História Acordos - Treinamento.

 - Levante mais essa espada, desse jeito eu arranco sua cabeça fora em menos de um segundo.

- Não dá para levantar mais do que isso, ela é pesada demais para mim.

Hinata o viu arquear as sobrancelhas e sorrir minimamente de lado, na clássica expressão de “eu te avisei”.

- O que foi mesmo que eu te disse quando decidiu pegar essa espada hoje? - Ela bufou, nervosa, ergueu alguns milímetros a mais a espada e o atacou. - Péssima ideia. - Ele disse desviando-se do ataque com a agilidade de um gato.

- Eu desisto. Você está certo, não posso lutar com isso. - Admitiu ofegante antes de largar a espada no chão.

- Parece que alguém finalmente cedeu.

- Não vá se acostumando. - Disse sentando-se no banco mais próximo e encarando as flores em volta.

- Posso dar um conselho? - Ele perguntou ao sentar-se ao lado dela.

- Diga.

- Ouça seu professor quando ele quer te ensinar alguma coisa, principalmente se você pediu essa ajuda.

- Eu estou te ouvindo há mais de uma semana e durante todo esse tempo só tenho usado facas, elas não vão poder me proteger. Já viu o tamanho daquilo?

- Acha que não pode fazer um estrago com elas só por que são menores que uma espada? Você pode, por favor, me lembrar o que foi mesmo que eu usei quando aquele desgraçado atacou você?

Ela revirou os olhos.

- Não dá pra comparar o que você pode fazer. Eu vi você o matando como se ele não fosse nada, um boneco.

- É claro que não vamos comparar, eu luto desde que sou criança, Hinata. Eu fui treinado para matar antes que você fosse educada para manter tanta cortesia diante do seu “maravilhoso” conselho. Mas isso não significa que você não possa matar usando uma maldita faca. Não é o tamanho da arma que importa.

“Você pode ter a maior e melhor das espadas, de nada vai adiantar se você não conseguir segurá-la. Vamos voltar para as facas, você se dá bem com elas.”

- Tudo bem, mas há alguma chance de eu conseguir me tornar uma espadachim algum dia?

- Claro. Pode começar malhando um pouco, carregando peso…

- Pode parar. Já entendi. Há essa altura da minha vida eu provavelmente não vou conseguir nada.

- É claro que pode. Você é a rainha, pode fazer qualquer coisa.

- Sabemos que não é assim que funciona.

- Comece com as facas, depois você tenta com armas maiores.

- Sim, senhor. - Ela se levanta. - Pronto para ser meu alvo?

- O que eu não faço por você? - Ele da de ombros e se levanta. - Evite mirar no rosto, por favor, é um dos poucos lugares que ainda não tenho nenhuma cicatriz.

- Posso colocar uma aí para ser a primeira. - Diz pegando as facas.

- Não. Eu conquisto as mulheres com meu charme e meus lindos olhos azuis, menos você, você é insuportável. E se você colocar uma cicatriz aqui, as coisas vão ficar mais difíceis para mim, não quero isso.

- Por que é tão importante?

- Por que eu preciso me livrar das minhas frustrações sexuais, já que minha mulher não quer nada comigo, exceto alguns beijos que ela me dá para provar alguma coisa, ou quando roubo dela. Mas estou desistindo desses roubos, eles não são nada fáceis e vêm cheios de discursos sobre como eu não deveria tê-la beijado.

- Pensei que você não desistisse.

- Eu pensei que conseguiria alguma coisa com você agora que estamos mais próximos e sem essa de segredos atrapalhando nossa vida de casados, mas eu estava enganado.

- O que isso significa exatamente?

- Que vou me contentar com o fato de você não me querer mais a metros e metros de distância de você.

- Então vai se livrar das suas frustrações sexuais com prostitutas. Não pode impressioná-las só com o fato de ser um rei ou com o seu corpo esculpido por sei lá quantas batalhas?

- Não. Eu nunca falo quem eu sou de verdade e quanto ao meu corpo… Já o viu?

- Nós dois sabemos que sim e em situações bem constrangedoras.

- Para você.

A morena revira os olhos.

- O que tem seu corpo, afinal?

- Todas as cicatrizes possíveis, adquiridas de todas as formas que você possa imaginar. Não é bonito, eu sei. Eu já fui quebrado e costurado mais vezes que as bonecas que você provavelmente já teve. Quase ninguém gosta de pessoas quebradas, então por favor, mantenha meu rosto inteiro. E meu pênis também, preciso ainda mais dele.

