“Quando eu te vi pela primeira vez,
Me encantei com o seu jeitinho de ser.
Seu olhar tão lindo me fez viajar,
Vi no seu sorriso imenso mar...”
(Grades do coração - Revelação)
- Boa tarde! – Clary fala baixo, um pouco sem graça, enquanto Jace a olha como se tivesse a estudando. Ela se sente um pouco desconfortável e dá um pequeno sorriso para disfarçar suas bochechas coradas. Ele a analisava descaradamente, sem nenhum pudor. Até que finalmente respondeu ao comprimento dela.
- Boa tarde! Senhorita... – Ele responde, com um sorriso no canto dos lábios, enquanto se levantava e estendia a mão em sua direção.
- Fairchild! Clarissa Fairchild. Mas pode me chamar só de Clary, é como todo mundo costuma me chama. E eu prefiro assim, é menos formal e tal. Deixa o Clarissa para quando a minha mãe tiver brava comigo. Ou para quando você tiver bravo comigo, se é que a gente vai ter oportunidade de se ver novamente... mas caso a gente tenha, espero que na ocasião você não esteja bravo comigo a ponto de querer usar o meu nome completo... – Clary revira os olhos para si mesmo, percebendo que tagarelou. - Mas provavelmente a gente nem precisa se ver novamente para você ter motivos de ficar bravo comigo, já que você deve se sentir assim agora depois de me ouvir tagarelar sem parar... – Merda! Ela xinga mentalmente, se perguntando o que há de errado com ela?
- Jonathan Christopher Herondale! Ou Jace. – Ele disse, contendo o riso.
Clary não sabia onde enfiar a cara de tão envergonhada, queria que um buraco simplesmente se abrisse em seus pés e ela caísse dentro. Sentia todo o seu corpo queimar. Deveria estar toda vermelha como um tomate maduro. No entanto, Jace não pareceu se incomodar. Continuou segurando a mão dela e foi se aproximando devagar, sua voz meio rouca, causando calafrios em Clary...
- Bom, para provar que não fiquei bravo por você tagarelar... – Ele se aproxima um pouco mais dela, ainda sorrindo, e lhe dá dois beijinhos, um em cada lado do seu rosto e sussurra em seu ouvido. – É um prazer enorme te conhecer, CLARY. – Dando ênfase ao Clary. Ela fecha os olhos pela sensação de sentir sua boca no ouvido dela. Seu corpo se arrepiou por inteiro, e ela agradeceu mentalmente por estar toda coberta, se não seria mais uma para acrescentar na lista de “micos de Clary”. Ele se afasta com o sorriso ainda mais lindo, se é que isso era possível, pensava Clary.
*****
A tarde passou voando. Pelo menos do ponto de vista de Clary, já para Jace ela se arrastou. Ele queria poder estar beijando-a, mas ela mal olhou para ele e por algum motivo que ele desconhecia, também não conseguiu tomar nenhuma iniciativa. Clary não conseguiu estudar absolutamente nada, achava que sua maior distração seria encontrar alguém com o hábito de ler alto, doce ilusão. Sua distração foi Jace. Seus cabelos, seus ombros largos por baixo da jaqueta de couro, seu cheiro que já estava a deixando tonta. Ela nem precisa olhar para ele. Só de sentir a presença dele ali já não conseguia ler uma palavra se quer. Depois de um longo tempo no silencio constrangedor, Clary decidi ir embora.
- Então... ainda tenho que passar na recepção para fazer o cadastro e poder levar esses livros. – Informação desnecessária Clary, ela se repreende mentalmente, antes que começasse a tagarelar de novo. – Eu vou nessa, antes que fique mais tarde. Foi um prazer Jace. – Clary se levanta e começa a organizando suas coisas. Jace imediatamente se levanta também dizendo.
- Você não quer companhia? Você disse que é seu primeiro período... não tem medo de ficar andando por aí sozinha e se perder? – Disse com aquele sorriso torto, que já havia se tornado o favorito de Clary.
