História Acasos do Destino - Capítulo 51

Annabeth POV 

O final do ano chegou em um piscar de olhos. Em meio a rotina e as provas de fim de ano, o tempo pareceu voar.

Algumas novidades se fizeram presente, como a ida do Nico para o apartamento de Will. O mais novo estava mais que decidido com aquilo e quando vi Percy e Jason incrédulos, sabia que nada faria Nico mudar de ideia. E como sempre, Lucy e Thalia apenas riram da cara dos respectivos irmãos. Confesso que eu mesma ri. Era engraçado ver as caras pasmas deles, principalmente o jeito como meu noivo fazia uma carinha confusa.

A verdade era que Nico e Will eram um casal muito bonito e fofo. São aqueles de pessoas que não tem nada a ver uma com a outra, mas que é em meio as diferenças que eles se completam. Assim como Thalia e Luke. E é nesses momentos que eu sei que estou passando muito tempo com a Piper. Estava ficando sentimental demais.

Malcolm parecia estar bem com a Ashley, na verdade, parecia mais do que simplesmente bem. Eu nunca tinha visto ele tão sorridente e seus olhos brilhando tanto desde que eles assumiram oficialmente o namoro, mesmo que isso não tenha agradado muito a dona Atena. E meu pai, como sempre, a tratou assim como Percy, como se já fosse parte da família. O engraçado é que meu pai não gostava do meu ex, talvez ele já sentisse que ele me magoaria, ou algo assim.

Saio de meus devaneios quando Piper chama a minha atenção. Nós estávamos no shopping escolhendo o vestido para a formatura e confesso que já estava entediada de ver quase as mesmas coisas sempre. Piper sempre foi uma garota bonita independente da roupa que usasse, então tudo lhe caía bem, mas ela ainda estava insegura.

- Piper, é apenas um vestido. Não fique tensa – vou até ela de frente para o espelho.

- Mas será que... – diz perdida.

- Eles já te adoram, você sabe disso. Não precisa ficar tão preocupada em agradar os pais de Jason, sinceramente, eles nem vão prestar muita atenção – olho para o reflexo dela no espelho – Você está linda, então se acalma.

- Tudo bem – diz suspirando por fim.

Coloco a mão em seu ombro e aperto. Então abro um sorriso confiante a tranquilizando, Piper se preocupava demais com detalhes assim, mesmo que não devesse.

- E o seu? – me pergunta depois que estamos saindo.

- Eu já escolhi, é um vestido longo azul escuro – digo sorrindo.

- Pelo Percy?

- Também – rimos.

***

Depois foi mais tranquilo, o único problema, talvez, foi o Percy ansioso pra rever a família. Meu noivo às vezes agia como uma criança, mas eu até gostava disso nele, porque a sua alegria era tão pura que me deixava feliz também.

- Calma Percy, você ainda vai fazer um buraco no chão de tanto que anda! – digo quase rindo. Vê-lo daquele jeito me divertia, além de que me deixava mais calma também.

- Desculpa – ele sorri sem graça se sentando ao meu lado.

- Daqui a pouco vamos. Eles não disseram que vão nos encontrar lá? – ele assente – Então pronto, não fique ansioso.

- Estou tentando. Só você pra me acalmar agora – diz com um sorriso doce.

- É apenas a formatura. O pior já passou – digo carinhosa. E ele sabe que não me refiro apenas as provas, as nossas piores fases já tinham passado. Eu e ele, apesar da dor que foi quando ficamos separados, criamos uma comunicação muito maior depois disso, não tínhamos medo de conversar sobre nada.

Sua cabeça repousa em meu ombro até o momento em que vamos para o evento da formatura.

Estava tudo muito bonito, claro e organizado. E a medida que o tempo passava um frio passava por minha barriga, eu estava um pouco nervosa. Eu que faria o discurso de encerramento e mesmo tentando não demonstrar pra todos – Percy obviamente via como eu estava uma pilha – em como aquilo me deixou ansiosa.

E meu namorado segurou a minha mão até o momento em que eu subi no palco, onde todas aquelas pessoas me olhavam atentas.

- Boa noite à todos – digo com um sorriso, onde há um coro em resposta – é uma honra muito grande estar aqui hoje pra tentar expressar em palavras como foi importante essa fase. E quando digo isso não me refiro apenas as notas – há um murmúrio de risadas – A adolescência é a etapa do descobrimento, do conhecer, do entender um pouco sobre a vida e não apenas em livros, mas com as experiências. Eu sempre sonhei em ser arquiteta e realizarei esse sonho nesse próximo ano, contudo não foi apenas isso que eu consegui no colégio. Eu conheci pessoas, fiz amigos, me apaixonei – rio assim como outras pessoas – e descobri mais sobre a vida com a convivência com outras pessoas. Comecei a me relacionar com pessoas diferentes e me permitir ser amigas delas, saí da minha zona de conforto e aprendi uma parte mínima sobre o que é a vida, experiências essas que não podemos deixar de viver. Portanto, hoje fico feliz de dizer que aprendi muito mais do que esperava no tempo em que fiquei nesse colégio – sorrio e então posso ouvir as palmas que enchem meus ouvidos.