Hinata revirou os olhos antes de finalmente gargalhar.

- Você não deveria estar me ensinando a matar?

- Morta. De novo. - Sussurrou ao ouvido da morena, atrás dela, a faca pressionando levemente seu pescoço.

A morena suspira, já cansada, antes de pegar a mão do loiro, fazendo-o abaixar arma e virando-se para ele em seguida. Naruto a encarava, os olhos presos aos dela.

- Não dá mesmo para pegar você de surpresa, não é?

- Estou surpreso por você ainda não ter soltado minha mão.

- Desculpe.

Antes que ela pudesse soltá-lo, ele a puxou para mais perto.

- Próxima lição. Se por algum motivo você estiver em uma situação como essa com o cara que quer te matar, basta encará-lo desse jeito que está fazendo, distraia-o com os olhos mais bonitos que ele terá a chance de ver, mantenha sua mão firme na dele e suba-as até a altura do peito. -Enquanto falava, ele subia a mão de ambos, lentamente. - Depois seja o mais rápida que conseguir e enfie a lâmina no coração dele. Sem dó ou pena.

- Meus olhos não vão hipnotizar todo mundo que tentar me atacar.

- Eles fazem isso comigo, então acho que vale a tentativa, caso você não tenha um plano melhor em mente, é claro.

- Você percebe que acabou de me dizer exatamente como te matar, não é? - Pergunta sorrindo.

- É, acho que fiz isso. - Sorri.

- E não se importa?

- Não. Confio em você.

O sorriso da morena diminuiu.

“Confio em você”, ouvir isso e saber que não estava sendo sincera com ele, sabendo que havia mentido… Por que aquela sensação era tão ruim?

- Obrigada.

- Algum problema? - O rosto do loiro agora tinha traços de preocupação.

- Nenhum.

Involuntariamente a mão dele foi até o rosto dela e o acariciou.

- Sabe que pode me contar qualquer coisa, não sabe? Eu… Acho que percebi que não estou aqui só por Konoha, estou por você também… Então, confie em mim.

- Eu… - Como dizer aquilo? - Não falei a ver...

- Naruto? - A voz de Sasuke chamou pelo rei, nenhum dos dois tinha notado a chegada do moreno.

- É uma ótima hora, Uchiha. - Ironizou. - Espero que seja importante.

- E é. Parece que um dos inimigos de Mun não quis esperar pelo ataque e está vindo em nossa direção.

O loiro bufou e virou-se para Hinata em seguida.

-J á está ficando tarde, eu cuido disso. Coma alguma coisa e vá descansar.

- Tem certeza de que não quer que eu ajude?

- Absoluta. Encontro você no quarto depois e então terminamos essa conversa.

- Não se preocupe com isso, não é nada demais. - Sorriu.

- Tudo bem. Vejo você assim que eu terminar, certo?

- Espera só um pouco… Sasuke?

- Majestade.

- Pode nos dar um minuto?

- Claro. Vejo o senhor na sala de reuniões. - Disse, virando-se em seguida e saindo.

- Algum problema, Hina?

- Não. Só queria um pouco de privacidade para poder te pedir uma coisa.

- O que você quiser.

- Um beijo.

O loiro sorriu.

- Sempre que quiser, quantos quiser. - Disse antes de beijá-la.

Quando Naruto virou no corredor Sasuke o acompanhou.

- Espionando seu rei? Que feio.

- Você não acha estranho?

- Não sei do que está falando.

- Do novo comportamento da sua mulher.

- Não entendo, o que há de errado com ela?

- Você investiga a vida dela, descobre seu “maior segredo” e ela sequer fica com raiva? Em uma semana se tornam melhores amigos e depois de contar que ela amava um outro cara ela começa a te pedir beijos e procurar toda brecha em sua agenda para ficar com você? Só eu que não me esqueci que ela te odiava?

- Ela passou a confiar em mim, só isso.

- O que essa mulher está fazendo com você, Naruto? Em qualquer outra situação você já teria começado a desconfiar de alguma coisa e teria providenciado qualquer medida para entender o que está acontecendo com sua rainha especialista em guardar segredos.

- Acho que nosso trabalho tem deixado você paranoico.

- Acho que essa sua paixão tem tirado sua capacidade de ver mais do que as palavras dizem.

- O que você quer que eu faça? Continue investigando? Não temos mais nenhuma pista, nenhuma outra informação.

- Quero que abra mais seus olhos, por que tenho certeza de que você acha isso tão estranho quanto eu. A diferença é que você não assume.

- Você não sabe do que está falando.

- Não sei?