Apesar dela estar completamente derretida por ele, ela não baixa a guarda. Pelo menos tenta não baixar. Pensa em um milhão de desculpas para dizer não, inclusive em dizer a verdade, “passei o dia me perdendo, vai ser só mais uma vez a acrescentar”. Pensou, porque recusar? Ele é lindo, gentil, educado, aparentemente rico e... um galinha. Pelo menos tem muita cara de ser galinha. Ou seja, problemas, uma tonelada deles. Ela respirou fundou e tentou botar os pensamentos em ordem enquanto Jace a olhava esperando uma resposta. Ok! Ela pensou, tentando raciocinar com coerência.
Primeiro, eu não o conheço. Não sei absolutamente nada sobre ele. Se for um maníaco, tarado, serial killer ou sei lá? Eu sei, um pouquinho exagerado, mas minha mãe me ensinou a pensar em todas as possibilidades. Segundo, ele é muito gato para está solteiro, e SE por um acaso do destino, ele estiver, é porque é um pegador desalmado, o que não melhora em nada a situação, é necessário proteger o coração certo? E terceiro, não posso me permitir distrações, tenho que focar nos estudos, pelos anjos! O que está acontecendo comigo?
Clary suspira mais uma vez e ele Jace percebendo sua indecisão abri aquele sorriso lindo novamente. O fato é que, ele sendo um psicopata ou não, tendo namorada ou não, já havia penetrado os pensamentos de Clary, e ao que parece, não tinha a MÍNIMA pretensão de ir embora.
- Na verdade eu aceito sim. – Ela disse por fim, devolvendo o sorriso. – Não tenho nem ideia de para que lado fica o meu dormitório.
*****
Clary sente que a moto havia parado, apesar do tempo frio ela suava por baixo do casaco.
- Clary? – Jace a chama baixinho e se vira um pouco para olhar para ela.
- Oi! – Ela responde com os olhos fechados.
- Não que eu esteja achando ruim, porque realmente não estou. Mas você pode me soltar agora. A gente desce da moto e eu deixo você me abraçar de novo. Que você acha? – Jace falou com um leve tom de diversão na voz. Ela solta ele quase que imediatamente, completamente se sem graça e ele continua.
- Chegamos medrosa.
Se havia uma coisa que Clary não era, era medrosa. O problema é que Jace parecia não ter nenhuma prudência em cima daquela moto. Ele se sentia livre e seguro quando andava de moto. Nada o poderia segurar. Mas lá no fundo Clary amor a experiência, gostava de ter um pouco de adrenalina, ainda por cima com um gato como ele, além do que ainda pode tirar uma casquinha.
- É só a falta de costume. Se tivermos outra oportunidade, nem encosto em você. – Ela fala, tentando parecer descontraída mas ao mesmo tempo pensando, “Mas só que não né?”, tudo que ela queria era oportunidades para abraça-lo e sentir seu cheiro, que como todo o resto é perfeito! Jace ficou surpreso com sua resposta e falou:
- Teremos outras oportunidades sim, pode ter certeza! Mas, eu vou ficar torcendo para você não se acostumar nunca! Porque isso... – ele pega as mãos de Clary e passa em volta dele novamente. – Foi muito bom!
Ela sorri completamente sem graça e sente as pernas amolecerem, sorte ainda estar sentada pois se estivesse em pé provavelmente teria perdido o equilíbrio. Jace a ajuda a descer da moto e quando estão se aproximando do dormitório falam ao mesmo tempo:
- Simon?
- Izzy?
Eles estavam no maior amasso em frente a porta de entrada. Levam um tremendo susto e se soltam apressados. Clary e Jace se olham meio indignados e depois achando a situação engraçada começam a rir. Simon e Izzy se olham sem entender nada. Então todos resolvem se apresentar:
- Eu sou a Clary, melhor amiga do Simon. – Ela fala esticando a mãe para a outra menina.
- Izzy, prima do Jace e... – ela olha para o Simon por um instante – amiga do Simon também. – Completou rindo.
- Eu sou o Simon. – Ele falou levantando a mão.
- Então sobrou para mim o Jace né? – Jace fala num tom irônico e com aquele sorrisinho no canto da boca.
- Clary, é impressão minha ou você veio de moto com... – Simon olha Jace dos pés à cabeça e completou com indiferença. – Ele?
- É Jace! – Se pronunciou com desdém.
- Foi, nos encontramos na biblioteca e ele se ofereceu para me acompanhar por que... eu não sabia exatamente como voltar. – Ela fala um pouco sem graça.