Ainda com o coração acelerado eu sorrio e aceno às pessoas, depois sigo até ao lado de Percy, que segura minha mão novamente sorrindo pra mim.

- Você foi incrível – diz em meu ouvido e sua voz calma me relaxa. Sorrio.

***

Quando tudo acaba posso ver a minha família e a de Percy conversando ao longe. Tyson corre assim que nos vê.

- Pers! – ele grita correndo e se jogando nos braços de Percy.

- Oi Ty – diz meu noivo sorrindo. Ele agacha dando um forte abraço no mais novo, então se levanta e bagunça os cabelos do pequeno que apenas sorri.

- Oi Tyson – digo sorrindo. Então ele inesperadamente me abraça.

- Tia Annie – diz feliz como se estivesse muito feliz em me ver. Meu coração se aquece e eu o abraço forte.

- Você cresceu, sabia? – digo o fazendo rir.

- Papai me diz isso todo dia, diz que não sabe quem eu puxei – ele sorri deixando evidente suas covinhas.

- Conquistou meu irmão, Anna? – ouço uma voz atrás de mim. Tyson se vira para voz e corre pra irmã mais velha. Sorrio.

- Tenho um dom – digo de brincadeira.

- Tem mesmo – concorda Percy me abraçando de lado.

- Aliás parabéns pelo discurso – diz Lucy com um sorriso sincero.

- Obrigada.

- Foi mesmo muito bom e acho que definiu muito de nós – diz Justin rindo levemente.

Viro-me procurando os outros e a primeira pessoa que vejo é meu pai que está sorrindo emocionado. Vou até ele e o abraço forte.

- Você estava tão linda, querida – diz todo derretido.

- Obrigada, pai – digo olhando em seu rosto agora. Uma lágrima escorre por sua bochecha.

- Tão crescida – ele limpa o rosto e sorri.

- Por favor não chora, se não eu vou chorar junto e minha maquiagem vai ficar toda borrada – digo contendo minhas emoções.

- Eu vou tentar – diz me abraçando rapidamente de novo.

Assim que me solto de meu pai minha mãe vem em minha direção. Ela tem um sorriso no rosto, mesmo com o seu jeito sério ela parece feliz. Minha mãe me abraça.

- Estou orgulhosa de você, filha – diz enquanto estamos uma nos braços da outra. Sinto meu coração se encher de alegria e sinto meus olhos se encherem de lágrimas. Estou tão feliz.

- Obrigada, mãe – digo segurando o choro.

- Você está linda – diz acariciando meu rosto e dando-me um beijo na testa. E estar ali com minha família e sabendo que tenho Percy ao meu lado fazem com que meu peito se aqueça de forma gostosa. Sinto que minha família agora está completa.

***

A casa/mansão em que estávamos era muito bonita e sofisticada. As paredes eram brancas e a sala era grande, todos os móveis eram de uma cor marrom polida, o que caía bem ao estilo da casa. Aquela era a casa de Zeus, o pai de Thalia e Jason e apesar dos móveis caros o lugar tinha um clima familiar muito bom.

Olhar todos reunidos me trazia um sentimento de nostalgia que era embriagador – de um jeito bom – e eu apenas conseguia sorrir. Vejo todos interagindo uns com os outros e tento me lembrar de virar para as meninas, que estão sentadas perto de mim.

- Acho que a faculdade vai ser boa – diz Thalia relaxada no sofá. Seus olhos azuis estão mais faiscantes essa noite.

- Acho que sim – diz Piper tranquila.

- Realmente. Mas vamos aproveitar hoje – digo e as duas me olham espantadas.

- Annabeth Chase dizendo para aproveitar o hoje? – pergunta Piper incrédula.

- Sem regras? Sem pensar no amanhã? Deuses, meu primo foi uma grande influência pra você – diz Thalia rindo. Pego uma almofada e jogo nela.

- Olha quem fala. A garota que não mudou pelo namorado – digo rebatendo.

- Mudei mesmo – ela me mostra a língua.

- Parem as duas – diz Piper fingindo que está brava, mas no fundo sei que está se divertindo muito com isso.

- Não vai mudar muita coisa ano que vem – comento.

- Não mesmo – diz Thalia.

A escola onde estudávamos era vinculada à faculdade, onde tinhas os melhores cursos de todo o país. Não era uma Harvard, mas tinha grande potencial, assim todos nós, basicamente iríamos continuar na mesma instituição, apenas em um lugar diferente. Eu nunca tinha ido, mas diziam que o campus da UHB (Universidade Half Blood) era incrível. Com toda a certeza eu vou amar fazer arquitetura lá.

- O Luke também vai entrar esse ano, não vai? – indago curiosa.

