha prima era muito legal, mas esse tipo de programa realmente não combinava com ela. Na verdade, comigo também não, mas entre eu e a Thalia, acho que a resposta é óbvia.

- Podemos ir nas joalherias da cidade, algumas são realmente boas – digo a ele, que sorri. Não tinha ideia do que exatamente ele queria para a Piper, mas nós acharíamos.

- Aonde vamos primeiro? – pergunta e eu penso por um momento. Qual era a melhor? Meu pai tinha falado um vez, aquela do shopping era uma opção.

- Tem uma no shopping. Podemos ir em outro lugar se não acharmos nada – ele concorda, mas então algo me ocorre – Preciso ligar para uma pessoa – anuncio e ele me olha intrigado. Às vezes eu acho que a lerdeza é de família.

- Quem? – ele tomba a cabeça e eu sorrio.

- Annabeth. Duvido que você saiba o tamanho do dedo da sua namorada – ele sorri constrangido.

- Eu realmente não sei, por isso que eu sempre conto com você – diz me fazendo rir. Pego meu celular no bolso – eu gosto de como decorou seu iPhone.

Minha capinha era branca e possuía detalhes com pedrarias transparentes e detalhes em preto. Era bem clássico, eu não achava especial. Então apenas dou de ombros.

- Pode ser – disco o número da Annabeth e espero.

- Alô? – pergunta e eu reconheço a voz da Annabeth. Nós não éramos tão amigas, mas eu a considerava uma pessoa legal, além que meu irmão está apaixonado por ela. E acho que ela também está por ele.

- Oi Annabeth – cumprimento – é a Lucy. Eu queria saber se pode me ajudar – peço educada.

- Depende do quê – sorrio pra mim mesma. Ela tinha um toque divertido na voz. Explico a ela que Jason quer oficializar as coisas com um anel e que eu preciso da medida do dedo dela. Annabeth gostou da ideia, disse que Piper vai gostar disso.

- Obrigada Annabeth, você foi muito legal – ouço ela rir.

- Primeiro: apenas Annie, segundo: foi um prazer ajudar, principalmente porque é pela Piper – sorrio com isso.

- Tudo bem, obrigada Annie – nos despedimos e eu desligo a ligação. Me viro para o meu primo – vamos amanhã? Digo, ver os anéis?

- Pode ser, obrigado Lucy. De verdade – ele faz uma carinha fofa e eu sorrio mais ainda apertando sua bochecha.

- Sempre conta comigo – digo – mesmo não sendo um programa que eu curta, eu fico feliz em ajudar – ele me abraça.

- Você é a melhor – diz em zombaria e sinceridade. Rimos e voltamos para seu apartamento.

Chegando lá vimos a Thalia e o Percy jogando videogame concentrados. Às vezes discutiam alguma coisa que eu não entendia, porque não estava prestando muita atenção. O Nico estava no outro sofá lendo um suspense, mas podia ver que algumas vezes ele olhava na direção dos primos e sorria.

Fui direto pra cozinha porque estava com bastante sede. Decido fazer o jantar, mesmo que o Percy seja melhor nisso do que eu, sou boa com doces mesmo. Ainda sim, até que sei cozinhar um pouco e minha mãe dizia que era bom, mas conhece papo de mãe, né?

Enquanto estou pensando, sento na bancada e termino de beber minha água e vejo Jason parar a minha frente. Demoro um pouco pra perceber que estou avoada.

- O que está pensando? – pergunta curioso.

- No jantar – digo, me ocorre uma ideia – Já sei, vamos fazer macarronada e eu depois eu faço uma sobremesa – mordo o lábio inferior empolgada. Eu gosto de cozinhar.

- Primeiro: para de morder seu lábio, você ainda vai se machucar – reviro os olhos com isso – segundo: desce da bancada – diz fingindo mandar em mim

- Tudo bem, papai – digo debochando. Ele sorri apenas.

- E não me desobedeça, garota. Você está na minha casa – diz e dessa vez ele parece o pai dele. Começo a rir e ele também.

- Você estava muito parecido com seu pai – digo entre arfadas de ar. Ele ri mais um pouco.

- Eu sei, às vezes eu imitava meu pai e Thalia, Hera – rio mais um pouco imaginando a Thalia imitando a madrasta. Devia ser muito hilário.

