História Acompanhante de luxo - Segunda temporada - Capitulo 02

Lauren chegou a New Orleans de madrugada, ficou no aeroporto até amanhecer o dia e só então que decidiu enviar uma mensagem para Veronica. Era cedo, mas ainda assim precisava falar que estava na cidade, ela sabia que mais cedo ou mais tarde Camila iria ligar para se certificar que ela realmente estava em new orleans.

“Estou em New orleans.” [06:02 a.m]

A morena saiu pela cidade e decidiu dar uma volta. Os locais só abriam por volta das oito ou nove da manhã, então teria que comer em uma lanchonete 24 horas. Andou bastante, andar lhe fazia bem para os pensamentos. Olhava o celular diversas vezes, queria ligar para Camila, mas se conteve.

- O que vai querer, querida? – A garçonete apareceu com um bloquinho. Era uma mulher de meia idade, cabelos loiros, tingidos, as raízes estavam crescidas, olhos verdes, mas não brilhantes, eles estavam foscos, talvez pelo fato dela ter passado a noite inteira acordada.

- Café preto, ovos com bacon e um copo com água. – Não foi intencional, seu sotaque acabou sobressaindo.

- Um copo de quê? – Lauren encarou a mulher, os americanos gostavam de tirar sarro de seu sotaque, ela sempre relevava, sorria, brincava, mas estava de saco cheio e de mau humor.

- Á.g.u.a. Soletrando fica mais fácil, certo? – Sorriu de maneira debochada.

- Claro. – A mulher murmurou e se afastou.

Por volta de dez da manhã que Veronica respondeu sua mensagem, alegando que estava dormindo e só acordou porque Camila ligou insistentemente para o seu celular. Vero não trabalhava, investia na bolsa de valores, ou seja, trabalhava em casa. Sua jornada de trabalho era de apenas algumas horas, ou seja, de onze as quatro e meia que era o horário que a bolsa fechava. Vero gostava do perigo, então sempre comprava ou vendia faltando apenas um minuto para o fechamento da bolsa.

- Que isso gostosa, ta sozinha?

- Estou acompanhada marreta e da bigorna. – Mostrou os punhos. – Uma desce pela sua goela e a outra entra pelo seu rabo e esmaga suas tripas, seu escroto de merda.

- Meu Deus, que isso. – O homem deu partida no carro. Geralmente Lauren ignorava, mas aquele realmente não era um bom dia.

A morena caminhou só pelas ruas de Nova Orleans, viu os locais históricos, visitou casas antigas que hoje erma museus, adorava aquela cidade, era rica em cultura e com certeza era um local que moraria sem pensar duas vezes. Nova Orleans entrou na lista de cidades que moraria, depois de Nova Iorque, na verdade, ela estava na primeira posição, mas não pensou duas vezes quando Camila sugeriu Miami, tudo para fazer sua linda latina feliz. Seu celular tocou, era ela, Camila.

- Não posso nem pensar em você. – Desligou o telefone. Ao longo do dia, mesmo cansada com a viagem ficou vagando pela cidade e só a noite dirigiu-se a casa de suas amigas. Quando a porta foi aberta, Veronica negava freneticamente com a cabeça.

- QUEM É AMOR? – Lauren ouviu a voz de Lucy.

- TESTEMUNHA DE JEOVÁ! – Vero encostou a porta. – Vai embora.

- Por quê?

- Se quer viver, apenas vá...

- Lauren Jauregui! – A porta foi aberta subitamente fazendo as duas se assustarem. Veronica não perdeu tempo, se escondeu atrás de Lauren, afinal ela ouviu tudo o que Lucy estava resmungando dentro de casa. – Se converteu agora? – Ela começou a bater o pé no chão e aquilo alertou Lauren.

- Eu disse para fugir. – Vero sussurrou.

- Como pode fazer isso com Camila? Entra agora!

- Mas...

- Entra!

- Tudo bem. – Lauren murmurou, afinal não tinha muita escolha. Vero se escondia atrás de Lauren, mas não escapou do chinelo voador da esposa.

