No capítulo anterior..
Vinicius finalmente encontra a casa de Diana. Procura o quarto da mesma, e a coloca para descansar em sua cama enquanto vai até a cozinha beber água. Quando retorna ao cômodo, vê que a jovem continua a dormir. Ele aproxima-se dela, coloca um cobertor sobre a mesma, senta no chão ao lado da cama, e começa a acariciar seus cabelos enquanto a observa. O garoto tinha um olhar sereno, como se estivesse com uma sensação nostálgica.
Espiando de longe estava Nadine, olhando cada gesto.
- Ora, ora, se não é o inútil do Vinicius demonstrando seu amor por Diana. Não darei tempo para que essa cretina descanse, irei atacá-la novamente, aqui e agora – disse com um sorriso maligno.
Transformou-se numa águia e avançou em direção aos jovens. Vinicius, que estava com a cabeça deitada na ponta da cama de Diana, levantou a cabeça rapidamente em direção à janela, já que percebeu sua presença. Levantou do chão, pegou uma adaga de sua mochila e tentou acertá-la, mas esta desviou com um pouco de dificuldade. Nadine pousou na escrivaninha de Diana e novamente transformou-se em mulher.
- Você.. Como nos encontrou? – disse Vinicius surpreso.
A mulher não respondeu. Ela olhou para os lados, e ao ver que não havia mais ninguém, sorriu.
- Pelo visto, aquele tal estudante não está aqui para atrapalhar minha missão, não é mesmo? – disse cruzando as pernas.
Ao ouvir tais palavras, Diana, que já estava acordando, arregalou os olhos e levantou-se da cama rapidamente.
- Isso não faz sentido! Você disse que eu e Diogo éramos um casal, e que iria matar nós dois ao mesmo tempo! Ele não está aqui!
- E você acreditou? Eu não sou idiota para contar meu plano a vocês dois, como se não soubesse que iriam tentar algo para me impedir. Aquilo não passou de uma mentira para separar os dois – disse Nadine enquanto descia da escrivaninha – Conseguirei terminar minha missão rapidamente, pois, ele não voltará tão cedo..
- O que fez com ele? – disse Diana começando a aumentar o tom de voz.
Nadine deu um sorriso sádico fazendo a garota à sua frente arregalar os olhos. Vinicius olhou para a mesma com um pouco de ciúmes. Ele queria saber quem era esse outro garoto.
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Narradora
Por volta das 6 da tarde, Diogo estava seguindo na direção certa para a casa de Diana. Já estava quase anoitecendo e o tempo começava a esfriar.
- Merda, eu devia ter trazido um casaco! – disse enquanto esfregava as mãos nos braços tentando aquecê-los.
- Eu tenho! – diz uma voz feminina.
Ele imediatamente vira o rosto na direção da voz. Era uma garota de cabelo marrom levemente ondulado na altura dos ombros, e pele negra. Tinha o corpo delicado, e aparentemente era alguma turista. Usava uma blusa de manga comprida rosa-claro, um colete bege, e um short marrom escuro com uma meia calça branca por baixo. Seus olhos eram negros e extremamente femininos. Lábios finos, rosados e extremamente atraentes.
- P-Pode pegar! – disse ela aproximando-se de Diogo e estendendo seu braço para entregar o casaco azul marinho.
- Mas e você? Vai acabar ficando com frio!
- Na verdade não, eu acabei vestindo roupas demais, e esse casaco me incomodava. Pode usá-lo! – sorriu.
Diogo ficou impressionado com a gentileza da garota. Ela o encarava com um olhar meigo, e ele não pôde recusar sua oferta. Pegou a roupa e vestiu. Aquele casaco tinha um cheiro doce. Era o cheiro dela. Suas maçãs do rosto ficaram vermelhas.
- Obrigado.. – disse com um sorriso tímido.
- Fico feliz em ajudar! Talvez seja meio repentino, mas, poderia me acompanhar? Há mais turistas por lá – disse sorrindo enquanto apontava para o oposto da direção em que Diogo seguia – Meus amigos estão daquele lado, mas eu tenho medo de me perder, então acho que seria bom ter uma companhia.
- Desculpe, não posso, tenho que..- o estudante foi interrompido pela garota que o puxou pelo braço. Ela tinha mãos pequenas e macias. Talvez não demorasse tanto tempo, então ele aceitou a oferta.
Os dois jovens foram conversando sobre a vida de cada um durante o caminho. Eles se divertiam. O nome da garota era Dalila. Combinava perfeitamente com sua personalidade. Eles conversavam tanto, que Diogo acabou esquecendo que ele deveria estar procurando por Diana.
***
- Responda-me, sua inútil! – disse Diana novamente aumentando o tom de voz cada vez mais.
- Não sei – respondeu Nadine fazendo cara de inocente.
- Seja o que for eu vou arrancar sua cabeça fora, sua..- Diana foi interrompida por Nadine.
- A não ser que eu arranque a sua antes! – disse Nadine com um sorriso psicopata novamente em sua face.
O ambiente que os envolvia escureceu de repente. Não conseguiam enxergar nem os móveis, o chão, ou a janela. Diana e Vinicius só viam Nadine, que parecia estar sendo iluminada por alguma luz vermelha. O chão começou a tremer, como se houvesse algum terremoto, e Vinicius foi arremessado para trás por alguma força estranha. A sair da escuridão, viu que ela não passava de uma esfera negra no meio do quarto de Diana. Por sorte, aquele era um cômodo grande, e os móveis não foram arrebentados.