- Okay, okay – respiro fundo – o que quer de sobremesa, senhor Zeus Júnior? – pergunto com a voz debochada. Ele me pega no colo e eu grito com ele.

- Não sei – ele me joga pra cima e eu dou um tapa em suas costas. Não é porquê eu sou leve que as pessoas podem achar que eu sou uma boneca. Isso é muito irritante. Eu já sou leve comparada com as outras garotas, já que não sou muito alta e meu primo é meio forte.

- Me solta, Jason – ele me coloca no chão e eu respiro aliviada – vou fazer bolo, você quer com uvas? – pergunto meio mal-humorada. Ele sabe que eu odeio que me peguem no colo.

- Uva com chocolate – ele me abraça apertado quase me esmagando e diz – não fica assim, você sabe que eu te amo.

Primo louro que eu amo e não sei como ficar brava.

- Tá bom, Jason – digo – agora me solta – ele abre os braços e eu me ajeito de novo.

- É divertido, não precisa ficar brava – diz e eu apenas suspiro.

- Odeio você ser forte – isso era mais verdade. Eu não era muito alta, por isso era leve, não que eu fosse magrela, porque eu não era. Eu já fiz luta e isso me rendeu um corpo mais definido, não que isso importe muito. Apenas sou leve por ser meio baixa comparada com Thalia que é alta e Jason que é ainda maior e forte.

- É bom ser forte – ele quase me pega de novo, mas eu sou mais rápida. Okay, tinha vantagens em ser menor que meu primo. Não vou dizer pequena, porque não me considero tão pequena, só um pouco menor. Acho.

Nico POV

Vi quando Lucy saiu e resolvi segui-la. Estava entediado e queria fazer alguma coisa, qualquer coisa que não fosse ficar sentado lendo e vendo meus primos jogarem.

- Onde está indo? – pergunto entrando no elevador com ela, paro ao seu lado e espero sua resposta.

- Vou pegar umas coisas em casa – diz ela e eu deduzo que ela vá cozinhar. Por quê? Porque ela adora cuidar da gente.

- Cozinha? – ela assente e eu sorrio. Era até bom que ela gostasse de cozinhar, porque eu não gostava. Eu até sabia me virar, mas não era lá aquelas coisas. Como dizem, cada um é bom em alguma coisa. Quem cozinhava bem de nós era o Percy, sem dúvidas. Mas doces era com a irmã dele.

- O Jason vai me ajudar – diz dando de ombros. Quando morávamos em Londres, não podíamos entrar na cozinha porque já tinha cozinheira na maior parte do tempo, então isso acabava se tornando algo que a gente levaria como hobbie. Eu sei que é esquisito, mas antes, pra gente, não era algo que precisássemos fazer, não era uma necessidade.

- Macarrão? – pergunto. Meu primo adorava massas e macarrão era seu favorito e também o que ele fazia melhor. Ele gosta de molho branco.

- Sim. Mas falta algumas coisas que eles não têm, os dois têm preguiça de fazer compras – diz e eu acabo rindo. Uma coisa que eles não podiam fazer juntos era ir ao mercado. Eles acabavam brigando no começo, no meio e no fim. Também não podiam ir um de cada vez, porque iam querer que o outro comprasse tudo e iam ficar num impasse de quem ir. Não era como eu e Hazel que íamos juntos, ou a Lucy e o Percy que também iam juntos.

- Tudo bem. Posso ajudar? Estou entediado e Hazel saiu com o namorado – ofereço e ela concorda. De repente ela sorri e eu estranho isso.

- Vou chamar o Will – diz me fazendo congelar.

Ela está maluca? De onde ela tirou isso?

- Está maluca? – digo nervoso. Ela passa o braço pelos meus ombros sorrindo meiga.

- Eu vou dar um jeitinho de vocês passarem um tempo a sós, como desculpa por hoje – diz me dando um beijo na bochecha. E eu sei que já me convenceu. Às vezes, minhas primas eram umas diabinhas em forma de garota, não é possível.

- Você liga – digo. Eu que não iria chamar o Will pra vir aqui, só se eu fosse sociável, coisa que eu não sou.