- Ai! Amor, ela tem o direito de não querer falar com a Camila.

- De você eu cuido depois. – Apontou para Veronica, que saiu como um cãozinho abandonado. – Lauren, que diabos você tem na cabeça?

- Lucy eu não compreendo...

- Você entende sim, nada de usar sua psicologia barata comigo. Você tem ideia de quão infantil é o que está fazendo?

- Infantil é ficar chateada por ela não querer se casar comigo? Porque ela não falou de uma vez, mas vive me dando esperanças e depois volta atrás, é como dar um pirulito para uma criança e depois que ela prova, tira dela.

- Lauren, você tem o direito de estar chateada por isso, mas você tem que conversar com ela, fugir não é a solução.

- Eu só quero um tempo, preciso pensar em tudo, pensar em mim, no que eu quero para o futuro.

- Você já me cortou da sua vida? – Lauren olhou para a escada e viu Camila com olhos inchados e vermelhos, fungava o tempo inteiro e parecia bem cansada.

- Camila...

- Você tem que pensar no seu futuro, pensar no que você quer para o futuro. Você desistiu de nós?

- Não, claro que não. Eu só não quero viver uma vida cheia de falsas expectativas.

- Isso é pelo casamento?

- Eu sinto como se não quisesse construir um futuro comigo.

- Assinar num papel é tão importante assim?

- Para mim é. – Lauren encarou a latina. – E eu sempre deixei claro isso.

- E por que isso é tão importante para você?

- Eu nunca acreditei em relacionamentos duráveis, nunca acreditei que fidelidade pudesse existir, nunca acreditei que conseguiria dividir todos os meus dias com uma pessoa, hoje eu consigo fazer tudo isso com você e por mais banal que seja, eu queria muito poder te dar o anel que meu pai deu a minha mãe no dia em que a desposou. – Lauren estava com o sotaque puxado, ela não conseguia mudar o sotaque e se abrir, seu cérebro não conseguia fazer as duas coisas, era algo inexplicável, então Camila sabia que quando ela falava daquela maneira era que estava sendo 100%. – Você é a pessoa quem minha mãe sempre disse que eu encontraria, que formaria uma família comigo. Eu só quero casar com você, porque te amo e quero dar mais um passo.

- Lauren... é só um papel. – Camila falou mais uma vez.

- Se você está com medo de que eu faça como Austin fez, admita de uma vez e terminamos com isso. – Lauren soltou o que estava pensando desde Miami. Camila tinha medo, não conseguiu superar o relacionamento passado e por isso acabava o deixando a sombra de seu relacionamento com Lauren.

- Claro que não, de onde tirou isso?

- Todos esses anos você espera que eu faça o que ele fez, que eu te magoe, que eu te traia, você fica esperando pelo meu erro e por isso tem medo de seguir em frente, você tem medo de ficar noiva e acontecer tudo de novo, mas vou te contar uma coisa bem obvia, eu não sou o Mahone.

- Eu sei... mas...

- Mas?

- Você vai enjoar de mim, eu sei que vai. – Camila voltou a chorar, se sentou no sofá e tampou o rosto. – Eu sei que está saindo com Keana?

- Keana? – Lauren falou surpresa.

- Achou que eu não descobriria.

- E o que você descobriu? – Lauren estava ficando bem irritada, realmente sua teoria estava se comprovando, Camila só estava esperando ela errar.

- Vocês duas no hotel, depois de jantar foram para o quarto. Admita, admita que transou com ela.

- Três anos e ainda assim me acha uma prostituta. – Lauren negou e deixou uma lagrima cair. – Certo. É só um papel... – Lauren murmurou. – Vamos nos hospedar em um hotel, já nos envergonhamos demais na frente de nossas amigas. Vou buscar suas malas e pedir um taxi. Ao chegar no quarto Lauren finalmente desabou, chorou bastante, realmente era difícil para ela saber que a mulher que ela amava pensava aquilo dela.

[...]

