— LAAAAAA... RRRRR... ... PIS-
Jasper nunca se cansa de se debater.
— LAAAAAA...
Ela chama meu nome enquanto repuxa as correntes.
— PISSSS--
Sempre em um grunhido. Sempre tentando medir suas forças comigo.
— RRRRRRRR...
Minha única resposta ao seu barulho é apertar mais as correntes em torno do seu corpo, causando a ela algumas rupturas.
Antes só isso bastasse...
Pois dia após dia está se tornando mais difícil mantê-la minha prisioneira.
— Rrrrrr...
Céus, ela nunca se cansa?
— Lazuli...
Jasper finalmente parou de se debater.
Ao contrário de alívio, eu sinto mais apreensão.
Por longos minutos ela se manteve quieta, mas me observava profundamente.
Jasper, uma predadora aguardando o deslize de sua presa para poder atacar.
Eu tinha plena certeza que sua quietude servia apenas para me intimidar.
Ela é uma estrategista apesar de tudo.
Pelo menos por esta noite eu teria um pouco de paz...
...Eu queria ter dito o mesmo das próximas semanas.
Pois movimentar as correntes de forma lenta e ritmada, como se fossem ondas em perfeita amplitude iniciou seu novo turno.
Tais ondas me atingem como duras e longas chicotadas, mas ainda assim não posso me distrair.
Sei que Jasper deseja ouvir meu grito,
E já passei por castigos piores para dar o que ela tanto quer.
— Não seja dura consigo mesma, Lápis... GRITE! HAHAHAHAHA!
Seu riso diabólico mais me contrai do que me incentiva a aliviar o sofrimento.
Ciente de meu silêncio, Jasper não desiste por um único segundo.
— Lápis...
Me parece que ela finalmente percebeu que tortura física não vai me abalar.
Psicológica, por outro lado...
— Tsc... Tsc... Tsc...
O peso de sua voz foi maior do que todo o oceano em minhas costas. Pelo menos ela parou de balançar as malditas correntes.
— Pobre e indefesa lápis... Ficou tanto tempo aprisionada na dentro de um maldito espelho que esqueceu o que é SENTIR...
Suas palavras foram baixas, entretanto certeiras.
Meu corpo inteiro queria falhar, mas não posso permitir Jasper tomar o controle de mim...
— N...Não...
— Vamos lá, Lápis... Como nos velhos... Rrrrr... Tempos...
Tsc... Odeio quando ela está certa.
— Agora venha pra mim...HAHAHAHAHA!
Jasper puxa as correntes para si.
Me sinto fraca demais para resistir.
Na verdade, se eu revidar com força bruta,
As correntes irão se romper e vou perder o controle de nós.
E sabemos bem o estrago que Malachite pode causar neste planeta sórdido...
...Mesmo que parte de mim queira que este planeta se exploda.
Mas eu fiz uma promessa ao Steven...
Então tudo que eu tenho que fazer é me manter concentrada.
— Isso, meu pequeno passarinho... Não resista...
Então Jasper me alcança.
Com uma mão, ela segura meu pulso direito e o eleva com força.
Com a outra, ela enlaça minha cintura possessivamente, inclinando meu corpo como se nos preparássemos para iniciar uma dança.
Seus olhos demandavam a atenção dos meus. Seu sorriso não escondia seu triunfo.
Jasper, uma conquistadora nata.
— Sabe, você sempre foi minha favorita.
Apesar de suas palavras, eu sempre soube.
Eu não passo de espólios de guerra para ela.
— Me diga, do que se faz um comandante sem seu bicho de estimação mais fiel?
Me forcei a virar o rosto quando senti a ponta de seu cristal tocar minhas bochechas.
— Engano meu... Você era o objeto mais valioso de nossa guerra, e ainda assim se perdeu no meio do caos e desordem... Ou eu deveria dizer "sumiu misteriosamente"? Você não faz idéia a chateação que foi relatar seu sumiço para a Yellow Diamond e o que eu recebi como punição... Mas nada disso importa agora, não é mesmo?
Infelizmente não consegui ignorar o arrepio de meu corpo quando Jasper beijou meu pescoço com seus lábios gelados.
Instintivamente abri minhas asas para me desvencilhar de sua pegada firme e o ato foi um sucesso...
...Até Jasper me puxar para si pela corrente que nos prende.
— Vejo que suas asas estão ainda mais bonitas depois que Rose Quartz as curou, porém...
Desta vez gritei com vontade quando Jasper apertou ambas asas com a intenção clara de me machucar.
— ...Tente mais algum truque barato e eu terei o prazer de arrancá-las com meus próprios dentes.
E assim que afrouxou seu aperto, Jasper deslizou sua mão lenta e presente até as pontas.
Era uma carícia bruta.
— ...Mesmo que fazer isso me traga desgosto.
Ah, mas eu vou dizer a ela o que é desgosto...!
Ughh... Eu deveria ter deixado Steven me salvar quando teve a oportunidade.
Como eu pude ser tão ingênua?
Eu não pertenço a lugar nenhum. Grande ironia eu finalmente ter minhas asas de novo apenas para me aprisionar deste jeito...
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