História Acasos do Destino - Capítulo 29

Leo POV

Pensa, pensa, pensa. Por quê eu sou tão idiota mesmo?

Eu já perdi as contas de quantas vezes pensei na Calipso só nos últimos dez minutos. Ela não saí da minha cabeça faz dias, não para de rondar meus pensamentos e sonhos.

Argh. Eu acho que estou ficando louco.

Eu queria tanto que as coisas fossem mais fáceis, queria que as coisas se resolvessem de modo mais simples. Era tão mais fácil consertar um carro, uma moto, uma TV, o ar do quarto, o ventilador de mesa... era tão mais lógico. Podia até fazer uma hélice com elásticos e coisas consideradas inúteis, mas me declarar? Isso me enlouquecia.

Não sabia lidar direito com o que eu sinto quando eu estou perto dela, eu simplesmente fico sem ação e falo coisas idiotas sem pensar. Ela me achava engraçado e eu me achava um imbecil. Que ótimo! Eu poderia revezar, não é?

O que seria da minha vida sem sarcasmo?

Voltando, eu me sentia intimidado pela beleza dela, pelo seu carisma e seu sorriso. Por quê, dentro todos os garotos, ela me escolheria? Eu não era bonito, não era forte ou sarado. E isso não é problema de autoestima, porque eu geralmente me vangloriava, mesmo de brincadeira.

- Toc, toc – diz Charles batendo na porta. Todos o chamam de Beckendorf, mas eu não aderi muito a isso, ele era Charles apenas, meu irmão ou meio irmão, que seja.

- Pode entrar – digo suspirando e tentando incorporar meu jeito palhaço – o que te traz aqui, jovem? Precisa de conselhos, sou ótimo ouvinte! – sorrio abrindo os braços.

- Chega de brincadeiras, Leo. Vim aqui pra falar de irmão mais velho pra mais novo – diz e eu o olho sem entender.

- As conversas não são sempre de irmão mais velho pra mais novo? Não lembro de trocar de idade quando conversamos – digo em tom divertido e ele ri um pouco antes de me fitar de novo com um ar sério.

- Agora chega – diz em tom calmo – eu vim conversar sobre garotas com você, Leo. Sou seu irmão mais velho, é minha obrigação – nego com a cabeça me sentindo assustado.

- Não, não e não – digo negando – mamãe já falou comigo sobre isso quando eu tinha doze anos, não preciso ter essa conversa de novo – ele ri de mim enquanto eu tento tirar aquelas palavras da minha cabeça. "Não tem problema falar disso comigo, a mamãe sempre vai estar aqui". Eu odiava quando ela resolvia conversar comigo sobre isso, o "mamãe" já estragava tudo e ela ainda me chamava de bebê, como se isso amenizasse as coisas. Era tão constrangedor.

- Ela também te chamava de bebê? – assinto constrangido e ele ri – Leo, eu não vim falar sobre isso. Eu vim conversar sobre você se apaixonar.

- Ah não, piorou. Vamos voltar para o "bebê"? É menos constrangedor – digo balançando a cabeça. Eu não queria falar sobre aquilo com ele.

- Vamos Leo, todo mundo já sacou que você gosta da Calipso – diz me pressionando e eu dou um suspiro cedendo.

Com quem mais eu poderia falar sobre ela?

- Tá, tá – digo com as mãos pra cima, rendido – Eu estou apaixonado por ela sim e não faço ideia do que fazer – suspiro. Era como tirar um peso das costas.

- E como você está se sentindo? – bagunço meu cabelo com os dedos antes de responder.

- Estou assustado, eu não sei como lidar com isso. Ela não é um carro ou qualquer outra coisa, eu não sei como agir e ela também é linda e isso me intimida – digo de uma vez e quase sem respirar.

- Eu entendo – diz com um sorriso leve me fazendo olhá-lo.

- Aham sei - digo com sarcasmo.

- É verdade, não estou dizendo pra você se sentir melhor.

- Não está ajudando – ele sorri sem graça.

- Estou dizendo que eu passei por isso quando estava gostando da Silena, ela é uma garota linda e muitos caras já tentaram ficar com ela, mas mesmo assim ela me escolheu. E eu sei o que você está pensando "eu não sou bonito, nem forte ou sei lá o que mais" – abro a minha boca e depois fecho.

- É isso mesmo – ele só balança a cabeça.

- Você ainda tem a vantagem de ser engraçado, porque eu me achava muito grande perto da Si e acredite isso me incomodava bastante – diz dando tapinhas de leve no meu ombro.

- Você pode ter razão – murmuro pra mim mesmo pensativo.

Foi nesse momento que eu decidi que, qualquer que fosse sua decisão, eu iria me declarar.

Justin POV

Eu admitia que odiava ficar em casa sozinho e isso incluí ter que morar só, mas com a Lucy ali parecia que as coisas se tornavam completas de alguma forma, eu me sentia feliz. Ela dormiu com a cabeça apoiada no meu peito e quando eu acordei fiquei apenas olhando ela dormir, minha menina. Passamos o final de semana inteiro juntos.

- Bom dia – murmura sonolenta e eu sorrio beijando o seu cabelo.

- Bom dia gatinha – ela sorri corando e beija meus lábios.

- Gatinha – ela testa o som dessas palavras tombando a cabeça.

- Você é tão fofa – sorrio.

***

- Vamos? – pergunto a ela que sorri pegando a minha mão.

- Sim – concorda deixando que eu colocasse meu braço na sua cintura enquanto eu a levava até a sua sala. Apenas dou-lhe um selinho e me despeço.