Dentro da esfera o chão continuava tremendo e tremendo, Nadine rindo, e Diana furiosa.
- Pra onde você o arremessou?! – gritou.
- Isso não interessa. Você deveria estar mais preocupada em saber para onde você será arremessada, não é mesmo? – disse Nadine enquanto desaparecia lentamente.
- Como assi- Diana foi interrompida (novamente), pois a esfera começou a se mover, fazendo com que esta caia no chão.
Vinicius abaixou-se rapidamente para não ser acertado por ela, que ao tentar sair do cômodo, destruiu a parede do quarto de Diana. Foi um estrondo enorme. O garoto imediatamente pegou sua mochila, as armas da jovem e começou a perseguir a esfera. Dentro dela, a garota ainda não conseguia ficar de pé, devido à velocidade com que era transportada.
***
Doddy
É.. Acho que me esqueceram aqui..
Diogo
Ah, como Dalila é divertida. Quase nos perdemos no caminho, mas conseguimos chegar ao nosso destino. Estamos aqui no acampamento de seus amigos, comendo salgadinho e conversando. Esse local é bastante agradável e o clima é aconchegante. Há vários garotos e garotas da minha idade por aqui, e eu não me sinto deslocado. Eu me enturmei fácil até, já que eles são bastante acolhedores.
Não sei por que, mas.. Acho que eu devo estar esquecendo algo, mas não sei o quê. Minha mente está confusa, e eu estou com um mau pressentimento. Sinto como se algo terrível esteja prestes a acontecer. Espero que seja só impressão mesmo.
Passados alguns minutos, vi que Dalila estava apreensiva, como se escondesse algo. Resolvi perguntar:
- Dalila, o que foi? Tá passando mal?
- N-Não, é que..
- “É que..”?
- Você tem que ir embora agora!
- Como assim?
O resto do grupo começou a me encarar com um olhar de culpa.
- O que foi? – perguntei sem entender nada.
- Aquela garota.. Você tem que ir atrás dela! Ela corre risco de vida! – disse Dalila angustiada.
- É verdade, Diogo. – disse uma voz familiar. Era Doddy. Droga! Esqueci que o deixei sozinho no meio da floresta! Espero que não esteja bravo comigo - Sim, eu estou bravo com você. – disse ele me encarando com uma face engraçada – Vamos logo, idiota.
- Dalila, se você sabia que ela estava correndo perigo, por que me atrasou? – perguntei arqueando uma das sobrancelhas.
- F-Foi Nadine que mandou. Ela tinha me ameaçado... – respondeu ela com uma expressão triste.
Não respondi. Mas não foi porque eu estava bravo, nada disso. Só não sabia o que responder, já que não queria fazê-la se sentir mais culpada ainda.
Doddy
Eu e Diogo corríamos o máximo que podíamos. Não consigo entender porque Nadine não queria que meu amigo e Diana estivessem juntos naquela hora. O que ela pretende fazer? Não é possível que..
É isso mesmo! Pelo visto, ela não queria a presença de Diogo, pois ele é o único que pode impedi-la de realizar sua missão! Será que isso está ligado a aquela visão que ele teve? Isso eu não sei, talvez não... Não consigo ligar os fatos, preciso de mais pistas...
Quando chegamos à casa de Diana e fomos ao seu quarto, vimos que a parede tinha sido totalmente derrubada. Havia entulho e destroços da parede para todo o lado. Seguimos em linha reta, mas não encontramos nada. Olhei em volta, e vi bem à frente uma montanha enorme, com uma esfera negra no alto. Tive certeza que isso tinha a ver com Nadine. Olhei para Diogo e ele assentiu com a cabeça. Fomos em direção à montanha.
***
Diana
Olho para os lados. Essa esfera não tem fim, é como se eu estivesse em uma espécie de dimensão paralela. Meu corpo treme de frio e meus lábios estão secos. O clima é fúnebre, e eu me sinto estranha. Uma sensação ruim, mas não é medo, ódio, ou angústia. Não sei o que é isso. Só sei que devo sair logo daqui.
Do nada surgiram correntes. Eram quatro. Balançavam e reluziam, mesmo não existindo quaisquer fonte de luz. Não sei exatamente de que lugar vieram, mas é como se cada uma estivesse presa em cada canto desse local. Mesmo não existindo canto algum. Eu suspeitei. Olhei para trás e Nadine não estava mais lá.
Antes que pudesse me virar novamente para frente, as correntes vieram em minha direção. Duas prenderam-se nos meus pulsos, imobilizando-os. As outras duas, enroscaram-se no meu pescoço, apertando-o cada vez mais. Eram ásperas, e eu via sangue escorrendo pelos meus ombros. Eu relutava, e retrucava violentamente, mas tudo que acontecia era o aumento da dor. Eu conseguia escutar a risada de Nadine ecoando em minha mente, e isso me deixava desesperada. O que aconteceria comigo? Eu morreria?
Eu encarei os lados com o olhar furioso em busca daquela criatura nojenta, mas tudo que vi, foi uma imensa escuridão. Não aguentei de dor, e gritei. Gritei com todas as minhas forças. As correntes apertaram-se mais.
Não consigo respirar...
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