Depois de Nova Orleans, nenhuma das duas falou mais sobre o assunto do casamento. Lauren ainda estava muito ofendida, mesmo Camila não confirmando que a achava uma prostituta, se calou. Lauren pensou em explicar que Keana era uma organizadora de eventos e por elas estarem muito ocupada ajudando a família de Camila, achou melhor outra pessoa organizar tudo, desde o jantar de noivado a cerimonia. As duas passariam o feriado de ações de graça na casa dos pais de Camila, Sofi já havia recebido alta e estava recuperada. Eles iriam passar na casa de campo, que as filhas e os genros presentearam aos Cabello’s. Os amigos das duas iriam chegar no dia seguinte ao feriado. Neste ano o feriado se estendeu a cinco dias, algo que é bem raro.

- Pegou tudo? – Perguntou Lauren ao fechar a mala do carro.

- Peguei. Você pegou tudo?

- Sim. – Lauren entrou no seu SUV preto e dessa vez não abriu a porta do passageiro para Camila.

A viagem foi bem longa, duas horas, num silencio total de Lauren. O radio tocava algumas músicas aleatórias, ela tentou mexer, mas aquela era a única estação que funcionava. Ela sabia que precisava conversar com Lauren, queria se explicar, mas ainda assim estava magoada. Conversou com Dinah e a loira disse que ela ao menos deveria ter pedido uma explicação de Lauren, a latina sabia que tinha errado, acusou Lauren sem provas, nem se quer deixou a morena se explicar. A culpa lhe corria, mas além da culpa o medo, Lauren estava diferente, ela nunca tinha ficado daquela forma, estava distante, nem se quer fazia questão de fazer algo com a latina ou se quer estava tentando se reconciliar. Durante a noite saia da cama, ia deitar na sala, Camila morria de medo da morena ir embora e toda vez que isso acontecia ela chorava, passou duas semanas chorando, quando o dia amanhecia descia correndo as escadas para comprar se sua namorada ainda estava lá.

- Para o carro! – Camila acabou gritando, ela não aguentava mais aquele clima. Lauren assustada, jogou o carro no acostamento e pisou no freio e encarou Camila.

- O que houve? – A morena perguntou assustada.

- Desce do carro. – Camila desceu do carro, estava irritada, queria solucionar logo toda aquela situação. Lauren desceu assustada.

- Você está se sentindo mal?

- EU TE ODEIO SUA CARA DE LIMÃO AZEDO, EU ODEIO MUITO! – Começou a estapear Lauren. – FAZ DUAS SEMANAS QUE EU NÃO SEI DORMIR SEM CHORAR OU SE VOCÊ VAI ESTAR LÁ DE MANHÃ. – Camila desabafava.

- E eu? Como acha que me sinto nessas semanas.

- Eu não sei, você não fala.

- Do que adianta falar, não muda nada para você, eu sou a porra de uma prostituta para você.

- Eu nunca disse isso!

- E também não negou quando eu disse. – Lauren estava muito ferida.

- Amor... eu não penso isso de você, eu só estava com ciúmes.

- Por que não me perguntou se eu havia dormido com Keana ao invés de me acusar.

- Eu não sei. Você saiu de casa, viajou para outro estado, não atendia meus telefonemas, o que queria que eu fizesse?

- Eu não quero mais brigar... eu aceito...

- Não! Não quero que se case comigo forçada.

- Certo, certo. – Camila soltou um longo suspiro. – Nesse final de semana vamos deixar tudo de lado, vamos apenas tentar nos reconciliar, superar os problemas.

- Camila, isso parece que não vai dar certo, temos pensamentos diferentes sobre o que queremos sobre o futuro.

- Eu quero ficar com você e ponto, nada além disso. Eu prometo que vou consertar tudo nesse final de semana.

- Tudo bem. – Camila sorriu.

- Posso te beijar? – Camila pediu.

- Prefiro beijos roubados. – A latina correu até ela e pulou sobre ela, dando um longo beijo. As duas suspiraram ao se beijar. Ficaram se beijando por um longo, até que uma buzina alta assustou as duas.