- Sim. Relações Internacionais – diz Thalia com um sorriso contido. Parecia que toda vez que ela falava dele seus olhos brilhavam com um carinho característico, afinal eu via isso todo dia ao me olhar no espelho.

- Por quê ele não começou ano passado? – pergunto curiosa. Luke era um cara legal, mesmo que eu não conversasse muito com ele sabia que tinha um bom coração e muita capacidade.

- Ele não sabia o que fazer ano passado ainda – Thalia deu de ombros.

- Você já pensou que ele talvez tenha feito isso, em parte, pra ficar perto de você? – indaga Piper com sinceridade. Sorrio concordando e Thalia cora.

- Não – diz baixo. Eu e Piper rimos.

- Por que não chamamos ele aqui? – indago com um sorriso divertido. Thalia joga uma almofada em mim em protesto.

- Nem pense, Chase – diz me olhando fulminante, apenas sorrio pra ela.

Brincadeiras à parte eu podia ver como tudo estava correndo bem entre todos e isso era o que mais me deixava feliz. Caminho até meus pais, vendo minha mãe sorrir e seus olhos brilharem, com a animação que sempre vejo quando ela fala sobre algum projeto.

Meu pai está ao seu lado com o braço envolta de sua cintura olhando-a com carinho. Por muito tempo eu tentara entender como os dois tinham ficado juntos sendo que era tão diferentes, até que hoje eu entendi parando de tentar achar uma explicação racional. Os dois se amavam, assim como eu e Percy, apesar dos jeitos opostos. Enquanto meu pai sempre fora muito carinhoso, minha mãe era mais séria e na dela, mas eu podia ver como meu pai quebrava essas barreiras, como Percy quebrara as minhas, afinal eu sempre fui muito parecida com minha mãe.

- Sobre o que falam? – pergunto chegando perto deles.

- Sua mãe vai projetar a nova sede da empresa Olympus – diz meu pai solenemente.

- Isso é ótimo – digo mesmo que no fundo já esperasse isso. Minha era uma das melhores, se não a melhor, arquiteta, seus projetos eram incríveis.

- Vai ser bom. Aqui é diferente, mas aconchegante. Acho que deve ser o destino nos trazendo pra cá – brinca Poseidon olhando pra esposa ao seu lado. Sorrio.

O clima estava agradável e ameno, parecia que tudo estava se encaixando no final das contas. Com um aceno de cabeça eu me afasto e me dirijo até Percy e Lucy que conversam sobre algum assunto particular.

- Oi – digo levemente.

- Ah, oi – diz Lucy e Percy se vira pra mim.

- Algum problema? – pergunto. Os dois trocam olhares e suspiram, em uma concordância muda.

- É só nosso irmão. Ele anda meio afastado – diz Percy bagunçando o cabelo.

- Ele está bem? – pergunto tentando entender a preocupação deles.

- Acho que sim, só queremos vê-lo – diz Lucy com um sorriso, que não chegava aos seus olhos.

- Hum – concordo.

- Não se preocupe – diz Percy me dando um beijo na testa e sorrindo carinhosamente pra mim.

Então começamos falar sobre outras coisas, como o fato do pai deles ter se dado muito bem com o meu e até Percy contando histórias constrangedoras sobre a irmã quando ela ficou bêbada pela primeira vez.

Apesar disso Lucy apenas fez uma careta, deu um pescotapa no irmão e depois sorriu. Isso até me permitiu brincar um pouco enquanto conversávamos e pude me aproximar um pouco de Lucy, mesmo com suas barreiras começamos a ficar amigas, tinha momentos que até começamos a deixar Percy um pouco de fora, mas ele não parecia se importar muito.

- Meu irmão era uma graça quando era pequeno e adorava ficar correndo por aí com um bichinho de pelúcia que ele apelidara de Bob – diz Lucy com um ar nostálgico. Percy cora um pouquinho.

- Eu costumava dizer que era o meu melhor amigo – diz dando uma leve risada. Rio junto.

- Você devia ser uma criança fofa – digo apertando sua bochecha levemente, seu rosto fica mais escarlate, mas ele sorri.

- Eu acho que estou sobrando aqui – diz Lucy divertida, então se afasta.

Percy se aproxima de mim e me beija, doce e calmo, onde sua língua brinca com a minha causando sensações gostosas em mim. Suas mãos vão pra minha cintura, onde ele aperta levemente, o que me faz gemer baixinho. Me solto dele com a respiração mais rápida e sorrio.

- Você está linda nesse vestido azul – diz romanticamente, então complementa – Mas prefiro você sem.

- Pervertido – digo batendo em seu braço, mesmo que já sentisse um calor tomar meu corpo. Ele ri.

- Apenas com você – diz divertido.

- Bom mesmo – digo em tom de aviso.

Ele me puxa pra ele me dando um beijo rápido, então me leva para o andar superior, onde comemoramos o dia da nossa formatura ao nosso modo.