Fico sem vê-la até a hora do intervalo. Vejo que ela está de costas, por isso simplesmente envolvo sua cintura com meus braços e beijo seu pescoço. Sinto sua pele se arrepiar com o meu toque e isso me faz sorrir.

Lucy se vira pra mim e me beija suavemente colocando os braços ao redor do meu pescoço. Mesmo sem olhar sei que tem muita gente nos encarando, mas não ligo pois tenho ela nos meus braços.

- Oi – murmuro contra seus lábios.

- Oi – sussurra e nós caminhamos até o refeitório de mãos dadas.

Pegamos nosso almoço e não pude deixar de perceber que nossos amigos nos olhavam indagadores. Nos sentamos escondendo o sorriso e começamos a comer tranquilamente.

- Então? – pergunta Percy incentivando para que nós falássemos alguma coisa, mas Lucy apenas sorri pra ele. Fico imaginando o que ela disse pra ele.

- Então o quê? – Lucy se faz de desentendida. Jason me cutuca sorrindo malicioso.

- Que foi? – uso o mesmo tom da minha namorada.
- Anel bonito – comenta Calipso e Lucy sorri.

- É sim – seguro sua mão e beijo seu dedo com carinho.

Não presto muito atenção nos outros, apenas a beijo segurando sua nuca. Eu podia ouvir os outros falando, mas nada disso me importava, apenas ela.

Percy POV

Durante a aula de Biologia eu fiquei totalmente imerso em meus pensamentos, minha mente trabalhava sem parar em coisas que não tinha haver com a aula em si. Bianca casando, Lucy namorando, Jason também e até Nico parecia mais feliz, me perguntava por quê. Ouço o professor me chamar e apenas lhe respondo automaticamente o que quer que tenha me perguntado.

- Exato Senhor Jackson, como sempre – ele sorri e eu devolvo o sorriso um pouco perdido. Vi que Annabeth me olhava.

- Você sabia o que ele ia perguntar? – nego com a cabeça.

- Só respondi, mas na real nem sei o que ele perguntou – dou de ombros indiferente.

- Você realmente estuda pra essa matéria, não é? – apenas sorrio.

- Eu quero ser biólogo, preciso estudar – digo enfaticamente – e você? Que carreira?

- Arquitetura? – olho pra ela pensativo.

Ela era filha de Atena Chase? Provavelmente.

- A Thalia me chamou para o casamento da sua prima – comenta enquanto escreve.

- Você vai? – pergunto animado.

- Não sei, quem vai? – pergunta meio tímida e eu acho aquilo extremamente fofo.

- Piper vai ser madrinha com o Jason, acho. Frank também. Justin com certeza, já que a mãe dele é amiga da minha e os outros eu não sei ainda – conto mentalmente – Ah, e a Caly, ela já conhece a Bia, minha prima.

- Vocês namoraram muito tempo? Quero dizer, você e a Calipso.

- Hum, não muito. A Caly é uma pessoa muito boa, mas nós não combinamos realmente. Eu acho que eu devia uma cunhada decente pra minha irmã – sinto minha voz meio melancólica e sei que ela também percebeu.

- Hãn – diz encabulada. Sorrio a ela pegando sua mão.

- Esquece isso – ela concorda com a cabeça.

- Eu já sofri demais Percy, mas estou tentando deixar isso de lado – diz baixo e mesmo que estivéssemos na sala de aula, ninguém se importava.

- Que bom – acaricio sua mão por baixo da mesa.

Eu tinha a sensação que faria tudo por ela, que nada mais importava do que vê-la feliz e eu queria, mais que tudo, poder fazer isso.

***

Era hora da saída e a Annabeth iria embora comigo, já que a Piper tinha vindo com o Jason. O desejo era incontrolável quando estávamos juntos, todo momento tínhamos os lábios colado um no outro e não era só isso. Eu sabia, sabia que no fundo eu a amava.

Estávamos perto do meu carro encostados em uma árvore meio escondida. Nosso beijo estava quente, muito quente e ela segurava meu cabelo com força enquanto eu apertava sua cintura levemente.

- Ahá! – grita uma voz atrás da gente e nós nos separamos ofegando. Thalia estava praticamente dando pulinhos.

- Ahn... – o quê eu podia dizer?

- Não acredito que vocês esconderam isso de mim – Thalia finge tristeza com um biquinho digno de Thalia. Acabo sorrindo negando com a cabeça.

- Thalia por favor – pede Annabeth corada e eu a puxo pra mais perto de mim.

- Não conta nada Thals – peço e ela faz um bico de novo, mas sorri em seguida.

- Não vou, mas quero ver você lidar com a Lucy depois – faço uma careta com isso. Eu odiava esconder as coisas da minha irmã.

- Ela vai entender – rebato e ela desmancha a expressão de vitória.

- Eu sei que vai, mas não é nada legal namorar escondido – diz repreendendo.

- Namorar? – repetimos Annabeth e eu.

- Não estamos namorando – completo e Thalia levanta uma sobrancelha pra mim.

- Então o que estão fazendo?

- Hum... nos conhecendo – respondo por fim.

- Estou vendo como estão se conhecendo – diz rindo maliciosa e tenho certeza que eu corei.

- Pare de se indiscreta – coloco o rosto no pescoço da Annie e ela acaricia meu cabelo.

- Okay, continue se “conhecendo” – vejo que ela faz aspas com os dedos e depois que ela vai embora, nós começamos a rir...