- Parem de se agarrar na estrada! – Dinah colocou a cabeça para fora da janela.

- Está tudo bem? – Normani perguntou. Normani era uma mulher negra, linda, mais parecia uma modelo, era dona de uma franquia de escolas de danças famosa nos EUA e estava abrindo uma outra na Alemanha. Dinah realmente tinha tirado uma sorte grande, não pela negra ter dinheiro, mas porque Normani a tratava tão bem como ninguém nunca tratou.

- Sim, nós só demos uma parada para respirar. – Lauren respondeu. – Vamos, amor. – Camila sorriu e assentiu.

- Vamos dar uma parada na cidade antes de irmos para a casa de campo? – Camila perguntou a Lauren.

- Tudo bem, podemos chamar Dinah e Normani também. – Lauren deu a ideia.

- Vou ligar para Dinah. Oi Dinah.

- Tudo bem.

- Lauren quer passar na cidade, quer ir? Hummm... – Camila soltou um pequeno gemido no fim da  frase, aquilo não passou despercebido de Lauren. – Ah que pena Dinah, tudo bem, nos vemos na casa de campo.

- Elas não vão?

- Dinah está com dor de barriga, disse que experimentou tailandesa pela primeira, quero nem ver o estrago. – Camila soltou uma gargalhada.

As duas foram para a cidade, passearam, compraram algumas roupas, Lauren estava tentando deixar tudo para trás. A morena as vezes olhava para a latina, ela estava rindo, feliz, parecia que nada tinha acontecido.

- Camz, você acredita que isso realmente pode dar certo? – Lauren tinha estacionado o carro em frente a casa de campo da família Cabello, tinha uma quantidade razoável de carros, deveriam ser de seus amigos.

- Vamos entrar e lá dentro eu te respondo se realmente acho que vamos dar certo ou não.

Camila desceu primeiro, estendeu a mão para a sua namorada. Antes de passarem pela porta, Camila olhou mais uma vez para sua namorada e se achou uma idiota, por pouco quase perdeu Lauren, por algo tão bobo, por um medo criado a anos atrás, que Lauren já havia feito ela superar a muito tempo, mas ela acabou não prestando atenção nisso. Ao abrir a porta a casa estranhamente vazia, ela nunca estava vazia. A morena franziu o cenho.

- Onde estão todos? – Assim que elas entraram as luzes se apagaram. – Camila? – Lauren chamou, mas a latina não respondeu. Logo luzes no chão se acederam, revelando um caminho que levava a parte de trás da casa. Lauren foi caminhando até lá. Uma música estava tocando e era Endless love. Todos os familiares de Camila e seus amigos estavam lá, segurando uma rosa.

- Eu já estava acostumada com o fato de que nada na minha vida não dava certo, até encontrar você. – Camila limpou a garganta, estava quase chorando. – Por vezes essas duas semanas acordei durante a noite para te observar dormindo e a todo momento eu só conseguia pensar que me tornei dependente de você, que agora essa louca caminhada, que se chama vida, não tem graça se não se for ao seu lado. Vem amor. – Camila pediu para Lauren continuar andando. Todos iam lhe entregando as rosas, Eithan lhe deu uma piscadela e sussurrou ‘É isso, maninha’. Era assim que o homem a chamava. – Eu cometi muitos erros com você...

- Nós cometemos muitos erros. – Lauren precisou corrigi-la e Camila sorriu.

- E respondendo a sua pergunta no carro. – Camila fez um pequeno aceno para Dinah, que trocou a música, que entrou no refrão de Nothing’s gonna change my love for you. – Nada vai mudar meu amor por você, não importa o quanto minha vida mude, quantos altos e baixos aconteçam, eu sempre vou te amar, vou te respeitar e confiar em você. Não, eu não estou fazendo isso por me sentir forçada, eu estou fazendo isso porque eu quero, de verdade, me casar com você, agora só me resta saber se você quer... – Camila se ajoelhou, tirou a aliança do bolso do casaco, ela havia protegido aquele anel com sua vida, não se perdoaria se o perdesse. – Se casar comigo?