- Ok – concorda pegando o celular no bolso da calça e colocando no ouvido – Oi Will – tem uma pausa – eu quero te convidar pra jantar em casa – ela espera e depois sorri – Na verdade é pra você passar um tempo com o Nico – suspira – Tenho certeza que ele não vai perceber – ela franze a testa – Porque eu conheço meu irmão – sorri – até daqui a pouco, Will.

- Ele vai vir? – eu sei que foi idiota, afinal ela disse “Até daqui a pouco, Will”, mas foi mais forte que eu.

- Sim. Olha, eu farei um bolo, então muito distraidamente eu vou esquecer os pratos de sobremesa – sorrio – e vocês vão vir pegar, eu enrolo dizendo que estão sujos ou sei lá. Vocês passam um tempo juntos aqui – explica – simples – diz e eu concordo.

- Sabia que você é muito maquiavélica? – ela sorri com isso.

- Sou uma garota perigosa – diz e eu tenho certeza que tem algo por trás disso – mas vocês são meu shippe, o que posso fazer? – rimos.

- Wico? – pergunto risonho. Will e Nico não era uma boa combinação de nomes. Saímos do elevador e fomos para a casa dela.

- Esse é o da Thalia – diz e eu franzi a testa.

- Aí deuses. Qual é o seu? – pergunto enquanto ela pega as coisas na geladeira.

- Solangelo – diz e eu sorrio.

- Soa melhor que Wico, mas também não é legal – digo e ela ri.

- Vem aqui – me chama enquanto coloca pratos de sobremesa dentro de uma caixa de isopor – vou deixar aqui.

- Tudo bem – concordo.

Voltamos para o apartamento da Thalia e do Jason. Lucy foi pra cozinha ajudar o nosso primo enquanto eu ficava na sala ou arrumava a mesa, já que não tinha o que fazer. De vez em quando eu ajudava meus primos em algo.

Os dois trabalhavam bem juntos, eram parecidos e se davam bem fazendo as coisas. O Jason às vezes era meio esquentado, principalmente quando se tratava da Thalia, mas com outras pessoas ele era de boa. Vai entender a relação deles.

- Nico, abre a porta por favor. Will está subindo – diz casual.

- Não sabia que o tinha chamado – comenta Percy.

- Ele é meu amigo e fazia tempo que eu não o via – mentira – por isso achei que não teria problema – Percy só acena com a cabeça e sorri.

A Thalia sorri maliciosa pra mim e eu vou abrir a porta antes que ficasse vermelho de vergonha. Will estava muito bonito, uma camisa escura que realçava seus olhos, um sorriso brilhante e o cabelo bagunçado. Sorrio de lado.

- Oi – digo tímido.

- Oi – diz sorrindo. Eu estava com muita vontade de beijá-lo, mas me controlei. Ele entrou e cumprimentou os outros.

- Oi Will – diz minha prima e dá um tapa nele quando ele a levanta – Já que está aqui, por que não me ajuda?

- O que quer que eu faça? – pergunta. Minha prima sorri.

- Quero que vá a minha casa e lave alguns pratos de sobremesa e os traga. Não tenha pressa, não quero que quebre nada – diz e Will ri.

- Não quer que eu vá? – pergunta Percy. Gelo.

- Não precisa, sei que Will fará isso por mim – diz de forma leve.

- Claro, por quê não? – pergunta retoricamente.

- Mas ele sabe onde você os guarda? – pergunta Percy.

- Nico sabe, tenho certeza que ele não se importa de ajudar Will por mim, não é? – pergunta e eu entro no seu joguinho.

- Só porque você pediu – digo fingindo indiferença. Thalia olha nosso teatrinho e resolve ajudar.

- Além de que quero mostrar umas músicas novas do Green Day para você, Pers – ela apelou um pouco. Green Day e Pers? A sorte que meu primo é lerdo e gosta de rock também. Ele parou de prestar atenção quando a Thalia disse músicas.

Saímos do apartamento e a Lucy foi com a gente até o elevador.

- A chave – disse me entregando – cuidado com os móveis – ela se aproximou – Não se excedam demais e não quebrem nada – diz baixinho e me fazendo corar. Ela riu.

- Já entendi – digo sem graça.

- Até mais, o Percy tem a chave – diz pra ninguém em especial. Will parece não entender o motivo do aviso, então só dá de ombros.