Simon a puxou um pouco para o lado deixando Jace e Izzy em um canto.
- Você está me dizendo que andou de moto com um estranho porque não tinha certeza de como voltar para o seu quarto? E para que merda eu sirvo Clarissa? – Ele falou tentando sussurrar, mas já elevando a voz.
- Ei, calminha aí. Eu ia ligar para você, mas já que ele se ofereceu, porque recusar? Já olhou para ele? – Clary fala, um pouco mais baixo a última frase. - Além do que, parece que você estava bastante ocupado ali... – completa apontando para os arbustos perto da porta e rindo. Ele riu também e continuou:
- Ok! Me pegou! – Diz levantando as mãos. – É só que eu me preocupo com você. Você sabe. Não fica saindo por aí com qualquer loiro oxigenado que aparecer, está bom? – Disse, pegando as mãos de Clary, com um tom preocupado e carinhoso que só ele tinha.
Quem visse, acharia que estava rolando um clima entre eles. Na verdade, já rolou. Clary e Simon se conhecem desde... sempre! Eles passavam muito tempo juntos, tudo que faziam era juntos, a afinidade deles é enorme, eles tinham muitas coisas em comum, muitos segredos partilhados, em determinado momento, no início da adolescência acabaram achando que o sentimento era outro. O primeiro beijo eles viveram juntos e a partir daí, começaram a namorar. Ficaram juntos por três meses, como o Luke gosta de brincar, tiverem seu “tempo de experiência, mas resolveram não assinar carteira”. Mas o fato de não terem dado certo não mudou nada entre os dois, eles se amam incondicionalmente, mas é um sentimento de irmãos, de cuidado e proteção. Nada além disso. E se sentiam as pessoas mais felizes do mundo por terem a oportunidade de viver esse sentimento, tinham a sorte de poucos.
Izzy se aproximou de Clary e Simon dizendo que ia entrar, mal olhou para Simon direito, na verdade, parecia que os dois nem se conheciam, quem dirá que estavam se pegando a dois minutos atrás. Então ficaram os três, Simon, Clary e Jace, se olhando, por alguns eternos segundos, Jace e Simon parecia que estavam em algum tipo de briguinha de olhares, e Clary não conseguia entender, até que cansou de presenciar aquela cena ridícula e se despediu dizendo:
- Bom, eu também vou entrar. Passei o dia “batendo perna”. – Fala, fazendo aspas com os dedos. – E amanhã tem bis, estou exausta.
- Se quiser posso vir te pegar, assim não vai ter perigo de você se perder. Podemos tomar café juntos e te deixo na sua próxima aula. – Jace falou animado.
- Não precisa, eu mesmo farei isso. – Simon respondeu antes mesmo de Clary pensar, em um tom sério e autoritário. Clary revirou os olhos o maldizendo mentalmente. Aquele era um péssimo momento para ele ficar dando uma de irmão super protetor. Mas ela não pode fazer nada além de dar um sorriso amarelo concordando.
- Ok! – Disse Jace, sem se mover.
- Ok! – Respondeu Simon, ainda parado. – Já não está na sua hora?
Jace olhou Simon com os olhos semi-serrados. O que teria assustado até o Anderson Silva, Clary continuava sem entender o porque de toda aquela tensão, mas começava a se divertir com aquela guerra fria.
Jace se aproximou dela, a puxou pela cintura para um abraço, deu um beijo em seu pescoço a fazendo sentir um arrepio pelo corpo todo e disse, alto o suficiente para que o Simon ouvisse:
- Retribuindo todo aquele contato de antes. – Ele a soltou e enquanto andava em direção a moto, mas ainda de frente para ela, piscou e falou - Até amanhã pequena. – Deu as costas e foi embora. Clary não conseguia conter o sorriso, seu masquilar já começava a doer, mas ela simplesmente não conseguia evitar. Simon fez uma careta para ele e falou:
- Temos que conversar sobre esse cara.
- Sobre a Izzy também. – Clary devolve na mesma moeda rindo.
- Ok, ok! Mas por hora, vamos focar em você e nos seus 18 aninhos de vida. VAMOS BEBEMORAR!!!
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